sábado, 29 de junho de 2013

Ouvindo rock na facul

Matando aula pra ouvir um rock
Jantar, colocar os papos em dia
Para compartilhar guitarras imaginárias
E algumas baterias quase reais
O som do baixo ecoando em nossas mentes
Enquanto o vocalista solta a voz loucamente
E então Serj Tankian faz com que a gente se sinta...
Como rock stars
Fazendo, sem querer, com que a gente cante.
Parecemos dois loucos escutando B.Y.O.B.
Os nerds fanáticos olham
E mostramos a língua rebeldemente
Eles viram a cara para o outro lado e voltamos a cantar
Lá, lá, lá, lá, lá, lá, lá, lá, lá, lá... Uuuuuh
E de verdade eles sabem o que é bom
E queriam mesmo era sair pulando conosco!
Mas não. Preferem fingir serem alunos esforçados
Nerds que só estudam... Bom, nós não somos assim
Apontam para nós. Por quê?
Por que acham que loucura e inteligência não casam
Mas casam sim, minha gente!
Ah e como casam! Quer a prova?
Aqui estão esses que vos falam...
Matando aula? Sim! Notas baixas? Nem pensar!

O Dono III

A moça voltou ao lugar onde o homem estava sentado sob a árvore e sentou-se ao seu lado. Ele tinha os olhos fechados, com as mãos segurando o rosto. Levou alguns segundos para aperceber-se de sua presença. Abriu os olhos lentamente, virou-se para ela e cumprimentou-a com um suave sorriso:
-         Olá!
Ela respondeu-lhe com um sorriso silencioso:
-         Você está bem?
-         Como você pode ver, continuo na mesma. Nada de novo. Nada de especial. Aliás, eu me pergunto o que é que pode existir de tão especial na vida para que alguns queiram tanto viver.
-         Mas não é a vida que é especial. É você. Não é fora que as coisas começam a acontecer, é dentro da gente.
-         Você já sentiu tédio?
-         Até hoje não me sobrou muito tempo pra sentir tédio.
-         Por quê?
-         Porque eu acabo dividindo meu tempo entre as coisas que quero realizar e os problemas que tenho que resolver.
-         E você já realizou alguma coisa que queria?
-         Sim, algumas já.
-         E como fez pra realizá-las? E as outras que ainda não realizou, como vai fazer? Me explique, eu preciso saber!
-         Bem, eu fiquei muitos anos sofrendo simplesmente porque não conseguia realizar nada do que queria. Achava que minha vida ia ser só uma imensa coleção de fracassos. Eu tropecei e cai muitas vezes, por diversos motivos.
-         Por causa dos outros ou por causa de você mesma?
-         Por causa dos outros, por causa de mim.
-         Mas o que você fazia de errado?
A moça suspirou um momento.
-         Bem, eu queria tanto, mas tanto, mas tanto conseguir certas coisas, que elas acabavam se tornando inatingíveis pra mim. Era como se eu tremesse por dentro e mal conseguisse andar. E foi assim que eu andei por muito tempo.
-         Tremendo por dentro?
-         Tremendo por dentro. Da ponta dos dedos até o fim do salto do sapato que tocava o chão.
-         E como você vivia?
-         Doendo aqui, rindo ali, chorando lá, sonhando acolá.
-         E como você fez pra parar de tremer?
-         Eu só consegui parar de tremer quando percebi que teria de lutar com amor.
-         Então seu caso é diferente do meu.
-         Por quê?
-         Porque eu não tremo.
-         Você tem revolta, não é?
-         Como você sabe?
-         Por que eu vi seu coração, esqueceu?
-         Então compreende que sou um caso autodestrutivo sem volta?
-         Não é não.
-         Ih, lá vem você! O que me resta senão a autodestruição? O que é que eu faço com a minha revolta?
-         Você tem que usar sua revolta, fazer com ela algo bonito, algo que as outras pessoas possam admirar, apreciar, que as faça pensarem sobre si mesmas, e que contribua para que exista mais liberdade no mundo.
-         E o que pode ser isso?
-         Pode ser alguma forma de arte, alguma ação, alguma idéia. Como o seu coração conceber.
-         Mas não pode ser minha cabeça?
-         Sua cabeça já tem as informações. Mas essas informações têm que estar ligadas ao seu coração para que sejam transmitidas de uma maneira bonita.
-         Esse coração machucado? Acha que ele ainda consegue produzir alguma coisa, mocinha?
-         Tenho certeza que sim. E olhe que não existem muitas certezas nesse mundo.
-         Você é muito otimista. Aposto que nunca sentiu dor de verdade.
-         Você sabe que sim.
-         Mas você disse que nunca sentiu tédio!
-         Eu disse que não tive muito tempo pra sentir. Mas quer saber o que me causa tédio? Não ser compreendida. É como andar por salas e salas vazias.
-         É, é terrível mesmo.
O homem pensou por uns segundos.
-         E, me diga uma coisa, por que você voltou aqui hoje, então?
-         Porque eu queria te ver, falar com você.
-         Por que você queria me ver?
-         Porque gosto de você.
-         Você já não está cansada de mim e das minhas dores?
-         Não.
-         Por quê ?
-         Porque gosto de você.
-         E por que você gosta de mim?
-         Já lhe disse. Você é bonito.
-         Eu nem sempre tenho certeza disso.
-         Acho que eu sei por que isso acontece.
-         Por quê?
-         Porque você tem encontrado muitas criaturas mesquinhas, egoístas, pessoas que não sabem valorizar um ser humano.
-         Ao que você se refere exatamente?
-         As garotas que você tem encontrado por aí. Acho que você tem encontrado mais meninas do que mulheres. E nós sabemos qual é a diferença entre as meninas e as mulheres. As meninas não compreendem, não relevam, não perdoam, não amam por completo. As meninas só querem namorar, desfilar com alguém. As mulheres querem amar.
-         É, eu sei disso. E qual é a diferença entre os homens e os meninos?
-         Os meninos só querem sexo. Os homens querem amor.
-         Muito bem. Vejo que você não é tão inexperiente assim.
-         E você não é tão ranzinza quanto parece.
-         Eu sou muito mais do que ranzinza. Você ainda não viu nada!
-         Eu sei. Você é selvagem. Eu também já fui selvagem, muito selvagem.
-         Não acredito! Você?
-         É, eu sim! disse a moça com um sorriso. Vamos dar uma volta e eu te falo um pouco sobre isso.

