quinta-feira, 21 de maio de 2015

Estive pensando

Tive saudade da sua voz. Uma saudade aparentemente estranha porque quando estávamos juntos, eu não costumava sentir ou não era assim tão evidente, tão aparente, tão iminente. Uma saudade tão forte que chorei, quase gritei e voltei a soluçar para dentro, onde ninguém poderia ouvir. Como será que estão as coisas pra você? Minha irmã sonhou que você era atingida e eu não conseguia te salvar. Foi terrível pensar que eu não poderia salvá-la de todas as balas e de todas as forças negativas por mais que você saiba se cuidar, e eu sei que sabe. Eu sei que você encontra outros caras e que, em meio ao riso, toda a dor é disfarçada. Tenho tido uns surtos quando penso em você, nada de anormal, mas que eu não tinha antes. Sei que te perdi, ou melhor, que eu te deixei ir. Porque viver naquele joguinho que nós nos propúnhamos era tão desonesto de ambas as partes. Eu sei que você está toda feliz, empolgada e realizada, que você está conseguindo se aliviar em outros corpos e até pensa em formar família, o mesmo desejo que você dizia ter para mim. Há repetição de todas as palavras? quer dizer, você diz sobre as mesmas coisas com ele? Sobre as músicas da banda malta e sobre como é terrível trabalhar e estudar? De como seria lindo se o mundo fosse menos pesado e as pessoas pudessem se amar? O quê você fala? Você fala dos dias em que você precisa dormir cedo ou fala de como seus pais são? Eu realmente senti uma saudade absurda de você, de repente, como se sua voz meio rouca me desejasse bom dia boa tarde boa noite como está você? E eu não pudesse responder a pergunta porque simplesmente não estamos mais juntos, ou melhor, estamos separados. Pois eu ainda estou do seu lado, guardando todos estes sentimentos de menina que você possui, e estou te abraçando pelo pensamento e dizendo tudo que não ousei dizer. Mas você sabia. Sempre soube. De como eu te amei, e desejei passar meus dias e, quiça, minha vida ao seu lado. Não me importava os que diriam, eu juro que fugiria e correria, abraçaria seus pecados e teria-os comigo também. Tô tão triste. A gente nem conversa direito, as palavras ficam embaçadas e trêmulas e eu fico com uma dor no peito, dor de gente que perdeu o que nunca teve. Sabe essas chuvas que só servem para molhar os desertos e saciar a sede dos nômades? Sinto que foi isso. A coisa toda. Só isso: uma chuva efêmera, um grito de susto, um abraço que não existe mais. Uma saudade, que meu deus, machuca demais muito demasiadamente. Uma saudade porém um aviso também. Um aviso que me diz que acabou. Não existe, não há, não resta. Nada. Além do vazio, da sua voz e do seu corpo em outro.

Esqueceram de contar

Fizeram a gente acreditar que amor mesmo, amor pra valer, só acontece uma vez, geralmente antes dos 30 anos. Não contaram pra nós que amor não é acionado, nem chega com hora marcada. Fizeram a gente acreditar que cada um de nós é a metade de uma laranja, e que a vida só ganha sentido quando encontramos a outra metade. Não contaram que já nascemos inteiros, que ninguém em nossa vida merece carregar nas costas a responsabilidade de completar o que nos falta: a gente cresce através da gente mesmo. Se estivermos em boa companhia, é só mais agradável. Fizeram a gente acreditar numa fórmula chamada “dois em um”: duas pessoas pensando igual, agindo igual, que era isso que funcionava. Não nos contaram que isso tem nome: anulação. Que só sendo indivíduos com personalidade própria é que poderemos ter uma relação saudável. Fizeram a gente acreditar que casamento é obrigatório e que desejos fora de hora devem ser reprimidos. Fizeram a gente acreditar que os bonitos e magros são mais amados, que os que transam pouco são confiáveis, e que sempre haverá um chinelo velho para um pé torto. Só não disseram que existe muito mais cabeça torta do que pé torto. Fizeram a gente acreditar que só há uma fórmula de ser feliz, a mesma para todos, e os que escapam dela estão condenados à marginalidade. Não nos contaram que estas fórmulas dão errado, frustram as pessoas, são alienantes, e que podemos tentar outras alternativas. Ah, também não contaram que ninguém vai contar isso tudo pra gente. Cada um vai ter que descobrir sozinho. E aí, quando você estiver muito apaixonado por você mesmo, vai poder ser muito feliz e se apaixonar por alguém.

quinta-feira, 14 de maio de 2015

São só.....lembranças


'Talvez'

Tive uma certa resistência ao amor até certo ponto da vida, achava tudo que o envolvia muito exagerado e superestimado. Passei grande parte da adolescência preso a um pensamento de que talvez a vida fosse bem melhor sem essa obrigação quase que moral de sentir esse sentimento por qualquer pessoa que pudesse ser de suma importância pra mim, pois é, achava o amor muito comercial. Tive uma namorada, um cachorro e dois gatos, todos muito importantes e que me arracaram lagrimas ao partirem. É da vida, não? Todos partem, mesmo que o partido seja você…Rambo, meu cachorro, dormia no meu quarto em noites de chuva e sempre ficava gemendo quando caía um raio por perto, essa é a minha lembrança mais forte dele porque assim como ele eu também tinha e ainda tenho medo de chuvas, digo, das fortes e com bastante raio… Rambo não foi embora porque quis, ele latia muito e isso acabou sendo sua sentença, coitado, morreu envenenado por fazer algo que era da sua natureza fazer. Chorei. Logo depois veio meu primeiro gato, ganhei da minha mãe por provavelmente ter feito ela pensar que ganhando outro companheiro me faria esquecer do rambo, meu falecido cachorro. Perda de tempo. Em geral as pessoas têm esse costume de substituir as coisas quando não mais fazem diferença, era e ainda é difícil pra mim aceitar que as pessoas também troquem pessoas e animais da mesma maneira, sempre achei isso de uma tristeza e falta de… Bem, amor, talvez. Entende? Bem, o garry, meu gato de estimação viveu por bastante tempo, se fosse um ser humano eu o classificaria como um hippie, pelo modo como vivia, sabe, meio desligado das coisas e dos seus bens materiais que eu insistia em comprar pra ver se ele parava um pouco em casa e quem sabe parasse de brigar nas ruas… garry morreu apanhando, digo, da vida. Morreu de velhice, mas antes deixou um filho. De qualquer forma eu chorei. O filho do garry, meu falecido gato, veio logo após à despedida da minha namorada, porém não, ela não morreu, fisicamente falando. A minha ex, a Brunna, era bem parecida com o rambo, tinha uma maneira bem clara e objetiva de demonstrar o seu sentimento por mim. Eu gostava. Brunna tinha uma síndrome com seu nome por achar que era um nome pra gente velha e ela não tinha nem 18 anos. Besteira, sempre achei um charme esses dois 'b', mas nunca disse a ela pra que ela não achasse que eu estaria a elogiar algo que ela não gostava. Depois disso tudo, tive uma outra namorada, mais branca do que tudo, era muito bonita, tinha olhos claros. Também era de uma pele muito branca e geralmente apresentava um cheiro de frutas. Mas das limpas e recém-compradas. Eu gostava. Bom, Lilith, filha de garry falecido, era uma gata um tanto quanto estranha, ela apresentava um pouco de todos os outros, gostava de rua, era carente, dormia no meu quarto, tinha medo de chuva e só vinha atrás de mim quando sentia fome. Certo dia, acordei de manhã, e vi lilith estirada no chão. Chorei. Minha branquela não conheceu lilith, nem o rambo. A branquela também partiu. Ela talvez me amasse, contudo não tenho tanta certeza assim. ela sempre demonstrava seu amor por mim, mas sempre foi muito difícil pra mim acreditar que aquilo era amor, talvez. Talvez. O amor pra mim sempre foi um grande TALVEZ. Talvez rambo tenha me amado, talvez ele só gostara do cheiro do meu quarto. Talvez lilith me amasse, talvez ela só queria comer.… Talvez ela só tenha encontrado uma caixa de areia melhor em outra vida. Talvez a branquela tenha me amado, talvez ela só fosse uma pessoa carente. Ela gosta de hamster, talvez ela tenha um, mas acho que dessa vez esse possa ter barba no lugar de pêlos. ela sempre gostou de barbas. Contudo, sempre gostou de amar e de quem a ame. Ela deve ter um hamster de barbas que se chame 'luna'.Ela não partiu daqui para outra vida, mas me partiu por ter partido pra outro alguém. Ela não partiu, mas eu chorei.

Ele é assim

Ela tem uma risada incrível. E sem querer ser um babaca, mas ela tem tudo pra ser perfeita. Mas não é, claro. Ela tem mil idiotices e chatices na bagagem. E ela tem medo de tudo. Tem um ar de menina independente, que não precisa de ninguém. Mas quando tá no escuro, ainda pede pra alguém abrir um pouquinho a porta e deixar a luz entrar. Ela tem medo de borboletas, cara. Quem no mundo é assim? Mas ela é tão indiferente, que a minha diferença não afeta ela em nada. Eu acho que ela pode ser o mundo inteiro se ela quiser. E ela é teimosa. E guarda rancor na mala. Ela sabe perdoar, mas precisa de umas aulinhas de como esquecer. Quando ela desiste ou acha que sabe de tudo, não tem jeito. Meu Deus, que mania insuportável que ela tem de achar que pode burlar tudo o que mandam ela fazer. Porque ela nunca tá satisfeita com nada. Nadinha.

A ferida chamada ''você''

Pra dizer que teu amor foi daqueles que me roubou a pele, a vergonha, as vértebras, os deuses, as falas, os gestos, os tempos, as vidas. Pra dizer que eu te amei demais, muito mais do que supus, e que quis muito que tudo ficasse bem entre nós, mas que não foi bem assim. Dizer também que queria poder escrever mais, porém sinto atrofia e preguiça de relatar, novamente, como eu te quis, como eu me dei e como você poderia ter reagido a isso. Como tentei te salvar e por tentar te salvar, acabei me perdendo entre tantas guias e tantas ausências que nem eu sabia como suprir. Dizer que eu ainda te amo, que enquanto nada acontece, nada se resolve e você não fala, eu continuo aqui, esperando você notar, que você venha me roubar pela última vez e me levar daqui. Dizer que sinto uma ausência de quando nós conversávamos, mas que você não se importa muito, e nunca se importou, se era ausência ou presença. Mas que eu te amei assim mesmo, falando desesperadamente com a sua irmã, para ela me dizer algo de você, algo que acalmasse meu coração bravio, algo que me desse esperança de que você não havia perdido. Pra dizer que eu escuto seu nome ao longe e choro de aflição e me escondo atrás dos escombros que jogaram em cima de mim. E que estou mais triste mais intenso e mais feliz. Mas que também choro pelas pessoas que perderam seus braços no vietnã e pelas pessoas que a vida tirou de mim. Uma solidão que me roubou, uma agonia que tirou-me de mim, açoitou meus dramas e me fez viver com a ferida exposta. Pra dizer que súplico pelo seu calor entretanto não quero morrer dele, e que quero que entendas as minhas manias de fuga também. Por que não lhe disse que também sei fugir? Que também possuo pés capazes de voar? E que também tenho medo e por isso posso querer morar em outro esconderijo, que não você? Pra dizer que eu te amo eu te amo eu te amo, tanto que não posso mensurar, e é até pecado escrever, porque podem roubá-lo de mim. Pra dizer que teu corpo é como um oceano que margeia uma ilha deserta e que seus lábios são coxas de anjos que viraram poemas em algum lugar da terra. Pra falar que sinto uma inenarrável vontade de voltar no começo, no princípio, naquilo que foi de uma paz imensa, naquilo que causou um espantamento, no que foi mais do que amor. Aonde foi mais do que amor. Incomparável amor. Dedução ilógica de um sofrimento que não planejo mas que vem e sopra tudo e todos em cima da minha ferida - aberta, chamada seu nome.

terça-feira, 12 de maio de 2015

(Desaba)fo

Sim, você teve alguém que pudesse ficar do seu lado sem desistir, um alguém que não se importava em deixar de descansar só pra ficar do seu lado quando você precisasse, você teve alguém que te diria ''sim'' pra tudo, e enfrentaria o mundo por você, sim... você teve alguém que não se importava com a sua aparência, que poderia passar o resto da vida olhando para esses seus lindos olhos, você teve alguém que te falava todos os dias o quanto queria ter uma vida ao seu lado, alguém que planejava ter filhos com você.
Por tanto, antes de dizer que ninguém se importa com você, que o amor não existe, volte um pouquinho lá atrás, e resgate a memória de um cara que mesmo enfrentando suas próprias tempestades, quis te proteger das rajadas que a vida te trazia, mas você não deu valor.

Queria ter amado mais, ter chorado mais

Em dias comemorativos eu penso absurdamente mais em você. Queria que você me levasse em sua casa, me apresentasse à sua família e dissesse aos que quisessem ouvir que sou o homem da sua vida. Queria cumprimentar sua mãe e chamá-la de sogra, porque sei que se chamasse de mãe você morreria de ciúmes; queria sentar na sala de estar da sua casa, ao lado do seu pai, e discutir futebol, mesmo sabendo que ele torce para o são paulo, e por eu ser corinthiano ele me xingaria, mas eu faria para te agradar. Queria colocar sua irmã mais nova nas costas e brincar de cavalinho, até ela cansar e me chamar de idiota e dizer que não sou homem para você, e riríamos, pois saberíamos que ela estaria errada. Ao anoitecer eu te levaria para passear, tomar sorvete à luz da lua, numa sorveteria qualquer, só porque te acho absurdamente linda quando fica irritada. E, no final do dia, te levaria em casa e te beijaria no portão, seguraria sua cintura e sussurraria em seu ouvido que aquele tivera sido o dia mais feliz da minha vida, mesmo sabendo que eu estava errado, pois cada dia ao seu lado seria melhor que o outro.

Eu quis mesmo assim

Você não perguntou como foi o meu dia, mas eu queria te contar mesmo assim. Não foi tão diferente dos outros dias, é verdade. Sei que não sou uma pessoa muito interessante, que sempre vai ter assunto em cima de assunto. Sou meio rotineiro, sem graça, mal feito. Eu sei. Mas em meio as pessoas vazias que encontrei hoje, percebi que eu, eu estava cheio de você. Não um cheio da forma estúpida da coisa, era um cheio de vontade, desejo, saudade. Umas três vezes eu quis estar com você. Tudo bem, foram umas cinco. Eu disse que não gostava daquele seu cantor favorito, mas me peguei ouvindo uma musica, só para lembrar de você, só para te trazer pra perto. Porque, você sabe, que estava longe. De mim, do meu cheiro, de nós. Segui em frente, continuei meus afazeres diários, minhas sentenças da vida. Vi um casal na rua, enquanto voltava pra casa, um deles falava: Você não tem medo de nada? E o outro respondeu: Tenho, de cobras. Eu não me contive, e respondi também, na minha mente, pensando em você: Tenho, de te perder. Cheguei no meu quarto, e não recebi uma mensagem sua dizendo ''Oi mozão'', já era esperado, sonhos são sonhos. Que eu sempre tenho esperanças de se realizar. Quis te buscar, quis te ter, quis chorar, quis você. Mas você sabe, era só mais um dia qualquer, como os demais. Você não perguntou como foi o meu dia, mas eu quis te contar mesmo assim.

A carta da princesa iludida

Eu senti milhões de coisas por você. Amor, carinho, amizade, cuidado, raiva, dor, mágoa. Eu repeti pra mim mesma tantas vezes que não podia deixar você me destruir, e deixei você estragar cada coisa boa que eu via em mim mesma, cada lugar que eu gostava de ir e cada música que eu gostava de ouvir. Se eu era madura, inteligente e coerente, com você eu era só um corpo, completamente nu, sem o mínimo de lucidez, esperando pra ser moldado. O que eu fiz por você nenhuma pessoa sã faria. Eu esqueci tanto de mim, esmaguei o meu eu numa caixinha minúscula pra ser o que você queria, pra ter você por perto. Eu sabia que eu tinha perdido a minha lucidez, o meu senso crítico, o meu amor próprio. E mesmo assim, eu continuei. E eu te pergunto: “Pra quê”? Foi tudo tão cruel. Num dia a gente se tem pra tudo, no outro eu tô completamente sozinha. Num dia a gente se ama, no outro nem se fala. Num dia você me quer mais que tudo, no outro você quer tudo mais que a mim. Mas por tudo que a gente viveu junto, pelas coisas que eu senti e não sei colocar em palavras, por todas as vezes que a gente voltou um pro outro, eu quase acreditei. Eu desisto de tentar entender você, e só aceito. Eu não vou mudar você. Você não vai mudar. Se você é esse ser humano frio e vazio, se nada que eu fiz ou disse conseguiu tocar você nem mesmo na superfície, então você não vai mudar, nem hoje, nem daqui a milhares de anos. Eu assisti ao meu amor morrer. Eu vi a sua morte em cada cantinho. Ele morreu quando eu fiquei chorando te pedindo pra ficar e você foi embora. Ele morreu hoje quando eu assistia a minha série favorita e o cara fez na moça o meu carinho preferido. Morreu. O meu amor morreu. Morreu tanto. Morreu um milhão de vezes. O meu amor morreu, porque não há amor que resista. Por todas as vezes que você me fez gostar mais de mim e por todas as vezes que você me fez não gostar nada de mim, por todas as vezes que eu rezei pedindo pra não sentir, por todas as dores de cabeça do dia seguinte, por todas as lembranças boas, e pelas ruins. Pelo começo, pelo meio e pelo fim. O meu amor morreu e eu fiz questão que fosse assim. Porque eu mereço mais.

segunda-feira, 11 de maio de 2015

Sentimentos guardados

Ontem Pela primeira vez em 7 meses, eu li umas mensagens que  te escrevi, e eu chorei sem parar, tudo isso porque eu estava lendo um texto e nele o menino dizia “Você vai ter que aprender a viver sem mim, garota”, sabe como aquilo me doeu e soou familiar? Depois de 7 meses sem você eu abri a gaveta, tirei dela o envelope azul com um papel que eu havia escrito que seria para a vida inteira. Li nas cartas promessas lindas, pedidos de desculpas, declarações, musicas e vi desenhos que fiz quanto você dormia sem avisar. Eu evitei esse tempo todo em abrir aquele envelope porque sabia que isso podia me trazer sentimentos fortes, mas eu só estava me enganando, porque eu sabia que nenhum daqueles sentimentos tinham sumido, eles estavam ali o tempo todo, mas eu usava eles como desculpa para não chorar mais ainda ao ler elas. Aquele anel que te mostrei no ônibus? Guardado no envelope junto de todos os bilhetinhos que diziam: “Quer casar comigo?” Por mais que a nossa idade fosse nova e ainda é, eu respondia aquilo com uma verdade tão pura que seria igual ao dia em que eu te  pedisse ajoelhado depois de anos juntos. Eu estou tão perdido meu amor, se você soubesse como tudo está tão caótico aqui dentro, seria de imensa gratidão ter você aqui agora para me ajudar, mas o triste é que você sabe que sinto sua falta, mas acho que você não sente mais a minha, talvez as palavras que tenha usado não tenham sido para dizer que não sente mais minha falta, mas sim apenas para me fazer acreditar nessa verdade, que no caso não sei se devo acreditar, porque no fim todo nosso amor acabou em uma mentira, não me refiro à amor sentimento, porque esse ainda tenho de sobra por você aqui dentro, mas sim a amor de relação que essa infelizmente não temos mais, mas secretamente rezo para que ela volte um dia. O que mais me doeu ler todas aquelas cartas? Você me pedindo para nunca te deixar e no final ter sido você que me deixou.

Segredo

Eu olho para o passado e penso que queria ter passado mais tempo ao seu lado, sei que ainda que curta a intensidade da nossa história, fez dela forte e indestrutível, mas queria mais páginas para o nosso pequeno livro de capa dura. Li por aí que o verdadeiro lar das pessoas que amamos sempre será nosso coração, independentemente de onde elas estejam. É assim que eu consigo lidar com tua ausência física, você permanece aqui dentro de mim. Nem sempre é fácil, já fazem dois meses que não ouço tua voz, que não vejo teus olhos brilhantes e intensos, que não sinto o calor do teu abraço… Quero acreditar que independente de onde esteja agora, você ainda pode ler o que eu te escrevo e sentir todas as vezes que a saudade rasga meu peito, quero acreditar que posso levar paz pro teu coração ao lembrar de todos os teus bons momentos aqui. Eu sei que eu deveria ter te procurado mais vezes, eu deveria ter enfrentado melhor as barreiras pra passar mais tempo ao seu lado, a gente sempre acha podia ter feito mais não é? Mas eu sempre sorrio ao me lembrar de você, e acho que isso significa que o pouco valeu muito, valeu mais do que muitas futilidades que algumas pessoas valorizam por aí. Quero acreditar que você também lembra de mim, de nós, e que também sorri quando pensa no nosso pouco. Eu sei que a morte não é capaz de destruir o que o coração construiu, eu sempre vou te amar.

