quarta-feira, 24 de junho de 2015

O jardim irá crescer novamente


Dia desses você passou na minha frente quando estava voltando da escola. Não, você nem me notou, eu estava passando reto em frente á padaria. Dobrei a direita e você seguiu caminhando com seus amigos.
De início, confesso que foi ruim te ver, deu frio na barriga e aperto no peito, depois, já voltando para casa, lembrando de tudo aquilo que estava planejado para vivermos juntos e não vingou, deu alívio e um sorriso chegou junto ao meu rosto. De tudo, não existe raiva, habita em mim apenas uma saudade daquilo que poderia ter sido, mas, por desistência de um dos lados não foi – e nessa hora a gente não pode puxar para si a responsabilidade de abraçar uma relação onde o nosso par não nos abre os braços.
E ai, ao te rever, deu aquela saudade de sair junto, de se importar com a sua saúde, de ficar falando sobre desenhos com você, principalmente de hora de aventura, de planejar ter duas filhas loirinhas de olhos verdes ou azuis, de fazer um hospital ser o lugar mais legal do mundo, ao te fazer rir feito besta.
Agora, sentado na varanda aqui de casa com os pés apoiados na cadeira da frente, percebo que talvez todas essas saudades sejam minhas e não suas, e sendo sincero me dá um certo mal estar por me sentir assim, esses pesos desnecessários me acorrentam como uma âncora ao mar, onde do meu barco enxergo a terra, mas o agito das ondas e os ventos contrários me impedem de ancorar de forma firme.
Lembrando aqui, confesso que nunca esperei gostar tanto de você e que essa sua independência emocional sempre me deixou de sobreaviso que a qualquer momento a bomba explodiria e o jardim que iria ficar detonado era o meu – eu tinha certeza. Mas, já aproveitando, quero só informar que comprei as pás, o adubo, algumas mudas de plantas e hoje mesmo pego uma bermuda surrada e aquela camiseta que te serviria de pijama, me ajoelho na terra, num misto de penitência e prazer, e começo o serviço de tampar os buracos que foram deixados pelo bombardeio.
Em cada um deles vai nascer algo mais bonito, fruto de um momento e de um esforço – unicamente – meu. Quero árvores grandes e pequenas e que os caules e galhos desta nova fase se ergam de forma que vento algum derrube. Quero por um balanço desses de madeira e corda, com nós bem dados, onde aos finais de tarde eu vou pegar impulso e ficar mais próximo do céu.
Quero plantar muito de amor próprio nesse jardim todo, quero a grama verde e macia, que as folhas e frutos só caiam quando estiverem no tempo certo e que os frutos, ao tocar o solo, germinem em mais árvores e mais vida.
Vou por também uma cerca, sem ser dessas de arame farpado, não quero intimidar visitas e a possibilidade de ferir os outros com as farpas do arame não me acrescenta em nada – confesso. A cerca será de madeira, dessas bem resistentes, está decidido.
O jardim vai voltar a ficar bonito. Eu nunca tive tanta certeza e não haverá praga ou dinamite alguma que possa deixá-lo intransitável. Não, ele não voltará a ser um campo minado. Por ele muita gente ainda irá andar, de amigos a amores e os sorrisos serão fartos, como os frutos de tudo aquilo que a gente planta e rega, ou seja, cuida com amor e coragem – que têm por obrigação ser nossos adubos na vida.
E um dia quem sabe até você volte a passar por aqui e eu te ensine como é que se deixa um jardim bonito e se planta algo, como também te agradeça por ter me sacudido e me mostrado que nada na vida cresce sem adubo, por me fazer entender que para arrumar o jardim não basta só regar e podar o que cresce sem controle.
Para arruma-lo é preciso coragem para sujar as mãos e a roupa, mas também entender que roupa e mãos a gente lava com água limpa e corrente, restando apenas no peito e na mente o prazer de ter plantado e ver germinar de uma nova forma.

Seja o melhor cara do mundo para sua dama

Happy father and his sweet little daughter at beach
“(…)
– Mas, Rafael, eu gosto muito dele, sabe? Ele diz que gosta de mim também e tudo mais mas não é assim que ele demonstra.
– Vocês já conversaram isso, né? Deixa claro o que você pensa, sempre! E se algo tá te incomodando, fala abertamente.
– Já conversamos muitas vezes mas ele sempre diz que é coisa da minha cabeça. Mas não é… ele não é mais o mesmo. Me trata diferente.
– Essa desculpa é clássica de todo cara. Nunca tem nada errado. Nunca admite. E se ele não leva a relação como deveria, você tem que fazer algo sim!”

