“Seu desejo por vingança aumenta a cada dia mais.”
Marcos
estava a caminhar por uma rua extremamente escura e bastante nebulosa.
Ele teve que sair de casa após sua mulher ter descoberto uma traição
entre ele e uma vizinha que morava ao lado da casa deles, então
resolvera procurar outro lugar para morar ou até as coisas acalmarem.
Marcos estava estranhando o fato de a rua estar totalmente deserta, sem
nenhum carro ou movimento qualquer. Seus pés já estavam ficando
cansados, aquela rua de paralelepípedos machucava-os bastante e a cada
pisada naquele chão ele sentia uma dor imensa.
O céu naquela
noite tinha uma cor azul bastante escura, não havia estrelas. O vento
gélido batia nos telhados das casas que havia ali. A cada vez que o
vento passava pelas fendas de cada casa um barulho horripilante era
escutado. O frio castigava a pele de Marcos fazendo-o estremecer.
Ele chegou até o final da rua, onde havia uma praça com pouca
iluminação. Os únicos postes de luz que haviam ali estavam estragados,
apenas um ainda gerava luz e esse estava piscando.
Marcos resolveu se
sentar em um banco que havia ali, naquela sombria praça. Por um
momento, pensou ter ouvido passos de alguém se aproximando, porém
ignorou. A sua vida inteira estava passando diante de seus olhos, cada
ato seu estava vindo à tona.
- Sou um idiota, troquei minha
esposa por uma mulher que havia acabado de conhecer – dizia ele,
enquanto olhava para algumas folhas que surgiam da escuridão sendo
arrastadas pelo vento.
Enquanto olhava para a escuridão, o
poste da praça, a única fonte de luz, acabou. Tudo se tornara escuro,
todas as casas dos vizinhos estavam com as luzes apagadas. Marcos
começou a ouvir passos e ao olhar para frente percebeu que alguém se
aproximava. Era uma mulher. Seu vestido vermelho brilhava na escuridão,
seus olhos pareciam brilhar e ela carregava alguma coisa em suas mãos.
Ela sorria para ele e Marcos retribuiu o sorriso. Aquela mulher andava
lentamente em sua direção, seus cabelos escuros balançavam junto com o
vento.
- Olá, Marcos! – disse ela.
- Desculpe, mas como me conhece?
- É uma longa história, mas isso não importa. Temos a noite inteira
para conversar. Ninguém para nos atrapalhar, estamos sozinhos aqui –
disse ela, ajeitando o decote de seu vestido.
- Acho melhor eu ir para casa, já arrumei encrenca demais. Boa Noite!
Marcos começou a caminhar. Aquela mulher tinha algo de incomum, algo
que havia chamado sua atenção, talvez fosse por sua beleza. Vários
pensamentos corriam pela mente de marcos.
- Por favor, fique! Estou sozinha. – gritou ela.
Ele
se virou e caminhou novamente para ela. Ele a observava atentamente,
seus olhos passaram pelo decote de seu vestido e aquilo despertou seu
interesse.
- Tudo bem, eu fico.
- Obrigada. – Disse ela – O que você faz na rua há essa hora?
- Eu e minha mulher brigamos, ela descobriu que eu havia a traído com uma vizinha. Então eu tive que sair de casa.
Aquela mulher se aproximou dele e o beijou. Marcos nem tentou se livrar
dela, apenas correspondeu o beijo. Ele percebeu que conhecia aquele
beijo, não era o beijo de sua mulher, mas ele sabia que conhecia. Marcos
resolveu abrir os olhos e o que viu o assustou muito, aquela mulher
jovem e bonita se transformara em uma idosa com poucos fios de cabelo em
frente ao rosto, o rosto daquela mulher era cheio de rugas. De seu
vestido pingava sangue.
- Se assustou, querido? Por que você a
traiu, seu canalha? Por que feriu os sentimentos dela? – disse a velha
com uma voz alta e extremamente grossa, enquanto puxava uma faca de trás
de vestido.
