quinta-feira, 14 de maio de 2015
'Talvez'
Tive uma certa resistência ao amor até certo ponto
da vida, achava tudo que o envolvia muito exagerado e superestimado.
Passei grande parte da adolescência preso a um pensamento de que talvez a
vida fosse bem melhor sem essa obrigação quase que moral de sentir esse
sentimento por qualquer pessoa que pudesse ser de suma importância pra
mim, pois é, achava o amor muito comercial. Tive uma namorada, um
cachorro e dois gatos, todos muito importantes e que me arracaram
lagrimas ao partirem. É da vida, não? Todos partem, mesmo que o partido
seja você…Rambo, meu cachorro, dormia no meu quarto em noites de chuva e
sempre ficava gemendo quando caía um raio por perto, essa é a minha
lembrança mais forte dele porque assim como ele eu também tinha e ainda
tenho medo de chuvas, digo, das fortes e com bastante raio… Rambo não foi
embora porque quis, ele latia muito e isso acabou sendo sua sentença,
coitado, morreu envenenado por fazer algo que era da sua natureza fazer.
Chorei. Logo depois veio meu primeiro gato, ganhei da minha mãe por
provavelmente ter feito ela pensar que ganhando outro companheiro me
faria esquecer do rambo, meu falecido cachorro. Perda de tempo. Em geral
as pessoas têm esse costume de substituir as coisas quando não mais
fazem diferença, era e ainda é difícil pra mim aceitar que as pessoas
também troquem pessoas e animais da mesma maneira, sempre achei isso de
uma tristeza e falta de… Bem, amor, talvez. Entende? Bem, o garry, meu
gato de estimação viveu por bastante tempo, se fosse um ser humano eu o
classificaria como um hippie, pelo modo como vivia, sabe, meio desligado
das coisas e dos seus bens materiais que eu insistia em comprar pra ver
se ele parava um pouco em casa e quem sabe parasse de brigar nas ruas… garry morreu apanhando, digo, da vida. Morreu de velhice, mas antes
deixou um filho. De qualquer forma eu chorei. O filho do garry, meu
falecido gato, veio logo após à despedida da minha namorada, porém não,
ela não morreu, fisicamente falando. A minha ex, a Brunna, era bem
parecida com o rambo, tinha uma maneira bem clara e objetiva de
demonstrar o seu sentimento por mim. Eu gostava. Brunna tinha uma
síndrome com seu nome por achar que era um nome pra gente velha e ela
não tinha nem 18 anos. Besteira, sempre achei um charme esses dois 'b',
mas nunca disse a ela pra que ela não achasse que eu estaria a elogiar
algo que ela não gostava. Depois disso tudo, tive uma outra namorada, mais branca do que tudo, era muito bonita, tinha olhos claros. Também era de uma pele muito branca e geralmente
apresentava um cheiro de frutas. Mas das limpas e recém-compradas. Eu
gostava. Bom, Lilith, filha de garry falecido, era uma gata um tanto
quanto estranha, ela apresentava um pouco de todos os outros, gostava de
rua, era carente, dormia no meu quarto, tinha medo de chuva e só vinha
atrás de mim quando sentia fome. Certo dia, acordei de manhã, e vi lilith estirada no chão. Chorei. Minha branquela não conheceu lilith, nem o rambo. A branquela também
partiu. Ela talvez me
amasse, contudo não tenho tanta certeza assim. ela sempre demonstrava seu amor
por mim, mas sempre foi muito difícil pra mim acreditar que aquilo era
amor, talvez. Talvez. O amor pra mim sempre foi um grande TALVEZ. Talvez rambo tenha me amado, talvez ele só gostara do cheiro do meu quarto.
Talvez lilith me amasse, talvez ela só queria comer.… Talvez ela só tenha encontrado uma
caixa de areia melhor em outra vida. Talvez a branquela tenha me amado, talvez ela só fosse
uma pessoa carente. Ela gosta de hamster, talvez ela tenha um, mas acho
que dessa vez esse possa ter barba no lugar de pêlos. ela sempre
gostou de barbas. Contudo,
sempre gostou de amar e de quem a ame. Ela deve ter um hamster de barbas
que se chame 'luna'.Ela
não partiu daqui para outra vida, mas me partiu por ter partido pra outro alguém. Ela não
partiu, mas eu chorei.
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