Recebi algumas mensagens de gurias falando sobre caras que não levam o relacionamento a sério e/ou não as tratam como merecem.
O título do texto é longo e resume bem, mas me deixe ser mais claro e incisivo aqui: seja o melhor homem do mundo pra mulher que estiver com você!
Adicionaria também “seu babaca!” no final, mas vou manter a postura.
Porque se você está nesse relacionamento, você tem que ser a melhor pessoa possível pra quem está contigo.
Sem desculpas!
Se não for pra ser a melhor companhia e não for entregar o seu melhor, sai fora.
Porque se você está na relação e não estiver se esforçando pra ser o melhor, você está acomodado e acomodando. E isso só atrapalha.
Você nem sabe, mas é ruim pra você e é pior pra ela. Porque ela realmente gosta de você, está dedicando seu tempo, carinho e atenção e não tem recebido de volta tudo que merece.
Seu egoísmo e falta de interesse machucam.
Então seja o melhor ou não seja nada.
E se sua desculpa é que o relacionamento está ruim, você que me desculpe, mas não isso não convence.
Se está ruim conserte. Conversem e façam de tudo pra melhorar.
Mas se já não tem mais solução, ok. O que não tem solução solucionado está.
Terminem.
Só não rola ficar adiando e fingindo que está tudo bem, como a maioria dos homens fazem.
Pensa assim: seja o tipo de cara que você quer que sua filha namore.
Substitua “filha” por “irmã”, “tia” ou “mãe”, não importa.
Apenas seja aquele cara que você quer que as mulheres que você ama encontrem.
Seja um cara carinhoso, atencioso e que realmente valorize quem está junto.
Seja quem ela vai ter orgulho (e vontade) de apresentar às pessoas.
Seja o cara que ela vai ficar ansiosa de encontrar pra sair mais tarde.
Seja aquele que vai fazê-la sentir frio na barriga toda vez que você mandar uma mensagem inesperada.
Sabe aquele cara que faz a mulher tão feliz que todo mundo em volta dela fica feliz por ela?
Esse cara. Seja ele!
Ela se apaixonou.
Ela deixou que você entrasse na vida dela.
Agora a melhor forma de retribuir é ser, de verdade, o melhor homem do mundo.

Querido diário

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Você faz falta.
Você deveria estar aqui.
Por que precisou ir?
Você faz falta quando não tenho ninguém pra me chamar de mozão o tempo todo
Faz falta quando quero mandar aquela música nova, mas não posso.
Faz falta com seu abraço, que era o melhor lugar do mundo.
Faz falta até de discutir coisa boba, e 10 minutos depois nem lembrarmos mais o que era.
Aquele nosso desenho preferido ficou sem graça sem você pra falar deles.
Você faz falta porque os dias são diferentes sem você.
Dias cinzas.
A gente tem que fazer nossa ausência ser sentida às vezes.
Mas… saudade só é bom quando você sabe que vai ver de novo.
Saudade sem retorno é tortura.
Quando me perguntou se eu sentia saudade, menti.
Disse que não. Mas sinto um pouco.
Disse que “um pouco”, mas é “um pouco o tempo todo, toda hora”.
E só quando você voltar isso vai passar, você sabe.
Me pergunto se você também sente saudades assim.
E por que nunca me disse?
Você sempre foi orgulhosa, eu também. Pro nosso azar.

Aliás, esquece tudo o que você leu antes.
Pensando bem, percebi que saudade do passado é besteira. Não dá pra voltar pra lá, afinal.
Não quero ter nostalgia do que já passou se o mais importante é o hoje.
O que ainda virá.
Minha maior maior saudade é do que não aconteceu.
Saudade do que poderia ter sido! Do que deveria ter acontecido!
Saudade de uma vida que a gente não estivesse longe.
De uma vida que tudo tivesse dado certo pra gente. Que todos os nossos planos teriam acontecido.
E que ainda estivéssemos fazendo planos e mais planos.
Saudade das mensagens que ainda não recebi. E nem vou.
Saudade de um futuro que a gente estivesse juntos.
Que fosse minha a mão que você estivesse segurando na fila do cinema. Que fosse eu deitado do seu lado.
Mas principalmente, saudade de não precisar escrever essas coisas.
Saudade do que eu não vi.
Saudade do que não aconteceu.
Saudade do que não vivemos.
Saudade da gente.
– Daí no final do texto você fala pra ela que só lembrei disso tudo porque ouvi essa maldita música da banda malta e tudo voltou como um flashback inevitável. Quando me dei conta já tava lembrando de tudo e não tinha como parar.
– Putz, entendi. Como se fosse um pesadelo, né?
– Não, cara… pior que não. É sempre bom lembrar dela.