Porquês

A vida é feita de lembranças, tudo passa… Aquele momento que aconteceu a 1 ano atrás ou a 5 ou 10 anos atrás são lembranças, a 10 horas atrás são lembranças a 1 hora atrás são lembranças, aquilo que aconteceu a 10 minutos atrás são lembranças, aquilo que aconteceu a um minuto atrás também são lembranças, o que aconteceu a 10 segundos atrás são lembranças… O que aconteceu a exatamente 1 segundo atrás é lembrança…
Então me diz porque você não vive intensamente sem se preocupar com o que os outros vão pensar ou se vai magoar ou não alguém? Porque você não vive do seu jeito, sem se preocupar se vai ou não agradar alguem? Porque você não ri do seu jeito mesmo que sua risada seja estranha? Porque você não vive pra você em vez de viver para os outros que não te merecem meu amor? Porque você não agarra suas oportunidades sem pensar se vai ou não ser uma boa escolha? Porque você não corre atrás dos seus sonhos igual um louco? Porque você se preocupa tanto com o futuro?
Tudo é passado, não existe futuro, existe o presente que é definido agora nesse momento, nem um segundo a menos nem um segundo a mais, aqui é o presente e aqui que devemos viver! Dar o nosso melhor exatamente agora, pois não vivemos de futuro, vivemos de passado e o passado é a cada segundo que passa…
Tudinho, TUDO é passado, então me diz porque você se preocupa tanto com as coisas que vai fazer, os sonhos que vai sonhar, os amores que vai amar, os erros que você pode dar… O importante é tentar é viver é errar é acertar.
Não se preocupe com essas coisas pois vai se tornar passado, vai se tornar lembranças e vai ficar esquecido no passado, tudo que fica no passado, não dói como dói agora no presente. Então não se preocupe, não pense muito, apenas seja feliz do seu jeito meio torto. Me diz quem é perfeito?
Então pare de tentar ser perfeito e seja você mesmo. Por mais que seja estranho, seja você.
Não se esquece disso, a vida é um sopro, que a vida suga de volta no ultimo suspiro, Ela passa voando, você tem que deixar os “porquês” de lado e começar a fazer o que você quer, o que você ama, o que te deixa feliz, o que te satisfaz…
Pior que errar é chegar no final da sua vida e pensar “Eu poderia ter feito aquilo.” “Eu poderia ter amado ela(e).” “Eu poderia ter ido atrás disso.” “Eu poderia ter aproveitado mais aquele momento.”
Você tem que chegar lá no final e dizer “Eu fiz tudo que eu quis, fiz tudo do meu jeito meio estranho e meio torto, mas eu fiz.

sexta-feira, 8 de maio de 2015

As coisas que acontecem em algums relacionamentos

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– (…) Eu sou bem fechado e sempre tive medo de me relacionar.
– Com razão! Quem gosta de correr o risco de se ferrar?
– Ouvi uma vez que entrar numa relação é a coisa mais incrível e assustadora que alguém pode fazer. Entrar na vida de alguém e deixar alguém entrar na sua vida é extramente complicado. As pessoas são complicadas. E quando as pessoas são complicadas e gostam de complicar tudo vira um inferno.
– Tá falando da garota de escorpião?
– Não exatamente. Tô falando de ter medo do envolvimento. De dar seu coração pra alguém.

Essas são as 7 coisas que andei percebendo

1 – Se entregar

Dá pra dizer que se entregar é o primeiro passo de uma relação, e também um dos mais difíceis (relação “formal” com status no Facebook, fotos no Instagram e essas exigências modernas, não aquele miojo que você come regularmente e sem compromisso).
O primeiro passo em qualquer coisa é difícil. Seja começar uma dieta, ir ao banco, estudar pra uma prova ou se abrir e se entregar à alguém. É sempre complicado!
Deixar alguém entrar na sua vida é meio que dar o aval pra ela fazer o que quiser na sua casa. É falar “Olha, a geladeira é ali, o sofá é aqui, a cama é a melhor parte da casa e você pode deitar nua nela! Fica à vontade e não repara na bagunça…”, e esse alguém realmente entrar. E apesar dos móveis fora de lugar e de reparar algumas rachaduras na parede causadas pelo inquilino anterior, ele achar aquela a casa mais linda e confortável que existe.
Daí só te resta torcer que ela não seja como oa que foram embora e deixaram sua casa bagunçada. Mas que ele entre e coloque tudo no lugar, faça uma faxina contigo, deixe o lugar mais bonito e faça sua casa crescer. Aí sua casa vira um lar.
Mas definitivamente dar a chave da sua casa pra alguém é aterrorizante.

2 – Perder sua identidade

Todo mundo conhece aquele casal que antes de se conhecer eram pessoas legais, tinham suas rotinas, amigos, hobbies e suas próprias identidades.
Mas aí se conheceram e se tornaram um casal. Um casal CHATO PRA CACETE que não são duas pessoas, mas uma entidade: você não chama o João pra beber, você chama o João&Gabi. Você não chama a Gabi pra ir ao cinema, você invoca das profundezas do abismo a João&Gabi. Eu nem sei se uso “o” ou “a”, porque é completamente indefinido o que esse ser é.
Eles tem perfil compartilhado no Facebook. Eles só vão num lugar se o outro for. Eles só tem amigos que os dois conheçam, e em consequência passam a só ter casais como amigos. Eles não tem mais identidade própria.
Ok ser um casal que gosta de fazer as coisas juntos e não se desgruda, é gostoso. Mas é necessário ter sua individualidade também. Ter seu tempo, seu gosto, seus amigos e suas coisas.
Aliás, você não precisa ter medo de ser assim se você tem personalidade suficiente pra ser você mesma.

3 – Não ter retribuição

Imagina que você olha bem uma loja, passa um tempo considerável analisando todos os produtos até achar aquele que é perfeito pra você, relembra seu histórico financeiro, pensa mais um pouco, olha em volta pra ter certeza, e decide comprar.
Paga parcelado em trocentas vezes (porque todo relacionamento é cobrado ao longo do tempo) e quando recebe é uma caixa vazia.
Tem relacionamento que é exatamente isso.
Você quem se doa, quem corre atrás, quem se entrega. Quem dá carinho, atenção, amizade,  suporte, sexo.
E é você, só.
O outro tá ocupado demais recebendo isso tudo, meio que não sobra tempo pra retribuir, sabe?
O pior é quando a retribuição, a retribuição mínima que seja (tipo, sei lá, um presente bobo ou um convite pra um restaurante) se torna grande coisa pra você.
Se você se acostumou a se doar e receber migalha em troca… eu sinto pena de você.
Ou não.
Cada um deveria saber quanto vale o próprio tempo e principalmente o próprio amor.
Se o seu vale migalhas, fazer o quê?

