sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Final de uma vida, testando limites ( Ultima postagem do blog)

Há um certo clichê nisso. Toda essa coisa de cansar, desistir, parar, tem me enchido o saco. Nunca interpretei essas palavrinhas na forma literal do termo. Nunca desisti de verdade de te amar mais que tudo, porque nunca conseguiria fazer isso. Eu juro, ando tentando fazer muita coisa pra essa angústia passar, enquanto a vida olha na minha cara e começa a rir, no maior tom de ironia possível. Odeio ela na maior parte do dia, mas quando a saudade aperta, eu sei exatamente para onde quero voltar. Por que você nunca se importa com isso? Sério, eu faria qualquer coisa pra te ver sofrer agora, esperneando pela minha falta como uma criancinha mimada que foi pra escola e quer voltar para os braços da mãe. Mas você não é criança, e não sou sua mãe. E não sinto também que queira lutar por mim, esse detalhe é importante nessa minha tentativa estúpida de arrumar um jeito para que você sinta que preciso desse seu amor pela metade, já que por completo eu não conseguiria lidar. Volta aqui, finge que sou sua mãe e pede meu colo, depois que você sentir que é o meu corpo ali, deixo você deitar a cabeça no meu peito e te dou o livre arbítrio de fazer o que bem entender comigo.
Há alguma coisa em mim que não consigo controlar. Nunca passo por alguma ponte ou avenida  sem pensar em suicídio. Quero dizer, não fico pensando nisso. Mas passa pela minha cabeça: suicídio. Como uma luz que pisca. No escuro. Alguma coisa que faz você continuar. Saca? De outra forma, seria apenas loucura. E não é engraçado, colega. E cada vez que escrevo um bom poema, é mais uma muleta que me fazer seguir em frente. Não sei quanto às outras pessoas, mas quando me abaixo para colocar os sapatos de manhã, penso, Deus Todo-Poderoso, o que mais agora? A vida me fode, não nos damos bem. Tenho que comê-la pelas beiradas, não tudo de uma vez só. É como engolir baldes de merda. Não me surpreende que os hospícios e as cadeias estejam cheios e que as ruas estejam cheias. Gosto de olhar os meus gatos. Eles me acalmam. Eles me fazem sentir bem. Mas não me coloque em uma sala cheia de humanos. Nunca faça isso comigo. Especialmente numa festa. Não faça isso.
Se você pensa em suicídio assim como eu? bom, vá em frente, mas antes, tente fazer isso - roube chocolate no walmart, prove sorvete de tangerina, dirija à 220 km por hora em uma rodovia, grite o mais alto que puder dentro de um túnel, zere Sonic, Pacman e Super Mario, almoce com um policial, pule de bang-jump, escale uma montanha, leia trinta livros, vá ao show da sua banda favorita, faça uma tatuagem, apaixone pessoas que você não vai amar até descobrir que na brincadeira se apaixonou mesmo, aprenda a tocar um instrumento, escreva uma poesia, visite um parente distante e finja que as conversas da família te interessam, segure o ar por dois minutos sem soltar (não morra tentando essa parte), escreva seu texto favorito nas paredes do seu quarto, beba até vomitar, chore em um lugar público pra ver se alguém irá te consolar, piche uma frase de efeito em um muro, coma até não aguentar mais, ande de bicicleta sem as mãos, encoste a língua no nariz, cante no ventilador, abrace um mendigo, invoque satã com um tabuleiro de ouija e fique com o cu na mão. Depois de tentar tudo isso, faça o que achar melhor, que a vida é uma merda ninguém pode negar, mas algumas loucuras tornam tudo mais suportável....
