Era tarde da noite quando passavam na frente do cemitério. O
casal de namorados trocava carícias e sorria alegremente, ela ajeitava
os cabelos que o vento insistia em revirar. Um vento frio que provocava
arrepios, pois não estavam devidamente agasalhados. Caminhavam
tranquilamente até ouvirem um grito pedindo socorro, o qual vinha de
dentro do cemitério. De início ficaram assustados pensando o que poderia
estar acontecendo, ela só pensava em ir embora rapidamente, já ele
estava curioso. Foi quando ouviram o segundo grito, bastante agudo,
aparentemente de uma mulher jovem.
Chegaram perto dos
portões, onde ficaram estagnados. Avistaram um ser imóvel, de costas, em
seguida ouvem o ruído do portão se abrindo lentamente. O vento soprava
mais forte nesse momento. As folhas secas das árvores moviam-se pelo
chão. Eles desviam o olhar por um segundo e o ser desaparece
subitamente.
Ele, cheio de coragem, resolve entrar e dar uma espiada
pra ver se descobria o que se passava ali. Ela sem muita escolha decidiu
ficar esperando, impaciente. Ele entra, avista o ser parado mais
adiante; e apoiando-se nos túmulos gelados por causa do sereno,
agacha-se e o observa. O pio da coruja que acabava de pousar em uma das
cruzes do local o fez desviar o olhar e em questão de segundos perdeu o
ser de vista novamente.
Agora com medo decide voltar, mas
era tarde. Ouve os gritos da namorada e logo que vira a cabeça a vê
sendo arrastada, puxada pelos cabelos na entrada do cemitério. Ela se
debatia, mas era pouco seu esforço. Ele corre na direção com a intenção
de ajudá-la, mas o ser a arrasta por detrás de um túmulo onde
surpreendemente os gritos cessam.
Ele corre
desesperadamente até lá e não vê ninguém, um silêncio total. Desnorteado
começa a girar o olhar procurando-os, sem resposta desaba em lágrimas. O
vento sopra fortemente quebrando o silêncio, nesta hora ele ouve um
barulho de ferro sendo arrastado na sua direção, provinha de um mangual
que o ser trazia em uma das mãos, com a outra puxava sua namorada toda
machucada, ela mal respirava. Soltando a moça o ser corre na direção
dele e lhe acerta as costas. Ele cai gemendo de dor.
Ali
caído ele vê um jovem casal passando em frente ao cemitério e grita
pedindo socorro, mas foi em vão. Eles até ouviram, mas não se
convenceram. Ela despertando, junta seus últimos suspiros e solta um
grito bastante agudo que despertou a curiosidade do casal fazendo-os
chegar em frente aos portões onde, simplesmente, ficaram paralisados.
Foi quando os dois perceberam que já era tarde!
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