- Venha dar um abraço na mamãe! – e ela abre os braços, parecendo um abutre de asas abertas, pronto para devorar a sua presa.
- Ninguém vai substituir a minha mãe! Você não é a minha mãe! – grita Mariana, colocando raiva na voz; desvencilha-se dos braços do pai e sobe as escadas, correndo.
- Mariana, volte aqui...
- Deixe-a, meu amor! – fala Letícia, colocando doçura na voz, interrompendo-o. - Ela vai precisar de um tempo para se acostumar! Precisamos ser pacientes e eu terei todo o tempo do mundo para conquistá-la.
- Ah... como você é linda e meiga, meu anjo! – e Fernando puxa Letícia e a envolve num afetuoso abraço.
No quarto, abraçada ao retrato da mãe, Mariana chora de forma convulsa, enquanto murmura: - Ninguém... vai... substituir... você... mamãe! – e as lágrimas descem copiosas, salgadas e hidratam os seus lábios ressequidos. – Eu te juro! Pela minha vida!
Batidas suaves na porta e a voz carinhosa do pai: - Mariana, posso entrar? – Entra, sem esperar pela resposta, senta na cama e coloca a filha no colo. – Minha filha... você precisa entender... já faz dois anos que a mamãe morreu... o papai amava muito a mamãe... mas o papai não pode continuar sozinho...
- Você não está sozinho! - Mariana se agarra a ele, em desesperado choro. – A mamãe e eu estamos com você! Nós vamos estar sempre com você...
- Mariana... a mamãe morreu! – e ele a sacode com ternura. – Acorda, filhinha! A vida precisa continuar...
- Papai, por favor, não faz isso comigo! – e se agarra, trêmula, a ele. – Aquela mulher não presta! Eu vi... eu senti isso! Não traga ela para dentro desta casa, papai! Por favor... por favor!
- Filhinha... chega! – há ira na sua voz. – Você tem apenas sete anos e nada sabe da vida! A Letícia será a sua nova mãe e ponto final! Vá se acostumando com a ideia...
- Mas... papai...
- Chega, minha filha! Não toque mais neste assunto! E agora, durma! – dá-lhe um suave beijo na testa e sai do quarto. Desce a escada e Letícia o recebe com um sorriso encantador.
* * * * *
A
igreja está cheia de convidados. No altar, Fernando saltita
nervosamente, olha com frequência para a entrada da igreja,
impaciente... Quando a porta se abre e Letícia aparece em seu primoroso
vestido de noiva, o coração dele dispara e o seu rosto se abre no mais
belo sorriso. Cúmplice, a noiva devolve-lhe um sorriso encantador. Ela
está deslumbrante, ele pensa, enquanto caminha ao seu encontro.
Recebe-a, beija-lhe a testa e dirigem-se para o altar.
A dama de honra entra com as alianças. Sua fisionomia contrasta com as fisionomias reinantes; não há brilho no seu olhar, não há sorriso em seu rosto... Ela não queria trazer as alianças, mas o pai a obrigou. Ela entra lentamente, como se quisesse adiar para sempre aquele terrível momento. De repente, o olhar dela se encontra com o olhar de Letícia e ela sente um arrepio percorrer todo o seu corpo. Há uma maldade satânica naquele olhar. Mariana fica paralisada pelo medo...
- Venha, ternura do papai! – anima-a Fernando, com o mais doce sorriso.
- Venha, querida! – e Letícia lhe dirige um belo sorriso, mas os seus olhos fuzilam...
Mariana se aproxima... entrega para o padre a almofadinha rosa, em forma de coração, na qual estão entrelaçadas as duas alianças... duas lágrimas cristalinas despencam dos seus olhos.
- Se alguém tem conhecimento de alguma coisa que possa impedir esse casamento, que fale agora, ou se cale para sempre! – sentencia o padre, com voz grave.
- Eu tenho!
Todos os olhares se voltam para a pequena Mariana; há um assombro estampado em cada rosto. A incredulidade toma conta de todos os presentes.
- O que é que você tem contra, meu anjo? – pergunta o padre, agora com doçura na voz e um sorriso divertido no rosto.
- Ela é uma mulher má! – responde Mariana e aponta o dedo indicador da mão direita para o rosto de Letícia. – Ela vai me matar! – olha nos olhos de Letícia, sofre um estremecimento, abaixa a cabeça...
- Ora... ora... – o padre sorri, divertido, e a seguir, estende a mão sobre o casal. – Eu os declaro marido e mulher!
