(No vale da Morte, as pedras se movem sozinhas...)
Triste mundo mundano, que abre passagens em brechas soltas. Os passageiros suspiram passo a passo, se atropelando em remorsos e desespero. Triste também a boba sina, sina do tolo que olha a frente, sem enxergar razões para o bom futuro. Projeta em si um amanhã tão dormente e decadente, tão comum e certeiro, da até pra se lembrar da mãezinha dizendo: “Ei, eu te avisei...”
A faca corta a carne, mas não o espírito. A dor e a agonia não corrompem, elas apenas fortalecem. O véu transparente que cobre a carne roxa não impede a remissão dos pecados... Hó, tolo, que caminhas no vale da morte, sente-se naquela pedra! Pense nos sonhos quebrados, nos caminhos frustrados, nas decisões erradas...
É tanto pra se pensar que a pedra caleja, aleija e interrompe a linha de raciocínio...
...Foram tantos pensamentos em vida, quando a alma estava colada na carne, tantas duvidas sanadas por falsas respostas... Falsas esperanças... Falsas pessoas...
Há, se o tolo pudesse voltar... Se a maré do tempo não fosse tão pesada, tão contraria, remaria ele até os confins dos dias de outrora... Ele não pensaria em nada não. Agiria! Seguraria no punho que empunha a faca, sorriria notório e decidido: “Não iras me cortar, lamina imunda!”.
Mas o tolo nada decide, nada escolhe, nada vive. Apenas cria calo nas pedras, sentado, esperando o mundo passar, esperando a ferida da morte se curar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário