sábado, 31 de maio de 2014

A culpa não é minha, nem das estrelas

A defesa é automática. Não há nada que eu possa fazer, mas eu acho também que não gostaria de fazer alguma coisa. Acho que não gostaria, realmente, de carregar a responsabilidade. As decisões que eu tomo todos os dias são ridículas. Escovar os dentes ou não, tomar banho ou não, escrever ou não, me humilhar ou não, escutar músicas tristes ou não, lembrar da solidão ou não, viver ou não. Eu gostava de prender a respiração, e não faz muito tempo. Era como se por alguns segundos expulsasse os pensamentos vitais e mergulhasse num cheiro de morte, silêncio e escuridão. Talvez eu conseguisse passar até 4 minutos sem encher meus pulmões de ar e, logo em seguida, esbugalhar um pouco os olhos e me aliviar por ser um completo imbecil com mais velas no bolo pro soprar. Até que me disseram que meu poder sobre mim era uma completa farsa. Ninguém consegue morrer desse jeito. Nunca mais consegui passar além dos 5 patéticos segundos sem me desesperar e confirmar com o meu peito oscilante que eu mantinha a minha consciência no lugar. Acho que a minha vida sempre durou 5 patéticos segundos. O que vinha depois, era defesa. Espasmos. De cinco em cinco segundos, alguma hora, eu devo sair por aí caindo numa cova. Viver é uma coisa automática. Ninguém aguenta ser responsável pelo próprio sangue. Se colocassem o valor de todo o oxigênio ingerido sem moderação na minha conta (porque acredito que viver deva ser uma espécie de porre universal), eu já teria explodido em um milhão de pedaços. De novo. Os amores que deixei? Que paguem. As doenças que me comem o estômago? Que paguem. As saudades? Os orgulhos? Os centavos da passagem? Que paguem. Que paguem todos. Como eu venho apagando. Pagando. Que seja. Minha dívida é com alguma coisa dentro de mim, - essa é uma das frase que eu mais repito, e a coisa pode ser, acredite, qualquer coisa, inclusive uma coisa que nem sequer seja minha - alguma coisa dentro de mim que se apieda constantemente das estrelas que ignorei ao longo das minhas janelas fechadas e dos meus olhos envoltos por um cobertor quase sem forro. É desperdício de sanidade me aprisionar no meu mundo insano. O mundo insano que inclui doses altas de uma morfina invisível. Sem ter motivo, sem ter dor alguma. Porque a defesa é automática. Eu fico triste por um segundo, no mínimo, todos os dias. Eu fico só. É o segundo quando olho bem no fundo do poço do meu passado, e me reconheço, em perfeito estado de conservação, sem retirar uma palavra do que disse, sem pedir desculpas pra quem eu deveria pedir desculpas, sem rodar a chave na porta do meu quarto e parar com essa economia de ar, porque a conta não é minha, a responsabilidade também não. Sou quase um corpo solidário. Ainda bem. É o segundo quando me escondo na poesia, nas luzes apagadas e na música triste. Quando escovo os dentes, tomo banho, me humilho ou escrevo. De cada 5 segundos, vivo 4. Um espaço eu deixo pra ser o que sou de graça. Sem precisar escolher ser. Um segundo eu deixo pra me arrepender. E nos outros 4, eu lembro, feliz, extremamente feliz, que a culpa não é minha, nem das estrelas (desculpe), nem de ninguém. Viver é uma questão de hábito. Talvez, eu nem sequer esteja vivo agora, procurando lembrar onde eu coloquei meus remédios pra dor de cabeça, respirando. E o que vem depois, não é a morte. É espasmo, é ilusão, é crédito, é imposto, é automático. É costume.

Foda-se o clichê

Cara, pra mim, clichê é quando o herói mata o bandido no final de um filme. Clichê é dizer que tal coisa é clichê. E, se é clichê, quer dizer que todas adorariam ouvir de um cara aquilo que eu escolhi dizer pra ela, não é mesmo? Por isso chamam de clichê, caramba. Poxa, nunca disse isso pra ninguém, na boa. Como se fosse cinismo ser romântico hoje em dia, sendo que ela mesma é cínica e romântica, quase sempre as duas coisas ao mesmo tempo

Acaso

Os dois se amam. Todo mundo sabe, mas ninguém acredita. Não conseguem ficar juntos. Simples. Complexo. Quase impossível. Ele continua vivendo sua vidinha idealizada e ela continua idealizando sua vidinha. Alguns dizem que isso jamais daria certo. Outros dizem que foram feitos um para o outro. Eles preferem não dizer nada. Preferem meias palavras e milhares de coisas não ditas. Ela quer atitudes, ele quer ela. Todas as noites ela pensa nele, e todas as manhãs ele pensa nela. E assim vão vivendo até quando a vontade de estar com o outro for maior do que os outros. Enquanto o mundo vive lá fora, dentro de cada um tem um pedaço do outro. E mesmo sorrindo por aí, cada um sabe a falta que o outro faz. Nunca mais se viram, nunca mais se tocaram e nunca mais serão os mesmos. É fácil porque os dias passam rápidos demais, é difícil porque o sentimento fica, vai ficando e permanece dentro deles. E todos os dias eles se perguntam o que fazer. E imaginam os abraços, as noites com dores nas costas esquecidas pelo primeiro sorriso do outro. E que no momento certo se reencontrem e que nada, nada seja por acaso.

quinta-feira, 29 de maio de 2014

Meu Eterno Amor

"Eu e meu querido marido, John, eramos casados há 46 anos. Todos os anos no dia dos namorados ele me enviava as mais lindas flores com um bilhete contendo cinco simples palavras: "Meu amor por você cresce."

4 filhos, 46 buquês de flores e uma vida inteira de amor era o legado de John para mim, quando ele faleceu há dois anos atrás.

No meu primeiro dia dos namorados sem o John, dez meses depois que ele morreu, fiquei chocada quando recebi um lindo buquê de flores... como os que John me mandava.
Irritada e com o coração partido, eu liguei para a loja de flores para dizer que eles tinham se enganado e mandado flores para o endereço errado, logo após eu falar isso o Floricultor me respondeu "Não madame, não foi engano. Antes de falecer, seu marido nos pediu para que nós garantismos que você continuasse recebendo os buquês de flores no dia dos namorados por muitos anos." Com o coração na mão, eu desliguei o telefone e fui ler o bilhete que estava no buquê de flores. No cartão dizia: "Meu amor por você é eterno.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Vai ter Pânico na floresta 6 ( Que merda)

O Filme está sendo filmando na Bulgária com Sadie Katz no papel principal
Sadie Katz em Pânico Na Floresta 6"
Sadie Katz estará em “Pânico Na Floresta 6″
Ok! Se você acha que cinco não foram o suficiente, aqui vem o sexto. Foi anunciado que a Fox Home Entertainment começou a produção em Pânico Na Floresta 6, mais um episódio da franquia que sairá diretamente em VOD e em DVD. Sadie Katz (House of Bad) assume o papel principal e comentou:
Sinto-me honrada e humilde para desempenhar um papel nesta franquia tão amada por tantos fãs de terror. Eu posso prometer fãs terão exatamente o que desejam!
O filme está sendo filmado na Bulgária e foi escrito por Frank H. Woodward.
De acordo com o Bloody Disgusting, a produção está sob a direção de Valeri Milev (Code Red, Re-Kill) e também estarão no elenco Aqueela Zoll, Anthony Ilott, Chris Jarvis, Rollo Skinner, Billy Ashworth, Joe Gaminara, Harry Belcher, Raymond Steers, Luke Cousins, Tabitha Luke Eardley e Roxanne Pallett.
Ainda não foram revelados os detalhes da trama, mas eu honestamente, do fundo do meu coração, espero que seja bem melhor do que o quinto. Pânico Na Floresta 5 foi tão irritante, que até eu me sentiria honrado em participar do sexto, só pela oportunidade de descer o cacete nesse idiota do Três Dedos. Definitivamente um dos vilões mais retardados que já vi em todos os meus anos de existência.

Doença que faz bem ( what ? )

Te conhecer foi algo lindo e extraordinário, como de um dia pro outro ganhar asma, calma eu explico.... Minha mãe sempre dizia pra não andar de pés descalços e tudo que eu fiz foi piscar na hora errada. Minhas defesas caíram e agora você taí, sua linda, respirando meu ar e vivendo minha vida, como uma infecção parasitária que me faz tão bem. E se antes eu já não visitava o médico, agora mesmo que não tenho vontade alguma de cura.
♥_♥

Pela primeira vez

Pela primeira vez a realidade falou mais alto que a fantasia. Pela primeira vez a realidade da sua ausência falou mais alto que a fantasia de anos a sua espera. Sofri pra caralho, como diz por aí quem sofre pra caralho. Mais do que livros cabeças, músicas bacanas, frases inteligentes, lugares descolados ou posições sexuais, você me ensinou o que realmente importa aprender nessa vida: que a vida pode ser uma grande, imensa e gigantesca merda. É, ela pode ser. E que não existe porra de príncipe porra nenhuma, mas que existe alguém que está disposto a te tratar como um. Que nem ninguém e nem nada pode te levar para longe de nada. É isso e pronto. E é assim pra todo mundo. E pronto.