Por onde será que anda a senhorita lisbeth salander ?

ela agora se esgueira por meandros urbanos,
fazendo refletir os letreiros de neon
nas poças de ácido clorídrico, que repisa
com suas brutas botinas de couro negro;
agora a senhorita salander violenta sexualmente
um advogado sádico já sexagenário para vingar
suas muitas vítimas de pedofilia e tortura;
agora um homem a ama, dama que atende
pela alcunha secreta “vespa”
(da hacker sueca, punk, lésbica);
o drama de salander inclui os estupros ininterruptos
na infância (do próprio pai?) contra os quais, hoje,
a senhorita lisbeth maneja sabres, adagas e berettas,
coleciona estacas de plástico, indetectáveis,
e baionetas de carbono com as quais perfura
o coração do touro ruborizado; comemora com nicotina
e absinto sua trágica predisposição para atriz de operetas
(a absoluta diva de todas as vendetas);
agora a moça frequenta antros de androginia,
contraindo os mesmos sintomas comatosos de stocolmo;
a senhorita salander também consome homens e quando dança,
sua tatuagem de dragão é uma flâmula incandescente
que escapa da pele; agora desaparecida,
os homens que amam as mulheres anseiam por ela,
muito embora aqueles a quem ateou fogo (só para criar
mansos esses seus incêndios de estimação)
com gasolina e o fósforo delicadamente riscado,
pálidos, se sintam ligeiramente mais seguros
(porque trancafiados voluntariamente) em seus
supostamente secretos "bunkers-anti-salander"
 
 

Dias de frio

É inverno...
Fumaça saindo das nossas bocas
Com raios de um sol gelado
Entrando pela janela
Para nos iluminar

O dia pede um chocolate bem quente
Numa daquelas xícaras que a gente tanto gosta
Depois um livro...
Aquele livro no qual estamos vidrados
Aquele que tudo o que queremos é descobrir seu final

Um filme, quem sabe?
Também é uma ótima pedida para esse frio.
Romance, ação, terror, comédia...
Fique à vontade
O quentinho do edredom nos espera

Ou a gente pode simplesmente dormir
Dormir o dia inteiro!
Ah como um dia frio é bom...
Desde que estejamos de folga, é claro.
São tantas coisas para fazermos

Tanta coisa agradável
Simples, é verdade, mas que nos faz tão bem
E estar bem é o que importa.
O resto é resto
E agora vamos aproveitar esse lindo frio

A casa mau assombrada

Malu,Nina,e Duda estavam brincando na porta da casa de Nina,até que João,Lucas e Davi chegam e falam sobre uma tal casa que eles encontraram no caminho,eles chamam elas pra irem dar uma olhadinha.Nina e Duda aceitam,mas Malu fica com pé atrás,mas pela suas amigas ela aceitou.Eles entraram,era uma casa velha,suja,e assombrada,eles exploram até que Davi encontra um armário cheio de fotos de crianças adultos e idosos,ele não entende então fecha o armário.Malu entra em um dos banheiros e encontra uma mulher pendurada de cabeça pra baixo toda ensanguentada,ela se apavora e conta pros amigos,até que Nina que era a que mais via filmes de terror conta que talvez aquela casa seja mau assombrada e que as fotos nos armários eram as pessoas que já morrera,ela ainda diz que eles tem a missão de libertar os corpos dessas vítimas.
  Malu não aceita e quer logo ir embora,só que ela não conseguia atravessar a porta,ficou desesperada e logo após alguém a puxou pra baixo,chegando lá tinha todos os corpos que morreram enterrados,ela sabia que sera a próxima.Os amigos pensando que ela tinha ido pra casa começam a explorar a casa em busca de pistas,até que Duda acha um mapa que leva onde os mortos estão,só que de repente as luzes apagam e ela não consegue achar os amigos logo após ela avista uma lanterna isso significa que era missão dela achar esse lugar,então ela vai seguindo o mapa com a lanterna.Os meninos e Nina descobrem que estão sem Duda,mas João fala que talvez ela esteja explorando sozinha.Malu estava quase morrendo sem ar,quando avista uma janela quebrada,ela era a menor da turma então conseguiu sair,assim que saiu chamou pelos amigos,mas ela não via nada e ficou com medo,então ela ficou parada quietinha no canto,Davi encontra Malu e os dois se abraçam.Enquanto isso...
      Duda que era considerada a mais burra da turma,achou o lugar e viu todos os corpos,ela procurou procurou e achou uma alavanca puxou-a e todas as pessoas acordaram,as luzes se acenderam e a casa se transformou em uma linda mansão! Eles saíram todos felizes!
       A verdade era que antigamente uma família muito rica e grande foi destruída por uma família rival,sobrou apenas a neta que se chamava Amanda ela não suportou perder a família e então se matou jurando que quem entrasse na casa morreria que nem a família dela (ela era a mulher do banheiro) e como a casa era muito bonita,várias famílias iam morar lá e morriam,até que a casa ficou abandonada pois todos que iam morar lá morriam.

