quinta-feira, 15 de maio de 2014
Tudo do mesmo
Transformo boa parte das minhas insatisfações em texto. Não sei fazer
outra coisa, eu acho. Me dou melhor com o papel e esse lápis que faz
curvas sobre a alma dos papéis sulfites do que com qualquer outra
amenidade. Digo sulfite porque não me sinto bem escrevendo em folhas que
contêm linhas, elas me dão uma sensação de enjoo, sufoco, falta de
liberdade. Tenho a impressão de que cada linhazinha daquela está se
juntando para criar uma organização que tem como objetivo principal
derreter o crânio dos escritores amadores que acham que escrevem alguma
coisa decente, mesmo que não sejam conhecidos por ninguém, nem mesmo por
si mesmos. Aquele tipo de cara que sempre envia o que escreveu por
mensagem a vários colegas e os importuna até a morte para dizer o que
acharam, mesmo que o texto seja incomensuravelmente grande e sabendo que
muito provavelmente não irá receber crítica alguma, por mera questão de
gentileza, medo de acharem que não estão sendo sutis, receio de
acabarem tocando na ferida, saca? Sabe, entrei no meio desses caras há
uns cinco anos atrás, e até então não consegui sair. Me tornei um deles.
Somos todos uma porcaria só. E, bem, por mim está tudo bem, nesse mundo
de articulação de palavras ninguém realmente se importa muito com o
rabo do outro, a maioria só finge. É cada um enchendo o seu próprio saco
e tudo beleza. Gosto disso. Se um dia eu sair desse monólogo, ou até
mesmo se me tirarem na base da porrada transcendental, escreverei sobre o
assunto. Assim como todos os meus conterrâneos viciados em palavras,
provavelmente.
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