Já
era tarde da noite quando Lázaro chegou a sua casa. Bêbado e drogado,
quase não conseguiu alcançar a chave no fundo de seu bolso, e quando
conseguiu, deixou a mesma cair na merda úmida de seu cachorro.
– Maldito Vira lata do
Inferno! – Agachou-se e ousou enfiar a mão nos dejetos do animal –
Amanhã eu vou te mandar pra carrocinha! – Agarrou a chave suja de bosta e
passou em sua camisa, após limpá-la, levou a mesma na fechadura e
finalmente adentrou em casa.
No escuro Lázaro
tentava não acordar sua esposa, encostou a porta levemente e a fechou
com cautela. Ao se virar, a luz do abajur acendeu. Ele desnorteado deu
uma pirueta caindo ao chão. Sua esposa olhou enojada a patética cena e
praguejou cheia da razão:
– Isso é hora de um
homem casado chegar em casa Lázaro! – Levantou-se do sofá e continuou –
Eu não sei onde estava com a cabeça no dia em que decidi me casar com
você – Se aproximou ainda mais, confrontando a face pálida de seu marido
– Mais que cheiro maldito é esse! Você esta cagado desgraçado, saia já
de minha sala!
Lázaro instintivamente
levantou-se tropicando e quando percebeu que iria cair, segurou nos
braços de Márcia. Em ódio abundante, sua esposa lhe desferiu um tapa no
rosto, que soou como um soco. O homem tonto bambeou quase caindo, a
força foi tanta, que um corte se abriu abaixo de seu olho esquerdo, a
unha lhe penetrou a carne, e Lázaro com os dedos impregnados de bosta,
passou sobre o pequeno corte e chupou voraz seus dedos com o sangue
misturado as fezes do animal, logo depois caminhou em ira até a cozinha.
Márcia só sabia
reclamar, entrou em desespero ao sentir o cheiro de álcool, católica
devota, nunca faltava nas missas, e não admitiria tal ousadia de seu
esposo, beber era inaceitável.
Do corredor entre a sala e a cozinha, ela praguejou contra o pecado do marido.
– Seu
maldito varão! – Agarrou um pote de vidro e o arremessou no chão,
fazendo sua vizinha Dilma acordar, e com o barulho, ela logo discou para
a policia.
Lázaro na cozinha lavou
as mãos e continuou ouvindo as duras palavras da esposa. Seus olhos
ficaram ainda mais vermelhos de raiva, aquela voz aguda lhe varava a
mente, aumentando ainda mais sua dor de cabeça. Ele então começou a
namorar o facão grande e afiado de cabo branco a sua frente, seus
pensamentos mais sombrios vieram á tona. O ódio regado ao álcool e as
drogas, lhe deram coragem para calar a boca da esposa, que há tempos
vinha lhe tirando a paciência.
Suas mãos firmes agarraram o longo objeto pontiagudo, em passos curtos
ganhou espaço para o corredor, e os gritos berrantes de Márcia se
fizeram mais nítidos, quebrava cada objeto da sala sem remorso algum,
parou apenas quando notou seu patético marido armado com o longo facão.
– Mas o que pensa que
faz com esse maldito facão nas mãos Lázaro – Caminhou em passos curtos
confrontando-o face a face – Você é um covarde... Um covarde de merda! –
Disse ela após desferir outro tapa.
Desta vez Lázaro segurou sua mão, e com um golpe rápido e preciso,
decepou metade do antebraço de Márcia. Um gritou agudo ecoou pela casa, o
homem fora de si não aguentou aquele barulho e ousou novamente, segurou
o pescoço da pobre infeliz e o soltou rapidamente, empurrando o corpo
de Márcia para trás, sua esposa apenas pode ver a lâmina do afiado facão
vindo em sua direção, só conseguiu gritar, antes de sua cabeça rolar ao
chão.