 Eu falhei em tudo. Falhei em tudo na minha vida. Mas principalmente falhei comigo mesmo. Veja a que ponto eu cheguei. Estou desistindo de tudo. Estou aqui escrevendo uma espécie de ''despedida'', pelo fato de que não posso dizer a todos que eu desisti. Talvez alguém tentaria impedir, e eu não quero. E eu rezo pra que ninguém sinta culpa, pra que ninguém sofra por mim assim como eu estou sofrendo e venho sofrendo a cerca de 7 anos. Eu não mereço nenhuma lágrima. A culpa é minha. Eu fiz isso comigo. Eu que deixei as coisas chegarem a esse nível. Eu que me caminhei até a beira de um abismo, e eu, sozinho, decidi que é melhor pular. Eu já estava cansado de tudo, cansado de estar sempre só. Cansado de fingir estar bem sempre. De carregar tanta dor. Cansado de me maltratar. Como eu já disse, eu falhei comigo mesmo. Eu acabei me importando demais com os outros e esqueci de mim mesmo, eu tentei me importar com quem eu amava, mas de uma forma ou de outra elas arrumavam alguma coisa para me fazer sentir culpado de algo que não fiz. Eu fui tentando ser melhor pros outros e esqueci de me sentir bem. Fui querendo ser bom o bastante pra todos, e acabei não sendo nada pra mim mesmo. E quando eu percebi já era tarde. Eu me perdi. Eu deixei meu antigo eu desaparecer. E comecei a odiar o que havia me tornado. Só Deus sabe o quanto eu me odiava. Não gostava de nada em mim. Tinha nojo de quem eu era agora. E essa raiva foi virando dor. E, mesmo depois de eu ter feito tudo por elas, as pessoas que disseram que estariam sempre ali comigo, de repente sumiram. Eu estava sozinho. E estava me odiando. Comecei a descontar toda a raiva e a dor em mim mesmo. Eu excedi os limites. Agora minhas únicas companheiras eras as lâminas, mas mesmo assim eu temia das marcas, não queria chamar atenção de ninguém. As lágrimas foram substituídas por gotas de sangue. Mas eu não me importava. Escondi de todos. Ninguém precisava ficar sabendo. O tempo foi passando, e as coisas foram piorando. Estava difícil não me importar com o que estava havendo. Eu não consegui controlar. Passei as madrugadas molhando o travesseiro com lágrimas, mas ninguém via. Cada vez mais sozinho, me sentindo pior e me odiando cada dia mais por ser tão fraco, tão estúpido. Conheci pessoas novas, mas fui machucado novamente. Me tornei frio. No final só sobraram duas pessoas que realmente se importavam. Meus verdadeiros amigos. Meus anjos. Eles tentaram me ajudar. Mesmo distantes. Mas eu via que isso estava acabando com eles. A cada corte que eu fazia sabia que também estava ferindo a eles. Tentei parar. Mas eu fui fraco. Não consegui suportar a vontade de sentir o sangue escorrer. E lá estava eu me maltratando novamente. Fui me afastando. Era melhor pra eles ficarem sem mim. Só que eles não entendiam isso. Eu não queria mais magoá-los. Então percebi que desistir era a melhor solução. Tudo ia morrer comigo. E aqueles que se importavam logo iriam esquecer. Eu iria me tornar só mais uma lembrança, as vezes boas, outras vezes ruins. Desistir não foi uma decisão fácil. Mas foi a que me pareceu ser melhor pra eles, e principalmente pra mim. Então, desculpe mas eu estou desistindo. Adeus.

Foi bom estar com vocês, mas já que a vida sempre da um jeito de rir da minha cara, vou deixar que ela sofra um pouco, quem sabe do outro lado da vida, exista algo de bom me esperando ?

2 comentários:

  1. Isso é só um texto?? Espero que sim!!
    Você escreve MUITO bem, mas seria bom se vc abrisse a janela para deixar o sol entrar um pouco nos seus contos...a vida tem um lado alegre, embora muitas vezes ela seja triste. Tente escrever sobre o lado alegre :-) ele existe e é real.
    Espero que vc esteja bem e sem cortes. Um 2014 bom para vc.

    ResponderExcluir
  2. Obrigado anônimo(a), os meus contos são sempre assim mesmo, gosto de fazer as pessoas sentirem o que eu estou escrevendo, e como pode perceber, a maioria deles são de terror ou deprimente.
    Mas obrigado pela dica, e por acompanhar o blog também :)

    ResponderExcluir