sábado, 21 de setembro de 2013

Sessão terror - Assassino Profissional

- Precisa me garantir que vai ser discreto, cauteloso e não deixará pistas.
- Não sou nenhum amador, minha senhora. Quinze anos nesse ramo, nenhuma prisão. Sequer fui suspeito de qualquer morte. Farei o serviço de forma limpa, sem deixar vestígios. O que posso lhe adiantar é que não sairá barato.
- Quero que mate os dois. Não me importa o preço, apenas mande os dois para o inferno.
- Estamos em negociação, senhora. Precisa me dizer como quer a eliminação deles. Se forem mortos separadamente, ficará mais caro. Poderia fazer um desconto caso pudesse matá-los ao mesmo tempo.
- Isso seria muito fácil. Através de um detetive que contratei descobri que se encontravam em nossa própria casa quando estava viajando. Aquele idiota maldito... Na minha própria casa...
- Uma informação relevante. Gosto de serviços rápidos, onde encontro as vítimas em situação vulnerável. Quatro mil pelo serviço, metade adiantado...
- Parece-me justo. Encontre-me amanhã neste hotel para receber o adiantamento. Programei uma viagem para daqui a uma semana. Creio que seja tempo suficiente para planejar o crime.
- Não preciso planejar nada. Apenas deixe uma cópia da chave para facilitar a minha entrada. O resto pode deixar comigo. Não falharei.
- Assim espero...

A senhora de cabelos loiros encaracolados cruzou o beco escuro até chegar ao seu veículo. O homem, de meia idade, cabelos grisalhos, acendeu um cigarro e observou o carro em disparada em direção ao centro da cidade. No dia seguinte, os dois se encontraram para acertar os últimos detalhes e o pagamento inicial. O pistoleiro estava incrivelmente tranqüilo, e sua frieza chamara a atenção de sua cliente, uma senhora que descobrira recentemente a traição do marido. Ela, ao contrário, estava terrivelmente tensa. Não dormira à noite pensando na possibilidade de ser descoberta e presa. Tentava dizer a si mesma que era um plano infalível, que jamais seria descoberta, mas uma voz insistente e perturbadora tentava convencê-la do contrário.
- Já lhe disse, senhora: será um serviço limpo. Além disso, terá um belo álibi para a polícia. Quanto a mim, não precisa se preocupar. Sou como uma sombra. Não deixarei pistas.

Duas semanas se passaram. A mulher havia viajado, e seu marido, como esperado, havia marcado alguns encontros com a amante em sua própria casa. O pistoleiro fez o trabalho de reconhecimento das vítimas e do melhor momento para realizar o serviço. Enquanto mantinham relações sexuais, ele entrou pela porta da frente, sorrateiramente subiu até o quarto do casal, colocou o silenciador e os observou em meio aos gemidos delirantes. O homem saltou da cama abruptamente e fechou as persianas, temendo ser observado. O assassino recuou, mantendo-se oculto na escuridão do corredor. A amante seguiu nua até o banheiro, enquanto o homem a observava com a boca salivante. Os dois tiveram mais uma relação sexual que durou longos vinte minutos. O matador, ao perceber que estavam exaustos, atirou primeiramente na mulher. Ele, ao perceber que a amante estava morta, tentou fugir, mas recebeu um tiro certeiro na cabeça.

Ao voltar de viagem, a senhora recebeu a notícia do assassinato do marido. Fingiu estar abalada e foi ao enterro para encenar a sua dor pela perda. Dois meses após a morte, teve uma ingrata surpresa ao saber que o falecido havia deixado apenas uma velha casa no centro da cidade como herança. Apesar de tudo estava feliz por ter se vingando dos dois. Se não tivesse se livrado do marido e da amante, não suportaria o fato de ter sido traída em sua própria cama.

Tudo parecia perfeito em sua nova vida. Ela se mudou para a casa que recebera de herança, conheceu outros homens e viveu algumas aventuras. Tudo estava normal até receber uma visita inesperada. Um homem de cabelos grisalhos, o mesmo que havia assassinado o seu marido, veio visitá-la. Ela ficou assustada, afinal, estava tudo acertado. Havia efetuado o restante do pagamento duas semanas após o serviço, e nada mais lhe devia.
- O que está fazendo aqui? – inquiriu a mulher.
- Apenas uma visita, senhora. Gosto de rever minhas clientes, saber como estão, o que estão fazendo...
- Estou muito bem, obrigada. Não deveria estar aqui...
- Por que não? Soube me procurar quando precisou de ajuda para se livrar do seu marido e da amante. Agora fica aturdida com a minha presença?
- Diga logo o que quer? Se for dinheiro para ficar calado, aviso-lhe que não tenho mais nada. Aquele maldito apenas me deixou essa velha casa como herança.
- Não preciso do seu dinheiro, senhora. Sou profissional, cobro apenas o necessário pelo serviço. O motivo de minha visita é outro...
- Você... Você... – disse a mulher, gaguejando – Quer me molestar?
- Ora, minha senhora – disse ele, a gargalhadas – Posso ter as mulheres que quiser. Jamais iria me envolver com uma velha como você. Não me insulte!
- O que você quer, pelo amor de Deus? – disse ela, afastando-se do pistoleiro.
- Tenho uma reputação a zelar, minha senhora. São quinze anos de profissão... Nunca fui preso... – tirou o silenciador do bolso, com um cínico sorriso - Jamais me investigaram; sequer prestei depoimento em todos esses anos. Isso não é para qualquer um. Não basta apenas ser bom, tem que fazer o serviço completo... - encaixou na pistola e a destravou - Eliminar provas, sabe? Apagar vestígios, dizimar qualquer um que possa interferir no meu trabalho... – aproximou-se da mulher lentamente, estudando-a. – O segredo para ser um bom assassino profissional é não deixar ninguém saber que cometeu o crime – com um brilho misterioso no rosto, apontou para a mulher, que ficara de olhos arregalados. – Nem mesmo meus clientes.

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