4 – Não serem amigos

Existe a possibilidade de vocês já serem grande amigos antes do começo da relação.
Existe também a possibilidade de se tornarem grandes amigos ao longo da relação.
Em todo caso, ótimo!
O problema é quando não tem amizade de verdade entre o casal.
Pensa que aconteceu algo muito triste com você nesse momento: andando na rua um pombo cagou no seu sorvete, você ficou com raiva, se distraiu e tropeçou, destruiu o trabalho que você fazia há dias e torceu o tornozelo na queda. Quem é a primeira pessoa que você procuraria pra reclamar muito da vida?
A situação é hipotética (não é, aconteceu comigo, menos a parte do tornozelo), mas define bem amizades e prioridades.
Se ela não é a pessoa que você se empolga em mostrar uma música que você acabou de descobrir, ou uma série que você acha incrível, ou aquele link legal que você esbarrou pelas internets… temos um problema.
Porque talvez também não seja ela a primeira que você corre pra ter apoio, pros seus segredos, seus medos, frustrações, objetivos e sonhos.
E não dá pra ter só um dos dois casos.
Se é pra estar contigo, tem que ser o amigo pras horas boas e ruins.
Relacionamento sem amizade é sexo com um colega ou um estranho, não é sexo íntimo. Não é um relacionamento íntimo.

5 – Aparecer “alguém melhor”

Esse é meio bobo mas bem comum.
– Bobo nada! Eu sei que ele tem lá as amiguinhas dele. Tudo piranha(!).
– Mas você nem conhece as gurias.
– Ah, mas são! Só que elas são bem bonitas até. Então eu fico com medo de ele se interessar e…
– …e nada! Se ele se interessasse ele teria feito algo! E você provavelmente só saberia algum dia qualquer. Mas se vocês estão juntos, você deve (ou deveria) confiar nele o suficiente pra não ficar pensando esse tipo de coisa. Mas, principalmente, deveria confiar em você mesma! Ele tá contigo, não com elas. Você tem suas qualidades. Mulher auto confiante é mais atraente do que muitas outras coisas que mulheres aleatórias possam ter.
Acredite, não existe “alguém melhor”. Existe várias pessoas diferentes da gente, mas ninguém melhor ou pior.
E se você dá motivos suficientes pra que aquela pessoa goste de você, goste da relação e de estar com você, nunca vai existir esse outro alguém melhor.
Mas se você não cuida direito e não trata como se deve… bem, lembre-se que nesse caso a grama do vizinho pode mesmo ser mais verde pra ele.

6 – Acabar o tesão

Isso é fim de relação. Sério.
Se o tesão acaba vocês são só dois amigos que se dão beijos (sem graça) ocasionalmente.
Várias coisas podem ser feitas pra manter o tesão numa relação, mas às vezes é inevitável, seja lá por qual motivo for. E nesse caso não tem muito o que se fazer mesmo.
Estar numa relação onde o desejo físico pelo outro morreu é meio triste.
É como se não fosse uma relação completa, vívida e empolgante pros dois.
É como se a única coisa que unissem vocês agora é a amizade, a rotina e a acomodação.
Aliás, ficar acomodado é a pior coisa que se pode fazer numa relação. Tenha ela 30 dias ou 30 anos.
Se perceber que você ou a outra pessoa está acomodado na relação, tá aí o começo do fim.
Faça algo.
Ou testemunhe o (esperado) fim.

7 – Quebrar a cara (e o coração)

Esse é o medo mais comum e inevitável.
Mas também é o mais idiota.
É complicado se entregar à alguém e deixar que aquela pessoa cuide do seu coração. Isso fica mais complicado quando você já teve decepções no passado.
O medo de se machucar aumenta muito quando você já sofreu antes. Parece que toda nova pessoa que se aproxima é uma nova chance de acabar se machucando.
Mas é extremamente covarde e bobo deixar que alguém do seu passado, alguém que causou algo ruim no seu passado, impeça que você seja feliz no seu presente.
Por que você vai permitir que alguns remendos no seu coração atrapalhe a possibilidade de você estar com alguém que vai cuidar dele como ele merece?
Você sempre vai correr o risco de quebrar a cara num relacionamento. Não tem como fugir disso.
Toda relação pode eventualmente chegar ao fim.
Mas o que é a vida sem riscos, né?
Chata. Entediante. Não tem Nutella, bacon e nem internet lá.
Não queira isso.
Você só tem que saber por quem vale a pena correr esse risco.
Por quem vale a pena enfrentar esses medos.
E por quem vale a pena entregar seu coração.
Assim quando você olhar pra lado vai ver que tudo isso valeu a pena.