O prazer da sua companhia

A gente reclama muito da dependência, mas como é maravilhosa a dependência, confiar no outro, confiar no outro a ponto de não somente repartir a memória, mas repartir as fantasias. Confiar no outro a ponto de esquecer quem se foi assim que o outro esteja junto, é talvez chegar em casa e contar seu dia e só sentir que teve um dia quando a gente conta como foi. É como se o ouvido da outra pessoa fosse nossos olhos. Amar é uma confissão. Amar é justamente quando um sussurro funciona melhor que um grito. Amar é não ter vergonha de nossas dúvidas, é falar uma bobagem e ainda se sentir importante. É lavar louça e nunca estar sozinho. É arrumar a cama e nunca estar sozinho. É aquela vontade danada de andar de mãos dadas durante o dia e de pés dados durante a noite.

O livro misterioso

Na próxima vez que você for a uma biblioteca, fique esperto e não esqueça de procurar um determinado livro. Não existe outro livro como ele, e não existem cópias. Ele pode aparecer em qualquer lugar da biblioteca. Ele pode estar em qualquer prateleira, qualquer mesa, nas mãos de qualquer pessoa. A capa é feita de couro, e o livro é intitulado "Você".

Uma vez que você encontrar o livro, não o abra. Vá até o bibliotecário para que ele verifique o livro. O bibliotecário vai te olhar estranho e dizer "Ah ... este ...".

Leve o livro para casa. Você ficará tentado a abrir o livro, mas certifique de que não fará isso. À meia-noite, entre no seu armário, com o livro na mão, e feche a porta. Certifique-se de que tudo que você vê é escuridão, e que o único barulho que você pode ouvir é o seu batimento cardíaco.

Abra o livro. No livro contém tudo o que aconteceu no seu passado, presente e futuro. Quando você começar a virar as páginas do livro, passando de eventos passados para eventos atuais, pare quando chegar ao final dos eventos presentes. Você vai saber quando parar, quando ler que esta no armário, com o livro em mãos.

Antes de começar a ler os acontecimentos futuros, pense se você realmente quer saber sobre o futuro.

Se você decidir não ler mais, feche o livro, deixe-o no chão, em
seu armário, e saia. Certifique-se de manter o livro dentro do
armário. Você vai notar de manhã que o livro sumiu.

Se você decidir ler seus eventos futuros, comece a virar as páginas do livro. É extremamente importante que você não grite quando ler sobre sua morte. Não tire os olhos do livro, quando você se ver sendo arrastado para as profundezas da escuridão que é seu armário. Não pisque quando você se ver sendo dilacerado por um animal faminto, o livro cheio de sangue caído no chão ao lado de seus membros decepados...

Não se surpreenda quando você sentir a mão da besta em seu ombro...

O ritual da boneca, Você tem coragem ?

O "One-Man Hide and Seek", também conhecido como o "Tag One-Man", é um ritual para entrar em contato com os mortos.

Os espíritos errantes, que são inquietos sobre a Terra, estão sempre à procura de corpos para possuir. Neste ritual, você vai chamar um espírito, oferecendo-lhe uma boneca em vez de um corpo humano.

Aviso: Se você tem habilidades psíquicas, você pode sentir-se mal ou ser propenso a acidentes durante o ritual.

Conteúdo

Coisas que você precisa:

Uma boneca recheada. Deve ter membros.
Arroz, o suficiente para encher a boneca.
Uma agulha e um fio vermelho.
Um corta unhas.
Uma ferramenta cortante, como uma faca, caco de vidro, ou tesoura.
Um copo de água salgada. Sal natural seria melhor.
Um banheiro, com banheira e alguma forma de balcão.
Um lugar para se esconder, de preferência um quarto purificado por incenso e ofuda. Deve haver uma TV lá.

Preparação:

1. Pegue tudo com que o boneco é recheado. Uma vez que todo o seu recheio é removido, reencha-o com o arroz. * 1

2. Corte alguns pedaços de suas unhas, e coloque dentro da boneca. Costure a abertura com o fio vermelho. Quando você terminar de costura, amarre-se a boneca com o resto da linha. * 2

3. Vá para o banheiro e encha sua banheira com água.

4. Volte para o seu esconderijo, e coloque o copo de água com sal no chão.

Como fazer:

1. Dê um nome para sua boneca. O nome pode ser qualquer um, mas um próprio.

2. Quando for 03:00 da manha, diga "(seu nome) é o primeiro," para a boneca três vezes.

3. Vá para o banheiro e coloque a boneca na banheira cheia de água.

4. Desligue todas as luzes em casa, volte para o esconderijo, e ligue a TV.

5. Após a contagem de 10 com os olhos fechados, volte para o banheiro com a ferramenta afiada em sua mão.
6. Vá para a banheira, e, diga a boneca ," eu encontrei você, (nome da boneca)". Esfaqueie a boneca com a ferramenta. * 3

7. Diga: "Você é o próxima , (nome da boneca)," enquanto você levar a boneca para fora da banheira e deixa-a no balcão no banheiro.

8. Assim que você colocar a boneca para baixo, corra de volta para o esconderijo, e se esconda.

Como terminar:

1. Despeje metade da xícara de água salgada em sua boca. Não beba, apenas mantenha na boca. * 4

2. Saia de seu esconderijo, e comece a olhar para a boneca. A boneca pode não estar necessariamente no banheiro. Aconteça o que acontecer, não cuspa a água salgada.

3. Quando você encontrar a boneca, despeje o restante da água salgada no copo dela. Em seguida, cuspiu a água salgada em sua boca nela também.

4. Diga: "eu ganhar," três vezes.

Isto é supostamente o fim do ritual.

Depois disso, certifique-se de secar a boneca, queimar, e descartá-la mais tarde.

MAIS IMPORTANTE:

Por favor, não pare este ritual até a metade. Você deve fazê-lo até o fim. Este é um ritual perigoso, e eu não vou ser responsável pelo que acontece com você se você tentar.

Outras coisas a ter em mente:

Não deixe a sua casa até que você tenha feito o ritual de acabamento.
Você deve desligar todas as luzes em sua casa quando para fazer isso.
Você deve manter a calma enquanto se esconde.
Você não precisa colocar a água salgada em sua boca durante o início. Você só precisa fazer isso durante o ritual de acabamento.
Lembre-se, se você está vivendo com alguém, você pode colocá-los em perigo.
Não continue esse ritual por mais de uma ou duas horas.
Por razões de segurança, pode ser melhor manter todas as portas da casa destrancadas, incluindo o seu porta da frente. Pois, ter amigos por perto, para que eles possam vir e ajudá-lo a qualquer momento, se você precisar deles. Mantendo uma estreita móvel na mão seria uma boa idéia também.

Notas:
* 1 - O arroz representa entranhas, e também tem o papel de atrair espíritos.
* 2 - A linha vermelha representa um vaso sanguíneo. Ele sela o espírito (s) no interior da boneca.
* 3 - Ao cortar o fio desligado, você quebra o selo e libertar o espírito (s) que estão presos.
* 4 - Se você sair do esconderijo sem água salgada, você pode encontrar "algo vagando" em sua casa, o que pode prejudicá-lo de alguma forma. A maneira de sentir a presença de "algo vagando" é para assistir "o que acontece com a TV."

Doom ( Fiction)

Olá, meu nome é Mary Jane. Eu SEMPRE fui um fã das séries de Doom. Todos os jogos de doom. Parei de jogar por um bom tempo, pois o meu computador é tão ruim que não deixava, e meu pai ficava enrolando pra comprar um novo. Até que meu pai finalmente comprou um PC novinho no meu aniversário. Fiquei muito animada, e a primeira coisa que eu fiz foi baixar todos os jogos de Doom. Estava revivendo a minha infância, era maravilhoso.

Quando zerei todos os jogos, eu fui pesquisar alguns WADS para eu jogar. WADS são uma espécie de modificações para Doom, e alguns são MUITO avançados. Joguei vários wads, e ficava encantado com a beleza de alguns, e ria de alguns wads ruins e amadores. Eu baixava wads desconhecidos, que ninguém havia jogado ainda, pois alguns eram bons mesmo sendo desconhecidos. Mas um dia, eu me deparei com um wad para Doom 2 com o nome “7869”. Só isso.

Provavelmente o cara teve preguiça de nomear o wad. Bom, eu baixei. Não foi uma boa ideia. No começo eu achei que era um Jokewad, pois quando eu o abri, a primeira coisa que apareceu foi a imagem de um demônio, junto com um grito estridente que quase estourou meus tímpanos.


Porra, eu pulei da cadeira. Fiquei com vontade de socar o monitor. Eu cliquei “play game”, e a única dificuldade disponível era “unforgivable” Achei que fosse dar susto de novo, mas estava errado. Eu comecei no primeiro mapa do Doom I, só que sem monstros. Sem munição, sem nada. Eu só tinha uma bala de pistola. A única diferença, é que tinham umas texturas novas, que eram horríveis, por sinal. Fui passando por todo o nível, muito entediado.

Quando cheguei no final do nível, já pensando em sair do jogo, me deparei com um Cyberdemon. Eu atirei nele, mas esqueci que tinha só uma bala. Então ele me matou... Quando cliquei Enter para reiniciar o nível, começaram a aparecer imagens estranhas, e com a música do primeiro nível de Doom invertida e muito aguda. Não conseguia dar pause. Eram imagens de cachorros mortos e de vários pênis.

Mas o que diabos era aquilo? Não conseguia sair do jogo. Quando as imagens pararam de rolar, a música e o som pararam completamente, e eu fui parar no segundo nível de Doom II. Sem mostros, de novo. Estava só com uma shotgun com 40 tiros. Quando fui ao final do riozinho, entrei naquela construção e peguei a chave vermelha, fui parar em uma sala, e com um outro Doomguy meu na minha frente. Um som muito baixo podia ser ouvido. Quando ele atirava em mim, ele perdia vida, e quando atirava nele, eu perdia vida. Nós éramos os mesmos.

Então, quando nós dois morremos, a imagem foi ficando ruim e desaparecendo, e logo em seguida apareceu a mensagem "Então você aguentou até aqui?" e então a música do primeiro nível começou muito alta, e o som que antes era baixo, ficou muito alto. Apareci em um lugar circular, completamente escuro, e com um botão no centro. Quando apertei, apareceu uma imagem de um homem morto, com a cabeça e a barriga abertas, e a mensagem "VOCÊ ESTÁ MORTO", junto com sons muito altos de falas ao contrário, músicas distorcidas e gritos, muitos gritos. Desliguei o computador na hora.

Excluí o wad e fui procurar o site que eu achei ele. Enviei um e-mail ao cara que postou o wad lá, xingando ele com todos os palavrões que existem. Mas então ele me respondeu, dizendo para me acalmar. Ele disse que não era ele o criador, e sim um jovem de mais ou menos uns 15 anos que ele conhecia. Perguntei a ele quem era esse tal jovem. Ele revelou que o nome dele era Daniel.

Ele era completamente problemático. Causava muitos problemas na cidadezinha em que morava.Foi expulso de umas seis escolas e já havia batido em professores. Ele era viciado no jogo Doom, e fazia milhares de wads sem sentido. Outra coisa que ele amava fazer era filmar coisas sem sentido com a sua câmera. Perguntei a ele o que aconteceu com Daniel...

Ele disse que Daniel estava ficando cada dia pior. Um dia ele matou um homem, e os pais não tiveram outra escolha, e o internaram em um manicômio. E lá ele se enforcou. O pior é que ele fez um vídeo juntando várias das coisas que ele havia filmado, junto com o vídeo que ele filmou do assassinato e imagens de Doom. Depois disso, a cidadezinha ficou praticamente um deserto, todo mundo fugiu de lá.

Ele disse que estava surpreso por eu não saber disso, pois os wads bizarros dele vazaram na comunidade privada de Doom há um tempo. Inclusive, o vídeo que ele fez. Ele me enviou o vídeo, e disse que ele era bem nojento, doentio e causa uma sentimento muito desconfortável, como uma depressão muito grande. O pior é que o vídeo havia sido editado um dia depois que Daniel havia morrido! Eu assisti, e me arrependi muito mesmo. Sinceramente, não sei porque abri o vídeo, mesmo depois do aviso.

Primeiro, aparecia um monte de imagens sem sentido, junto com a música de Doom tocando ao contrário, por 5 minutos. Realmente, me senti muito deprimido vendo aquilo, por alguma razão. E o vídeo não tinha botão de pause, e você não podia avançar ou voltar ele. Depois de muitas imagens sem sentido, como a de um homem batendo a cabeça em um livro, aparece Daniel filmando ele andando em um matagal, e parece que tem alguém no chão. É um homem, implorando por sua vida. De repente começaram a aparecer mais coisas sem sentido ao decorrer do vídeo. Imagens do jogo Doom aparecem brevemente na tela. A tela fica preta por 10 segundos, e tenho certeza de que vi alguma coisa escondida na tela preta. Não sei o que era, acho que era um rosto. Daniel começa a cortar a barriga do homem com um facão. Ele começa a tirar o intestino dele, e imediatamente comer eles.

Então começaram a aparecer imagens de cachorros e animais mortos, misturadas com imagens de demônios e de Doom.

A cena a seguir era horrível. Ele começava a abrir a cabeça do homem, e comer o cérebro dele. Rapidamente aparece a foto de um garoto. Acho que era uma foto dele, de Daniel. Então a música de Doom começou a tocar muito distorcida.

As imagens sem sentido começaram a aparecer em um loop infinito, e a filmagem do homem batendo a cabeça em um livro se repetiu pelo vídeo várias vezes. Barulhos muito agudos tomavam conta do vídeo, junto com imagens horríveis e sangrentas. No final, a tela começa a ficar branca e o vídeo fica assim por 10 segundos. Então aparece uma foto de Daniel sorrindo por um 1 segundo, e o vídeo acaba. Realmente me senti muito deprimido assistindo ao vídeo. Uma depressão muito profunda do qual não consigo descrever.

Tentei esquecer isso, mas aquelas imagens ficaram na minha cabeça por um longo mês. Lentamente eu consegui esquecer, mas ainda tinha alguns pesadelos. Até que alguns dias atrás, um amigo meu veio na minha casa, e ficou bisbilhotando meu PC enquanto eu via TV na sala.

Ele acabou achando o vídeo, que eu não conseguia excluir(e que tinha estragado meu PC novinho). Ele veio correndo pra mim, e perguntou o que diabos era aquilo... Eu disse que era um vídeo que eu havia baixado por engano e não conseguia mais excluir(não achei que ele iria acreditar na verdade). Então, sem eu ver, o maldito acabou enviando para os seus contatos de e-mail.

Eu não sabia que ele tinha feito isso, até que alguém me enviou de volta. Agora minha vizinhança inteira sabe, o maldito vídeo se espalhou, e daqui a pouco vai estar na internet inteira. Não consiguia mais parar de pensar naquele vídeo. Tinha muitos pesadelos, qualquer vulto me deixava muito assustado. Estava com medo de que algo ruim acontecesse.

Nesses dias, recebi pelo correio uma caixa junto com uma pequena nota, e quando abri, eu quase vomitei... Havia um cachorro morto dentro. Na nota, estava escrito algo que até agora está me dando calafrios:

"Você não devia ter mostrado o vídeo pra NINGUÉM. Isso é só um pequeno aviso.

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Agora eu sei

Hein. Não é bom saber que você tem um alguém que te ama mais do que um amigo? Olha, eu sei que você andou cruzando esquinas a fim de uma pessoa que não era eu, só que não ligo. Essa coisa de orgulho e dignidade nunca foram comigo mesmo. E ainda que eles tenham levado pra longe tudo que você parecia ter de bom, eu não me importo de ficar com o amargo- azedo que restou de você. É mais do que tudo que já me pertenceu em quatro encarnações.
Não nego que você está sendo a musa inspiradora de eu entrar aqui nesse cantinho abandonado, e soltar essas palavras bonitas, que eu pensei ter perdido com o tempo, aquele tempo que sempre ousou em me atingir, mas como estava dizendo, você apareceu na minha vida já faz um tempo, nós éramos bastante apegados um ao outro, não sei como não te conquistei antes, ou melhor, depois de tantos sonhos e pensamentos dirigidos a você, eu compreendi, a vida quis que a gente conhecesse o mundo, olhasse bem para ele, e para a grande merda que está hoje em dia, aprendesse a sofrer...
Foi ai que a vida colocou pessoas na nossa vida, para testarmos nossos limites, e nós caímos feito dois idiotas, nos entregamos, e o resultado foi esse ai, os dois sofrendo.
Mas como vinha dizendo, lembra quando nós éramos bem apegados ? então meu amor, foi ali que a sementinha foi plantada em nós dois, ai foi cultivada por pessoas erradas, e agora enfim nos encontramos de novo, a semente não existe mais, nem em mim, nem em você, elas viraram flores, a mais bela que existe, e nós dois sabemos que  uma flor é delicada, leve, precisa ser cuidada, porque se não ela morre, por tanto eu quero que saiba, que cuidarei dessa flor com todo amor que ninguém ousou te oferecer até hoje, mais bela que essa flor, somente a pessoa que a carrega, VOCÊ. ♥

Vem, cuida de mim

Eu te confesso que tenho um porão escondido dentro de mim. Vez ou outra eu revisito pra checar se a umidade já corroeu as vigas, as dobras das portas, as frestas do assoalho. Na maioria das vezes eu espirro por conta da alergia e não tem ninguém ali pra me oferecer um lenço. Tudo bem, sou precavido, tenho levado o meu há anos a fio quando aprendi que a gente tem que se embalar na gente senão a coisa toda despenca. Mas olha, eu faria do meu escuro um lugar bonito pra você me visitar. Limpo tudo e deixo as coisas boas em cima dos móveis e um porta-retrato de nós dois. Não precisa vir hoje ou nem amanhã. Só vem um dia e me tira dessa cidade perdida, dessa confusão que implica em me deixar perambulando pela rua e uns pensamentos que cortam, me tira desse conformismo absurdo e me afunda. Me afoga, me enforca, me joga do alto de um edifício, mas não me deixa viver essa coisa que não me deixa ver todas as coisas boas que os seus olhos verdes contam, Deus fez eu e você de olhos verdes, para simplesmente enxergarmos tudo com esperança, e a minha encontrei em você, e você em mim. Só vem um dia, larga as malas na porta, bota o pé pra dentro de casa e cuida de mim.


Vitima do acaso

Cada dia sem solidão me enfraquecia. Não que me orgulhasse dela, mas dela eu dependia bastante. A escuridão do quarto era como um dia ensolarado pra mim.

