terça-feira, 24 de setembro de 2013

Amor, peças inperfeitas

Como uma fagulha que cai em toda a palha e a consome.
Assim pode começar um amor.
Mas o que seria o amor?
Na minha opinião o amor seria.
Ter alguém para dividir seu tempo, para contar histórias, fazer cafuné, dar risada, abraçar, te ouvir quando você mais precisa, calmamente te acalma, querer sempre você, não se machucar por poucas coisas, dividir todas as histórias, dividir a vida, te ajudar em tudo, ser seu herói, seu guardião, saber tudo de você.
Poder estar com você sempre que precisar, sem correr, sem se esconder.
Viver todo dia com a certeza da segurança.
Toda noite olhar para o céu e se sentir feliz por ter alguém.
Se sentir seguro.
E sempre saber por que está apaixonado.
Não fazer nada errado e se fizer corrigir.
Saber perdoar e não desconfiar.
Falar que vai ficar mesmo quando todos já se foram.
O coração bater forte e também lentamente, sorrir quando acordar e olhar para seus cabelos bagunçados.
Ouvir você respirar e sorrir.
Achar-te a pessoas mais bonita do mundo mesmo quando se está deplorável.
Porque o amor não está no físico e sim dentro do coração.
Porque o amor é mais do que se pode ver
Valorizar cada gesto bonito, sorrir e te abraçar.
Agradar-te e te entender e as vezes puxar a sua orelha.
Como um quebra-cabeça, todas as peças são imperfeitas e diferentes, mas essas peças diferentes e imperfeitas se encaixam e se completam.
Amar para mim é isso, não é uma brincadeira nem um jogo.
É o que faz seu coração pulsar toda manha.
E mesmos nos dias nublados e cinzentos você sabe que o sol está lá fora.

sábado, 21 de setembro de 2013

Quer namorar comigo ?

De mãos dadas com meu mais recente namorado, vejo parado na outra calçada, meu melhor amigo e confidente, seus olhos estavam fixos em mim e seu semblante estava carregado, lia tristeza e desesperança em seu rosto.  Fiquei preocupada, embora já suspeitasse os motivos que o levavam a lentamente se afastar de mim.
- Amor, vou conversar com o Luís e  já volto.
Atravessei a rua e com um sorriso no rosto saudei meu amigo.
- Que saudade de você baixinho.
- Hum. Nem parece que você sentiu minha falta...
Abracei-o bem apertado e pude sentir seu cheiro de rapaz limpo, saudável e honesto, com um toque de limão. Ele sempre cheirava assim, o que me fazia lembrar coisas boas da infância.
      Conheci Luís quando já tinha completado vinte anos, e ele, dezoito, nossa relação sempre fora um nível elevado de amizade sincera e honesta. Combinávamos perfeitamente em tudo. Ele é de estatura baixa, para um homem de vinte e cinco anos, magro, olhos profundos, que até pareciam poder ler a alma das pessoas, e ao contrário de mim, ele esperava a pessoa certa, não namorara ninguém desde que nos conhecemos e eu já tinha namorado muitos, na esperança de encontrar o cara certo, sempre em vão.
- Faz tempo que não te vejo, o que aconteceu com você?
-Nada. Arrumou um namorado novo já?
- É... Arrumei. Não me olhe com essa cara... Ele é legal.
- Como todos os outros?
-Chato! Vem, vamos conversar um pouco, estou sentindo muito a sua falta...
      Saímos conversando e eu nem percebi que tinha deixado meu namorado do outro lado da rua conversando com seus amigos.
- Sabe, eu estava querendo falar sério com você já faz algum tempo.
- Então fala.
 Já imaginava o que era, e sabia que seria um sermão. Puxei-o para um banco de praça e nos sentamos.
- Você tinha me dito que não namoraria mais qualquer um, e não faz nem uma semana que você largou o último...
-Calma aí baixinho, o Fernando não é qualquer um, você até conhece ele não é?
-Conheço sim, e muito bem, por isso estou falando. Olha, você devia dar um tempo, ficar sem namorado um pouco, prestar atenção nas pessoas que realmente gostam de você.
- Quem, por exemplo? Você?
 Dei uma gargalhada e baguncei todo o cabelo liso e certinho dele.
       Na mesma hora percebi que tinha ido longe de mais. Seus olhos se tornaram de um castanho escuro profundo e assustador, vi verdadeiro sofrimento e orgulho ferido neles. Sem mais uma palavra ele levantou e foi embora, tão rápido que fiquei sem reação, mais uma vez tinha-o magoado, a pessoa de quem eu mais gostava no mundo todo. Mas era preciso, não sei se aguentaria uma declaração de amor, meu domínio próprio estava me deixando aos poucos.
-Aí está você gata, estava te procurando. Onde está o Luisinho?
-Foi embora... Vamos também.
      Peguei mais uma vez na mão do Fernando pensando em como estaria o Luís, precisava falar com ele, ver como estava. Disse a mim mesma que amanhã bem cedo iria a sua casa. Fiquei mais tranquila e resolvi sair àquela noite, aproveitar que estava estreando uma peça nova no teatro e me distrair.
      Fui ao teatro com o Fernando e assisti ao primeiro ato feliz e satisfeita, mas no intervalo um rapazinho veio me dizer que o Luís queria falar comigo lá fora.  Levantei e saí bastante preocupada, - agora não escapo -, pensei comigo mesma. Cheguei ao saguão e lá estava ele, de costas pra mim, com as mãos nos bolsos do casaco de moletom, os cabelos ainda molhados e com cheiro de shampoo. Senti um aperto no coração, ele estava mais lindo do que nunca e muito mais chateado do que já estivera até hoje.
-Oi. Queria falar comigo?
- Quero sim, Marina... – Disse virando devagar e me encarando, estava pálido e abatido.
-Acho que não podemos mais ser amigos. Você não me escuta, sabe o que eu sinto por você e zomba de mim. Sabe quantas vezes eu tentei falar sério pra você o que eu sinto e você nem me deixou terminar?  Sete vezes, contando com a de hoje.
     Fiquei parada, sem palavras, me doía ver a dor no seu olhar, a tristeza nas suas palavras. Não podia perdê-lo, morreria sem tê-lo por perto. Num ato impensado e de impulso me aproximei e beijei-o lentamente nos lábios.  Ele me tomou em seus braços e me beijou profundamente e apaixonadamente, nossos corpos se encaixavam perfeitamente, como se tivessem sido feitos um para o outro.
     Sentia-me flutuando em uma emoção diferente, estava explodindo de paixão e alegria.
-Eu te amo. – Disse ele olhando em meus olhos e sem esperar resposta me abraçou forte, cheirando meus cabelos.
-Eu também te amo! – Disse eu timidamente.
- De verdade? Como homem e não como amigo?
- De verdade, como homem. Sempre te amei.
- Mas eu não entendo... E todos os namorados?
- Você é o homem mais especial que já conheci, correto, carinhoso, fiel. Não queria que você se transformasse em um canalha. Todos os homens com quem namoro transformam-se em canalhas.
- Eles não se transformam em canalhas, eles sempre foram canalhas, você que não sabe escolher. Eu nunca vou me transformar, pode ter certeza.
      Seu olhar passava tanta paz e tanto amor, que me desarmou completamente. Decidi confiar em meu amigo, que nunca tinha me decepcionado, o homem que conquistara meu amor com suas atitudes e simplesmente por ser quem é.
-Quer namorar comigo?
-Claro que quero meu baixinho lindo!

Sessão terror - Assassino Profissional

- Precisa me garantir que vai ser discreto, cauteloso e não deixará pistas.
- Não sou nenhum amador, minha senhora. Quinze anos nesse ramo, nenhuma prisão. Sequer fui suspeito de qualquer morte. Farei o serviço de forma limpa, sem deixar vestígios. O que posso lhe adiantar é que não sairá barato.
- Quero que mate os dois. Não me importa o preço, apenas mande os dois para o inferno.
- Estamos em negociação, senhora. Precisa me dizer como quer a eliminação deles. Se forem mortos separadamente, ficará mais caro. Poderia fazer um desconto caso pudesse matá-los ao mesmo tempo.
- Isso seria muito fácil. Através de um detetive que contratei descobri que se encontravam em nossa própria casa quando estava viajando. Aquele idiota maldito... Na minha própria casa...
- Uma informação relevante. Gosto de serviços rápidos, onde encontro as vítimas em situação vulnerável. Quatro mil pelo serviço, metade adiantado...
- Parece-me justo. Encontre-me amanhã neste hotel para receber o adiantamento. Programei uma viagem para daqui a uma semana. Creio que seja tempo suficiente para planejar o crime.
- Não preciso planejar nada. Apenas deixe uma cópia da chave para facilitar a minha entrada. O resto pode deixar comigo. Não falharei.
- Assim espero...

A senhora de cabelos loiros encaracolados cruzou o beco escuro até chegar ao seu veículo. O homem, de meia idade, cabelos grisalhos, acendeu um cigarro e observou o carro em disparada em direção ao centro da cidade. No dia seguinte, os dois se encontraram para acertar os últimos detalhes e o pagamento inicial. O pistoleiro estava incrivelmente tranqüilo, e sua frieza chamara a atenção de sua cliente, uma senhora que descobrira recentemente a traição do marido. Ela, ao contrário, estava terrivelmente tensa. Não dormira à noite pensando na possibilidade de ser descoberta e presa. Tentava dizer a si mesma que era um plano infalível, que jamais seria descoberta, mas uma voz insistente e perturbadora tentava convencê-la do contrário.
- Já lhe disse, senhora: será um serviço limpo. Além disso, terá um belo álibi para a polícia. Quanto a mim, não precisa se preocupar. Sou como uma sombra. Não deixarei pistas.

Duas semanas se passaram. A mulher havia viajado, e seu marido, como esperado, havia marcado alguns encontros com a amante em sua própria casa. O pistoleiro fez o trabalho de reconhecimento das vítimas e do melhor momento para realizar o serviço. Enquanto mantinham relações sexuais, ele entrou pela porta da frente, sorrateiramente subiu até o quarto do casal, colocou o silenciador e os observou em meio aos gemidos delirantes. O homem saltou da cama abruptamente e fechou as persianas, temendo ser observado. O assassino recuou, mantendo-se oculto na escuridão do corredor. A amante seguiu nua até o banheiro, enquanto o homem a observava com a boca salivante. Os dois tiveram mais uma relação sexual que durou longos vinte minutos. O matador, ao perceber que estavam exaustos, atirou primeiramente na mulher. Ele, ao perceber que a amante estava morta, tentou fugir, mas recebeu um tiro certeiro na cabeça.

Ao voltar de viagem, a senhora recebeu a notícia do assassinato do marido. Fingiu estar abalada e foi ao enterro para encenar a sua dor pela perda. Dois meses após a morte, teve uma ingrata surpresa ao saber que o falecido havia deixado apenas uma velha casa no centro da cidade como herança. Apesar de tudo estava feliz por ter se vingando dos dois. Se não tivesse se livrado do marido e da amante, não suportaria o fato de ter sido traída em sua própria cama.