segunda-feira, 4 de maio de 2015

Dias atuais

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Carência, tem disso, quando descoberta, te joga ao peito a sensação – quase – impotente de achar que nunca algo dará certo. Mas, dá. Sempre dá. (Melhor pensar assim)
Encontros não precisam de tempos estipulados para se tornarem únicos e darem certo, quando algo hoje sai do virtual para o real, agradeça, pois certamente você é uma pessoa de sorte. Se após o encontro – real – as coisas caminharem para os lados não favoráveis ao amor, respeite e acredite, já deu certo. Deu tão certo ao ponto de acabar no momento exato.
Hoje, é cada vez maior o número de amores fugazes, daqueles que se envolvem e na manhã seguinte, somem. Vive-se a era do “pra já”, esquece-se o cultivo do amor. Pintam-se frases perfeitas, ditas quase sempre da boca pra fora, ilude-se muito, respeita-se pouco e o egoísmo é cultivado o tempo inteiro. Afinal, para que se preocupar com o outro e suas dores?
E em um passe de mágica a dor se instala, o incômodo aparece e nós temos que lidar com isso mais uma vez sozinhos. Hoje, me convenço que não existe esforço, as pessoas assistem seus próprios fracassos com as cabeças encostadas em travesseiros ou confidenciando seus segredos aos analistas, os sorrisos são esquecidos, os traumas potencializados e a gente coloca um sorriso – forçado – no rosto e sai à rua porque a sociedade exige, porque nossos amigos dizem que tem que ser assim, porque pra quê ficar mesmo se lamentando?
(Re)pensar se houve falhas, tentar encontrá-las, responder perguntas que a mente insiste em nos fazer, é sofrer. E penso eu, duas vezes. E o tempo hoje não prega isso. Vivemos na era da autossuficiência, é como se não precisássemos de respostas, todas em absoluto, já estão respondidas e no fundo a gente sabe, não queremos tentar, tentar envolve tempo e tempo hoje, é ouro.
Chegamos a era da análise prévia, rostos deslizam da direita para esquerda em telas de smartphones, notas são dadas por uma única foto, hashtags criadas para informar o que o ser observado tem de melhor e nesse meio tempo, tudo vira virtual, descartável, insosso, sem voz e sem toque.
A pessoas tem pressa, infelizmente. Até eu que aqui escrevo, tenho lá as minhas. Já vivo o incômodo da balzaquianice, com os medos impostos pelo mundo do lado de fora do meu corpo, o qual, em hora faço parte e em alguns momentos tento não fazer.
A verdade é que são confusos os dias atuais. O medo existe em todos. Cada um de nós carrega em si o peso árduo das dores e fracassos, as vitórias são minorias, e amor de verdade, hoje, é uma vitória daquelas difíceis de se ver, onde o pódio existe, a champanhe está lá, mas não há vencedores.

Mas, como amar em meio ao caos que se vive?
Pra que assumir que está apaixonado, se a moda agora é somente sinalizar algo quando a outra parte der o primeiro passo, e se não der, a gente beira o vácuo, na incansável e torturante tentativa de estar do lado do time que ganha, que tenta conduzir os sentimentos como um jogo de merecimento, onde ganha, quem oferece o corpo perfeito, a condição financeira ideal, um excelente trabalho, uma boa rede de relacionamentos e aquele sexo fenomenal.
Deseja-se hoje um foco, não o todo. Não adianta ter tudo e não ser bonito, como também, não adianta ser bonito e não ter tudo.
E sendo assim, no meio do nada que muitos insistem em afirmar que é tudo, a gente vive, na certeza quase dura de ter que acreditar e engolir que as coisas mudaram e que ir pela contramão é comprar uma briga com os seus bons amigos e o restante do mundo, como se já não bastasse o dilema entre ser igual e ser diferente.
Enfim, que eu não perca a fé.
Que nossos excessos sejam perdoados.
E que a gente volte a acreditar, que os bons são maioria, apesar de tudo.
E sem medo, sem dores.

como é triste

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Como é triste o fim de um amor. Num dia eu-só-quero-você, no outro eu-não-quero-mais-te-ver. Como é triste trocar as palavras amorosas e gentis pelas palavras ríspidas e frias. Como é triste o fim.
A crueldade do fim está nos detalhes. Fingir amadurecimento quando o que mais se quer é sentar no chão e chorar, chorar e chorar até pegar no sono e alguém te carregar para a cama. Aquela mesma cama que no passado foi o palco perfeito para transbordar todo esse sentimento gigantesco que hoje te mata a cada segundo de sobrevivência. Como é triste sobreviver ao fim.
Como é triste engolir a angustia, o ciúme e o desespero tudo numa garfada só. Aquela boca hoje já não beija mais a sua boca. Aquele corpo se enrosca em outro corpo. Aquele cheiro, que você encostava nariz com nariz e pedia apenas mais uma respirada para nunca se esquecer, hoje respira em outro pescoço. E você sabe, só você sabe, como esse pescoço novo não é merecedor, pois nunca será grato da forma devida por essas respiradas tão sublimes. Só você. Só você e o seu pescoço já vazio podem saber. Como é triste o ciúme do fim.
E você tem que reagir. Tem que levantar, caminhar e fazer novos planos. Como é triste deixar o passado passar. E você tem que conhecer pessoas novas, cheiros novos, camas novas. Como é triste provar outras bocas. E você tem que sorrir para a sua família, para os seus amigos, para o seu porteiro. Como é triste a falsa felicidade do fim. E a sua família, os seus amigos e até o seu porteiro sabem que não está tudo bem. Como é triste não conseguir nem fingir.
Como é triste desejar felicidades enquanto compromete a sua própria. Como poderiam essas palavras serem sinceras quando no fundo, o que você mais deseja é machucar quem tanto te machuca? Como é triste o frio na barriga ao esbarrar com aquele olhar já tão distante e trocar o beijo na boca apaixonado por dois beijos na bochecha que nada significam. Estar tão perto e tão longe ao mesmo tempo. Como é triste mendigar qualquer segundo ao lado por mais pobre que seja enquanto sabe, lá no fundo, que é preciso dizimar qualquer esperança que só vive nas suas fantasias.
A cada dia, uma nova tentativa fracassada. Você busca nos livros, na televisão, nas saídas, nos amigos uma explicação, uma frase que console, uma palavra que amenize, um olhar que entenda. Quanto tempo demora para o amor ir embora quando o amado já se foi?
Você se esforça para lembrar de esquecer. Vigia-se a todo instante para não voltar a viver nas lembranças que só existem em você. E a realidade te bate como cocaína. Cobrando com dor hoje, a felicidade de ontem.