Isso é o amor

Ele tem 80 anos de idade e toma café da manhã todos os dias com sua esposa.
E quando eu perguntei, por que sua esposa está em casa de repouso?
Ele disse: Porque ela tem Alzheimer (perda de memória).
Eu perguntei: a sua esposa se preocupava, o esperava para ir tomar café com ela?
E ele respondeu:
- Ela não se lembra...
- Já não sabe quem eu sou, faz cinco anos, já não me reconhece.
Surpreso, eu disse:
- e ainda tomando café da manhã com ela todas as manhãs, mesmo que ela não te reconheça!
O homem sorriu e olhou para os meus olhos e apertou minha mão.
Em seguida, disse: "Ela não sabe quem eu sou, mas eu sei quem ela é".
É, isso é o amor, agora quem sabe você veja isso, e reflita, o amor é a coisa mais linda que existe, quando se sabe amar.

segunda-feira, 19 de maio de 2014

Durante o filme..

Ela disse pra mim: - Sei lá, acordei hoje meio estranha. Talvez seja o tempo chuvoso, a tarde fria.. Gosto de tardes frias, sabia? Poder estar em casa enquanto chove lá fora, é melhor ainda. Me lembro de quando era criança… Mas sabe porque gosto do frio? Ah, você sabe! Já falei outras vezes! - Ah! Agora que disparou a falar, me conta outra vez! Gosto de te ver animada, me sinto bem quando você começa com essa coisa louca e tão sua de falar sem parar! Já até pausei o filme… - Mas se quer saber, não estou animada, como disse; acordei estranha. Mas é que o frio me lembra aquele dia.. Eu estava na rua, matei aula até! E lembro que bebi o Duelo mais gostoso da minha vida! - Duelo? Que coisa brega! Do que você ta falando? - Daquele dia, era dia 15! Foi o dia em que eu dei o melhor beijo que já pude dar. Era junho, sabe? Então estava assim mesmo, friozinho a noite… E eu não sei direito como foi, meus olhos estavam fechados, mas acho que nunca desejei tanto um beijo como aquele. E depois… Depois foi quando aconteceu o que me fez começar a olhar o mundo com outros olhos. Ninguém sabia que eu estava lá e ninguém podia, também… Eu andava devagar e a gente estava de mão dadas. A noite fria, se tornou na noite mais encantadora que eu já imaginei viver… Via o centro de noite. Aquele lugar que na luz vive cercado e abarrotado de gente, a noite era bonito, era calmo… E lá só tinha a gente. Eu e ele. Era o começo de uma vida, de um sonho. De um momento inesquecível, que ficou no meu coração e acho que nunca vai se apagar… - Nossa, mas que paixão é essa? Nunca te vi assim… - Nem nunca mais vai ver. Apertei o play outra vez….

Você, a poesia mais linda que a vida escreveu.

Eu sei o que se passa com você mulher, a minha mulher, apareceu na minha vida, e agora dela faz o que quer, sei que muitos já te machucaram, eu também já fui e muito, me desculpe o palavreado, mas dizem que dois fodidos se entendem, não foi diferente com a gente, loira, loirinha, lorão, como foi que um idiota conseguiu ferir seu coração? Realmente não sei o porque, e também não interessa mais, porque se alguém já te deixou, o seu príncipe aqui não te abandonara jamais, sei que em cada mulher existe um rio profundo, cheio de mistério e omissões. Existe um céu e um inferno. O coração ferido, a alma alegre, o pensamento positivo.. Ou não! Toda mulher tem seu segredo, e no fim das contas é mais poesia do que mulher.

Por tanto você é a minha poesia, foi escrita nas linhas do meu coração, você tem acesso para ler a hora que quiser, apareceu quando eu mais precisava, o que te faz ser mais poesia ainda, que basta você decifrar ela, e o sorriso já aparece no seu rosto, e agora, mais do que nunca, tenho certeza que, em todas as vezes que você me disse que eu te amava, e eu desdenhei de você dizendo que não, posso te confirmar a qualquer hora, ou a qualquer momento, porque assim como uma plantinha, que você planta em um dia, e ela já cresce no outro, o amor também é assim, minhas palavras são apenas um aperitivo, se elas já te fazem muito bem, espere até termos nossos encontros, você vai ser a mais feliz, a princesa sem castelo, mas que tem a sua moradia bem aqui, no meu humilde coração. 

Amor, ou laço

Como é engraçado cara!… Eu aqui nunca tinha reparado como é curioso um laço, hoje em um raro momento de lucidez acabei notando. Uma fita dando voltas? Se enrosca, mas não se embola. Vira, revira, circula e pronto: está dado o laço. É bem assim que é o abraço: coração com coração, tudo isso cercado de braço. É assim que é o laço: um abraço no presente, no cabelo, no vestido, em qualquer lugar onde o faço. E quando puxo uma ponta, o que é que acontece? Vai escorregando devagarzinho, desmancha, desfaz o abraço. Solta o presente, o cabelo, fica solto no vestido. E, na fita, que curioso, não faltou nem um pedaço cara. Aaaaaaah! Então, é assim o amor, a amizade. Tudo que é sentimento? Como um pedaço de fita? Enrosca, segura um pouquinho, mas pode se desfazer a qualquer hora, deixando livre as duas bandas do laço. Por isso é que se diz: laço afetivo, laço de amizadem sacas ?. E quando alguém briga, então se diz - romperam-se os laços. ooooh God... E saem as duas partes, igual aos pedaços de fita, sem perder nenhum pedaço. Então o amor é isso ai cara… Não prende, não escraviza, não aperta, não sufoca. Porque, quando vira nó, já deixou de ser um laço meus caros...

Isso disso

Sabe, eu me perguntava até que ponto você era aquilo que eu via em você ou apenas aquilo que eu queria ver em você. Eu queria saber até que ponto você não era apenas uma projeção daquilo que eu sentia, e se era assim, até quando eu conseguiria ver em você todas essas coisas que me “fascinavam” e que no fundo, sempre no fundo, talvez nem fossem suas, mas minhas, e eu pensava que amar era só conseguir ver, e desamar era não mais conseguir ver, entende? É engraçado pensar que por um longo tempo eu quis tanto ser a sua paz, quis tanto que você fosse o meu encontro. Quis tanto dar, tanto receber. Quis precisar, sem exigências. E sem solicitações, aceitar o que me era dado. Sem ir além, compreende? Não queria pedir mais do que você tinha, assim como eu não daria mais do que dispunha, por limitação humana. Mais o que tinha, era seu. E com todas essas coisas eu paro e penso, se você tivesse ficado, teria sido diferente? Melhor interromper o processo em meio quando se conhece o fim, quando se sabe que doerá muito mais — por que ir em frente? Não há sentido, melhor escapar deixando uma lembrança qualquer, uma fotografia — qualquer coisa que depois de muito tempo a gente possa olhar e sorrir, mesmo sem saber por quê. Melhor do que não sobrar nada, e que esse nada seja áspero como um tempo perdido. Mas te digo com toda certeza do mundo, depois de todo nosso ‘tudo’ me ficaram só coisas boas. Uma vontade de cuidar melhor de mim, de ser melhor para mim e para os outros. De não morrer, de não sufocar, de continuar sentindo encantamento por alguma outra pessoa que o futuro trará, porque sempre traz, e então não repetir nenhum comportamento. Ser novo...
Às vezes, não há nenhum aviso. As coisas acontecem em segundos. Tudo muda. Você está vivo. Você está morto. E as coisas continuam. Somos finos como papel. Existimos por acaso entre as percentagens, temporariamente. E esta é a melhor e a pior parte, o fator temporal. E não há nada que se possa fazer sobre isso. Você pode sentar no topo de uma montanha e meditar por décadas e nada vai mudar. Você pode mudar a si mesmo para ser aceitável mas talvez isso também esteja errado. Talvez pensemos demais. Sinta mais, pense menos.
Virei pedra e entendi porque a solidão é a experiência mais universal de todas. A solidão é muito sacana. Num dia, ela te deixa eufórico, pensando nessa liberdade possível de não dever satisfação a ninguém e nessa possibilidade infinita de realizar todas as tuas vontades. Mas, no outro dia, a solidão te dá uma rasteira daquelas bem dadas. E te faz cair na real. Tu estás só feito um cão de rua, meu filho. Ninguém te ama, ninguém te quer, ninguém te conhece, ninguém tem acesso à tua alma. Tuas neuras são só tuas, e parece que nada nem ninguém preenche esse vazio.

sábado, 17 de maio de 2014

Oh, Merda 17/05

Lembrei-me de uma história que eu tinha lido uma vez em ‘Programa de Corridas’ sobre um garanhão que ninguém conseguia fazer com que acasalasse com éguas. Trouxeram as éguas mais bonitas que puderam encontrar, mas o garanhão as refutava. Então alguém, que sabia das coisas teve uma ideia. Cobriu de lama uma das belas éguas, e o garanhão imediatamente a montou. A teoria era de que o garanhão se sentia inferior a toda aquela beleza, mas que, diante da fêmea enlameada, pôde ao menos se sentir em pé de igualdade, quando não superior a ela, e assim funcionar. A mente dos cavalos e dos homens pode ser muito parecida.
Precisamos de humanidade nos olhos já que nossa voz falha por causa do orgulho. E nossos pés andam para trás porque não suportam o peso do mundo sobre eles. Sobre a pequeneza de quem não tem nada a ver com a culpa. Sobre quem gritou de fome e apertou os punhos para não sucumbir à morte. O corpo não suporta mais a leveza da poesia, que corta as mãos e as letras escondem-se de quem não lê com o peito ferido. Porque a vida não dá as mãos e não pede fôlego para ser vivida, para ser sentida. E os pulmões também encolhem de solidão. Também se tornam menores que o convencional por causa do ar que-não-respiro. É preciso humanidade na hora de aceitar a dor porque se não fosse assim não haveria riso e os abraços acabariam antes mesmo de começar. A humanidade de meus olhos, que gritam sem sufocar a voz.
Não me desculpo, eu precisava fazer, não importava o quanto fosse doer, me dá uma fissura, eu tinha de fazer. Cada santo dia daquele ano que você ficou-ficando com aquele mentecapto, prometi a mim mesmo que na primeira oportunidade eu morderia sua bunda. Bem forte. Pra deixar marcas róseas de dente e resquícios de saliva. Uma mordida de boca cheia, pra você sentir em dez segundos a fração de dor que eu sentia cada vez que via ele parafusar o antebraço na sua cintura, e não eu.