Tudo parecia perfeito em sua nova vida. Ela se mudou para a casa que recebera de herança, conheceu outros homens e viveu algumas aventuras. Tudo estava normal até receber uma visita inesperada. Um homem de cabelos grisalhos, o mesmo que havia assassinado o seu marido, veio visitá-la. Ela ficou assustada, afinal, estava tudo acertado. Havia efetuado o restante do pagamento duas semanas após o serviço, e nada mais lhe devia.
- O que está fazendo aqui? – inquiriu a mulher.
- Apenas uma visita, senhora. Gosto de rever minhas clientes, saber como estão, o que estão fazendo...
- Estou muito bem, obrigada. Não deveria estar aqui...
- Por que não? Soube me procurar quando precisou de ajuda para se livrar do seu marido e da amante. Agora fica aturdida com a minha presença?
- Diga logo o que quer? Se for dinheiro para ficar calado, aviso-lhe que não tenho mais nada. Aquele maldito apenas me deixou essa velha casa como herança.
- Não preciso do seu dinheiro, senhora. Sou profissional, cobro apenas o necessário pelo serviço. O motivo de minha visita é outro...
- Você... Você... – disse a mulher, gaguejando – Quer me molestar?
- Ora, minha senhora – disse ele, a gargalhadas – Posso ter as mulheres que quiser. Jamais iria me envolver com uma velha como você. Não me insulte!
- O que você quer, pelo amor de Deus? – disse ela, afastando-se do pistoleiro.
- Tenho uma reputação a zelar, minha senhora. São quinze anos de profissão... Nunca fui preso... – tirou o silenciador do bolso, com um cínico sorriso - Jamais me investigaram; sequer prestei depoimento em todos esses anos. Isso não é para qualquer um. Não basta apenas ser bom, tem que fazer o serviço completo... - encaixou na pistola e a destravou - Eliminar provas, sabe? Apagar vestígios, dizimar qualquer um que possa interferir no meu trabalho... – aproximou-se da mulher lentamente, estudando-a. – O segredo para ser um bom assassino profissional é não deixar ninguém saber que cometeu o crime – com um brilho misterioso no rosto, apontou para a mulher, que ficara de olhos arregalados. – Nem mesmo meus clientes.

Genero Suspense - Anjos de luz

- O que está acontecendo? – Ainda ofegante Raquel entra no hospital à procura de informações.
       - Como vai senhora, eu sou o Doutor Vargas. Não sabemos o que está acontecendo, ele ficou agitado, começou a gritar, então resolvemos chamar à senhora – Oito horas da manhã de uma segunda-feira.
      - Não sei o que fazer Doutor, ele parecia estar em estado de coma. Não sei se poderei ajudá-los, deixei meu filho na escola e tenho que ir para o trabalho.
     - Vá até a sala de visitas que o levaremos até a senhora.
    Raquel começou a caminhar pelos corredores da ala psiquiátrica do hospital. As paredes brancas guardavam vidas presas em universos particulares formados pela mente de cada interno. No final do corredor uma sala tomada por grandes janelas mantinha em cada canto de parede e em seu centro um par de sofás para duas pessoas, voltados uma de frente para a outra, com uma mesa de centro os separando. Na entrada da sala um enfermeiro conduziu Raquel até um canto da sala onde foi acomodada em um sofá. Passado alguns minutos o enfermeiro voltou acompanhado de um interno. Raquel não escondeu a sua surpresa, o seu marido há muitos anos não se movia. O enfermeiro colocou o marido de Raquel sentado a sua frente. O silêncio tomou a sala. Raquel olhava assustada para Rogério que não esboçava nenhuma reação.  O enfermeiro saiu do lado de Rogério e caminhou até a saída da sala:
     - Não deixe de levar Marcelo para o judô hoje depois da escola. – Raquel ficou assustada, após escutar as palavras de Rogério. Depois de um silêncio absoluto, ele resolve falar e sobre um assunto que não deveria saber.
      - Como você sabe que Marcelo está no judô?
    - Não deixe de levar Marcelo para o judô hoje após a escola. – Raquel procurava dialogar com Rogério, entretanto a mesma frase se repetia minuto a minuto.
Rogério saiu do local onde se encontrava, pulou sobre Raquel. Bastou um grito para que o enfermeiro entrasse na sala e controlasse a situação.
     Raquel correu pelos corredores, se apressou em sair do hospital. Entrou no carro e seguiu em direção de sua casa. As palavras de seu marido não lhe saiam da cabeça.
     Marcelo sempre saia da escola e ia para o judô com os colegas em uma condução comunitária e ela ia para o seu consultório. Neste dia ela teria um dia agitado, com uma grande quantidade de material em seu porta-malas. Entretanto após escutar as recomendações de seu marido, que há muito tempo não saía da cama, ela resolveu ir até a escola de seu filho.
     O relógio marcava 11:40h, Raquel esperava por Marcelo desde às 09:00h quando as portas se abriram e seu filho começou a caminhar até a calçada:
     - Mãe o que você faz aqui, tá me envergonhando!
     - Eu vou te levar para o judô.
     - Mas mãe, eu vou com os amigos. Almoço com eles!
     - Hoje eu vou te levar.
     - Mas mãe...
    O filho de Raquel entrou no carro de sua mãe enquanto os colegas entraram na condução comunitária. Dentro do carro silêncio total e um garotinho com cara emburrada. Raquel resolveu seguir a condução dos colegas de Marcelo. Passaram alguns minutos para que um dia tranquilo se transformasse em pesadelo.
     A condução comunitária, ao passar em um cruzamento, sofreu uma batida em sua lateral. O motorista foi jogado para fora. Várias capotadas e uma batida forte em um poste antecederam ao que faltava de horror. Crianças penduradas nas janelas sem demonstrar sinais de vida. Raquel desceu de seu carro, mandou que Marcelo não saísse. O garoto impaciente saltou do veículo e seguiu a mãe. Marcelo pode ver a sua mãe atendendo seus colegas que, aos poucos eram retirados da viatura e colocados no chão. As horas se passaram como minutos e Raquel foi substituída por médicos do atendimento de emergência.
     Cansada, levantou a cabeça procurando Marcelo. Depois de olhar em sua volta pode ver ao longe um homem ajoelhado falando com seu filho. Raquel levantou desesperada. Aparentemente seu filho estava sendo privado de deslocamento. O homem ao lado de seu filho se levantou. Raquel gritou apavorada. Marcelo gesticulou como a se despedir, da mesma forma o homem que o acompanhava. Marcelo seguiu em direção a sua mãe e o estranho seguiu para o outro lado:
     - Marcelo, como você pôde parar e ficar falando com um estranho!        - Raquel não continha a sua raiva enquanto falava com Marcelo.
     - Mãe, era apenas o papai se despedindo. Ele me falou que estava partindo e que queria se despedir.
     Raquel ficou desorientada. Colocou Marcelo no carro e voltou para casa. Ao chegar em casa procurou se certificar de que tudo estava sobre controle. Mas de sua cabeça não saia as palavras de seu filho sobre o pai. Raquel pegou o telefone e ligou para a sua irmã. Ela chegou e ficaria cuidando de Marcelo em sua ausência ao voltar a clinica onde se encontrava o seu marido.
    Raquel chegou a clinica. Desceu do carro e caminhou até a Portaria onde seria atendida pelo profissional na recepção:
     - Boa tarde, eu gostaria de falar com o Dr Vargas. – Depois de sua solicitação a atendente começou a procurar em seu banco de dados a localização do Dr Vargas.
     - Senhora, neste hospital não trabalha nenhum Dr Vargas!
     - Mas eu falei com ele hoje de madrugada.
     - Desculpe, mas a senhora deve ter se confundido.
     - Então eu gostaria de ver o interno Rogério. – Silêncio, novamente iniciou-se uma procura no equipamento.
     A recepcionista levantou assustada. Pediu que Raquel a esperasse e se passou alguns minutos para que um médico chegasse:
    - Sr Raquel queira me acompanhar - Raquel foi conduzida pelo corredor do hospital, desceu algumas escadas até ficar de frente com uma porta – Desculpe Senhora, nós ligamos durante toda a manhã para a sua casa e não conseguimos contato. O seu marido faleceu nesta madrugada.
     A porta se abriu e o corpo de Rogério se encontrava deitado em uma maca. Raquel se aproximou de seu marido. Chorou se ajoelhou e fez uma prece. Ao levantar perguntou ao médico sobre a hora do falecimento:
     - Duas horas da manhã.
    Raquel começou a caminhar pelo hospital. Teve que assinar alguns papeis e tratar com o serviço funerário. Mas em sua cabeça não saia a visão dos eventos. O encontro com seu marido às oito da manhã, a conversa com o Dr Vargas, o encontro de seu marido com seu filho às nove e meia da manhã e o conselho que recebera. Como se perdesse o controle de suas pernas, Raquel caiu no chão. Uma mão se estendeu para ajudá-la. Um velho senhor vestindo um macacão do hospital a olhou carinhosamente, lançando-lhe um ar de tranquilidade e esperança. Ao olhar melhor Raquel percebeu que na identificação do Sr constava o nome Vargas. Ela tentou interrogar o Sr, mas ele se afastou. Ao tentar segurar na blusa do homem, uma pessoa que passava, que conduzia duas crianças, segurou a sua mão:
     - Não se preocupe tudo está resolvido, são apenas missões e está é a minha, somos apenas crianças que crescem. Todos temos um momento certo para partir – Raquel olhou atentamente para a mulher que lhe falava até que ela se afastou, levando as duas crianças e sumiu em um círculo de luz.
Fim.

Sessão Terror- O ultimo grito


   
  Ele estava contente com os preparativos finais do casamento. Estava tudo pronto, correndo perfeitamente como tinha de ser...
Já fazia seis meses que Flávio e sua noiva Eveline planejavam o casamento perfeito. E nos últimos dias, tiveram agradáveis surpresas. A casa já estava pronta e mobiliada, Eveline foi promovida no hospital onde trabalhava...
― É de se estranhar – Comentou a noiva, deitada no peito de Flávio – Esta tudo indo tão bem! Como poderia ser mais perfeito que isto?
― Não poderia – Respondeu ele, beijando a testa da bela noiva – Simplesmente não poderia, meu amor...
A moça se voltou a ele, e em meio a um longo beijo, o olhou e perguntou:
― Para sempre?
― Para sempre! – indagou Flávio sorrindo.
 Dia seguinte ele acordou primeiro que ela. Foi até o jardim, colheu uma rosa e escreveu um bilhete:

“Dia de buscar o terno do casamento.
Te pego as 11hs para o almoço na casa de sua mãe. Te amo para sempre...
Com amor, Flávio.”

