segunda-feira, 2 de junho de 2014
Se sentindo vivo, após já ter morrido
É isso, então. Acabei ficando mais quieto que o normal nessas últimas
duas semanas porque queria pensar, já que as tentativas de não pensar
não funcionam muito bem comigo. Resolvi fazer o inverso, brincar com o
contrário, mexer um pouco os pensamentos, mas também não deu e nem tem
dado muito resultado. Dar uma de durão comigo mesmo tem me causado uma
puta dor de cabeça, mas é por uma causa nobre – causa possuidora de um
sorrisinho maravilhoso e uma carinha que me deixa assim, me sentindo
muito mais do que um mero imbecil à procura de entender que porra está
acontecendo. Não sei bem quando foi que perdi a capacidade de raciocinar
normalmente, mas algo me diz que tem a ver com o dia que vi ela olhando
pra mim, rindo pela primeira vez, como se eu ainda fosse alguém, me
fazendo relembrar da sensação de estar vivo. Tinha esquecido como isso
funcionava. Se sentir vivo é uma coisa que a gente esquece com bastante
frequência, sabe? Constantemente vemos pessoas que não conseguem, de
jeito nenhum, se lembrar da tão intensa sensação. É só olhar nos rostos
mortos que andam em círculos nas ruas, pra lá e pra cá, vislumbrando o
nada, correndo contra o tempo que os mata antes mesmo da principal morte
– aquela que se apresenta depois dos outros falecimentos, cujo os olhos
já não presenciam. Mas há quem tem a sorte de encontrar alguém que
ensine tudo isso de novo, direta ou indiretamente, por acaso ou por
qualquer conspiração que seja. E, sem saber que está sendo instruído e
se reabilitando pra vida, começa a se pegar sorrindo pro vento, como se
ele tivesse rosto; aquele rosto, o único que faz a vida voltar a ter
algum sentido.
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