sexta-feira, 16 de maio de 2014

A gravata ( terror)

Então de repente o alarme toca, a suave música clássica era a única parte calma do meu dia, que irônico, o começo é sempre mais suave que o fim, talvez pela inocência de esperar algo novo, algo diferente, talvez pela esperança de mudança, mas no fim, era a mesma música, a mesma esperança, o mesmo dia.
Me levantei, e como de costume, fui para o banho, escovei os dentes, coloquei o terno, ah como eu odeio o terno, o símbolo da opressão, do fim da individualidade, dentro dele somos todos iguais, a única peça que nos diferencia é a gravata, azuis, brancas, pretas, pratas, até amarelas, tudo que te diferencia do mundo, ter sua personalidade reduzida a uma gravata, que situação.
Minha mulher já estava de pé, fazendo o café, arrumando a mesa, já haviam alguns anos que não nos beijávamos mais, nem um bom dia, nem um ‘querido’, a relação não passava de formalidade, de necessidade, ‘feitos um pro outro mas por exclusão’.
-Bom dia querida.
-Você vai se atrasar, já são 15 para as 8.
-Bem, eu estava pensando, podíamos fazer algo hoje a noite, o que acha? Uma janta, um cinema.
-O trânsito está cada vez mais agitado, é melhor não perder a hora com futilidades.
E assim se resumia nossa relação, feitos um pro outro mas por exclusão.
No caminho para o trabalho, era a rádio, propagandas, musicas ruins, musicas iguais, musicas repetidas, um dia repedido, um dia ruim, o dia-a-dia. O transito, o stress, as pessoas, reduzidas aos seus carros, sua personalidade reduzida a sua marca, é nessa hora que eu gostava de observar as pessoas, quando elas abaixavam a guarda. No transito a natureza selvagem do ser humano transparecia, todos querendo ser o primeiro, todos se achando o primeiro, cara a cara todos são educados, ou ao menos fingem ser, um ‘bom dia’ seco, um ‘obrigado’ sem um pingo de agradecimento. Mas nos carros, era como uma mascara, o interior se manifestava, buzinas, xingamentos, falta de paciência, essa é a nossa essência, ou seria o nosso ego?
-Bom dia senhor, bela gravata.
-5 minutos atrasado, estamos perdendo tempo, tempo é dinheiro, vá para sua mesa, e resultados, quero resultados. – Disse o chefe, sem um contato, sem um indicio de personalidade, me tratando como mais um, nem a minha gravata me diferenciava mais, nem meus resultados, tudo era resultados, mas nem tudo dava resultados, a gravata, nem mesmo ela me dava valor, nem mesmo ela me diferenciava, são tudo resultados, resultados.
Engravatados em suas mesas, ligando, atendendo, vendendo, digitando, robôs de gravata, robôs sem identidade, sem opinião, sem personalidade, marcas de carros, marcas de gravatas, homens sem marca.
E o dia foi passando, passando bem devagar, o relógio tinha toda expectativa, ele era grande bem no centro da imensa parede, as mesas todas conjuntas, os ternos todos iguais, mas o relógio, ele era bonito, ele dava felicidade pro lugar, éramos todos engravatados presos ao relógio, presos as mesas, aos resultados, mas o relógio estava lá, fazendo seu trabalho, alimentando a esperança, passando devagar.
De repente vejo um pequeno movimento na janela, o prédio era alto e eu trabalhava no 20° andar, dava pra ver todos os outros prédios da região. Os engravatados começaram a se organizar e fazer fila na janela, eu fui ver o que estava acontecendo também. No prédio ao lado estava um homem, de gravata, na cobertura do prédio, seu rosto era irreconhecível, pois era uma grande distancia entre os prédios, mas podíamos ver claramente seu terno, e sua gravata.
As pessoas começaram a comentar, ninguém estava entendendo, o que um engravatado estava fazendo fora do escritório essa hora, ‘os resultados’ as pessoas diziam, qual o motivo dele estar lá? De repente, ele começou a andar devagar para a beirada do prédio, um ar frio encheu minha barriga, será que ele ia pular?
E o alvoroço começou, risadas, e um clima descontraído ocupou o estresse do local, o relógio grade e bonito parecia ter parado, e podíamos ouvir todos os tipos de comentários. Um dizia que ele não tinha coragem, outros queriam saber quem era o individuo de gravata, e até um bolão de apostas foi feito, de repente quando menos se espera ele fica em pé na grade de segurança, os engravatados ficam loucos, em êxtase, qualquer coisa era válida para mudar a rotina, mudar o dia, alegrar o ambiente.
Eu fico em pânico, nunca tinha presenciado algo assim tão de perto, como alguém pode querer tirar a própria vida? Mas o que mais me chocava, era a reação dos meus colegas de trabalho, eles não estavam vendo um homem prestes a tirar a vida, eles estavam vendo mais uma gravata, apenas uma gravata.
Alguns diziam, ‘ei, esse homem trabalha aqui, no 20° andar, alguém sabe o seu nome?’, mas ninguém sabia, na verdade todos ficaram curiosos para saber de quem se tratava, pois ninguém nunca tinha percebido ele aqui, eu também não.
Então de repente, ele abre os braços, fecha os olhos e simplesmente se solta, não foi um pulo, foi apenas um simples movimento de se libertar, de se soltar. E todos observaram, aos gritos, não sei distinguir se de espanto, ou de alegria, mas juro ter ouvido gargalhadas ao fundo.
Depois do estrago, podíamos ver o corpo no chão, destroçado, as pessoas embaixo do prédio, na rua, ficaram por alguns segundos em choque observando, mas logo após continuaram suas rotinas, ‘é apenas mais um engravatado’, eles deviam pensar. Os meus colegas de trabalho voltaram pra suas mesas, e para sua batalha contra, e a favor do relógio.
Parecia um dia comum, que nada tinha acontecido de diferente, mas eu não consegui me focar mais, nem no relógio, só conseguia ver a cena passando em minha mente, não do suicídio em si, mas da reação das pessoas, ninguém se importava, era apenas uma gravata a menos.
Voltei para casa, minha esposa já dormia e eu passei a noite acordado me revirando na cama, pensando no suicídio, no relógio, nos colegas, na gravata, então me lembrei que alguém disse que a gravata suicida era um dos nossos, que ele também trabalhava naquele 20° andar, decidi procurar saber quem era, e então peguei num sono, sem ao menos perceber que eu dormi.
Então de repente o alarme toca, a suave música clássica novamente, me acordando pra mais um dia, mais uma chance de fazer algo bom, diferente, mais uma chance de mostrar ao mundo que eu não era apenas uma gravata, e então veio a visão do suicida a minha mente, invadindo o fundo da minha consciência, eu só conseguia pensar nele, na situação, e lembrei que tinha que descobrir quem ele era.
Fiz minha rotina como de costume, banho, escova, café, roupas, gravata, e fui novamente tentar algo com minha mulher.
-Bom dia querida, você não vai acreditar no que aconteceu ontem no trabalho.
- Você vai se atrasar, já são 15 para as 8.
-Um homem se suicidou no prédio ao lado, ele pulou na frente da cidade inteira, e ninguém parecia se importar.
-O trânsito está cada vez mais agitado, é melhor não perder a hora com futilidades.
E assim se resumia a nossa frustrada chance de contato, de casamento, de vida, nós éramos feitos um pro outro, mas por exclusão.
Dirigindo novamente pro trabalho, a mesma rota, as mesmas músicas, vazias, chatas, as pessoas gritando, a raiva transparecendo, o estresse do dia começando, hoje vai ser um dia difícil, eu pensava, ou será que vai ser um dia como todos os outros?
-Bom dia senhor, você sabe do paradeiro do suicida de ontem? Ele realmente trabalhava aqui?
-5 minutos atrasado, estamos perdendo tempo, tempo é dinheiro, vá para sua mesa, e resultados, quero resultados. – Disse o chefe, mais uma vez não queria nenhum contato, nem nada, só queria resultados, por que eu ainda tentava algo diferente?
O dia demorava a passar, o relógio parecia mais lento hoje, a imagem do suicida não saia da minha mente, então sai da minha mesa e fui procurar informações, fui ignorado pelos colegas, pela secretaria, pelo RH, ninguém parecia saber dele, ou se importar com minha presença, comecei a sentir o que o suicida devia ter sentido, falta de identidade, falta de ser notado, mas não era um motivo suficiente para tirar sua própria vida.
Decidi ir para os arquivos de contratos e ver qual nome estava faltando, procurei por ‘rescisões recentes’ um jeito bonito de falar, ‘demitidos, gravatas sem resultado’ e lá estava desde a criação da empresa, todas as rescisões de contrato, todas as demissões, procurei as mais recentes, e realmente existia uma, porem ela estava em branco, lá estava a data de ontem, uma foto em branco e todos os dados em branco, apenas a data e o nome como ‘Sujeito 20°’, será que era o suicida? Mas por que não há nenhum dado, nenhum registro?
O silêncio da sala foi cortado por um alvoroço, e não tive tempo de pensar no quão estranha era toda essa situação, as pessoas começaram a se reunir na janela, e a gritar, rir, estavam em êxtase como ontem, eu não entendia por que, quando me aproximei da janela e vi, outro homem no mesmo prédio, com a mesma gravata, se aproximando da beirada da cobertura.
Meu deus, o medo tomou conta do meu corpo, eu não conseguia prestar atenção na bagunça que meus colegas faziam, nas apostas, nos gritos, não conseguia tirar o olho daquele homem e daquela gravata, seriam homens diferentes? É claro, não tem como alguém voltar dos mortos para se suicidar novamente. Mas por que tantas pessoas se matando assim, sem mais nem menos? Isso não é normal.
O homem estava parado, olhando para baixo, depois para cima, depois para a gravata. Dessa vezes eu consegui ver mais detalhes, pois estava totalmente desligado das outras coisas, o relógio, as pessoas não importavam mais, ao meu redor eu só conseguia prestar atenção naquele homem. Será que o suicida de ontem deu coragem para ele, não tem lógica, nada disso tem lógica, dois suicídios na mesma semana, um dia após o outro, e ninguém acha estranho, todos estão com a mesma ‘naturalidade’ de ontem, não faz sentido.
De repente, observo um detalhe que não tinha percebido ontem, o homem sobe na beirada e tira sua gravata, desfaz o nó e a joga ela ao vento, a gravata voa, faz rodopios no ar e sai de cena, deixando o engravatado, sem gravata, o homem sem identidade. Ele então se solta, como o homem ontem e cai, levemente, até ser destroçado pela gravidade.