                                                                                        Fim

O desejo de samantha

A madrugada escarlate descia sob um outono amargo para Samantha, estacionou o seu pequeno DKV em frente ao sinistro predinho de 4 andares, desceu do carro, sob os grito de David do segundo andar...
___Onde anda até agora periguete da noite?
Calada, ela continuou andando, entrou no corredor da escadaria e a medida que subia, continuava ouvindo os
gritos do ex marido.
Estava depressiva, o ex marido lhe tomara os filhos e os mandou para outro país, agora ambos dividiam este prédio imundo, que David recebera de herança e que fez questão de expulsar todos os outros moradores e que por hora servia de abrigo a Samantha.
Samantha estava viciada em Álcool e o miserável do ex marido, segundo ela, estava morrendo por causa do crak.
Samantha continuou subindo pois morava no quarto andar...
Antes de adentrar ao apartamento olhou uma abertura ao fundo do corredor.
___Deve ser por ali, vamos lá...
Aproximou-se, sim este era o lugar.
Foi ao apartamento e voltou com uma cadeira.
Com facilidade subiu pela abertura no teto, retirou mais uma tampa acima e agora no terraço tinha o vento no rosto e olhava de lá a cidade adormecida e de baixo vinham os gritos de David.
Um filme passou pela cabeça de Samantha, ao olhar a imensidão...Amanhã estaria tudo acabado...
Pensou.
Caminhou dando voltas no terraço, até que dirigiu-se para um dos lados, abaixou-se retirou uma tampa, verificou o nível de água e viu que estava onde deveria estar. Passou a tarde ajustando o nível da caixa d`agua.
Ergue-se, retirou da bolsa um pacote com 1/2 kilo de um pó branco e despejou dentro da caixa d`água, sorriu demoradamente, esticou levemente o olhar para o infinito e sorriu novamente mordendo o lábio inferior...
Balbuciou as palavras...CIANURETO...
Desceu fechou seu apartamento, vagarosamente desceu os 4 andares, e da calçada olhou para cima,  o apartamento de David com as luzes acessas, jogou um beijo no ar, entrou em seu velho DKV e sumiu na longa avenida...

O mistério na vila

De boca em boca corria a história. Afinal, em todo vilarejo que se preze, sempre há mistérios e "causos" inexplicáveis de assustar a população. Alguns diziam que por lá andava o saci-pererê, outros falavam em assombrações. Havia até quem jurasse ter visto a mula-sem-cabeça.  Mas que havia algo intrigante e assustador em certo local, certamente havia. As pessoas até evitavam sair de casa à noite.

 A fábrica de papel lá existente, onde meu pai trabalhava, funcionava ininterruptamente. Havia uma troca de turnos à meia-noite, hora que, por si só, já traz certa inquietação. Entre os trabalhadores que neste horário deixavam a fábrica, reinava o medo certa época. Só havia duas opções de retorno para casa. Um grupo ia para direita, outro para a esquerda, na única longa rua existente, ladeada por um fechado bosque que se estendia até a beira de um riacho. Do outro, os morros desabitados. A precária iluminação instigava medos.

 Aconteceu que um barulho, indescritível e assustador, volta e meia  era ouvido pelos que passavam por certa curva do caminho. Os operários logo se apressavam, apavorados, indo em grupos. Falava-se também em algum temido bicho do mato ou das trevas. Tal som vinha do interior da mata, cuja escuridão impedia qualquer visão. Um crescente medo apoderou-se da vila, pela frequência com que se repetia. Algo tinha que ser feito! Até velas já haviam acendido por lá.

 Até que um dia, alguns valentes homens decidiram que entrariam na mata para averiguar tal ameaça. Assim combinado, assim feito. Iriam na próxima vez que o estranho som fosse ouvido. Tarefa fácil reunir o grupo, pois todos moravam próximos. Difícil era encontrar os valentes...

 Certa noite, o alarme. O "bicho", a "coisa", "alma penada", ou fosse lá o que fosse, manifestou-se. O grupo se reuniu e para o tal lugar dirigiu-se, portando lanternas, pedaços de pau e até mesmo armas de fogo. Chegaram. Difícil decidir quem se embrenharia primeiro pela mata. Enfim, em silêncio, pé ante pé, foram avançando. Qualquer ruído produzido pelo pisar em algum galho no chão provocava medo e recuo. Soprava o vento, e as sombras e os galhos das árvores já os assustavam. A esta altura, todos estavam prontos ou para o ataque... ou para a fuga, o que alguns já haviam feito. O grupo reduzia-se à medida que na mata adentravam. No ar, um uivo, um silvo intermitente, ecoando terror na noite. Alguém falou em lobisomem, aumentando o temor. A valentia se encolheu. Mas, armas em punho, por entre arbustos, caminhavam os mais destemidos.

