segunda-feira, 23 de junho de 2014
A amizade
Eu descobri ontem um provérbio perfeito, se quer ser amigo feche um
olho, se quer manter uma amizade feche os dois olhos. Faz muito sentido.
Amigo é não se meter, por mais que tenhamos intimidade, é respeitar a
decisão mesmo que não seja o que você pensa. Se ele procura namorar
alguém que você não gosta, é dar apoio igual. Se ele pretende permanecer
num emprego que você não acha justo, é dar apoio igual. Se ele busca
manter uma vida que você não considera ideal, é dar apoio igual. É estar
junto apenas, para qualquer dos lados. Amizade é dança. Acompanhar o
ritmo da música. É opinar, expor sua crítica, mas não viver pelo outro. É
não intervir, não pesar a mão, não exagerar. Amigo não é ser pai, não é
ser mãe, não é educar. É aceitar o que ele é, é reconhecer o que ele
deseja, ainda que seja muito diferente de suas crenças. É entender o
momento de falar e entender também o momento de silenciar. Análise
demais estraga a amizade. Você estará sendo terapeuta, não amigo. É
discordar e seguir adiante. Não é discordar e fazer oposição, boicote,
greve. Até que nosso amigo mude de ideia. Amigo é oferecer conselho, não
um sermão. É alertar, jamais insistir. Amizade é fugir do julgamento, é
compreender a alternância, os altos e baixos, os desabafos. Amigo não
cobra coerência, não fica em cima cutucando feridas. É saber tudo e agir
como se não soubesse de nada. É não ficar apontando o que é certo ou
errado. Amizade é difícil. Amizade é um estranho equilíbrio. Mas amizade
não é cegueira. É a arte de enxergar com os ouvidos.
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