As pessoas na rua desviam de seu corpo, os colegas de trabalho sentam novamente, como de costume. Mas eu não consigo, eu começo a ter enjôos e para piorar a situação ouço um grupo comentar ‘Vocês viram? Acredito que ele trabalhava aqui, no 20° andar, que coincidência não?’.
Outro daqui? O que está acontecendo? Será a maldição do 20° andar? Mas ninguém se preucupa, nem o chefe, nem a secretaria, nem os empregados, menos 2 homens, menos 2 gravatas, menos 2 resultados, e ninguém se importa.
Depois disso comecei a passar mal, não consegui continuar trabalhando, nem mesmo continuar observando o relógio, que passa devagar, que nos controla. Fui embora para casa, não falei nada para ninguém, ‘eles vão entender’, e realmente parecia que ninguém notou, ou se importou, ou os dois.
Chegando em casa, comecei a vomitar, uma febre me atingiu, minha esposa estava dormindo, eu pedi ajuda as ela parecia estar em um sono profundo, pois nem se movia quando eu chamava, então eu fui para o banho, me olhava no espelho embaçado pelo vapor d’água, mas o mais estranho era que eu olhava no fundo dos meus olhos, e não conseguia ver quem estava ali, não se parecia comigo, qual foi a ultima vez que eu me olhei no espelho? Sempre me arrumava, colocava a gravata, mas nunca tinha tempo para dar uma olhada no espelho, isso meu preocupou um pouco. ‘Ah, você está é abalado com essas mortes, amanha tudo volta ao normal’, eu dizia para mim mesmo, tentando me tranqüilizar, sai do banho e fui direto para a cama, estranhamente estava completamente esgotado, deitei na cama e desapareci do mundo, apaguei.
Então, o despertador tocou, a mesma musica clássica de sempre, mas dessa vez não tive tempo para ouvir a melodia ou refletir sobre ela, me levante renovado, devo ter dormido muito, não lembro nem de ter sonhado. Me arrumei rapidamente, e passei rápido pela sala, dessa vez não tomei café da manha.
Minha esposa nem notou minha presença e eu também não me importei, tinha uma investigação a fazer. Fui direto para o carro, vi minha personalidade florescer, pois tinha pressa, buzinei, xinguei, quase bati o carro, mas queria chegar logo.
Quando cheguei fui direto para a sala da administração e procurei novamente por outro empregado, possível suicida de ontem, e torci para conseguir ter mais dados que o de anteontem, mas nada. Apenas o mesmo registro, sem foto, e sem nenhum dado relevante. Decidi então ir ao prédio do lado e perguntar se alguém sabia alguma coisa sobre eles, afinal eles subiram a cobertura, será que ninguém lá sabia quem eram eles?
Chegando lá procurei, conversei com as pessoas, tentei na verdade, pois todos tinham afazeres demais e não tinham tempo para conversar, lá era um apartamento bem organizado, uns 2 porteiros e vários moradores subindo e descendo, nenhum teve tempo para falar comigo. Fiquei horas e horas buscando ajuda, mas ninguém se importava, foi quando ouvi algumas pessoas gritando do lado de fora, ‘Ele vai pular, meu deus.’ Fui correndo para fora e consegui ver, outro homem na cobertura, outro engravatado, dessa vez eu estava mais perto e consegui ver a gravata dele, parecia com uma que eu tinha, vermelha, tom de força, de personalidade, um tom chamativo, eu adorava aquela gravata.
As pessoas estavam agitadas, algo quebrou sua rotina, um homem vai se suicidar bem na frente delas, eu achei que eles estariam em choque mas pareciam mais animadas que meus colegas do escritório. Eu não entendia aquilo, pelo terceiro dia seguido um suicídio, no mesmo prédio, homens com o mesmo terno, e ninguém movia um músculo, ninguém procurava investigar, ninguém procurava ajudar.
Então eu decidi, fui correndo até a cobertura, as escadas em forma de caracóis foram rapidamente ultrapassadas, nunca corri tanto em minha vida, pensando no que falar, se eu queria realmente ajudar, se eu queria saber o que estava acontecendo, ou se assim como as outras pessoas eu queria apenas um motivo para sair da rotina.
E então eu estava lá, abri a porta da cobertura, o piso era todo cinza, com rachados, várias antenas e eu vejo em minha frente um homem de costas, olhando para baixo, para cima, pensando.
-EI, não faça isso, eu sei que aqueles homens pularam ontem e antes de ontem, eu não sei por que, mas não posso deixar outro homem pular, não faça isso.
O homem continuava sem reação, parecia que não conseguia me ouvir, ou então estava tão imerso nos seus pensamentos que não via mais nada ao seu redor, a única pergunta que eu me fazia, ‘o que o trouxe aqui...’.
-Amigo, a situação deve estar ruim, mas sempre se pode melhorar, se você pular, as coisas não vão se resolver magicamente. É preciso lutar pela felicidade.
-E o que você sabe sobre a felicidade? – Disse o homem em um tom familiar, eu me assustei, foi a primeira vez em dia que alguém tira tempo para responder alguma pergunta minha, ou falar comigo, tinha muito tempo que não tinha algum contato real com outro ser vivo.
-Olha amigo, posso não ser a melhor pessoa para te ajudar no momento, nem a mais feliz que você já conheceu, mas tenho certeza que as coisas não se resolvem assim. Luta pela sua felicidade, pelo seu reconhecimento, honre sua gravata. – Então o homem deu uma leve risada irônica.
-A gravata não é mesmo? Tudo de resume a maldita gravata, os resultados, as marcas, é o que realmente importa, a gravata azul, a vermelha, ela pode até mudar, mas o homem na gravata continua o mesmo, sem face, sem nome.
O homem começou a me assustar, ele parecia conhecer bem os problemas que rondavam minha cabeça, as duvidas mais profundas, ele parecia me conhecer. Talvez ele também trabalhe no 20° andar também, deve ser isso, é, provavelmente todos lá passam pela mesma coisa. E então o homem diz algo que me deixa em choque, profundamente abalado.
-Falando em nome, você ainda consegue se lembrar do seu?
O mundo parece desabar sobre mim, ‘meu nome, meu próprio nome’, tantos dias preocupado com a gravata, e eu nem me lembro mais, do meu nome. Me esforço com todas as forças ,tento lembrar de familiares, amigos, mas ninguém vem a minha cabeça, nenhuma memória, nenhum momento, nenhum nome.
-Você se lembra do ultimo final de semana? Da ultima festa? Da ultima noite de amor que você passou ao lado de alguém amado? Pois é, eu também não, por isso estou aqui. E também é por isso que você veio aqui, a quase 50 anos atrás, mas é claro, o tempo é relativo, quando estamos presos a mercê da nossa própria mente.
Então o misterioso homem se virou, e o que eu vi me deixou gelado, eu vi meu próprio rosto, minha própria gravata, ele sorriu para mim, e eu não consegui fazer nada, nem perguntar nada, mil perguntas se passavam pela minha cabeça, ele se virou novamente, se colocou de pé ao lado do fim da cobertura, tirou a gravata, tirou o nó e a lançou ao vento. Eu não pude fazer nada, não estava em condições, não conseguia entender, e então ele se jogou, dessa vez como todas as outras ele apenas se soltou, e deixou a gravidade fazer o resto do trabalho.
Eu estava ali, parado, olhando ao redor, olhei para cima, para baixo, me aproximei do fim da cobertura, da sua grade frágil, e por mais que tentasse não conseguia lembrar meu nome, não conseguia me lembrar de quem eu era, do por que estava ali, e por que aquele homem parecia tanto comigo, foi então que as coisas começaram fazer sentido.
‘O tempo é relativo, quando estamos presos a mercê da nossa própria mente’, o que ele quis dizer com isso? Eu estou a 50 anos vivendo isso? Porque não me lembro de nada? E então as cenas do meu dia começaram a passar, a mesma musica de alarme, a mesma mulher no mesmo lugar, as mesmas frases, o mesmo caminho para o trabalho, as mesmas musicas chatas e propagandas idiotas no caminho para o trabalho, o mesmo chefe, a mesma mesa, o mesmo relógio, eu estava preso, naquele dia, não sei quanto tempo estou aqui, tudo parece igual, tudo é igual, a gravata, é a mesma.
Então a gravata jogada vem voando, rodopiando e para sobre meu pé, eu agacho e pego ela, então eu vejo que estou sem a minha gravata, que na verdade a gravata na minha mão era a minha gravata. ‘Tudo se resume a gravata’, eu sempre tentei ser diferente, sempre tentei ter uma identidade, mas tudo se resumia a essa maldita gravata, estou preso em uma tentativa frustrada de tentar ser notado de me fazer ser notado, e nem mesmo na morte eu consegui ser notado. Tirei algumas risadas dos colegas, alguns olhares espantados dos pedestres, mas La estava eu, novamente em cima do prédio, olhando para baixo, olhando para cima, tudo era vazio, e eu me perguntava até quando aquele pesadelo iria durar.
Então eu me soltei, simplesmente me soltei, cansei de lutar contra a correnteza, eu não era ninguém, eu era uma gravata, e mesmo numa ultima tentativa frustrada de ser notado eu nunca fui ninguém, apenas mais um coitado que não agüentou a solidão do dia a dia, o cansaço da rotina, a chatice da vida. Nem no meu ultimo instante, eu fui alguém, eu nunca passei de uma gravata, uma gravata suicida.
Enquanto caia, pensava se iria doer, eu não me importava, meu corpo parecia flutuar, e não era uma sensação ruim, eu só pensava que o fim estava próximo, que o cansaço iria acabar, que a felicidade estava próxima a medida que o chão se aproximava.
E então um vazio tomou conta de mim, tudo ficou preto, eu não era mais corpo, não tinha pernas, nem braços, nem cabeça, era apenas um ponto, num buraco negro, o que está acontecendo, será esse o castigo eterno do suicida? Eu imaginava um inferno quente, vermelho, com demônios, e torturas eternas, eu sempre soube o destino do suicidas, e até isso me parecia confortável. Mas nunca pensei que o fim, era um vazio, um imenso vazio, um ponto negro na escuridão, o tempo passava, mas o que era o tempo senão uma ilusão, de uma mente limitada que nem em vida conseguiu ser alguém, ainda mais morto, uma gravata suicida, atormentada pela eternidade pelo seu maior medo. Eu nunca tive medo da morte, mas tinha medo de morrer, sem nunca ter vivido.
Então de repente o alarme toca, a suave música clássica era a única parte calma do meu dia, que irônico, o começo é sempre mais suave que o fim, talvez pela inocência de esperar algo novo, algo diferente, talvez pela esperança de mudança, mas no fim, era a mesma música, a mesma esperança, o mesmo dia.