 Finalmente aproximaram-se o suficiente para divisar um grande vulto negro a mover-se na mata. Então era verdade! Realmente algo desconhecido ali se encontrava, junto a uma bananeira. Alguém atirou. Alguns avançaram com seus pedaços de pau nas mãos, outros voltaram em disparada. O "vulto" não foi atingido pelo tiro, porém veio justo em direção ao apavorado grupo. Pânico geral! E qual não foi a grande surpresa! A tão temida "coisa" nada mais era que... um cavalo, esbaforido, que ficava a coçar-se esfregando-se na bananeira, produzindo o estranho som. Quase mataram o pobre animal, cuja pacífica missão era diariamente puxar a carroça que recolhia o lixo, e ali, tranquilamente, pastava...

 No dia seguinte, todos riam e se vangloriavam de terem bravamente desvendado o intrigante caso da "coisa" que tanto inquietara o lugarejo... Restaurou-se a paz, até o "causo" seguinte, quando, numa noite de lua-cheia...

terça-feira, 25 de junho de 2013

Poesias do horror



"VIÚVA NEGRA"

Casou-se jovem, na flor da idade,
Forçada pelos pais, por sua tradição,
Nunca o amou, sentia sempre nojo,
Gordo velho e todo enrugado,
Tratava a jovem como um lixo,
Porco imundo, ela dizia...
O ódio sempre a dominava.

Caminhando pela casa o seguiu,
Com uma facada certeira o atingiu,
Perfurando-te o estomago,
Tripas caiam, e ela falava:
-Porco imundo! Morra lentamente,
Sinta minha faca penetrar seu estomago,
A sensação de dor era clara,
Morra vagabunda! Suas últimas palavras.

Sorrateira escondeu o corpo.
Cinco anos depois, tocam os sinos.
Mais uma vez na igreja...
Casamento discreto da viúva negra,
Em sua lua de mel, a obra-prima.

Deitou-se por cima do marido,
Beijando-o tirou sua atenção,
Um leve corte em sua artéria,
Na hora não sentiu seu braço,
Ao ver o sangue encharcado na cama,
Entrando em choque ele dizia:
- Como pode sua vadia.

Sua expressão era de insanidade,
Sorriso de assustar, gargalhadas macabras,
Completavam sua felicidade.
O sangue jorrava pela cama,
Então se deitou, banhada em sangue,
Caiu em sono no recinto.

Ao acordar olhou sua obra-prima,
Mais uma vitima ensanguentada,
O cheiro de morte a encantava,
Mais uma morte, a viúva nunca para.
Quem será sua próxima vitima,
Ela pensava...

"BEIJO VAMPÍRICO"

Ela deitou-se pela cama.
Expressando-te êxtase,
Caminhei por seu corpo,
Cada detalhe foi preparado,
Seduzindo-te a meus desejos,
Sem resistir entregou-se.

Beijo vampírico tocou meus lábios,
Sugou-me todo o prazer existente,
Sussurrava gemidos em meu ouvido,
Com um olhar penetrante se satisfez,
O suor escorregava entre os corpos,
O coração explodia em Delírios,
A sensação de prazer era clara.

Abocanhou-me o pescoço,
Paralisado sugou-me o sangue,
Meus olhos deliravam, a dor era demais.
Ao término entrelaçou-me em seus braços,
Estancando-me o ferimento,
Com seu beijo adormeci.

Horas depois estava de pé,
Completando a transformação,
De sua presa a caçador,
Vampiro hoje sou...
Acompanhado de meu amor,
Minha primeira vítima ela provou...

"VOZES DO ALÉM"

Ouvi sua risada macabra,
Alerto meu instinto em defesa,
Afinal essa é minha natureza,
Que som é esse que me devora,
Vozes do além me apavoram.

Diga-me quem és tu,
Que me assusta e conduz,
A esse lado obscuro...
Um medo exemplar,
Da minha mente, não vai passar.

Vejo vultos e sombras,
Percorrendo minha esperança,
Afasto-me do medo e me fecho,
Nada a falar, assim me despeço,
E com um sussurro adormeço.

Ao acordar uma cena,
Terrível e assustadora,
Moveis espalhados...
Vultos pra todo lado,
Barulhos de caminhar,
travei não conseguia falar.

Me lembro do psiquiatra me dizer...
-Você estava com uma faca,
E o sangue marcava seus paços,
Você não reagia, apenas falava...
Vozes do além, agora se calam.