 Caminhava a passos apressados pelo centro da cidade. Tudo que via nas vitrines das lojas o fazia pensar em sua amada. Sorria já com saudades.
Entrou na loja certa, experimentou o terno pela ultima vez antes do casamento. Estava impecável. Agradeceu o costureiro e levou o terno finalmente pronto.
 Na rua movimentada do centro, viu uma velha cigana pedindo esmola. Enfiou a mão no bolso e trouxe junto com as moedas uma pedra. Era a pedra da sorte que havia ganhado de Eveline, no inicio do namoro.
 A cigana viu a pedra e reparou nela mais que nas moedas:
― Uma ametista, não?
― Sim, ganhei da minha noiva.
― Há quem diga que uma pedra dada com amor pode trazer sorte!
Flávio riu. Colocou as moedas na palma da mão da cigana junto com a pedra:
― Minha sorte é ela, minha noiva. Fique com a pedra pra senhora.
A velha espantada perguntou:
― Esta abrindo mão da sua sorte, rapaz?
― Eu não acredito nisso... Não acredito na sorte. A sorte é só um ultimo recurso, a qual usamos quando não nos resta mais nada! Fica com Deus.
 Ele deixou a cigana impressionada e atravessou a rua. A velha pressentiu algo e foi atrás gritando:
― Ei, menino! Espere!
Ele parou no meio da avenida calma, quando a cigana estava na metade do caminho, um carro em alta velocidade veio em sua direção. Ela apertou entre os dedos a pedra e fechou os olhos, o carro em alta velocidade desviou dela e bateu violentamente contra Flávio...

 Eveline acordou de um sonho ruim. Abriu os olhos assustada, como se pressentisse a tragédia. Olhou ao lado da cama e viu a rosa e o bilhete, o leu, mas não conseguia sorrir. O celular vibrou no criado mudo. Ela o olhou perplexa, com medo de atender. O aparelho vibrava escorregando no criado mudo, até cair no chão e continuar a vibrar. Eveline o pegou e atendeu. Do outro lado da linha, um medico lhe informava da tragédia:
― O rapaz foi atropelado por um veiculo em alta velocidade... Receio ter má noticia...
 A noiva ficou em choque. Uma lagrima desceu de seus olhos, e ali, ela perdeu todos os sentidos, sem chão para pisar.

 A tarde, no funeral, Flávio estava vestindo o mesmo terno que foi buscar pela manhã. Eveline não se conformou. Lamentava insana a sorte, se debruçando sobre o caixão florido do noivo.
 A velha cigana entrou em seus trapos, chamando atenção de todos os presentes na cerimônia. Se dirigiu a Eveline, lhe dizendo:
― Seu noivo era um rapaz bom... Jovem demais para partir assim...
 Eveline nada respondeu. A cigana pegou em sua mão e continuou a dizer:
― Sei que ele é bom por que se apiedou de mim... Conversou comigo. Fui a ultima pessoa com quem falou, segundos antes da tragédia.
A velha ganhou a atenção da moça, que chorosa perguntou:
― O que quer de mim? Respeite a minha dor!
A cigana alisou seu rosto e respondeu:
― Eu não quero dinheiro não, dona... Seu noivo me deu o presente que a senhora lhe deu... Deve estar pensando por que um rapaz tão distinto como seu noivo poderia dar atenção a uma velha cigana mendiga como eu... Eu lhe digo, dona: Ele me deu a sua sorte. Talvez pensasse que eu precisava de mais sorte que ele...
Eveline se voltou à velha cigana, esta lhe devolveu a pedra:
― Pois fique com ela, moça. Sei que a sorte o abandonou quando me deu a pedra! Eu já estou velha, tenho exata certeza que o destino do carro era eu, mas como estava com esta ametista, se desviou de mim...
A velha se virou e saiu. Eveline parou pensou, e com a pedra nas mãos foi atrás dela.
― Ei! Acha que me devolver à pedra me trará conforto?
A velha cigana se virou e lhe disse, antes de continuar seu caminho:
― Traga-o de volta, talvez assim encontre tal conforto. De a pedra novamente a ele! Como da primeira vez, a sorte voltará, e o rapaz poderá ser seu de novo... Como tinha de ser...
 Eveline pensou no que a velha disse, e durante todo o funeral, não teve coragem de colocar a pedra nas mãos do noivo morto.

 Depois do enterro, a noiva não parou de pensar em Flávio e na saudade que sentia. Segurou firmemente a pedra e se lembrou do que a cigana disse:
― Traga-o de volta. De a pedra novamente a ele!
 Estava quase escurecendo e caia uma fina chuva quando Eveline pegou seu carro e foi até o cemitério. O estacionou e olhou para o grande muro.
 Subiu em uma grande arvore e de lá, desceu até o interior do cemitério.
 Por dentro, o muro era mais baixo, ela adentrou facilmente, indo até o tumulo recém fechado de Flávio.
 A noiva não conseguia dominar todo o medo que sentia, deixou a ametista sobre a terra e virou as costas, pronta para ir embora dali.
 De repente, se deu conta: Não daria certo daquele jeito. Teria que fazer como da primeira vez, teria que dá-la nas mãos de Flávio!
 E enquanto a chuva fina engrossava e a noite começava a cair, Eveline se lembrou de quando deu a pedra ao seu amado:

Era primavera do ano retrasado. Ela lhe beijou docemente e lhe entregou a ametista:
― Pra que isso? Não tenho estilingue...
Eveline riu:
― É pra dar sorte, seu bobo!
Flávio também sorriu, dizendo:
― Eu já tenho sorte, pois tenho você... Não preciso de mais nada. Alem do mais a sorte é só...
― ...Um ultimo recurso, a qual usamos quando não nos resta mais nada? – Perguntou, complementando Eveline.
― Não, eu ia dizer que a sorte é só uma desculpa pra definir boa coincidência. Mas eu gostei mais da sua definição. Vou usar ela de hoje em diante!
― E a pedra?
― Vou guardar. Pra sempre meu amor...

Agora Eveline em lagrimas, desenterrava o corpo do noivo:
― Você prometeu que iria guardá-la para sempre! Prometeu que nunca ia me abandonar! E agora eu estou aqui pra fazer você cumprir com suas promessas!

 Já era noite quando o desenterrou. Arrancou a tampa grossa do caixão perolado, beijou seus lábios frios, pôs a pedra em sua mão e como da ultima vez, disse:
― É pra dar sorte, seu bobo!
Flávio não se mexeu. A noiva triste balbuciou conformada:
― Que tolice a minha...
 Deixou o tumulo aberto e correu até o muro, se protegendo da chuva que engrossava. Tentou pular o muro baixo, mas não conseguia se erguer até o topo... Decidiu então que procuraria o portão, imaginado ser mais fácil de escalar.
 Depois de muito vagar pelo cemitério, o encontrou, duas vezes mais alto que o muro... Deu dois paços para traz e lamentou.
 Sentiu-se vigiada e se voltou aos túmulos. Então, em meio à tempestade, viu Flávio, trajado com o terno de noivo todo cheio de lama. Ele se aproximou de sua amada, segurou violentamente em seu pescoço e lhe indagou com a voz rouca:
― Não posso ficar com você, mas você pode vir e morrer comigo!
 Não havia mais vestígios de sã consciência no corpo morto de Flávio. Ele a atacou voraz, tentando abocanhar sua jugular.
 A noiva se desesperou, tentando encontrar forças para fugir do ataque grotesco. Já estava quase inconsciente, tamanha a violência daquelas mãos frias.
 Lamentou pelo que fez... Tolice querer trazer os mortos de volta!
 De súbito, achou forças e o empurrou pra trás. Flávio a encarou dizendo:
― Eu lhe prometi que seria pra sempre! Me deixe cumprir, meu amor!
 Eveline mesmo apavorada, ignorou o medo e escalou o portão, Flávio segurou em seu pé e insistiu:
― Morrer não é tão ruim assim, Eveline... Fica comigo!
Ela chutou seu rosto e respondeu antes de continuar a subida:
― Se morrer não é tão ruim, então continue morto!
 Conseguiu subir e descer até a calçada, olhou para dentro do cemitério e não mais o viu. Poderia ter sido tudo coisa de sua cabeça?
 Não, não era. Seu pescoço ainda doía devido a violência que Flávio a pegou. Adentrou no carro, respirou fundo, enxugou as lagrimas e saiu as pressas dali.

 Em uma esquina estava a cigana. De longe ela avistou o rapaz de terno sujo e o reconheceu. Com um sorriso, ia aproximando dele e perguntando:
― Menino... Você esta...
― Vivo? – terminou ele – Não. Não estou vivo! E nem a senhora vai estar!
 De repente, o carro de Eveline surgiu diante dos dois. Ela enxergou seu noivo no meio da pista e por instinto, se desviou, atingindo em cheio a velha cigana na calçada, batendo em seguida violentamente contra o muro.
As pernas da moça foram prensadas entre as ferragens do veiculo... Ignorando a dor, tentava entender a tudo aquilo, mas não conseguia.
Flávio surgiu, se aproximou do cadáver da velha cigana e depois caminhou até o carro de Eveline.    
 Presa entre as ferragens, a noiva com a cabeça sangrando encarou seu amado, mostrando medo, dor e desespero.
 Flávio arrancou a porta do veiculo e lhe encarou serio. Eveline gritou alto, mesmo sem ser ouvida, ousou em um ultimo grito.
 O noivo bruscamente segurou em seu pescoço e o apertou. Estagnada, encarou seu amado noivo morto lhe enforcar. Seus olhos ficaram vermelhos e ela se entregou, se entregou as promessas de seu amado... Para Sempre...

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Garota malígna


Meu nome é Ryan Riley, e esse é mais outro dia comum no Asilo para loucos ou se você preferir “Manicômio”.Existe algo que você precisa saber sobre mim: Eu não sou louco! Ou até mesmo drogado! é, mas eles não acreditam em mim. Eles pensam que eu matei meus amigos. Meus amigos estão mortos mas ainda sinto eles comigo, suas almas, seus espíritos, não morreram junto a seus corpos. Eles estão comigo independentemente de onde eu vá, mas apenas eu posso vê-los. Eles estão tentando me proteger daquilo que os matou: “Aquela Garota Má”. É assim que nós a chamávamos.

 Faz exatamente 5 anos da morte deles. E todos aqui ainda me fazem as perguntas erradas. Sempre me perguntam “Por quê” eu matei eles, e nunca perguntam “Que merda aconteceu”.

 Há uma nova médica no meu tratamento, os outros desistiram de mim, eles acham que sou apenas mais um namorado ciumento, afinal, minha namorada também foi morta junto aos meus amigos. Eu espero que essa nova médica acredite em mim, e me faça as perguntas certas.

 Finalmente eles estão me chamando para uma consulta com a doutora Cindy Norman.

 Passando pelos corredores, vendo aquela situação de sempre, vendo meus amigos mutilados e sangrando aos cantos, mas todos eles comigo. Os enfermeiros me olhando como se eu fosse um ... assassino! Argh! Eu não sou um assassino, eu preciso de uma chance para provar que sou inocente!

 Na sala da doutora Cindy eu me desloco devagar e tento não expressar minha raiva em meus olhos. Ela me comprimentou e começamos uma conversa aparentemente civilizada:

-Boa noite senhor Riley! –Ela disse. Ela aparenta ser muito jovem para uma doutora tão comentada, espero ter bons resultados. –Então, o que trás você aqui? Você diz que não é o assassino de 3 garotas e 2 rapazes, e ainda diz que eles eram todos seus amigos e que estão te perseguindo... se não foi você quem os matou, então quem foi?

 Havia muita ironia em suas palavras, aquilo me enraivecia ainda mais! Eu ao respondi a nenhuma pergunta, então ela diz:

-Percebi que passaremos um bom tempo juntos essa noite. Você precisa me contar o que aconteceu naquela noite sr. Riley... –Sua voz me irritava.