Durante a festa, Mariana se recolhe num canto mais sombrio do salão. Repentinamente, Letícia se aproxima dela, agacha, segura os seus ombros com força e diz, por entre os dentes: - Depois nós duas vamos acertar as nossas contas! - e ao perceber que Fernando se aproxima, acaricia as bochechas dela e fala com ternura: - Eu gosto muito de você, Mariana; nós vamos ser grandes amigas! – e sorri um sorriso metálico e olha para ela com ódio intenso. Mariana estremece... se encolhe...
A dama de honra entra com as alianças. Sua fisionomia contrasta com as fisionomias reinantes; não há brilho no seu olhar, não há sorriso em seu rosto... Ela não queria trazer as alianças, mas o pai a obrigou. Ela entra lentamente, como se quisesse adiar para sempre aquele terrível momento. De repente, o olhar dela se encontra com o olhar de Letícia e ela sente um arrepio percorrer todo o seu corpo. Há uma maldade satânica naquele olhar. Mariana fica paralisada pelo medo...
- Venha, ternura do papai! – anima-a Fernando, com o mais doce sorriso.
- Venha, querida! – e Letícia lhe dirige um belo sorriso, mas os seus olhos fuzilam...
Mariana se aproxima... entrega para o padre a almofadinha rosa, em forma de coração, na qual estão entrelaçadas as duas alianças... duas lágrimas cristalinas despencam dos seus olhos.
- Se alguém tem conhecimento de alguma coisa que possa impedir esse casamento, que fale agora, ou se cale para sempre! – sentencia o padre, com voz grave.
- Eu tenho!
Todos os olhares se voltam para a pequena Mariana; há um assombro estampado em cada rosto. A incredulidade toma conta de todos os presentes.
- O que é que você tem contra, meu anjo? – pergunta o padre, agora com doçura na voz e um sorriso divertido no rosto.
- Ela é uma mulher má! – responde Mariana e aponta o dedo indicador da mão direita para o rosto de Letícia. – Ela vai me matar! – olha nos olhos de Letícia, sofre um estremecimento, abaixa a cabeça...
- Ora... ora... – o padre sorri, divertido, e a seguir, estende a mão sobre o casal. – Eu os declaro marido e mulher!
Durante a festa, Mariana se recolhe num canto mais sombrio do salão. Repentinamente, Letícia se aproxima dela, agacha, segura os seus ombros com força e diz, por entre os dentes: - Depois nós duas vamos acertar as nossas contas! - e ao perceber que Fernando se aproxima, acaricia as bochechas dela e fala com ternura: - Eu gosto muito de você, Mariana; nós vamos ser grandes amigas! – e sorri um sorriso metálico e olha para ela com ódio intenso. Mariana estremece... se encolhe...
* * * * *
-
Meu bem – diz Letícia – eu tenho observado a Mariana tão calada! Ela
parece amedrontada... De que essa menina tem medo? Se eu souber, quem
sabe eu posso ajudá-la a vencer os seus fantasmas? – e Letícia coloca as
mãos de Fernando sobre os seus seios enrijecidos.
- Amor, você é muito meiga! – e Fernando se delicia, distraído, com os mamilos intumescidos. – A minha menina só tem medo de barata e de escuro.
- Fique tranqüilo, meu amor! – e Letícia se posiciona sobre ele. – Eu vou ajudá-la a vencer os seus medos! – e começa a se movimentar e Fernando é invadido por uma onda de prazer.
- Meu Deus! Como você é boa! – suspira, ofegante. – E pensar que ela me procurou, apavorada, dizendo que você quer matá-la...
- Ah... Crianças... Crianças não sabem o que falam! – e Letícia sela a boca de Fernando com um beijo apaixonado.
Três dias depois, durante o jantar, subitamente Letícia pergunta:
- Amor, você tem observado como a Mariana está estranha?
Mariana abaixa os olhos, apavorada, começa a tremer...
- Ela está apenas mais calada, meu bem! – fala Fernando, partindo um suculento bife. – Não está sendo fácil pra ela...
- Mas ela precisa falar tanta asneira? – interrompe Letícia, friamente.
- Como assim, besteira? – surpreende-se, Fernando.
- Ontem eu ouvi ela dizer que vai se matar pra se encontrar com a mãe...
- Isso é verdade, Mariana? – pergunta Fernando, levantando-se, pegando o paletó no encosto da cadeira e vestindo-o.
- É mentira dessa bruxa! – grita Mariana, trêmula, em prantos, e sobe a escada correndo.
- Mariana, volte aqui!
- Pode deixar, meu bem! Vá para a sua reunião! Depois eu converso com ela.