Aquela faca perfurou a barriga de Marcos. Ele caiu no chão agonizando de dor.
- Quem é você? O que quer de mim? – disse ele.
- Sou alguém que você desejaria nunca ter conhecido – disse ela, enquanto ria.
Marcos estava sentindo uma dor que nunca havia sentido em toda a sua
vida, aquela faca estava cravada em sua barriga e ele não conseguia
tirá-la. Aquela velha horrenda ria enquanto ele sofria de dor.
- Você vai se arrepender, seu canalha!
A luz daquela praça voltou de uma hora para a outra e a mulher havia
sumido, aquela faca não estava mais em sua barriga e por incrível que
pareça ele não estava mais sentindo dor. Será que tudo não passara de
uma alucinação? Aquilo foi real demais, ele sabia.
Assustado ele
se levantou rapidamente e saiu daquela praça, se dependesse dele nunca
mais voltaria ali. Marcos estava pensando para onde deveria ir, pois ele
não podia voltar para sua casa. De uma hora para outra, ele se lembrou
que havia a casa de um amigo dele que morava naquela mesma rua. Após
ter caminhado até lá, ele bateu na porta. Infelizmente, ele não foi
atendido.
Depois de muitas tentativas, ele resolveu andar pela
cidade a procura de algum lugar para dormir. Até que avistou uma espécie
de cabana em um canto da rua. Correu até lá e quando viu que não havia
ninguém, entrou e resolveu passar a noite ali. Não era o lugar mais
confortável do mundo, mas era melhor do que nada. Ele ainda estava
assustado com o que havia acontecido naquela praça. Quem seria aquela
mulher? Essa era uma pergunta que Marcos não estava conseguindo
responder. Marcos, por fim, resolveu pesquisar em seu celular por uma
mulher que usava vestido um vermelho. Ele se surpreendeu com a
quantidade de lendas que apareciam em torno dessa tal mulher.
Marcos estava quase desistindo de pesquisar quando uma coisa chamou sua
atenção. Um site contava a lenda de uma mulher chamada Patrícia que foi
vítima de uma traição do marido com outra mulher e quando ela descobriu
Patrícia se matou. Desde então, muitas lendas giram em torno da morte
dessa mulher, muitos dizem que ela anda por ai a procura de homens
infiéis para matá-los.
Marcos estava totalmente assustado, seu
coração estava acelerado e ele não sabia o que fazer. Uma ideia veio em
sua mente, ele resolveu sair daquela cabana e ir até sua mulher pedir
desculpas. Quando saiu da cabana, as luzes daquele local começaram a
piscar, até que se apagaram. O medo tomou conta de Marcos novamente. Ele
olhou ao redor e não viu ninguém, até que foi surpreendido por uma
facada em seu rosto.
- Pensou que iria fugir de mim por muito
tempo? Ninguém foge de mim. Todos estão mortos. Aqueles iguais a você
estão mortos. Se lembra daquela vizinha, aquela com quem você traiu sua
mulher? Era eu, seu idiota. Eu queria saber se você era infiel ou não e
você caiu direitinho. Agora você vai morrer igual ao meu ex-marido. –
disse ela – Aquilo que você sentiu antes era só uma alucinação, mas
agora é real. – Ela fincou aquela faca no coração de Marcos.
Marcos estava agonizando de dor caído no chão daquela praça. Ele podia
ver seu sangue escorrendo entre aqueles paralelepípedos. Aquela velha
estava parada em sua frente rindo de sua agonia. Ela parecia estar cada
vez mais forte vendo a dor de Marcos.
De um momento para o outro
ela se transformou novamente naquela jovem bonita e sumiu junto com a
escuridão. Marcos agonizou até a morte.
Dizem, eu não sei se
é verdade, que ela continua por ai, a vagar, procurando homens infiéis
para que possa matar. Seu instinto por vingança está cada vez mais
forte. Então, pense duas vezes antes de trair alguém que ama. A não ser
que também queria agonizar até a morte.
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