Estava eu caminhando pelo centro de São Paulo. Havia comprado um
presente para minha namorada, era nosso aniversário de dois anos de
namoro. Pensei em complementar o presente com algo simples, mas que
tivesse algum significado sentimental embutido nele.
Foi então
que passei por uma floricultura e decidi comprar lindas flores que
combinasse com o colar de perolas branco, não sabia o que escolher,
então caminhei até a jovem vendedora atrás do balcão.
-Olá; pode me indicar algo que complemente um colar de perolas branco?
Ela virou-se, pegou um buque de cravos e me entregou.
-Acho que esses cravos são ideais, senhor.
Com
um sorriso agradeci, mas ela permanecia apenas me olhando, sei lá...
Acho que merecia uma retribuição. "Deve estar num dia ruim". Assim eu
pensava tentando imaginar a falta de gentileza da jovem mulher. Não vou
negar, ela era linda, seu cabelo era curto e ruivo, os olhos eram
verdes, seu olhar focava-se no da pessoa que atendia, sua pele era
branca, alta e muito elegante, pensei até que fosse a dona da
floricultura, tinha uma voz doce e calma, mas seu olhar meio que era
distante de tudo. Então resolvi levar o buque de cravos, ela sorrio e me
disse que havia feito uma boa escolha, então a entreguei o dinheiro. O
estranho é que ela tocava as cédulas como se achasse que as notas fossem
falsas, ao me entregar o troco pôs sua mão esquerda por baixo da minha e
com a mão direita me entregou o restante do troco, me pareceu um ato
muito carinhoso da moça, quanta delicadeza ao entregar um simples troco.
-Muito obrigado moça; você é realmente linda e muito gentil, foi um prazer comprar com você.
Ela abriu um sorriso e me agradeceu.
-Obrigado e boa sorte, espero que à sortuda goste de seu presente.
Assim
com um sorriso virei e fui embora. Acho que no começo levei a mal a
jovem vendedora, na verdade percebi que ela tinha uma grande gentileza
nos pequenos e simples atos. Foi estranho, mais gostei de ter entrado
naquela loja, confesso que me encantei e fiquei intrigado a conhecer
aquela garota que tinha um jeitinho único, aparentava ser muito
carinhosa e de grande coração, mas ainda sim não posso esquecer que sou
um homem comprometido.
Milena era linda e elegante, trabalhava em
um jornal da cidade, tinha cabelos longos e negros, olhos castanhos e
de pele morena. Hoje completara dois anos que estamos juntos, mas depois
de comprar aquelas flores, percebi que não a amava.
Sempre a
admirei e tenho um grande carinho por ela, mas nunca havia percebido que
tal sentimento nunca existiu, acho que nem sei o que é amor. Depois de
comprar aquelas flores percebi algo diferente, eu fiquei intrigado e
muito interessado em conhecer a jovem vendedora, acho que era muito cedo
para saber o que eu estava sentindo pela jovem vendedora.
A
noite chegou, preparei um jantar de aniversário surpresa para minha
namorada. Na sala do meu apartamento coloquei uma mesa, velas e flores
decoravam o local, além de algumas pétalas de rosa no chão, um bom vinho
é claro... Eu mesmo tinha preparado o jantar, um delicioso talharim a
moda da casa.
Passava das vinte e três horas, Milena já estava a
quase uma hora atrasada, eu já estava perdendo a paciência, decidi então
ligar.
-Oi amor o que houve, cadê você?
-Me desculpe Diogo, estou trabalhando.
-Mas e o nosso jantar!
-Jantar? Não tenho tempo pra isso.
-Quer saber Milena! Não tem jantar nenhum! Ta tudo terminado entre a gente, Você sempre faz isso! Tchau!
Assim
joguei o celular no chão, foi o termino dos dois anos de namoro, ela
sempre foi assim, só ligava para o trabalho e para ela mesma, cansei do
jeito que ela me tratava, naquela noite tomei as duas garrafas de vinho e
cai no sono. Nossa; pela manhã uma ressaca horrível. Peguei o celular
do chão e vi. Nenhuma mensagem ou chamada. Acho que ela ficou feliz com
nossa separação, já estava na hora mesmo. Tomei um banho e me vesti,
fui até a garagem, peguei meu carro e fui trabalhar.
Na volta
para casa passei em frente à floricultura, abaixei o vidro do carro e
pude ver o rosto da linda vendedora, dei a volta e estacionei, caminhei
até o local. Ao entrar tocaram os sininhos, ela então percebeu que
alguém adentrara na loja. Duas vendedoras tentaram roubar minha atenção,
mas eu apenas queria comprar com ela.