Lázaro com extrema
frieza limpou o sangue do rosto com as mãos, e sentou-se no sofá. Lá
fora a policia já havia chegado, gritavam pedindo para que a porta fosse
aberta. Sem resposta alguma, os agentes da lei arrombaram a entrada e
adentraram na casa. Espantados
pela quantidade de sangue, caminharam suavemente pelo mar vermelho.
Lázaro estava sentado no sofá, segurava firme a cabeça da esposa junto
ao peito, continuava calado e pensativo, planejava no que iria fazer de
sua vida daqui pra frente, e de como passaria o tempo na prisão. Seria
condenado e preso durante anos até alcançar a liberdade, com seus 27
anos de idade, ao menos perderia mais 10 aninhos de sua vida na
cadeia...
Lázaro vistoso em seu belo terno preto ouvia com atenção a juíza decretar sua sentença.
– Senhor Lázaro Da
Silva Mendes. O senhor está condenado a doze anos de prisão em regime
fechado, pelo assassinato de sua esposa: Márcia Da Villa Mendes – Bateu o
martelo e ordenou – Guardas, levem-no daqui.
Após chegar na
penitenciaria municipal de Maringá, Lázaro viu seus dias passarem lentos
e monótonos. Minutos pareciam horas, dias pareciam meses, e os anos
soavam como uma eternidade naquele pequeno cubículo.
Os anos correram sujos e
tristes para Lázaro, antes da tragédia, o bom vendedor de carros era
bem visto pelo povo de sua cidade, homem de respeito e sempre bem
educado, mas acabou caindo em muitas perdições, e na pior delas...
Acabou enclausurado em uma prisão. Por bom comportamento fora lhe
reduzido dois anos de sua pena. E hoje era o tão sonhado dia que Lázaro
retornaria as ruas, sentiria novamente o cheiro da liberdade e provaria
as virtudes da vida.
Os portões da cadeia se
abriram, e Lázaro estampado por um sorriso tímido, já saiu planejando
sua nova vida. Sim, uma vida nova, arrumaria um emprego e reconstruiria
tudo novamente, afinal no tempo que passou preso, sua poupança lhe
rendeu uma boa grana. Seu maior desejo era novamente possuir o corpo de
uma mulher, foram dez anos sem fazer sexo, e ele mais que depressa
queria trocar o "óleo".
De volta para sua velha casa, o renovado Lázaro relembrou aquela cena do
passado, viu a sala molhada de sangue e o cadáver sem cabeça de sua
mulher na sala. Fechou os olhos e sussurrou para si mesmo “não me
condenarei, pois meu castigo já foi pago”. Caminhou até o banheiro e
tomou um bom banho quente, há anos não sentia tanto prazer em tomar um
simples banho. Colocou suas velhas roupas fora de moda e pegou a chave
de seu antigo carro, um Ford Focus 2007. Dirigiu até o centro da cidade e
se acabou no shopping, comprou roupas, perfume e acessórios de prata
"vida nova, tudo novo", assim pensava o bom homem. Nesta mesma noite
sairia de casa e se acabaria na balada, se desse sorte encontraria uma
doida para passar a noite.
A
noite chegou e Lázaro bonito e na moda, logo saiu de casa todo animado,
estava disposto que hoje acabaria com sua “seca”. O homem desfilava na
principal avenida da cidade com seu carro limpo. Sim, Limpo... Lázaro
tratou de deixar a máquina limpa e encerada. De repente na calçada, seu
olhar de águia avistou sua presa, uma loira linda de aproximadamente
1,84 de altura, e bem equipada na frente e atrás. Mais que depressa ele
acelerou o carro e parou do lado da bela loira de olhos verdes.
– Olá
gatinha... Ta indo pra onde? – Perguntou após passar as mãos em seus
cabelos e os jogá-los para trás, esse era o charme do cara.
