Eram quatro horas da manhã. Joanna rolava de um lado para o outro na sua
imensa cama de casal. Pensava no dia em que teve a brilhante ideia de
comprá-la. Sempre foi tão confortável. No entanto, isso foi antes dele
ir embora. Agora essa mesma cama era fria, desagradável e vazia, e ela
achou impossível continuar ali.
Ela pegou as chaves e entrou no seu
velho Fiat branco. Começou a dirigir sem pensar para onde estava indo.
No rádio tocava Bed of Roses, do Bon Jovi. "I wanna lay you down in a
bed of roses. For tonight I sleep on a bed of nails", Joanna murmurava
para si esses versos da música. Não podia aceitar que ele não estivesse
com ela, eles eram perfeitos um para o outro, ela tinha certeza. Dois
anos de relacionamento, tantas conversas, tanto amor, sexo. Houveram
algumas brigas, mas nada que ela achasse relevante, afinal, todo casal
briga. O que ele disse para ela não justificava, o amor não podia ter
simplesmente ter acabado, não era justo.
O carro parou e ela se deu
conta de onde estava. Aquele velho portão de ferro, o número três na
porta de dentro, o já conhecido cheiro de cachorro, vindo do quintal.
Destrancou o portão com a cópia da chave que ainda tinha e entrou no
quintal. Não sabia bem o que estava fazendo. Ela foi até a janela que
dava para a sala e viu uma luz acesa, abaixou um pouco a cabeça e
espiou. Escutou um gemido e grudou mais a cara no vidro. "Droga!", ela
pensou. Seu ex estava com uma mulher, ela queria impedir, mas sabia que
não deveria. Saiu correndo dali para a sua casa.
Duas da tarde, o
telefone tocou. Viu no identificador, era ele. Não ia atender, não
depois do que ela tinha visto na noite passada. Ela estava sofrendo por
ele e enquanto isso ele estava com outra. Isso doeu. Mas e se não
tivesse sido nada demais, e se ele tivesse percebido que gostava mesmo
era dela. Sim, era isso mesmo que devia ter acontecido. "Alô".
No fundo ela sabia o que devia ter feito, mas jamais admitiria para si mesma. Ela não iria trair a sua tão amada esperança.
Nenhum comentário:
Postar um comentário