As pessoas acontecem em nossas vidas. Elas não são chamadas, elas não pedem licença. Elas simplesmente acontecem.
E eu tenho medo das pessoas acontecendo e desacontecendo dessa forma louca que não consigo controlar.
Tenho medo de quando elas acontecem e acontecem de forma linda, porque
já penso no dia em que elas desacontecerão. E isso dói. Penso no dia em
que elas morrerão, e isso dói. Penso no dia em que a vida as levará
embora inconscientemente, e isso dói. Penso no dia em que elas
escolherão ir embora, e isso dói ainda mais. Porque dói quando alguém
escolhe ir sem você deixar. E quem sou eu para achar que devo assinar
embaixo a permanência ou a ausência de alguém?
As pessoas ficam e vão quando querem, e isso dói. A escolha que não é minha, me afeta, e no final dói.
A vontade de querer que alguém fique, e raspar com a colher bem no
fundo de tudo o que você é e tem a oferecer, vem também carregada do
medo de que essa vontade possa ser tão grande, tão gigantescamente cheia
de responsabilidades que essa pessoa não se sinta capaz de segurar, e
que justamente essa sua linda e sincera vontade, seja a culpada por
afastar aquela pessoa. Porque é natural do ser humano fugir quando se
sente ameaçado. E quer ameaça maior do que ter a responsabilidade de um
outro alguém?
É tão difícil cuidar de nós mesmos, fazer escolhas certas e
inteligentes, que é assustador demais imaginar em ter que fazer tudo
isso por outra pessoa. E ainda com o agravante de que se você erra com
você, tudo bem, ok, você consegue lidar com a sua própria dor. Mas e
quando o erro é na vida de outro? Você pode cuidar da felicidade, mas nunca será capaz de cuidar da dor de outro alguém.
Então eu abaixo a cabeça e aceito que a vida é mesmo uma grande filha
da puta, uma mãe sádica que dá e tira as coisas mais lindas de seus
próprios filhos: Eles mesmos. Uns aos outros. Com a missão de que
escrevam logo suas histórias, porque tem uma data de validade a ser
respeitada, e que quando a data de cada um chega, não tem lamentação que
amoleça o coração da Sra. Vida. Ela tira, ela afasta, ela não avisa.
A vida, assim como toda mãe, não quer ensinar seus filhos a amar.
Todo mundo sabe amar. Mesmo que ame errado, mesmo que ame torto. Ainda é
amor. A vida quer ensinar a perder. E para isso, talvez sejam necessárias várias outras vidas para finalmente aprendermos.
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