Sepultada viva



Magda Fernanda, 52 anos, mulher rica de grande poder aquisitivo. Adalberto tinha 45 anos, além de marido, era também administrador da empresa pertencente a Magda Fernanda. Obtinha todos os direitos legais da empresa, era como se fosse dele, mas com Magda viva, isso não era possível, apesar de amá-la a ambição e o dinheiro corrompiam sua mente.

Magda confiava sua vida nas mãos de Adalberto, sempre carinhoso e atencioso, além de marido um grande amigo, a mulher nunca teve o que falar de Adalberto. O homem também escondia um segredo, tinha um caso com a empregada Lurdes. Lurdes tem 36 anos, pele morena e cabelos negros, bem educada aparentava ser o que não é. Tratava-se de uma bruxa, tinha vasto conhecimento sobre forças além da compreensão humana.

Adalberto sabia de suas habilidades. Com quinze anos de casado, há oito vem tendo um caso com a empregada. O homem já estava cansado de trabalhar, apesar de ter uma boa conta bancaria, queria ser um bilionário, não se contentava apenas em trabalhar pra ganhar o seu, queria o dinheiro de Magda, ela teria que sumir logo. Estava apaixonado por Lurdes. Magda foi até o centro da cidade como de costume fazer compras, Adalberto viu a empregada na sala limpava as cortinas, ela percebeu o olhar do patrão, se insinuou levantando a saia e mostrando o fio dental vermelho, tinha um corpo escultural, Adalberto ficou louco, queria dar uma antes de ir trabalhar, logo mais a tarde.

Desceu às escadas e se aproximou de Lurdes, logo passou a mão em sua bunda. Lurdes já estava bem excitada, adorava transar com Adalberto. Nem se importaram, foi na sala mesmo, como era sábado, não tinha mais nenhum empregado na mansão, só moravam ali, Magda, Adalberto e a empregada.

Após o sexo se sentaram no sofá, Adalberto fez a proposta.

- Já ta na hora de mudar de vida Lurdes, quer ser um empregada a vida toda? - Perguntou Adalberto enquanto esticava um carreira de cocaína. Era viciado, Lurdes o levou as drogas, além de bruxa era uma viciada.

- Claro que não - Respondeu Lurdes enquanto usava da droga.

- Então é o seguinte, você terá de amaldiçoar a desgraçada. - Ela deve morrer lentamente, uma doença sei lá, assim ela vai assinar o contrato deixando a herança pra mim. Magda não tinha parentes ou filhos.

- E eu fico como nisso? - Indagou Lurdes.

- Nossa as vezes você se posta como uma burra. - Disse Adalberto alterado, a droga já estava fazendo efeito.

- Olha como fala animal! - O que devo fazer pra ajudar?

Adalberto segurou com as duas mãos o rosto de Lurdes e lhe pediu.

- Faça uma magia... Uma maldição! Que venha desgraça e doença sobre ela, que posso mexer apenas uma das mãos pra assinar a procuração. - Parte da fortuna será sua, poderemos viver juntos Lurdes.

- Ta bom... Será uma coisa difícil, preciso recolher alguns matériais na casa de minha velha tia. - Precisarei de fios do cabelo da vadia e um pouco de sangue também.

- Deixa isso comigo. - Respondeu Adalberto se levantando do sofá. - Pegue dois dias de folga e resolva o que tem pra resolver, vamos agir logo.

O homem se levantou deu um beijo em Lurdes e foi trabalhar.

Magda chegou horas depois de carro, quando saia do carro, avistou a empregada deixando a casa.

- Ei! Ta indo pra onde Lurdes...

Vadia; Pensou Lurdes, ela odiava a patroa.
- Seu Adalberto me deu dois dias de folga, minha tia está muito doente, vou cuidar dela e volto segunda á noite.

Magda balançou a cabeça, dando sinal que entendeu, logo depois adentrou em sua mansão.

Lurdes enfim chega na casa de sua tia Zélia, dominadora das artes das trevas há mais de duas décadas. Ela ouviu o bater na porta e abriu.

- Olá querida - Disse Zélia desconfiada - Que coisa é essa escorrendo por seu nariz. - Anda se drogando ainda né.