- Obrigado, meu amor! – e Fernando a beija e sai.
- Amor, você é muito meiga! – e Fernando se delicia, distraído, com os mamilos intumescidos. – A minha menina só tem medo de barata e de escuro.
- Fique tranqüilo, meu amor! – e Letícia se posiciona sobre ele. – Eu vou ajudá-la a vencer os seus medos! – e começa a se movimentar e Fernando é invadido por uma onda de prazer.
- Meu Deus! Como você é boa! – suspira, ofegante. – E pensar que ela me procurou, apavorada, dizendo que você quer matá-la...
- Ah... Crianças... Crianças não sabem o que falam! – e Letícia sela a boca de Fernando com um beijo apaixonado.
Três dias depois, durante o jantar, subitamente Letícia pergunta:
- Amor, você tem observado como a Mariana está estranha?
Mariana abaixa os olhos, apavorada, começa a tremer...
- Ela está apenas mais calada, meu bem! – fala Fernando, partindo um suculento bife. – Não está sendo fácil pra ela...
- Mas ela precisa falar tanta asneira? – interrompe Letícia, friamente.
- Como assim, besteira? – surpreende-se, Fernando.
- Ontem eu ouvi ela dizer que vai se matar pra se encontrar com a mãe...
- Isso é verdade, Mariana? – pergunta Fernando, levantando-se, pegando o paletó no encosto da cadeira e vestindo-o.
- É mentira dessa bruxa! – grita Mariana, trêmula, em prantos, e sobe a escada correndo.
- Mariana, volte aqui!
- Pode deixar, meu bem! Vá para a sua reunião! Depois eu converso com ela.
- Obrigado, meu amor! – e Fernando a beija e sai.
* * * * *
Letícia
abre a porta do quarto de forma brusca. Mariana se encolhe na cama e
tenta esconder o retrato da mãe, que traz junto ao peito.
- Saia do meu quarto, sua bruxa! – grita com voz trêmula.
- Vejo que você está com saudades da mamãe! – sua voz é irônica. - Vamos resolver isso agora, sua menina vadia! – e seus olhos adquirem uma expressão satânica. Aproxima-se, pega Mariana pelos cabelos e a arrasta escada abaixo, evitando que ela se machuque.Para diante da porta do quarto da empregada, abre, empurra Mariana, entra, abre o armário e tira de dentro dele um grande vidro, contendo inúmeras baratas vivas. Mariana entra em pânico; todo o seu corpo treme de forma incontrolável. Letícia tranca a porta e ameaça abrir o vidro...
- Não faça isso, pelo amor de Deus! – suplica Mariana, em pranto convulso.
- São só umas baratinhas, meu amor! – Letícia sorri, de forma insana. – Olhe para cima! – Mariana olha, involuntariamente. – A titia tirou a lâmpada... baratas não gostam de claridade... a titia vai deixar você e elas trancadas aqui dentro, por duas horas! Depois a titia vem libertar você! – e começa a abrir a tampa do vidro, com uma expressão demoníaca no rosto.
- Não faça isso! – chora descontrolada. – Eu faço o que você quiser, mas não faça isso comigo!
- Você fará tudo que eu quiser? – seus olhos brilham febris.
- Sim...
Letícia tira da bolsa um caderno, com motivos infantis, e uma caneta; estende-as na direção de Mariana e ordena:
- Escreva aí: “Papai... fui encontrar com a mamãe...”
- Só isso? – pergunta Mariana, mais calma.
- Só isso, meu bem! – responde Letícia, com um sorriso vitorioso.
Mariana escreve e entrega para Letícia. Letícia guarda dentro da bolsa, calça longas luvas de borracha, pega Mariana novamente pelos cabelos e se dirige para os fundos da casa. Aproxima-se da piscina e pula dentro, juntamente com Mariana. Afunda a cabeça dela dentro da água e segura. Sente que as mãozinhas dela, em desespero, apertam o seu braço, arranham a luva... a força vai diminuindo... diminuindo...
- Saia do meu quarto, sua bruxa! – grita com voz trêmula.
- Vejo que você está com saudades da mamãe! – sua voz é irônica. - Vamos resolver isso agora, sua menina vadia! – e seus olhos adquirem uma expressão satânica. Aproxima-se, pega Mariana pelos cabelos e a arrasta escada abaixo, evitando que ela se machuque.Para diante da porta do quarto da empregada, abre, empurra Mariana, entra, abre o armário e tira de dentro dele um grande vidro, contendo inúmeras baratas vivas. Mariana entra em pânico; todo o seu corpo treme de forma incontrolável. Letícia tranca a porta e ameaça abrir o vidro...