Me exaltei:

-Você quer saber o que aconteceu senhorita Norman? Vou lhe contar exatamente o que aconteceu e como aconteceu!

 Aqui começa a história de uma amizade interrompida, de uma viagem de férias entre amigos, e aqui também termina essa amizade entre mim, Mary, Emily, Paul, Gustavo e Kelly e então...

 Eu e meus amigos estávamos a procura de uma boa viagem de férias, um pouco de bebidas e sim.. drogas. Nós estávamos tão felizes em viajar juntos que nem pensamos em fazer planos para isso, apenas alugamos uma Kombi e pegamos estrada depois do almoço.

 Então nós começamos a viajar pelo Flurryh. Nosso primeiro dia foi ótimo,mas quando chegou a noite nós não sabíamos onde hospedar, pois não havia muitos lugares para ficar. A estrada era deserta e úmida. Nós já estávamos ficando aflitos quando vimos uma placa indicando um hotel mais próximo. Todos decidimos parar lá mesmo pois não sabíamos se iria haver um outro hotel depois daquele.

 Chegando lá, as meninas já mostraram sinal de contradição. Também, com um lugar desses. O lugar era horrível, macabro por sinal, nenhuma das meninas queria dormir lá, mas o carro estava imundo, não havia jeito de dormir todos lá. Depois de muita insistência elas resolveram ficar. Eu e Mary ficamos em um quarto, logo em baixo ficariam Emily, Paul e Kelly. Gustavo não estava na viagem com agente, pelo menos não ainda, ele havia decidido viajar com um amigo por algum motivo quase na mesma direção que nós.

Ninguém conseguia dormir, nenhum corpo vivo conseguiria fechar os olhos e descansar naquele lugar cheio de barulhos estranhos, como se o próprio lugar quisesse que nós o deixássemos.

 De repente, houve um grito! Eu levantei assustado da cama. Era Emily, ela não parava de gritar, sua voz ia se afastando e havia um barulho enorme como se ela estivesse sendo arrastada. Eu e Mary abrimos a porta e corremos pro andar de cima onde estavam os outros. Kelly estava assustada olhando para uma porta no fim do corredor, Paula estava correndo até lá. Pude ver que Emily estava realmente sendo arrastada até aquela porta. Corri até ela também, estávamos eu e Paul tentando livra-la de algo invisível tentando puxá-la. A porta se abre com força que me assustei por um instante, soltei ela com o susto e Paul não conseguiu segura-la sozinho, ela então é puxada pra dentro de uma despensa que no teto havia uma entrada para o sortam

 A porta se fecha com força e eu e Paul não conseguíamos abri-la. Emily de repente para de gritar. Mary e Kelly enfim tiveram coragem de ser aproximar de nós. Mary começou a gritar o nome de Emily esperando resposta, alguns segundos de pânico intenso houve então a resposta: Emily grita novamente, porém um grito de dor. Eu nunca estive tão apavorado em minha vida, e com certeza os outros também não.

 Finalmente Paul consegue abrir a porta e rapidamente pegamos uma escada que estava nessa dispensa para subir até o sortam. Eu subi a escada chamando por Emily. Peguei meu celular que havia esquecido no bolso da minha bermuda antes de tentar dormir e o usei como lanterna. Lá estava ela no canto daquele pequeno sortam, tremendo e totalmente encolhida, ela estava olhando para algum ponto fixo atrás de mim perto de uma talão de gasolina, mas eu nem quis olhar, eu estava com muito medo.

 Carreguei ela até o sortam abaixo, Paul me ajudou a carrega-la até o quarto onde eles estavam. Ela não parava de gemer como se estivesse com muito frio, aquilo me dava arrepios.

J á no quarto ela nos mostra o que havia feito ela gritar dor enquanto estava no sortam.

Ela dizia aterrorizada:

- Eu não o vi,mas ele me mordeu- Ela levanta um pouco da blusa e mostra um a mordida em sua cintura do lado esquerdo.

 Todos ficaram terrivelmente apavorados. A mordida estava sangrando um pouco, não conseguimos identificar se a mordida foi de um animal por ter todos os dentes completamente afiados, ou se era de um humano por ter a modelagem de uma boca humana.

 Eu e os outros piscávamos de medo. Não conseguíamos ficar mais um segundo naquele lugar.

 No caminho para o carro, ela estava voltando com seus sentidos e já conseguia falar sem soluçar, ou se assustar com seus próprios passos. Ela então explicou o que havia acontecido:

-Eu estava deitada na cama tentando fechar meus olhar e tentar em não pensar em quanto aquele lugar era assustador. Finalmente quando eu consigo dormir, eu escuto uma voz muito estranha e muito alta, não consegui abrir meus olhos naquele instante, mas quando consegui, eu estava caindo da cama e sendo arrastada por alguma coisa ou alguém, eu não consegui ver nada, não havia nada me puxando, apenas eu sendo puxada! Foi horrível! Aquela coisa era tão forte que me puxou de uma vez para o sortam. Eu estava com tanto medo que minhas cordas vocais não funcionavam mais, não conseguia nem gritar, até que ... ele me mordeu! Foi uma dor que nunca senti antes, e agora estou enjoada, como se houvesse um veneno a penetrar no meu corpo...

Ela deita no banco da Kombi e desmaia.

Paul estava desesperado, completamente descontrolado pelo medo, subiu rapidamente no carro e tentou liga-lo. Com raiva por perceber que não havia mais gasolina ele sai do carro e começa a gritar com toda sua força, raiva e seu medo daquele lugar.

 Logo lembrei que havia visto um talão de gasolina no sotam enquanto fui buscar Emily. Mary e Kelly ficaram agitadas e não deixaram eu ir busca-lo, porém, enquanto elas estavam cuidando de Emily, eu fui escondido até lá.

 Chegando na escada, senti arrepios e um vento forte vindo de algum lugar. Tremi. Ouvi barulhos e por alguns instantes ouvi risadas, risadas de alguém que estava sentindo prazer em me ver apavorado. Pensei duas vezes antes de entra mas quando ouvi os gritos de Mary, Kelly e Paul me chamando, subi o mais rápido que pude.

 Direcionei meus olhos apenas na direção do talão. Não consegui me conter e acabei olhando na direção onde Emily havia fixado seus olhos com medo. Lá havia uma caixinha de metal com uns símbolos estranhos, o único símbolo que pude reconhecer era o de um crucifixo. Peguei a caixinha e coloquei no bolso rapidamente, peguei o talão e desci a escada. Logo quando coloquei minha cabeça para fora do sortam, a porta do mesmo se fechou com uma força enorme. Ruídos e vozes começaram a me perseguir no meu caminho de encontro aos outros

Em frente ao carro Mary me dá um empurrão e diz:

- Você está louco? Quase nos matou de preocupação! Você poderia ter se machucado lá dentro! Disse para não voltar lá!

 Paul arranca o talão da minha mão mostrando-se ainda mais desesperado. Emily ainda não havia acordado. Todos correram para o carro e finalmente conseguimos sair dali.

 Paul dirigindo, eu na frente com ele, e as meninas atrás. Tudo parecia mais tranqüilo quando de repente uma mulher ou algo entra na frente do carro. Desviando da rota, acabamos entrando em uma rota de estrada de chão. O carro atravessou um portão que impedia a entrada naquele local, enfim eu desmaiei.

 A única coisa que me lembro desde então foi a voz suave da Mary falando comigo enquanto eu estava adormecido:

-Nós não podemos esperar aqui! Nós precisamos encontrar uma outra saída! Precisamos encontrar um carro e encontrar os outros! Temos que encontra-los!- Ela não parava de repetir.

 Eu acordo com uma dor enorme na cabeça que estava sangrando. Meus sentidos estavam voltando lentamente quando eu olho nos olhos de Mary e penso “ Onde eu estou? Onde estão os outros? O que aconteceu depois que o carro bateu? etc”. Mas o que mais doía na minha cabeça era a imagem daquela mulher atravessando a estrada.

 Nós estávamos perto da van destruía e o lugar era parecido com uma cidade, havia uma placa que dizia “Bem Vindo á Silince Montain”. Quando eu li esse nome na placa, meu corpo tudo tremeu.

 Eu já havia ouvido falar dessa cidade. Soube que foi totalmente destruída por uma horrível acidente com fogo, diziam que essa cidade explodiu em chamas, a população toda morreu á uns 13 anos mais ou menos e agora a cidade vive sobre a escuridão.

 Bianca percebeu que eu já estava melhor e começou a dizer o que havia acontecido. Ela dizia que Paul e Kelly foram procurar ajuda e que já fazia quase 1 hora que eles foram. Ela disse também que Emily já havia desaparecido quando Paul e Kelly acordaram. Ela chorava, de medo, de dor e de preocupação.

 De repente, barulhos de sinos começam a tocar. Nós não sabíamos para que era aquele som mas pareciam sinos de uma igreja.

 Uma nevoa cobria a cidade enquanto o sino tocava. Eu fui correndo pela estrada para ver se havia uma saída daquela cidade que poderíamos ir a pé, mas era horrível de enxergar, eu conseguia enxergar apenas 2 metros a minha frente, as vezes menos que isso.

 Eu estava andando cauteloso enquanto Mary me gritava para voltar, e de repente eu quase caí em uma grande cratera que havia no meio do asfalto, impedindo que alguém chegasse até a fronteira da cidade.

 Várias dúvidas vieram em minha cabeça, tudo aquilo, desde o começo da viagem vinha como um martelo em mim.

Mary veio correndo até mim, e quase caiu, por pouco a segurei, ela gritava.

 De repente eu comecei a sentir que nós estávamos em perigo, era um sentimento muito forte, e Mary também podia sentir. Nós nos viramos para trás e corremos até a van. Comecei a pensar no quê fazer, talvez tentar encontrar uma outra saída, mas nós não poderíamos deixar os outras para trás. Em fim, decidimos seguir pela cidade, pois era uma cidade pequena e há nela muitos pontos em que nós poderíamos encontrar nossos amigos tentando encontrar ajuda.

 Com sorte, em quase todas as ruas havia uma placa informando os grandes pontos da cidade. A cidade inteira abrangia um grande território, porém o centro era no início dela e quase todas as casas eram fazendas mais longe dali.

 Na primeira placa estava informando onde estava a escola, a prefeitura etc. E em cima da escola, na placa havia uma mancha de sangue, como se alguém estivesse marcando aquele lugar com a mão. O sangue estava molhado, como se alguém tivesse marcado aquele lugar recentemente.

 Agora a questão era: ir até a escola e descobrir o porque ela foi manchada de sangue, ou ir para o norte e tentar passar pela outra saída que situava perto do cemitério. Que ótimo! Essas opções eram tentadoras. Que tal irmos até a igreja e morrer lá? Quero dizer, Deus vai nos salvar, certo? Não!

 Eu perguntei a opinião de Mary e ela disse que nós deveríamos ir para o norte, seria o que Paul teria escolhido, e se eles estivessem procurando mesmo a saída, eles poderiam estar pelo caminho do norte, vivos ou mortos. Mary chorava.

 Eu e Mary paramos assustados, mas eu tinha em meu bolso um isqueiro que Paul havia pedido pra eu guardar para ele durante a viagem.