os amores

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Há conversas que nunca terminam e dúvidas que jamais desaparecem. Sobre a melhor maneira de iniciar uma relação, por exemplo. Muita gente acredita que aquilo que se ganha com facilidade se perde do mesmo jeito. Acham que as relações que exigem esforço têm mais valor. Mulheres difíceis de conquistar, homens difíceis de manter, namoros que dão trabalho – esses tendem a ser mais importantes e duradouros. Mas será verdade?
Eu suspeito que não.
Acho que somos ensinados a subestimar quem gosta de nós. Se a garota na mesa ao lado sorri em nossa direção, começamos a reparar nos seus defeitos. Se a pessoa fosse realmente bacana não me daria bola assim de graça. Se ela não resiste aos meus escassos encantos é uma mulher fácil – e mulheres fáceis não valem nada, certo? O nome disso, damas e cavalheiros, é baixa auto-estima: não entro em clube que me queira como sócio. É engraçado, mas dói.
Também somos educados para o sacrifício. Aquilo que ganhamos sem suor não tem valor. Somos uma sociedade de lutadores, não somos? Temos de nos esforçar para obter recompensas. As coisas que realmente valem a pena são obtidas à duras penas. E por aí vai. De tanto ouvir essa conversa – na escola, no esporte, no escritório – levamos seus pressupostos para a vida afetiva. Acabamos acreditando que também no terreno do afeto deveríamos ser capazes de lutar, sofrer e triunfar. Precisamos de conquistas épicas para contar no jantar de domingo. Se for fácil demais, não vale. Amor assim não tem graça, diz um amigo meu. Será mesmo?
Minha experiência sugere o contrário.
Desde a adolescência, e no transcorrer da vida adulta, todas as mulheres importantes me caíram do céu. A moça que vomitou no meu pé na festa do centro acadêmico e me levou para dormir na sala da casa dela. A garota de olhos tristes que eu conheci na porta do cinema e meia hora depois tomava o meu sorvete. A mulher cujo nome eu perguntei na lanchonete do trabalho e 24 horas depois me chamou para uma festa. A menina do interior que resolveu dançar comigo num impulso. Nenhuma delas foi seduzida, conquistada ou convencida a gostar de mim. A moça dos olhos verdes e também tristes que eu encontrei na praça ainda com roupa de trabalho, a que eu senti o que era o tal ''amor verdadeiro'', e que quase deu certo, quase. Elas tomaram a iniciativa – ou retribuíram sem hesitar a atenção que eu dei a elas.
Toda vez que eu insisti com quem não estava interessada deu errado. Toda vez que tentei escalar o muro da indiferença foi inútil. Ou descobri que do outro lado não havia nada. Na minha experiência, amor é um território em que coragem e a iniciativa são premiadas, mas empenho, persistência e determinação nunca trouxeram resultado.
Relato essa experiência para discutir uma questão que me parece da maior gravidade: o quanto deveríamos insistir em obter a atenção de uma pessoa que não parece retribuir os nossos sentimos?
Quem está emocionalmente disponível lida com esse tipo de dilema o tempo todo. Você conhece a figura, acha bacana, liga uns dias depois e ela não atende e nem liga de volta. O que fazer? Você sai com a pessoa, acha ela o máximo, tenta um segundo encontro e ela reluta em marcar a data. Como proceder a partir daí? Você começou uma relação, está se apaixonando, mas a outra parte, um belo dia, deixa de retornar seus telefonemas. O que se faz? Você está apaixonado ou apaixonada, levou um pé na bunda e mal consegue respirar. É o caso de tentar reconquistar ou seria melhor proteger-se e ajudar o sentimento a morrer?
Todas essas situações conduzem à mesma escolha: insistir ou desistir?
Quem acha que o amor é um campo de batalha geralmente opta pela insistência. Quem acha que ele é uma ocorrência espontânea tende a escolher a desistência (embora isso pareça feio). Na prática, como não temos 100% de certeza sobre as coisas, e como não nos controlamos 100%, oscilamos entre uma e outra posição, ao sabor das circunstâncias e do tamanho do envolvimento. Mas a maioria de nós, mesmo de forma inconsciente, traça um limite para o quanto se empenhar (ou rastejar) num caso desses. Quem não tem limites sofre além da conta – e frequentemente faz papel de bobo, com resultados pífios.
Uma das minhas teorias favoritas é que mesmo que a pessoa ceda a um assédio longo e custoso a relação estará envenenada. Pela simples razão de que ninguém é esnobado por muito tempo ou de forma muito ostensiva sem desenvolver ressentimentos. E ressentimentos não se dissipam. Eles ficam e cobram um preço. Cedo ou tarde a conta chega. E o tipo de personalidade que insiste demais numa conquista pode estar movida por motivos errados: o interesse é pela pessoa ou pela dificuldade? É um caso de amor ou de amor próprio?
Ser amado de graça, por outro lado, não tem preço. É a homenagem mais bacana que uma pessoa pode nos fazer. Você está ali, na vida (no trabalho, na balada, nas férias, no churrasco, na casa do amigo) e a pessoa simplesmente gosta de você. Ou você se aproxima com uma conversa fiada e ela recebe esse gesto de braços abertos. O que pode ser melhor do que isso? O que pode ser melhor do que ser gostado por aquilo que se é – sem truques, sem jogos de sedução, sem premeditações? Neste momento eu não consigo me lembrar de nada.