-Olá; não sei se lembra de mim, ontem comprei cravos com a senhorita.
-Lembro sim, sua voz é única. Mas deu certo? Ela gostou do presente?
-Infelizmente não, a gente já não se dava muito bem, então terminamos.
-Que pena moço...
Ela olhava fixamente em meus olhos, chegava a ficar meio constrangido, então me arrisquei.
-Posso pegá-la às 21 horas, somente um jantar, preciso muito conversar...
-O senhor quer sair comigo?
-Sim, será um prazer, só precisa me dizer seu endereço que passo pra te pegar.
Ela
sorrio e sua expressão era de como se não estivesse acreditando no que
estava acontecendo, mesmo assim me passou seus dados, não conversamos
muito até porque ela estava trabalhando.
-Moça me de as violetas atrás de você.
Ela meio que fechou a cara, acho que pensou que eu iria entregar a outra mulher aquelas flores.
-Estão aqui senhor, quer que embrulhe pra presente?
-Não. São suas se me disser seu nome.
-Nossa é mesmo, desculpe-me, me chamo Andressa, e o senhor?
-Me chamo Diogo, fique com as flores. Até mais tarde Andressa...
Cheguei
em casa ansioso, já era vinte horas, tomei um banho me arrumei e fui
buscá-la. Buzinei em frente a sua casa. Ao sair para me atender, tomei
um susto, de súbito percebi tudo naquele momento. Nossa como fui tolo...
Como não percebi. Agora tudo faz sentido, o olhar distante da moça e
eu achando que ela não era uma pessoa gentil no começo, o jeito de me
entregar o troco e tudo mais, a delicadeza no tato e atenção ao ouvir.
Eu apenas sorri e nem liguei o fato dela ser deficiente visual, sai do
carro e a carreguei no colo, ela tomou um susto, mas ainda sim sorria
para mim.
-O senhor é louco – Disse Andressa – Espere; vamos guardar meu cão guia em casa.
Seus
olhos brilhavam, enquanto ria e sorria de felicidade, guardamos o
cachorro e fomos ao restaurante marcado. Nos falamos por horas, eu
percebi que ela estava muito feliz em minha presença, seu sorriso lindo
estampava seu rosto, o brilho em seu olhar era intenso e radiante, e eu
sentia a mesma felicidade. No termino a levei em sua casa, caminhamos
até a porta, eu estava meio nervoso, mas mesmo assim arrisquei. Após
dar um boa noite, um beijo eu a roubei, foi simplesmente perfeito, um
beijo maravilhoso, ambos podiam sentir as batidas aceleradas do coração,
ela tocou meu rosto lentamente, olhou em meus olhos e disse que eu era
lindo, meu nariz, boca, bochecha, tudo maravilhoso. Eu a tocava no rosto
e a beijava loucamente.
Saímos por quase um mês, pensei então
que era à hora de dar um próximo passo. Preparei tudo de ante mão, a
levei em meu apartamento. Antes de entrar tirei seu salto, assim ela
poderia sentir as pétalas de rosas no chão, ele sentou-se no sofá, então
entreguei um pedaço de papel escrito em braile. Assim dizia no papel...
"Não
pensei que fosse tão encantadora assim, não pensei que fosse me
apaixonar tão rápido. Hoje eu sei que te amo e sinto que você sente o
mesmo por mim. Eu sei que hoje te amar é saber que, de milhares de
flores no campo eu escolhi apenas você, te amar é querer se entregar de
coração, te amar é sempre querer estar ao seu lado, te amar é querer ser
sua metade". Andressa... Se sente o mesmo por mim, diga-me um sim.
Andressa quer namorar comigo?
Vi cair uma lágrima de seus olhos, ela sorrio e muito emocionada me disse.
-SIM! SIM! SIM!
Que
noite foi aquela... Lembro-me como se fosse hoje. A levei até a
banheira onde tomamos banho juntos, passei a esponja em suas costas,
beijando cada parte do seu corpo. A carreguei em meu colo até a cama, e
lá nossa primeira noite de amor se concebeu. Foi simplesmente mágico e
perfeito, fomos românticos do começo até o fim. Nunca senti tanto prazer
e amor por uma mulher, eu simplesmente sabia que aquela era a mulher da
minha vida.
Nos casamos e hoje somos um casal feliz, realizei
seu sonho. Abri uma floricultura junto a ela, e tinha o prazer de
trabalhar todos os dias ao lado da doce moça que roubou meu coração.
Hoje temos dois filhos um casal, Melissa e Levi. Assim foi a história de
quando conheci a mulher da minha vida, minha esposa e minha metade, foi
assim que conheci a vendedora de flores, hoje e sempre meu grande amor.
FIM
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