Mensagem (Terror)

Eu estava fazendo uma viagem para o interior do Rio de Janeiro com um amigo nas férias de 2002 e tive uma experiência muito ruim envolvendo espíritos, esta é a minha história de terror.

Eram onze horas da noite e chovia muito forte, estávamos indo para a fazenda da minha tia. Levei meu melhor amigo para quebrar um pouco a monotonia do campo. Negão, como eu o chamava, resolveu tirar um cochilo e se virou pro lado e eu continuei dirigindo em direção à fazenda. Algum tempo depois eu vi no meio da estrada meu pai que havia falecido em 1996, tinha a aparência muito mais jovem do que quando morreu e eu pude ver uma luz forte ao seu redor, ele estava com um braço esticado em minha direção e seu dedo indicador e sua cabeça fazendo sinal de negativo. Eu freei forte e segurei a direção, passamos por onde ele estava e o carro rodou varias vezes até parar. Retomando do susto olhei para a estrada, estava vazia. Negão gritava sem entender o que tinha acontecido.

“Cara, eu vi meu pai que já faleceu faz anos no meio da estrada” – disse sem fôlego.

“Seu louco, quase nos matou.” – gritou ele esbofeteando no meu braço.

“Não estou brincando, acho que ele queria me avisar alguma coisa. Vamos voltar pra casa, eu não posso continuar a viagem.” – respondi chorando.

“A fazenda esta a 15 km daqui, vamos dirigir 140 km pra voltar? Nem pensar, se você quiser vamos embora amanhã cedo.” – insistiu Negão.

Pensei que ele estava certo, não tinha sentido voltar a essa hora da madrugada estando tão perto, então seguimos a viagem. Alguns quilômetros depois, fazendo uma curva o carro derrapou, perdi o controle e capotamos até batermos em uma árvore. Eu me esforcei para sair do carro, deitei no chão e olhei pro lado da estrada na esperança de encontrar ajuda, ali estava meu pai, assim como eu o vi minutos antes. Ele se aproximou de mim e disse.

“Dorme filho, você precisa descansar e se você dormir, a dor vai passar, mas seu amigo vai vir comigo”.
Sem dizer outra palavra, segurou no ombro de Negão e andando pela estrada os dois desapareceram. Eu acordei já no hospital, e descobri que meu amigo realmente morreu no acidente, eu sofri ferimentos que me deixaram o rosto marcado, mas em alguns dias estava fora do hospital. Eu me arrependo amargamente por ter ignorado a mensagem do meu pai. Não ignorem os espíritos quando eles tentam ajudar, isso pode salvar vidas.

Fim de um encanto

Hoje eu não sinto mais saudade de você. Não estou dizendo essas palavras para te atingir, me vingar ou fingir que não estou mais nem aí. Só não sinto mais saudade de você. Antes aquela saudade me consumia, fazia meus olhos encherem de lágrimas, fazia meu coração tremer. Hoje tudo isso passou. Procuro no passado o que me fez te querer tanto. Não acho. Você continua bonita, fofa, feliz. Mas não vejo mais graça nisso tudo. Não me abalo mais com tanto poder de sedução. O encanto acabou, a magia se partiu, tudo ficou bem terminado aqui dentro. Isso antes me entristecia, hoje me deixa com olhar de paisagem. Não sinto nada. Nem seu cheiro sinto mais. Antes, fechava os olhos e conseguia sentir seu perfume. Passou. Meu Deus, eu achei que nunca ia passar! Pensei que meu sofrimento jamais teria fim. Mas teve. Um fim bonito. Um fim que não deixa nem saudade, e hoje posso dizer com todas as letras, um alguém me apareceu, e mudou todo o rumo da minha vida, e olha, foi a melhor coisa que me aconteceu.

Casos e acasos

Há um certo clichê nisso. Toda essa coisa de cansar, desistir, parar, tem me enchido o saco. Nunca interpretei essas palavrinhas na forma literal do termo. Nunca desisti de verdade de você. Não que eu não quisesse, e sim, porque nunca consegui fazer isso. Eu juro, ando tentando fazer muita coisa pra essa angústia passar, enquanto o amor olha na minha cara e começa a rir, no maior tom de ironia possível. Odeio você na maior parte do dia, mas quando a saudade aperta, eu sei exatamente para onde quero voltar. Por que você nunca se importa com isso? Sério, eu faria qualquer coisa pra te ver sofrer agora, esperneando pela minha falta como uma criancinha mimada que foi pra escola e quer voltar para os braços da mãe. Mas você não é criança, e não sou sua mãe. E você também não me ama, esse detalhe é importante nessa minha tentativa estúpida de arrumar um jeito para que você sinta que preciso desse seu amor pela metade, já que por completo eu não conseguiria lidar. Volta aqui, finge que sou sua mãe e pede meu colo, depois que você sentir que é o meu corpo ali, deixo você deitar a cabeça no meu peito e te dou o livre arbítrio de fazer o que bem entender comigo. Eu estou na sua, e essa frase tem total literalidade. Deixa eu ter a liberdade de ter você na minha também.

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Sim, é para você.

Você é você mesma, no papel, na escola com seus amigos, na face enrubescida, na modéstia exacerbada e em tudo que é canto. Encanto. Já eu, nem tanto. Ah, menina. Se soubesse o quão linda você é, se espantaria com a própria insegurança que lhe persegue. Todos os homens (e até algumas mulheres) estão atrás de alguém assim, e você nem se deu conta. À margem do inalcançável, você nem sabe que o mais bonito que tem em você, é você. Os mais românticos dos rapazes iriam dizer que, mais bonito do que isso que estou proferindo, só o negócio todo no plural. Um “nós” é maravilhoso, mas sua exatidão me contorce tanto o coração que acaba me deixando imóvel. Grito, não sai som. Faço gestos implícitos, mas você não aprendeu a lidar com o obscuro. Sem movimentos, fico aqui, te filmando com os olhos que você não vê, mas que te desejam o tempo todo, enquanto dias promissores ao seu lado não vem. E talvez nunca venham. Você é você, eu sou muito menos que isso.