Como estava chovendo, tive que tampar o isqueiro com a minha mão.

 As placas de informação haviam desaparecido e a cidade parecia o inferno: Havia barulhos de ferro como se estivéssemos em uma metalurgia, havia muitos barulhos de passos que vinham atrás de nós e que quando olhávamos ´para trás, os passos paravam. Era horrível aquela sensação. E eu apenas conseguia me lembrar apenas de uma coisa que eu pude ver nas placas, a escola era próximo onde nós estávamos e era a caminho do norte.

 Decidimos passar pela escola, aquele sangue na placa poria significar algo importante.

 Na frente da escola, um sentimento de perigo veio a mim e nós imediatamente paramos. Havia um cheiro de fumaça no ar, de um fogo que recentemente fora apagado com essa chuva. Barulho de passos vinham do outro lado da rua, que eu ainda me lembro o nome, se chamava “Streets of Mercy” e eu também me lembro o que estava escrito em um outdoor perto da escola: “Os anjos não perdoam, apenas Deus faz a justiça”. Na hora, essa frase não fez o menor sentido para mim, mas agora faz.

 Os passos ficavam cada vez mais altos mas estava muito escuro para ver quem ou o que estava chegando. De repente, algo ou alguém veio em nossa direção, parecia meio humano e meio “coisa”, ele ou alquilo era cinza e não tinha braços, havia algo vermelho e brilhante que saia de sua barriga, ele vinha lentamente e quando nos avistou começou a fazer uns barulhos estranhos, como se estivesse gritando de dor ou algo, e de repente um tipo de gás saiu de sua barriga em direção a nós.

 Foi assustador, saímos correndo e nós quase caímos em uma outra cratera no meio da rua, e para piorar, ouvimos uns tipos de latidos vindo em nossa direção, eram um tipo de cachorros demônios, corremos o mais rápido que pudemos, apenas paramos quando não ouvimos mais nenhum latido.

 Nós estávamos á outra direção, perdemos a noção de norte e sul, não sabíamos mais onde nós estávamos, andamos com medo e sem direção até que vimos um carro que aparentava ter batido recentemente, estava em frente á uma casa, havia um dos cachorros no para choque do carro como se o motorista o tivesse atropelado violentamente, mas ele se movia se debatendo, como se ele estivesse vivo, porém prestes a morrer.

 De repente, as coisas começaram a voltar ao normal, o cachorro atropelado desaparecera, mas o carro continuava lá do mesmo jeito, olhamos dentro do carro lá estava a chave e uma mochila, era a mochila de Emily, e havia sangue no acento do passageiro, então nós resolvemos entrar na casa para ver se ela estava lá dentro.

Mary pegou a bolsa de Emily e fomos em direção a porta de entrada, nós conseguíamos ver a entrada a garagem que estava aberta, mas não conseguimos ver direito o que tinha dentro, a neblina estava densa outra vez.

 Entramos na casa e nada nos chocou primeiramente, a casa estava normal, a não ser pelo fato de haver um caminho de água conectando uma porta á uma cadeira na sala de estar perto de uma janela, como se alguém tivesse saído da porta se arrastando em direção a cadeira. Não havia ninguém na cadeira e então resolvemos ver o que havia por trás da porta. Havia uma escada que provavelmente levava até ao porão, estava muito escuro então nós decidimos não descer e verificar o térreo e o andar de cima primeiro.

 A cada passo que Mary dava ela gritava por Emily, nós subimos as escada para o segundo andar que nos levou a um corredor com 3 portas, entramos na primeira, era um quarto comum de casal, havia umas fotos penduradas nas paredes que pareciam terem sidas queimadas, o segundo quarto também normal parecia o quarto de uma menina, havia uma entrada secreta perto da janela que fora aberta por alguém antes de nós, havia uma caixas lá, mas todas vazias, era um espaço muito pequeno, poderia ter sido usado como um closet mas muito mal acabado. O outro quarto estava trancado, Mary gritou pelo nome de Emily esperando que ela estivesse do outro lado, eu não tentei forçar a tranca pois estava com medo do que havia lá, e se fosse Emily ela já teria respondido, se viva.

 Então, nós descemos e tentamos abrir um outra porta perto do caminho de água, uma porta grande que provavelmente levaria a sala de jantar ou a cozinha. Mary gritava insatisfeita.

 Decidimos então em verificar a garagem, talvez ela estivesse lá e nem estivesse entrado na casa.

 Chegando perto da garagem, vimos um corpo no chão bem na entrada, era um corpo estranho, não era de uma pessoa, era cinza mas diferente daquele em que nós havíamos visto em frente a escola, esse tinha braços e em vez de dedos ele tinha garras enormes, suas pernas eram grudadas como as de uma sereia onde não havia pés, ele não tinha rosto, ele estava sangrando na cabeça e nas costas.

 Perto daquele demônio havia uma parede quebrada em que havia um caminho, como se fosse uma passagem secreta na floresta, eu não sabia onde levava, como não havia nada na garagem, Mary insistiu em passarmos por aquela passagem. Eu arranquei uma daquelas garras daquele demônio e entramos pela parede. A neblina era bem densa, quase não conseguíamos ver as árvores.

 No final da passagem havia um portão com grades de ferro, e estava quebrada então nós podíamos passar, eu não queria, eu queria voltar, eu estava com mais medo que Mary que estava determinada a encontrar Emily, Kelly e Paul.

 Nós entramos devagar e vimos que estávamos em um parque público da cidade, havia balanços, escorregadores etc. e as luzes dos postes estavam muito intensas ou seja, não havia mais neblina. O fato de não estarmos mais na escuro ou na neblina não me deixava mais confortável, havia algo errado.

 De repente, Kelly e Paul surgem correndo até nós, Mary oi até eles e abraçou os dois, eu fiquei com receio, mas logo fui até eles, nós estávamos felizes por eles estarem vivos! Nos abraçamos e choramos, mas ainda havia algo de errado no ar.

 Kelly e Paul começaram a nos dizer o que havia acontecido com eles depois que eles saíram da van a procura de ajuda. Eles disseram que foram atacados muitas vezes por cachorros demônios e por aqueles demônios cinzas que tem garras, e foi correndo desse bichos que eles foram parar na prefeitura da cidade e no cemitério. Eles disseram que viram Emily no cemitério, ela estava correndo como uma desesperada por lá, e quando eles gritaram por ela, ela não os respondia apenas corria, eles disseram que sempre quando a viam ela corria para o oeste em direção ao lago, mas só perceberam isso agora quando as placas com informação voltaram. Eles conheceram um menininho que os ajudou a escapar de terríveis demônios e foi este menino que os direcionou para o parque onde eles nos encontrou. O garoto, de acordo com eles, só aparecia quando os sinos tocavam e tudo ficava com a aparência infernal.

 De repente Gustavo aparece no parque correndo em nossa direção. Gustavo não havia viajado conosco, ele estuda com agente mas não veio viajar pois um amigo já havia chamado-o antes, e nós ficamos assustados com a presença dele ali. Ele estava sangrando muito mas ainda sim corria muito, ele disse que Emily estava em perigo.

 Com mais calma ele começou a explicar: “Uma mulher seqüestrou Emily e a levou a uma igreja, haviam mais pessoas com ela que não me deixavam entrar lá pra busca-la, eu estou ferido e preciso da ajuda de vocês para resgata-la. Nós temos que tira-la de lá antes dos sinos tocarem.”

 Gustavo estava falando muito rápido e ofegante, e no instante em que ele parou os sinos infelizmente começaram a tocar. Ele começou a correr feito um louco, e nós fomos atrás dele, corríamos rapidamente pelas ruas e vimos as coisas se transformando na escuridão que ia surgindo. Já estávamos na escada a igreja quando o sino parou de tocar, ou seja, a transformação do lugar já estava completa, estávamos em completa escuridão.

A porta da igreja estava trancada, então eu, Gustavo e Paul a quebramos. Entramos e havia muita gente lá, a igreja era enorme e todos nos olhavam assustados. Analisando o local vimos a Emily pendurada em um crucifixo bem no centro da igreja, eles estavam preparando para queima-la. Ela, quando nos viu, começou a gritar dizendo que não era para nós entrarmos lá, mas nós já estávamos dentro. Correndo até ela, a porta da igreja se fecha rapidamente impedindo que a escuridão lá fora entrasse.

 De repente, Gustavo pega uma adaga que estava dentro de seu bolso e enfia em seu próprio peito, foi uma ato totalmente inesperado, todos se chocaram, inclusive nós! Algo então começa a sair da ferida, um tipo de sangue escuro, ele parecia estar aliviando uma dor, ficava de joelhos e o sangue escorria uniformemente de seu corpo, o sangue se juntava no formato de uma menina bem no altar. Era o demônio! Não “um” mas “o”! Ele se escondia no rosto dos inocentes, por isso víamos uma menina e não “o” próprio.

 A menina tinha um sorriso cínico no rosto, mas estava coberta de sangue seco por todo corpo, mal conseguia olhar para ela de tanto medo. E o pior, era como se ela trouxesse todo o inferno lá fora para dentro da igreja, arames farpados surgiram do sangue escuro derramado no chão que matavam as pessoas no local uma a uma violentamente, atravessando seus corpos como folhas de papel, mas a mulher de quem Gustavo havia falado não foi simplesmente morta, fora também torturada por aqueles arames, parecia que o Diabo tinha contas a acertar com aquela mulher.

 Gustavo se levantou e atravessou os arames que pareciam nem perceber que ele estava lá, soltou Emily e nós todos corremos daquele lugar...

 Mary se lembrou daquele carro perto da casa que tinha a chave dentro, Gustavo disse que ele estava com Emily e que dirigiu o carro enquanto estavam sendo perseguidos por cães demônios e que estava procurando refugio para eles.

 Corremos desesperadoramente até o carro, passamos por diversos demônios, matamos alguns, mas nós estávamos com presa, queríamos sair daquela cidade o mais rápido possível. Quando já estávamos no carro, não conseguimos liga-lo, então corremos para dentro da casa para esperar até que as coisas voltem ao normal outra vez, então corremos para dentro da casa.

 Na casa, todos estávamos assustados e cheios de duvidas, estávamos todos sangrando, eu estava sujo e havia machucado minha cabeça fortemente durante a batida da van, Mary sangrava na cabeça e também estava suja, Paul tinha um corte no braço e não parava de tocar como se estivesse com muita dor mas não queria fazer muito drama ao reclamar, ele estava com a perna molhada e Kelly toda molhada. Gustavo e Emily eram os mais machucados, Gustavo ainda podia correr, mas Emily tinha um pouco de dificuldade parecia que Gustav havia sido cortado no braço e na perna esquerda, e Emily estava completamente suja de sangue, Gustavo parecia mais preocupado com ela do que com si mesmo.

 A casa estava toda diferente do que vimos antes dos sinos tocarem, não estava muito escuro por causa do fogo que surgiu em alguns buracos nas paredes.

 Eu ainda posso ouvir aquelas pessoas morrendo e gritando de dor, foi horrível, mas o suficiente para manter “Aquela Garota Má” ocupada por um tempo.

 As coisas felizmente foram voltando ao normal depois de um tempo e então nós pudemos sair da casa. Na garagem, nós encontramos gasolina e abastecemos o carro que logo pegou.

