quarta-feira, 15 de julho de 2015
Imaginarium
É, não somos mais um casal. Tenho trocentas coisas
para falar em relação a isso, mas alguma coisa me tapa a boca e não
consigo pronunciar uma palavra sequer, olhando para você. Passamos
algumas semanas juntos, não sei se chegou a parecer um relacionamento.
Encaro o que tivemos como uma espécie de troca de tempo perdido que
queria se tornar útil, construído por beijos e abraços demorados. Eu me sentia sortudo por estar ali, contemplando
seus fios de cabelo que adoravam atrapalhar nossos beijos. Sorte é um
negócio antagônico à tendência que eu tenho de cagar com tudo, mas, por
incrível que isso seja, o azar não deu as caras. Era estranho pensar que
as coisas estavam dando certo, apesar de eu não saber exatamente o que
isso significa. Algo bonito estava nascendo. Era só olhar os nossos
olhos cruzarem com toda a timidez do planeta para ter certeza. Três
segundos era o tempo máximo que conseguíamos nos olhar simultaneamente,
até a vergonha graciosa entrar em ação e nos interromper. Meu olhar para
a esquerda, o seu para a direita. Eu para o nada, você para o tudo. Eu
para o passado, você para o futuro. Assim como nossos olhares, nossos
planos eram diferentes. Meu ceticismo e pessimismo te observavam com
receio, sua expectativa e a fé enorme no amor me olhavam com vontade de
amar de novo. Não consegui lidar com as nossas diferentes intuições e
nossas intuições acabaram não sabendo lidar com o que tínhamos. Nos
conhecemos estranhamente e terminamos da mesma forma. Só não houve adeus
porque as partidas concretizadas perfuram demais o coração. Então,
ficamos assim, fingindo não gostar e gostar ao mesmo tempo, de uma
maneira tão esquisita que nem um de nós dois consegue explicar. E não
foi preciso cobrar explicações e diferentes perspectivas do nosso fim. O
silêncio é o meio de comunicação que encontramos para nos conectar ao
quase amor que só existe na nossa imaginação.
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