Entre nós dois a conversa sempre fluía espontânea. Ela falava um pouco,
eu prestava atenção, e depois chegava a minha vez. Nosso diálogo era
sempre assim, simples, sem esforço nenhum. Parecia que tínhamos segredos
em comum. Quando se descobria um que valesse a pena, ela dava aquela
risada da maneira que só ela sabia dar. Era como a alegria provocada
por uma fogueira.
A princípio foi esse olhar um simples encontro,mas dentro de alguns
instantes era alguma coisa mais. Era a primeira revelação tácita, mas
consciente, do sentimento que nos ligava. Nenhum de nós procurava esse
contato de nossas almas, mas nenhum fugiu. O que dissemos um ao
outro, com os simples olhos, não se escreve no papel, não se pode
repetir ao ouvido; confissão misteriosa e secreta, feita do meu coração ao seu coração, que só ao céu cabia ouvir, porque não eram vozes da terra. As mãos, de impulso próprio, uniram-se como
os olhares; nenhuma vergonha, nenhum receio, nenhuma consideração
deteve essa fusão de duas criaturas nascidas para formar uma existência
única.
Nenhum comentário:
Postar um comentário