 Nós entramos no carro e eu dirigi o mais rápido que pude, porém mais atento, não queria sofrer outro acidente de carro, e no caminho, Gustavo e Emily contaram o que acontecera com eles lá.

Versão de Emily:

“Só me lembro de ter acordado com o barulho de um sino tocando, eu estava em cima de uma sepultura no cemitério e estava com a minha mochila que por sorte havia uma lanterna. Em uma lápide estava escrito o nome de Ryan nela, eu me assustei, no começo pareceu tudo um sonho, ou pesadelo... Todo começou a parecer cada ver mais real quando apareceram aqueles cães e tive que correr.

 Quando eu estava na beira de um rio, a mordida que recebi naquele sortam do motel começou a sangrar e doía muito, comecei a delirar um pouco de tanta dor, até que vi uma caminhão de bombeiro capotado perto dali e fui até lá, de repente um demônio cinza veio rastejando até mim mas não conseguia correr, fiquei apavorada, até que Gustavo surgiu de dentro da ambulância com um machado de bombeiro na mão e matou o demônio, ele e eu nos assustamos em ver um ao outro ali, nos abraçamos e o contei que estava com vocês também e que eu havia acordado perdida no cemitério.

 Tentamos voltar para o local do acidente e vimos um carro, havia um homem morto dentro, nós o retiramos e tentamos fugir de uns cães demônios usando o carro, Gustavo atropelou um e o carro travou próximo a uma casa.

 Entramos na casa e havia uma mulher sentada em uma cadeira próximo a uma janela, ela disse: “ela vai voltar, não vai ter perdão”. A mulher morreu logo após essas palavras, mas seu corpo foi desaparecendo lentamente.

 Havia um caminho de água que ligava a cadeira e uma porta, nós descemos por essa porta e chegamos a um porão alagado com água.

 De repente, fui puxada por algo, como no motel, me levou escada acima até uma porta grande que me levava da sala de jantar da casa até a cozinha, e da cozinha até o quintal da casa.

 Lá fora eu fiquei esperando por Gustavo, eu não sabia o que estava acontecendo com ele, ele me gritava e eu por ele, até que desmaiei.

 Desmaiada, e tive um sonho, o Diabo falava comigo, ele dizia que eu ia ser morta por uma mulher ... érr, uma tal de Morgan Vulmort... acho que é assim seu nome. Ele me dizia que essa mulher a havia matado injustamente e que iria se vingar mas Deus a impedia, ela dizia coisas malignas, disse sobre Ryan, mas não consigo me lembrar...

 Quando acordei, Gustavo estava gritando por mim, ele havia acabado de matar um demônio rastejante, eu ainda estava no quintal e ele estava vindo até mim, quando aquela mulher da igreja veio com alguns homens e me raptaram, desmaiei com um golpe de um deles, e só acordei quando já estava na cruz. O reto vocês presenciaram...”

Versão de Gustavo:

“Bom, eu estava viajando com Matthew, como vocês sabem, já não bastava estarmos totalmente perdidos na estrada como também sofremos um acidente de carro. Mas bom, Matthew não sobreviveu...

 Eu não sabia onde estava e o celular não pegava linha, eu não sabia o que fazer, até que uma caminhão de bombeiro passou por lá perto, eu pedi carona e o bombeiro me ajudou, até que atravessando uma encruzilhada havia alguém no meio da pista, que fez o caminhão perder o controle e capotar até as margens de um lago, o caminhão atravessou um muro na beira de um rio que formava a divisa da cidade com a estrada, o bombeiro não sobreviveu e foi saindo do caminhão que vi Emily...

Quando vi Emily sendo seqüestrada pela aquela mulher, comecei correr, mas não consegui alcança-los, estava escuro e de repente veio um menino até mim dizendo o que eu tinha que fazer e aonde eu tinha que ir, me falou também uns truques de como matar os demônios facilmente, mas o mais importante: ele falou que eu tinha que falar com a “Aquela Garota Má”.

 Ao encontrar com “Aquela Garota Má” que era o Diabo, ela me disse que para salvar Emily eu teria que leva-la para dentro da igreja, que era o lugar onde ela não conseguia entrar pois tinha a proteção divina, ela não me disse o porque queria tanto se vingar dessa tal de Morgan Vulmort, mas eu aceitei com a condição de que ela nos deixaria sair daquela lugar com vida, ela aceitou. Peguei a adaga que ela me deu e fui a procura de vocês.

Eu sabia onde vocês estavam por causa daquele menino, que me parecia familiar cada vez mais, talvez se ele não estivesse todo sujo e com sangue por todo o corpo, talvez eu o pudesse reconhecer, o resto vocês presenciaram...”


– Então foi isso doutora!

– Mas você disse que isso aconteceu a mais ou menos um ano atrás! – disse doutora Cindy sem compreender direito a historia.

 Eu sei que ela queria acreditar em mim, mas com toda essa historia de demônios, acidentes de carro, sinos tocando, ela nunca iria acreditar em mim. Mesmo assim, continuei, eu iria a fundo com ela nesse assunto.

 Eu não havia contado a ela a historia toda, a historia da morte dos meus amigos, mas ela é uma boa ouvidora. Mas agora eu tinha que ir para minha cama, eu sei que amanhã vai ser um grande dia de revelações, e eu sei que amanhã eu terei que estar mais conectado com meus amigos do que nunca pois vou tentar dizer exatamente o que aconteceu com eles para que todos morressem.

 Voltando para meu quarto, tentando não olhar para o lado, pois eles estavam lá comigo, eu podia os ver, porém todos estavam ali exatamente como morreram, sangrando, feridos, mas não sentiam mais dor, eram fantasmas. Como meus amigos, eles só queriam me proteger, com a força de todos juntos por mais que a “Aquela Garota Má” tentasse chegar até mim, ela não conseguia por que eles estavam sempre comigo. Isso faz com que eu me sinta bem e mal ao mesmo tempo, eu queria vê-los, mas não daquela forma, eles falavam comigo em meus pensamentos.

 Já é um novo dia aqui no asilo, e hoje eu tenho uma outra consulta com a doutora Cindy Norman. Eu não gostava muito dela, mas ela pelo menos é mais atenciosa, ouviu tudo o que eu tinha a dizer ontem, apesar de não ter acreditado em nada do que disse. Hoje vou contar a ela como meus amigos morreram... isso vai ser difícil. Sinto que muitos sentimentos irão fluir de mim hoje enquanto contar a ela, não posso decepcionar meus amigos, vou contar tudo e exatamente o que aconteceu! Acreditem eles no que quiserem!

 Agora no café da manhã, reflito um pouco sobre os fatos que aconteceram e tento encaixa-los. Como acompanhei quase tudo, tudo faz mais sentido pra mim agora. É incrível com tudo se encaixa! Mas agora, sei que a minha missão é salvar meus amigos, ou pelo menos a alma deles, eles não podem “viver” assim eternamente, será que quando eu morrer vou ficar igual a eles? Tenho que fazer alguma coisa, tenho que descobrir mais coisas, preciso salva-los...

Comendo meu café da manhã horrível, doutora Cindy vem assustada até mim e me interrompe...

–Senhor Riley, será que o senhor pode me acompanhar até minha sala?- Ela parecia apavorada, mas tentava visivelmente se controlar.

–Sim, o que aconteceu?- Eu disse já em sua sala.

–Fizemos uma autopsia em cada um de seus amigos mortos... bom, eu fiquei intrigada com as cicatrizes que cada um possui em seus corpos e que coincidem exatamente com a história que você disse para mim ontem, principalmente a mordida na garota éer... Emily, certo? Bom, como não adianta afirmar que foi você quem fez por que seria impossível algum ser humano ter feito aquele tipo de mordida, e que...- Ela parou de falar sem mais nem menos, ela parecia aterrorizada.

–Continue por favor, isso é muito importante para mim!

–Senhor Riley, fizemos testes a noite inteira, não há nenhuma mordida comparada com a que está no corpo de sua amiga, além disso...- Ela deu outra pausa, porém mais rápida-... não há possibilidades de que uma mordida aparentemente superficial continue sem uma cicatrização, uma mordida qualquer ficaria não continuaria na pele como se fosse recente, principalmente quando houve a um ano!

Eu me sentia feliz e triste ao mesmo tempo! Eu sabia que ela estava começando a acreditar em mim, finalmente!

– Senhor, antes de começar com minhas perguntas, você pode por favor continuar a dizer o que aconteceu com seus amigos há algumas semanas atrás, preciso saber. O senhor em momento algum mostrou contradição e nem aparentou estar mentindo sobre o assunto, por favor, prossiga...- Ela parou de falar rapidamente como se estivesse ansiosa pra ouvir o que eu tinha a dizer, então, sem mais delongas, eu começo a falar...

Lá estava eu, na faculdade, já fazia quase um ano que nós fizemos aquela viagem, mas esse ano, nós decidimos ficarmos juntos e passar as férias na faculdade mesmo.

Eu me lembro que eu ficava tento pesadelos sobre a viagem...

 Neste ano, não iria ter aulas de verão para quem ficasse de férias na faculdade então lá iria ficar praticamente vazio, mas as salas iam ficar abertas caso os alunos quisessem estudar nas férias.

 Eu particularmente não queria ficar lá, mas ao mesmo tempo, queria ficar com meus amigos e sentia que alguma coisa ira acontecer de ruim, com todos aqueles pesadelos e visões, era horrível.

 Já fazia 3 dias para 1 ano que fizemos a viagem no ano passado, e nenhum de nós conseguia definir o que era real ou só um pesadelo. Eu decidi dizer aos meus amigos o que estava acontecendo comigo e meus pesadelos, e descobri que eles estavam tento sonhos similares aos meus. Meu corpo tremia quando concordavam com meus pesadelos.

 Paul queria relaxar, então nós decidimos comprar uns pots. Eu, Gustavo e Paul chamamos uns outros amigos nossos para nos acompanhar e fomos a um quarto para usar o pot...

 Música alta, conversando merda, jogando cartas, tudo parecia melhor. As meninas não estavam lá, aquela era a noite os homens. Quando uns certos amigos nossos foram embora, nós chamamos as meninas.

 Um amigo estranho de Gustavo havia trago um diferente tipo de pot, ele dizia que era bom e que havia encontrado quando ele foi viajar com uns guardas para reconhecer o corpo de Matthew cujo viajou com Gustavo há um ano e não sobreviveu ao acidente de carro, ele disse que pegou a erva para fazer pot que estava mais perto de um rio em muro quebrado. Meu corpo tremia a medida que ele dizia aquilo, mas eu não disse nada porque meus amigos pareciam ter uma boa hora de relaxamento.

 Eu caí no sono. Mas agora eu sei que o que eu tive não foi um sonho e que bem mais real do que eu imaginava, e os meus amigos também tiveram um sonho similar ao meu naquela noite...

 Nesse pesadelo, eu podia sentir a realidade, podia sentir a minha respiração ofegante, podia sentir o cheiro de alguma coisa podre e o cheiro da erva que me fez adormecer e também, eu pude sentir medo. Eu definitivamente estava lá. Mas que tipo de pesadelo era aquele? Eu pensava.

