Ainda ontem sonhei com meu amor. Sonho de lembranças... de amor... Os
olhos cheios de saudade não me acordaram. Bom saber do meu amor dentro
de mim em todos os momentos. Adoro beijá-la sem cuidado.
Linda,
na sua camisa preta de alças, me pedia paciência... Ao ouvi a sua voz
perto do meu ouvido senti uma força maior penetrando nas estranhas. Era
como se o vento estivesse escoando o suor vindo do meu corpo cansado da
corrida a beira do mar.
Meu amor se banhava no rio com as vestes
pregadas num galho de árvore. Dizia ser melhor para os meus olhos vê-la
com o corpo todo solto entrando e saindo d’água. De nada adiantava me
amar se não pudesse alimentar os sonhos de desejos nos braços, no corpo
do seu amado. Queria ser plena, absoluta, onde estivesse comigo. E, do
seu coração, saia insultos de amor, onde prenderia, dentro dos meus
pensamentos.
Meu amor tinha o costume de me chamar carinhosamente
de “meu mo”. E cada vez que me via corria ao meu encontro e se atirava
aos meus braços e num abraço insofismável, completava a alegria com um
beijo extravagante. A cada segundo, meu amor matava a saudade do seu
corpo se esfregando no meu e assim, o dia passava...
Era uma festa cada sentido visto nos olhos do meu amor, não se dava conta da tamanha delicia da sua vontade perto de mim.
Não
me deixava nem ir ao pote me abastecer de água ou de pegar uma bolacha
de aveia com coco de gosto agradável, pelo menos me aliviava, saciava a
minha vontade... Até o vinho, meu amor fazia questão de trazer pronto na
taça e aos poucos alimentava a taça com clima de paixão.
Meu
amor era esperta e sabia me amar com a força do interior... Cabocla, me
defendia com unhas e dentes. A faca era um estrago só naquele que
intencionasse chegar perto de mim com rastros de maldade.
Meu
amor sabia que qualquer aperto, recorria ao acode da “mãeinha”. Tinha no
sangue o sentido da generosidade presente e no coração um fogo de
desejo por mim...
Meu amor tinha um amor por mim, tão grande,
onde pouco importava se o céu dava luz ou não. A luz do meu olhar era
suficiente e alimentava a claridade por ela esperada. Mesmo assim, não
se dava por satisfeita se no amor ela não sentisse o prazer do seu amado
ser totalmente realizado. Tinha o fervor no corpo e uma chama de
alegria quando se deitava sobre mim e me tascava um beijo ardente e
preguiçoso.
A noite chegava e meu amor sabia exatamente como me
agradar, no tempero da comida ela espreguiçava na pimenta e alegrava o
meu apetite com os carinhos das suas mãos.
Meu amor gostava de me
ver sorrindo. Dizia do meu sorriso, ser conforto para os seus olhos.
Tinha a mania de colocar os ouvidos sobre o meu coração e pedi a Deus
que meu coração nunca parasse de funcionar, que se fosse possível
fizesse o dela ter esse fim primeiro.
Meu amor sentia o cheiro da
minha pele a distancia... Cheirava tanto, a ficar viciada. Tinha um
amor por mim, irrepreensível e cada toque seu me deixava inefável.
A
cada manhã chegada me acordava com um beijo na boca e levantava
cantando acompanhando os pequenos passarinhos. Nunca me deixou, sem um
beijo na partida. Nunca me negou um beijo na chegada.
Um dia, meu
amor viu na minha pele nua um sinal diferente, nunca visto... Perguntou
onde tinha conseguido aquilo, disse-lhe que tinha lembrança de ter
coçado e não dei importância. Aquilo não deixou meu amor em paz,
enquanto isso insistiu e me convenceu a aceitar a ir à “rezadeira”,
lugar onde costumava buscar folhas para tentar tirar do seu corpo
tentações e sujeiras oriundas de olhos estranhos.
E assim, em
poucos dias, o sinal sumiu e meu amor agradecido chorou de emoção a me
ver sem um traço diferente na pele. O sinal foi embora e ao meu amor a
alegria retornou que lhe era peculiar.
Meu amor não deitava antes
do silencio reinar por todos os cantos. Ela me queria e somente admitia
os gemidos vindos do seu corpo ou saindo de dentro da minha boca. Era
notável, surpreendente, sempre carregada de surpresa... Mulher com todos
os caprichos apurados; como fazia meu corpo tremer; era doce no beijo;
era a delicia espalhada nos seus seios delicados, facilmente se
arrebitavam e me deixavam com água na boca; era esperta no colo; era
ligeira nas loucuras; era amante sem pudor...
Ainda ontem, sonhei
com meu amor. Ainda hoje, voltei a sonhar com meu amor... Amanhã, com
certeza, voltarei a sonhar com meu amor. Meu amor, está dentro de mim
eternamente...
Nos sonhos, meu amor existe... Meu amor me entende... Meu amor me faz feliz.
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