- Não faça isso, pelo amor de Deus! – suplica Mariana, em pranto convulso.
- São só umas baratinhas, meu amor! – Letícia sorri, de forma insana. – Olhe para cima! – Mariana olha, involuntariamente. – A titia tirou a lâmpada... baratas não gostam de claridade... a titia vai deixar você e elas trancadas aqui dentro, por duas horas! Depois a titia vem libertar você! – e começa a abrir a tampa do vidro, com uma expressão demoníaca no rosto.
- Não faça isso! – chora descontrolada. – Eu faço o que você quiser, mas não faça isso comigo!
- Você fará tudo que eu quiser? – seus olhos brilham febris.
- Sim...
Letícia tira da bolsa um caderno, com motivos infantis, e uma caneta; estende-as na direção de Mariana e ordena:
- Escreva aí: “Papai... fui encontrar com a mamãe...”
- Só isso? – pergunta Mariana, mais calma.
- Só isso, meu bem! – responde Letícia, com um sorriso vitorioso.
Mariana escreve e entrega para Letícia. Letícia guarda dentro da bolsa, calça longas luvas de borracha, pega Mariana novamente pelos cabelos e se dirige para os fundos da casa. Aproxima-se da piscina e pula dentro, juntamente com Mariana. Afunda a cabeça dela dentro da água e segura. Sente que as mãozinhas dela, em desespero, apertam o seu braço, arranham a luva... a força vai diminuindo... diminuindo...
* * * * *
-Alô?
- Fernando? – a voz era trêmula, hesitante... – Venha para casa, meu amor!
- Aconteceu alguma coisa? – sente o coração pulsar descompassado.
- A Mariana... a Mariana... – um choro convulso é tudo o que ele ouve.
Quando Fernando chega e vê o corpo da sua querida filha inerte, dentro da piscina, entra em desespero. Pula na água, pega a filha no colo, beija-a, apaixonadamente.
- Minha filha... minha filha... – é tudo que consegue balbuciar. Sai da piscina, com a filha nos braços. Seu rosto é a pura expressão da dor. Em silêncio, com lágrima nos olhos, Letícia pousa a mão direita sobre o ombro dele. A ambulância chega e o médico, silenciosamente, acolhe o corpo sem vida de Mariana, coloca-o sobre a maca, ausculta e olha para o chão. Não há mais nada a fazer.
Fernando sobe a escada, amparado por Letícia. Abre a porta, entra novamente em um choro desesperado. Assenta-se na cadeira da filha e, atônito, lê a mensagem deixada por ela em pequenas letras desenhadas, trêmulas... “Papai... fui encontrar com a mamãe...”
O choro rompe mais forte... as mãos trêmulas seguram o bilhete...
Carinhosamente, Letícia tira o bilhete de suas mãos, beija as lágrimas que escorrem pela sua face e o abraça. Fernando se deixa abraçar e se entrega – com toda a sua dor – a esta manifestação de solidariedade, carinho, amor...
- Fernando? – a voz era trêmula, hesitante... – Venha para casa, meu amor!
- Aconteceu alguma coisa? – sente o coração pulsar descompassado.
- A Mariana... a Mariana... – um choro convulso é tudo o que ele ouve.
Quando Fernando chega e vê o corpo da sua querida filha inerte, dentro da piscina, entra em desespero. Pula na água, pega a filha no colo, beija-a, apaixonadamente.
- Minha filha... minha filha... – é tudo que consegue balbuciar. Sai da piscina, com a filha nos braços. Seu rosto é a pura expressão da dor. Em silêncio, com lágrima nos olhos, Letícia pousa a mão direita sobre o ombro dele. A ambulância chega e o médico, silenciosamente, acolhe o corpo sem vida de Mariana, coloca-o sobre a maca, ausculta e olha para o chão. Não há mais nada a fazer.
Fernando sobe a escada, amparado por Letícia. Abre a porta, entra novamente em um choro desesperado. Assenta-se na cadeira da filha e, atônito, lê a mensagem deixada por ela em pequenas letras desenhadas, trêmulas... “Papai... fui encontrar com a mamãe...”
O choro rompe mais forte... as mãos trêmulas seguram o bilhete...
Carinhosamente, Letícia tira o bilhete de suas mãos, beija as lágrimas que escorrem pela sua face e o abraça. Fernando se deixa abraçar e se entrega – com toda a sua dor – a esta manifestação de solidariedade, carinho, amor...
Nenhum comentário:
Postar um comentário