 Eu estava em um corredor escuro e tudo ensanguentado, segui na mesma direção dele, parecia não ter fim, eu podia ver apenas alguns metros a minha frente, haviam gritos em todas as direções, eu os tentava ignorar, era horrível, eu estava com muito medo...

 De repente os gritos começaram a parecer mais familiares... parecia com os gritos de Kelly! Eu a ouvia gritar e de repente ela chamava por Paul ainda gritando, ninguém respondia. Eu corri ate os gritos e finalmente a avistei pendurada no meio de um dos corredores, de cabeça para baixo, completamente ensanguentada. Corri até ela mas alguma coisa a puxou para cima a fazendo desaparecer.

 Andando mais um pouco a frente, completamente desorientado, avisto Paul no chão, aparentava ter morrido, então entrei em desespero! Havia também ao seu lado um tipo de demônio, ele era grande e tinha o corpo de um homem porém com chifres e o rosto parecia de um cachorro, era meio cinza e meio marrom, ele não tinha olhos e devorava Paul. Me escondi rapidamente mas ele já havia me visto. Já era tarde, corri o mais rápido que pude, apenas parei quando vi Kelly que surgiu bem na minha frente, ela dizia:

–Você falhou conosco, agora que venha o sacrifício!

 Ela repetiu e sua voz misturava com a de Paul que surgia por trás dela.

 De repente, o demônio que apareceu atrás de mim, ele rosnava como se estivesse com muita raiva, ele então me morde, senti dor, muita dor,mas apenas por alguns segundos, eu finalmente havia acordado...

 Imediatamente eu me vejo no banheiro masculino vomitando e com muita dor na cabeça. Como eu havia parado ali do nada? Eu me perguntava e ao mesmo tempo me sentia feliz por estar de volta a vida real. Enganado eu por pensar que essa mera ilusão era pior do que a realidade...

 Levantei daquele chão imundo, e fui até a pia lavar meu rosto e minhas mãos. A água estava quente então logo assustei –me. O vapor que saía da água ia pro espelho, que refletia em número: 403.

 Ainda assustado, afastei-me do espelho e tentei raciocinar o que aquele número revelava. Então em um susto me lembrei, 403 era o número do quarto de Kelly!

 Corri o mais rápido possível para encontra-la, as imagens de seu corpo pendurado e os gritos de dor vinham em minha cabeça...

 Como já era férias, quase todos haviam ido embora para sua casa, o campus estava totalmente deserto. Para minha sorte, a porta de divisória entre os dormitórios dos meninos e das meninas estava destrancada.

 Chegando no quarto 403, a porta estava aberta, entre com cautela e encontrei Laura, irmã mais nova de Kelly, que estava na cama dormindo, e Kelly estava no chão mais no canto também desacordada. Ajoelhei-me e tentei acorda-la.

 Desorientada, Kelly acorda gritando e se debatendo e quando viu que era apenas eu ela começou a chorar, daí pude perceber que ela havia tido um pesadelo, assim como eu.

 Tentando acalma-la, tirei ela do quarto para que seu choro não acordasse Laura...Já fora do quarto, ela começou a contar sobre seu pesadelo...

 Ela disse que estava andando pela praça “First November” que é perto do hospital da faculdade, até que foi arrastada por Morgan Vulmort para dentro do hospital... ela disse também que quando entrou no hospital estava tudo diferente, tudo escuro e macabro e a mulher Morgan havia sumido. Ela disse que correu pelo corredor encontrando uma saída, até que algo a puxou para cima, então ela gritou.

 O chocante é que só naquele momento em que ela estava falando que pude reconhecer, o pesadelo que tive também era no hospital... tudo agora fazia sentido...

 Ela dizia mais, disse que viu Paul correndo até ela e tentava a soltar dos arames que a prendiam e a faziam sangrar. Até que o demônio apareceu, ela o descreveu exatamente como o demônio que eu vi em meu pesadelo. O demônio atacou Paul e o matou ali mesmo em sua frente. Foi nessa hora que ela começou a gritar por ele na esperança de que ele estivesse vivo, e foi nessa hora que eu comecei a ouvir seus gritos por Paul e correr até ela. Ela disse que não me viu em seu pesadelo pois quando percebeu que Paul estava morto e que ela provavelmente seria a próxima, ela fechou os olhasse não os abriu até que o demônio a matasse.

 Mas ela dizia que não se lembrava de ter dito nada a mim no pesadelo, ela disse que morrer, ela foi meio que possuída por algo.

 Já mais calmos, fomos procurar por Paul. Kelly tentou ligar para ele mas não conseguia, ninguém atendia, então fomos procurar por ele em seu quarto.

 Corremos até a porta de divisória dos dormitórios, como eu já havia passado por lá e a porta estava aberta eu fui correndo com tudo para ela, mas alguém avia trancado depois que eu passei e. Bati minha cabeça no vidro da porta que se quebrou, caí no chão meio desacordado, mas com o desespero de Kelly, eu pude voltar a ativa rapidamente.

 Corremos até outra saída do dormitório feminino, que levava até a praça “First November”, e também teríamos que passar em frente ao hospital antes de chegar na entrada do dormitório masculino.

 Parecia que alguém estava armando aquilo tudo aquilo para que nós atrasássemos nosso encontro com Paul. Kelly estava apavorada, ela também havia percebido isso.

A faculdade estava completamente deserta. O que dava ainda mais medo.

 Já na praça, começamos a ouvir uns gritos. Parecia Paul. Corremos até ele e já em frente ao hospital, pudemos perceber que ele estava correndo de um demônio, o mesmo que vimos em Silence Montain, um cinza que se rastejava. Vimos Gustavo lá também, ele estava com uma arma e atirava contra o monstro.

 De repente, Kelly é puxada por uma sombra obscura de uma mulher, a mesma mulher de seu pesadelo, Morgan Vulmort! Ela puxava Kelly para dentro do hospital. As grades de entrada do hospital se fecharam no mesmo instante em que ela fora puxada, e impedia de que nós entrássemos até lá!

 Paul correu, atirou contra a grade e quando se deu conta, ele já estava desesperado. Ele ficava se perguntando “por quê”.

 Ficamos parados lá por alguns segundos pensando em como entrar lá.. Fiquei ainda mais preocupado quando Gustavo disse: “Como tiraremos elas de lá?”.Parei por um segundo e pensei “elas”, como assim “elas”?? Desesperei-me. Então perguntei e Gustavo disse que Mary e Emily também haviam sido levadas por aquela mulher maldita.

Agora eu sei que no caso de Emily e Mary foi ainda pior, pois foram raptadas pela própria “Aquela Garota Má”.

 Gustavo e Paul resolveram então me falar o que havia acontecido.

Versão de Gustavo:

 “Eu estava com Emily no corredor do dormitório feminino, até que resolvemos entrarem seu quarto. Quando entramos ela começou a se sentir mal e de repente um celular começou a tocar, parecia com o barulho de celular antigo de Paul que ele havia deixado em Silence Montain quando corria de um demônio, procuramos o celular e percebemos que vinha de uma mochila no canto do quarto... a mesma mochila que Emily havia esquecido em Silence Montain naquela casa, a mochila estava exatamente como ela deixou, toda sua de sangue e rasgada em algumas partes. Ela levou um grande susto e surtou dizendo que eu havia deixado aquela mochila ali de propósito para assusta-la, como em uma brincadeira de mal gosto. Mas eu não fazia ideia. Ela me expulsou do quarto e no mesmo instante Mary chegou reclamando de um pesadelo e de dor de cabeça, ela nem percebeu que nós estávamos brigamos, apenas se deitou na cama, porém ela parecia muito assustada.

Eu e Emily brigamos e decidi que amanhã e voltaria lá para conversarmos, ela estava mal e eu não queria mais confusão.

 Já no corredor, percebi que a porta de divisória dos dormitórios estava trancada e que alguém havia quebrado o vidro da porta. Decidi, então, voltar pela entrada principal do dormitório feminino, mas ao passar pelo corredor do quarto de Mary e Emily eu ouvi gritos,pareciam de medo e dor, ou seja, não era uma simples barata eu pensei. Entrei correndo no quarto e vi, as meninas penduradas por arames farpados no teto, ao lado delas estava “Aquela Garota Má”. De repente elas foram puxadas para fora da janela, eu gritei por elas e tentei correr mas “Aquela Garota Má” me impedia, ela me jogou perto da mochila ensanguentada de Emily, então me lembrei que dentro ela havia guardado umas armas que encontramos usamos para matar uns demônios em Silence Montain. Eu as peguei mas “Aquela Garota Má” já havia sumido do quarto.

 Eu saí do quarto correndo com a mochila e as armas dentro caso fosse necessário e segui os gritos, que logo percebi que eram de Paul”...

 Gustavo havia chegado poucos minutos antes de mim e de Kelly e todos estávamos apavorados.

Paul também resolveu contar o que havia acontecido com ele...

Versão de Paul:

“Eu tive um pesadelo mito estranho hoje logo após os pots, eu sonhei que estava sendo atacado por um demônio horrível em que havia visto na prefeitura de Silence Montein, sonhei também que Kelly estava pendurada em um corredor, sangrando muito... não pude fazer, eu já estava no chão e o demônio estava me devorando, foi horrível...

 Eu acordei no banheiro masculino com um barulho de alguém correndo, eu até achei que fosse Ryan, não pude ver direito, e logo comecei a sentir dores de cabeça muito fortes, eu só conseguia penar em Kelly, eu escrevi no número do quarto dela no espelho e então votei para o vaso vomitar, então vi Ryan saindo correndo do banheiro feito um louco. Resolvi ir ver Kelly em seu quarto, passei pela porta de divisória e pensei melhor que ela talvez estivesse dormindo e eu não queria atrapalhar, então voltei e tranquei a porta de divisória e fui embora.

 Eu então decidi ir no hospital, meu remédio contra ressaca havia acabado e eu precisava de mais, a minha dor de cabeça só piorava.

 Quando estava em frente a praça “First November”, um menininho veio até mim, ele fez silencio com as mão e me assustei, ele me lembrava muito com alguém, mas não sei quem..., ele veio até mim e disse para mim que eu e meus amigos deveríamos ficar longe desse hospital, e disse que nós devíamos ir embora da faculdade o mais rápido possível. Logo percebi que esse menino era o mesmo menino que me ajudou em Silence Montain, porém ele estava diferente um pouco, ele estava mais limpo, mas ainda com muito sangue no corpo.

 Logo lembrei que esse menino apenas aparecia quando os sinos tocavam em Silence Montein e quando tudo se transformava em inferno. Ele havia sumido bem ali diante de meus olhos, e quando me dei conta, um daqueles demônios que se arrastam estava bem próximo de mim, corri, e logo percebi que estava em frente ao hospital, e foi quando vi Ryan, Kelly e Gustavo...”

 Nós pegamos as armas dentro da mochila de Emily e tentamos entrar, mas falhamos pois toda a estrada estava coberta de arame farpado.

 De repente vimos o garoto que Paul havia mencionado vindo em nossa direção, o menino estava vindo de dentro da entrada do hospital, onde nós não conseguíamos entrar.

Paul dizia a ele: “Por favor, nós ajude a entrar aí! Queremos salva-las!”