A bela mulher o olhou sorridente e o respondeu educada:
– Estou indo pra balada – Disse ela se aproximando do vidro – Bem que a gente poderia ir junto gracinha.
Lázaro cheio de
combustível não conseguiu acreditar que estava tão fácil assim, “que
mundo é esse, meu Deus”, rapidamente saiu do carro e abriu a porta para
loira bonita entrar.
– Pode entrar gata – Fechou a porta e adentrou novamente – Qual seu nome? – Questionou enquanto dirigia.
Ela passou as mãos em
seus seios, atiçando ainda mais o sedento Lázaro, que quase bateu em uma
moto com a bela visão que teve, ele tremendo de tanta alucinação
balbuciou em suas palavras.
– Lá... Lá-Lázaro! E você como se chama?
Ela vendo que estava dominando completamente a situação, logo viu que tiraria proveito da ingenuidade do patético Lázaro.
– Eu me chamo Mônica – Apontou para direita e ordenou – Entra ai, essa balada é boa.
Lázaro
embicou o carro no estacionamento, e cheio de orgulho adentrou na
balada pagando tudo, e Mônica só adorando tudo aquilo. Dançaram e
dançaram... O tempo passava e Lázaro enchia a cara de uísque, enquanto a
loira só tomava água.
Já passavam das três horas da manhã, Lázaro bêbado começou a atiçar sua companheira.
– Aí gata... Vamos pro banheiro – Virou o copo e continuou – Só vamos dar uma rapidinha.
Ela sorrio e sussurrou em seu ouvido.
– Você é doido, mas... Vi que é um cara legal e bem apessoado – Segurou em suas mãos e decidiu – Então vamos!
O casal cortava a
multidão, e Lázaro bêbado a ponto de vomitar, engoliu toda a vontade,
vendo a oportunidade de transar com ela. O banheiro era individual, e
logo os dois não perderam tempo e começaram a se beijar. As mãos quentes
do homem, percorriam o belo corpo de Mônica, e quando ousou em passar
as mãos em seu sexo, Lázaro teve uma surpresa: Mônica na verdade era
João! O travesti então engrossou a voz contra ele e disse:
– Que
foi... Não gostou! – Logo depois lhe acertou um soco violento no queixo
– Você não queria sexo? – Disse “ela”, agarrando o pescoço do pobre
infeliz – Agora vai ter!
O insano travesti não
parava de surrar sua vítima. Lázaro bêbado golfava sangue e vomitava ao
mesmo tempo, sem forças, apenas se preparou para o que viria... As mãos
do agressor agarraram novamente seu fino pescoço. "Ela" então pressionou
a cabeça de Lázaro contra a privada, arriou suas calças e começou a
estuprar o maldito indefeso. Antes que pudesse gritar, sua cabeça foi
afogada na água suja da privada, repleta de urina, fezes e vômito.
Após alguns minutos de pura brutalidade, "Mônica" o soltou desmaiado ao
chão, roubou seu dinheiro, corrente e relógio. Logo depois saiu
desfilando como se nada tivesse acontecido.
Minutos depois...
Estirado no azulejo do banheiro, com graves ferimentos, estava Lázaro.
Após alguns minutos, frequentadores do local avistaram o homem desmaiado
no chão sujo e com as calças arriadas, logo os seguranças do local
chamaram o socorro, a ambulância chegou meia hora depois.
Depois de três dias, Lázaro foi liberado do hospital. Passaram-se dois
meses após o ocorrido, e ele passou por uma dezena de psicólogos, mas
nunca deixou aquele trauma de lado... Até hoje sofre com os pesadelos
horrendos, não sai de casa nem pra tomar um ar, comida ele apenas pede
por telefone, e de tanto medo, Lázaro solicita para o entregador deixar a
comida no chão, e entrega o dinheiro por debaixo da porta, espera 30
minutos, e só assim abre parte da porta, rapidamente pega seu pedido e
volta para sua prisão domiciliar..
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