O meu eu

Tenho sempre a sensação de que alguém está me observando, notando os meus defeitos, procurando uma brecha para atacar a minha autoestima – que já quase não existe mais. Eu ando sem andar. É um paradoxo intrigante, triste e sem fim. Os caminhos tortuosos da vida são simbólicos, os que mais me irritam são os caminhos que eu tenho que percorrer dentro de mim mesmo. Não tenho mapas para vasculhar esse lugar. O governo da cidade do meu coração deveria distribuir mapas para as pessoas, ou, pelo menos para mim. Me sinto um camponês que acabou de chegar na cidade grande: Não sei o que fazer nesse lugar. Ou até sei, mas não sei como realizar tais planejamentos. Sabe, cara, as coisas não fluem, não me envolvem, não me alegram, parecem estar o tempo todo me dizendo o quão trágico a vida é e fica sempre nisso. Nada se move, nada se transforma, nada se eleva. Os níveis não aumentam, não há fase seguinte, soluções imediatas, resoluções eficientes, caminhos novos, nada. Tudo na mesma, trancafiando-se na inércia que maltrata o tempo inteiro. E com ela vem a insignificância do consolo. Há sempre alguém para parafrasear alguma merda dessas que leram num livro de autoajuda que a tia gorda comprou e deixou mofando na estante, alegando que você anda depressivo demais e precisa ler o troço todo para, talvez, se sentir melhor. Ao diabos com seus livros, ex-depressivos e pseudointelectuaizinhos de bosta. A única diferença entre mim e vocês é que vocês fingem ser pessoas decentes. Eu não consigo fingir que sou. E esse é um dos motivos de me deixarem por aí, sozinho. E olha só, aqui estou eu de novo falando desse lance de estar sozinho. Nem me incomodo muito com isso, na verdade. É até bacana, o céu azul passa a te olhar de igual para igual, as paredes do quarto lhe dão bom dia, boa tarde e boa noite, e ainda te olham com cara de indiferença, como se estivessem ali, sentindo o mesmo que você, enquanto você se pega pensando na merda de vida que anda levando. Levando. Que termo mais ineficaz para se usar. Deve haver alguma outra palavra para descrever a situação, mas não sei qual é. Não sei muita coisa, amigo. E isso não é legal, nunca foi, mas é necessário. As pessoas parecem saber de tudo o tempo inteiro, falando, rosnando, babando, articulando uma caralhada de palavras amontoadas em cima de mais palavras, e o inferno continua ali, do meu lado, o tempo todo, brincando com minha cabeça, rasgando os meus pulmões, esmagando os meus rins, cutucando o tumor do meu câncer existencial, explodindo as veias das minhas mãos cortadas de tanto me socar por dentro. E ninguém é responsável por isso tudo; além de mim e essa pessoa que habita o meu corpo de forma intrínseca, corroendo-me aos montes: O meu outro eu, que nada mais é do que uma cópia irrelevante do meu fracasso original.

Vida que Segue

Se passaram o quê? Quatro anos? Vinte? Dez mil? Sei lá, só sei que eu mentia pra mim, dizendo repetidas vezes: já passou, cara, já passou. Até olhar no espelho e enxergar ela refletida ali atrás, sorrindo com escárnio, sussurrando suas monossílabas irritantes no meu ouvido, bem devagar, pra foder com a porra da minha razão. Quem inventou essa coisa de razão devia ter deixado um manual de instruções tatuado na minha testa, dizendo como usá-la nessas horas. Vai ver, o filho da puta deve ter passado por uma situação assim e quis que a maioria da humanidade compartilhasse a porcaria de não saber o que fazer, mesmo nos raros momentos quando há o que fazer. E são raros mesmo, cara. Falo sério. Tão raros que eu quase nunca percebo quando aparecem. E quando percebo, acabo não tendo tempo pra pensar em algo, porque um par de meias rosas, uma escova de dentes, um dvd de uma cantora que eu não sei o nome e uma calcinha do Bananas de Pijamas se esconde entre um objeto e outro, na bagunça do meu quarto, me obrigando a levantar a bunda da cadeira e ir arrumar. Ela não teve tempo de levar toda essa parafernália, e nem fez questão de voltar pra buscar. Eu não tive tempo de levar ela daqui, e nem fiz questão também. Esse sempre fora o motivo de quase todas as minhas encrencas: os meus desejos carnais acerca de garotinhas teimosas não me permitiam jogar tudo fora de uma hora pra outra, de um ano pra outro. Mas, como me tornei um bom campeão na arte de se sentir indiferente a tudo nesses muitos anos de autodepreciação pós-rejeição, já não ligo muito. Joguei fora o par de meias, a escova de dentes, o dvd, a calcinha, eu, ela, nós, a coisa toda. Adeus, Banana de Pijamas. Não volte mais. Não faça como ela tentou fazer, quando me viu com outro sorriso, me reerguendo aos poucos com a ajuda daquela minha meio-colega meio-ficante de escola, que me deu umas boas palpitações nesse negócio que chamam de coração, e algumas poucas histórias pra contar – pra mim mesmo, enquanto fui capaz de lembrar com detalhes. Em geral, é assim que as coisas funcionam. Tudo se vai por algum lugar e você se acostuma a narrar seu próprio roteiro para si mesmo, devido a ausência de um ouvido que ouça atenciosamente toda a merda que você tem pra falar. E, quando vê, lá está você novamente, futucando o cotovelo e de cara emburrada no canto do quarto ou numa mesa solitária de um desses bares que ficam em avenidas pouco movimentadas. As nossas próprias desgraças já não são boas pros nossos próprios tímpanos, quem dirá pro dos outros, que já ouviram as mesmas histórias contadas por outras bocas que já ouviram de outras bocas que estão procurando outras para o caso de não ter com quem reclamar, amanhã, ou até mesmo em dez mil anos, numa noite de carência exterminadora de corações acinzentados. Foram quantos anos assim, hein? Quatro? Vinte? Dez mil? Não sei. Além do mais, certas histórias viraram histórias porque tiveram a necessidade de virar. Está tudo bem. Sempre está, é o que eu digo a quem pergunta. Não penso mais nessas coisas como antigamente, como eu disse. Já que meu coração partiu, e agora aparentemente escolheu outro lugar que não permite novos inquilinos, devo passar os meus próximos meses na fossa, de novo, pensando naquela carinha angelical e naquele meio-sorriso que conheci num dia desses, sem saber muito o que fazer. Em silêncio, claro. Isso é uma lei que eu mesmo criei, mesmo sem estar consciente ao averiguar os prós e os contras: Artigo número um: gostar, em silêncio; Artigo dois: sei lá o que eu faço agora, então continuarei em silêncio. Tudo bem, tudo bem. Vou ao inferno de novo, se preciso. Não me importo mais em queimar por lá. Da próxima vez que eu for passar pela passarela em chamas, tentarei pedir um manual de instruções a alguém que não seja eu. E o guardarei pra mim, até achar alguém que, estranhamente, queira dividi-lo comigo, me ensinando a compartilhar as coisas como um ser humano normal. Nem que demore quatro, vinte ou dez mil anos.

Só um desabafo

Quem inventou a porcaria da escada rolante? Degraus que se movem. E depois falam de loucura. Pessoas subindo e descendo em escadas rolantes, elevadores, dirigindo carros, tendo portas de garagem que se abrem ao tocar de um botão. Depois elas vão para as academias queimar a gordura. Daqui a 4.000 anos, não teremos mais pernas, nos arrastaremos sobre nossas bundas, ou talvez só rolemos como tumbleweeds. Cada espécie destrói a si mesma. O que matou os dinossauros foi que eles comeram tudo à sua volta e depois tiveram que comer uns aos outros e com isso só um restou e o filho da puta morreu de fome.

Tudo do mesmo

Transformo boa parte das minhas insatisfações em texto. Não sei fazer outra coisa, eu acho. Me dou melhor com o papel e esse lápis que faz curvas sobre a alma dos papéis sulfites do que com qualquer outra amenidade. Digo sulfite porque não me sinto bem escrevendo em folhas que contêm linhas, elas me dão uma sensação de enjoo, sufoco, falta de liberdade. Tenho a impressão de que cada linhazinha daquela está se juntando para criar uma organização que tem como objetivo principal derreter o crânio dos escritores amadores que acham que escrevem alguma coisa decente, mesmo que não sejam conhecidos por ninguém, nem mesmo por si mesmos. Aquele tipo de cara que sempre envia o que escreveu por mensagem a vários colegas e os importuna até a morte para dizer o que acharam, mesmo que o texto seja incomensuravelmente grande e sabendo que muito provavelmente não irá receber crítica alguma, por mera questão de gentileza, medo de acharem que não estão sendo sutis, receio de acabarem tocando na ferida, saca? Sabe, entrei no meio desses caras há uns cinco anos atrás, e até então não consegui sair. Me tornei um deles. Somos todos uma porcaria só. E, bem, por mim está tudo bem, nesse mundo de articulação de palavras ninguém realmente se importa muito com o rabo do outro, a maioria só finge. É cada um enchendo o seu próprio saco e tudo beleza. Gosto disso. Se um dia eu sair desse monólogo, ou até mesmo se me tirarem na base da porrada transcendental, escreverei sobre o assunto. Assim como todos os meus conterrâneos viciados em palavras, provavelmente.