 Então menino sério atravesso as grades e os arames como se fosse um fantasma. Ele me dava muito medo, quase nem conseguia olhar para ele. O menino retrucou Paul:

–Não adianta vocês passarem aqui, elas já estão praticamente mortas, se entrarem vocês também vão morrer, “AquelaGarotaMá” não vai ter piedade de vocês!- Ele disse sem expressar nenhum sentimento em suas palavras.

–Nós não iremos embora sem elas!- disseram Paul e Gustav quase como um coro.

–Se entrarem, não iram sair vimos,mas se é isso que vocês querem...- O menino disse essa ultima frase olhando diretamente para mim, eu me arrepiei e pensei por um instante, ele realmente parece com alguém que conheço...

 As grades se distorceram e uma passagem foi aberta entre os arames... o menino havia sumido na frente de nossos olhos.

 Paul entrou na frente e depois Gustavo, fui atrás por que eu estava com muito medo de ir, eu queria ri embora, queria esquecer tudo aquilo e ir, eu era um covarde, talvez por isso meus amigo morreram... eu sou um covarde...

 Fiquei olhando para trás o tempo todo na esperança de que aquelas grades não se fechassem, mas elas de contorceram de volta ao normal, nós estávamos presos lá dentro...

 Entramos correndo no hospital, quebramos a porta de entrada. Não era o hospital e sim o meu pesadelo. Alguns demônios apareceram de dentro das paredes, Gustavo e Paul lutaram com bravura e eu, fiquei me escondendo na escuridão, rezando para que eu acordasse no banheiro vomitando novamente.

 Andamos muito pelos corredores, até que ouvimos uns gritos, eram de Kelly. Paul atravessou correndo uma poça gigante de sangue que cobria um corredor e entrou correndo em uma porta que estava semi-aberta em que lá estava Kelly.

 Kelly estava pendurada desacordada sobre arames farpados que retorciam seu corpo e a faziam sangrar, ela não tinha mais forças para gritar de dor.

 Paul enfrentou alguns demônios com sucesso. Logo eu e Gustavo chegamos, todos estavamos assustados, era ainda pior que nos pesadelos, mesmo assim Paul tentava soltar Kelly, nada adiantava.

De repente uma voz suave surgiu de algum lugar daquela sala que parecia ter sido de cirurgia do hospital, os móvel e aparelhos jogados contra a parede abrindo um amplo espaço no centro onde Kelly estava pendurada.

“Aquela Garota Má” aparece de repente...

Ela dizia:

–Ela já está morrendo, não há nada que vocês possam fazer, e agora vocês irão morrer também...”

 Eu assustado, me escondi por trás de umas macas ensanguentadas na parede, enquanto isso Gustavo e Paul acabavam com aqueles demônios, eu era um inútil ali.

 Todos os demônios se foram, e de repente, enquanto Paul tentava soltar Kelly dos arames, um liquido cai do teto sobre Kelly e atinge Paul também, e como uma risada da “Aquela Garota Má” uma chama surge sobre o corpo dos dois, Gustavo fica sem o que fazer. Os dois corpos se debatiam de dor, e o corpo de Kelly cai sobre o de Paul que já estava no chão. Nada adiantava, então puxei Gustavo do quarto e fechei a porta. Gustavo chorava e não queria os deixar, mas ele não conseguia olhar para eles, Paul ainda gritava de dor. Eles morreram. Ficamos parados em frente a porta até Paul dar seu ultimo suspiro...

Entramos de novo no quarto que cheio de fumaça fazia com que nós não parássemos de tossir

Gustavo deu um ultimo adeus a eles e pude ver que apesar de os ver mortos daquela maneira,o dava mais forças para buscar Emily e Mary vivas...

 Ver nossos dois melhores amigos morreram nos tornava ainda fortes e vingativos...

Saímos daquela sala a procura das outras meninas, corremos sem rumo por aquele grande hospital e em fim chegamos em um grande saguão. Lá estava Emily ajoelhada no chão, estava olhando para baixo com um certo receio de olhar para os lados. Tudo ao seu redor era escuridão, e havia uma luz que jazia sobre ela.

Emily conversava com alguém, e nós não entramos de imediato tentando escutar a conversa, ela não parecia tão ferida quanto Kelly, mas sangrava....

Ela conversava com “AquelaGarotaMá”, e eu me lembro perfeitamente o que elas conversavam...

– Você pode me matar, eu não sei por quê não permitiu isso quando nós estávamos lá...- Emily dizia.

–Foi seu amigo quem me procurou! O sentimento entre vocês me chamou atenção. Tudo foi cautelosamente planejado por mim, desde o inicio, suas vias já estavam marcadas para este destino, seriam 6 jovens a me ajudar com a minha vingança sobre aquela cidade...- Disse o diabo...

–Se fomos nós quem a ajudou, por quê quer nos matar então?- Perguntou Emily com esperança.

–Porque vocês já deveriam estar mortos! Eu os salvei! Todos vocês! Vocês acham que podem viajar quilômetros de distancia em uma van inútil e completamente drogados ? Mas se você quiser culpar alguém nessa historia, culpe ELE!- ela disse “ele” e apontou diretamente para mim...

 Eu me assustei e Gustavo olhou para mim com um ar de duvida no rosto, Emily lentamente olhou para trás e me viu e se assustou e disse:

– Vão embora, rápido!!

“AquelaGarotaMá” se transformou em um demônio horrível e rapidamente calou Emily a segurando pela cabeça e começou a falar:

–Ele viajou até Silente Montain quando criança, ele e seus pais, nesta época Loureine ainda era viva e nesta época todos aqueles que estavam lá deveriam ter morrido, até ele...- apontou para mim novamente- ele não devia ter escapado! Deveria estar morto! Então quando Loureine veio até mim pedir vingança e quando vi que uma daquelas pessoas que estavam lá havia sobrevivido resolvi matar-lo parcialmente... Deixem me explicar melhor...


Versão de “Aquela Garota Má”


“Há 14 anos atrás uma menina chamada Loureine que não possuía sobrenome, veio até mim pedindo vingança sobre todos que estavam na cidade de Silence Montain,Ryan Riley estava lá naquela época, mesmo de visita com os pais, ele estava, então como o fogo destruiu a cidade inteira e todos morreram queimados menos ele, eu resolvi mata-lo parcialmente, quer dizer, ele iria ficar vagando naquela cidade nas leis do inferno e dos céus, mas só seu espírito, seu corpo iria viver normalmente fora dali, e resolvi acompanhar a vida desse garoto e utiliza-lo no futuro como precisei, já que a vingança não estava completa pois algumas pessoas daquela cidades tinhas a força divina do lado delas, como quando eu não conseguia entrar na igreja e seu amigo Gustav me ajudou. Aquelas pessoas daquela cidade foram mortas apenas fisicamente por castigo divino, elas sofreram castigo divino e a vingança de Loureine, agora todos aqueles que mereceram, estão no inferno comigo.”

 Eu não entendia porque ele não me matou apenas, teve que fazer tudo isso com meus amigos, e também não sabia porque Deus castigou aquelas pessoas de tal forma.

“Aquela Garota Má” pendurou Emily em arames e ela começava a gritar de dor, foi nessa hora em que eu e Gustavo entramos no saguão e muitos demônios surgiram, Gustavo ficara ferido mas eu estava ajudando no combate desta vez.

 Quando não restava mais nenhum demônio, Gustavo se ajoelhou perto de Emily cujo os arames a soltaram e ela caíra no chão gravemente ferida e quase sem vida. Ele se sentia culpado de tudo,talvez pelo fato de ter feito o pacto com o diabo pra que ele conseguisse entrar na igreja.

Emily chorava, mas não conseguia falar ao certo.

 Uma ultima lágrima escorreu sobre o rosto de Emily e justo a lágrima, foi também sua ultima respiração. Gustavo não aguentava mais, ele a amava e eu tentava acalma-lo, ele dizia:

–Vá atrás de Mary, Ryan, eu vou ficar aqui, não posso mais viver desta forma.

 E antes que eu pudesse responder, ele se deitou no chão ensanguentado ao lado de Emily e disse suas ultimas palavras a ela:

–Me desculpe, mas fiz o que pude. Eu te amo.

 Ele deu um tiro em sua própria cabeça. Eu estava em choque, perdi mais dois amigos e caí de joelhos sobre aquela situação. Eu chorava, até que ouvi a voz de Mary, peguei a arma e fui fazer o que Gustava havia me dito. Corri, nem sei como ainda conseguia ficar de pé e fui buscar Mary...

 Eu estava sem rumo dentro daquele hospital dos infernos,não havia nenhum monstro no meu caminho mas eu estava preparado para eles. Ouvi seus gritos e fui até eles sem medo, eram de Mary e quando abri a porta eu a vi pendurada em uma cruz, seu corpo estava coberto de arames e ela chorava e gritava, havia uma mascara cobrindo o seu rosto e por isso ela não podia me ver. Eu gritei seu nome e fui até ela, mas a cada passo que eu dava ela gritava de dor, até que percebi que seu corpo esticava a medida que eu me aproximava, mas como eu poderia livrá-la de lá sem que eu pudesse me aproximar? Eu tentei acalma-la e disse que ia ficar tudo bem, até que “AquelaGarotaMá” surgiu, mas no corpo de criança, no corpo de Loureine. Ela se aproximou de Mary sem dizer nenhuma palavra, tirou então a mascara que cobria o rosto de Mary, deixou a mascara cair no chão e desapareceu...

Mary chorava e se calou ao me ver e começou a falar:

–Ryan! Você precisa acabar com isso, me mate, eu não vou conseguir sair daqui! Se você matar será mais fácil para nós, não sentirei dor alguma, você precisa atirar em mim e acabar logo com isso!

Então percebi que tudo aquilo não passava de um jogo e que ninguém poderia ganhar.

–Não vou te matar, você enlouqueceu? Não é a Mary, Mary nunca me pediria uma coisa dessas!

Por um descuido eu me aproximei um pouco e ela gritou de dor, então voltei, mas percebi que por mais que eu voltasse, seu corpo não voltava ao normal, e ela chorava.

– Você precisa acreditar em mim, sou eu Ryan! Você precisa acabar com essa dor, tem que fazer o que estou pedindo, é o meu ultimo pedido!

 Eu chorava, eu sabia que era o certo a fazer mas não queria aquilo, eu podia ter simplesmente morrido a 13 anos atrás e nada disso teria acontecido...

 Depois de muita insistência de Mary eu cedi, eu apertei o gatilho e atirei contra Mary, no mesmo instante os arames se soltaram e ela caiu no chão, eu corri até ela e a abracei no chão, eu gritava com todas as minhas forças, eu não sabia o que fazer, até que desmaiei ao seu lado...

 Quando acordei eu estava fora de mim, peguei a arma e Mary e a carreguei comigo para fora, eu estava fazendo as coisas no “piloto automático”, não pesava em nada, apenas fazia.

-Vai ficar tudo bem...

 Eu levantei  Marry para o colo enquanto a “Aquela Garota Má” andava em minha direção, quase não aguentava o peso de Mary e o demônio da risadas e mais risadas -Não pode fugir para sempre, garoto." Eu achei um carro e em seguida, coloquei Mary no carro. Mais risadas... Apenas risadas.

 (CONTINUA...)