- Ai tia deixa isso comigo, é problema meu... - Uma hora eu paro.

- Ta bom; Entre.

Lurdes se sentou no sofá, Zélia foi preparar um café, perguntou da cozinha mesmo.

- Depois de tanto tempo, o que quer aqui?

Lurdes caminhou de encontro até a cozinha.

- Bom eu preciso das ervas sagradas, para o Zercov.

- Zercov! - Zélia se assustou e derramou o café. - O que pretende com isso, sabe que é perigoso de mais, essa é uma das piores maldições.

- Eu sei tia, quero as ervas só isso! Pago bem.

Zélia meia assustada nem perguntou nada, ela sabia da força da sobrinha, caminhou até o porão de sua velha casa e pegou as ervas.

- Aqui estão Lurdes, cadê o dinheiro?

- Aqui estão; Duzentos reais, já está de bom tamanho. Pegou as ervas e foi embora.

O celular de Adalberto toca, o homem atende. É Lurdes.
- Fala Lurdes, já viu aquilo?

- Sim; venha até o galpão abandonado, aquele da rua Celeste.

- Ta bom daqui uns quarenta minutos eu chego. - Consegui o sangue e o cabelo de Magda. Disse que era para um exame. A tola acredita em tudo que eu falo. - Debochou.

- Muito bom amor, até logo.

- Até.

Eram quase vinte e uma horas.Oo farol da Mercedes-Benz clareou a entrada do velho galpão, era Adalberto. Antes de abrir a porta do carro, puxou de seu compartimento secreto uma pistola tauros 9mm. Estava desconfiado, um homem rico naquele local poderia ser uma presa fácil demais.

logo na entrada avistou Lurdes, viu também três mendigos se drogando com crack, todos sentados ao lado de Lurdes, o chão estava marcado por símbolos satânicos, velas brancas era a única fonte de luz, o cheiro da carcaça do velho cachorro era quase insuportável. Tapando o nariz com uma mão, na outra a pistola, Adalberto caminhou e perguntou a Lurdes.

- O que é isso Lurdes? - Quem são esses mendigos!

- Calma amor, não queria o ritual para amaldiçoa-la? - Ainda bem que trouxe a arma, será mais fácil.

Dois dos mendigos se assustaram.

- Arma pra que?

- Calem a boca seus vermes! - Gritou Lurdes. logo em seguida, puxou a arma das mãos de Adalberto e disse apontando a arma para os mendigos.

- Esse é leproso, esse é surdo e mudo, e esse é cego.

Disparou três vezes, acertando a cabeça dos pobres coitados que caíram deitados ao chão, o sangue escorria e se misturava. Adalberto estagnado indagou.

- Que porra é essa! Era pra matar só a Magda, isso vai dar merda porra!

- Calma amor. Você não queria o ritual, bom... As desgraças dos mendigos, vão cair nela, sofrerá até os últimos minutos de vida. - Agora me de o cabelo e o sangue.

Adalberto a entregou, Lurdes começou o ritual macabro, misturou o sangue de magda junto a o dos mendigos, amarrou os dedos dos três com o fio de cabelo e jogou as ervas, começou a profanar palavras que só os demônios entendiam.

Adalberto começou a tremer, o vento invadiu o local, às telhas tripudiavam com a força do vento, sons diabólicos podiam ser ouvidos no velho galpão. A nevoa negra saiu dos corpos e subiu aos céus. Foi de encontro a Magda, que estava tomando banho no momento, enquanto lavava os cabelos de olhos fechados. Não notou a nevoa macabra adentrar em seu corpo, sentiu apenas um calafrio.

- Acabou - Perguntou Adalberto tremolo. Nunca havia presenciado momentos tão insanos na vida.

- Acabou sim amor - Respondeu Lurdes rindo da covardia do amante. Vamos pra casa seu covarde.

Adalberto chegou cautelosamente em casa, seu carro importado ajudava, não fazia muito barulho. Eram vinte e três horas, Lurdes saiu do carro e foi para seu quarto, queria dormir estava exausta, a maldição rogada a Magda supriu suas forças. Adalberto também foi se deitar, subiu as escadas ainda assustado, adentrou no quarto onde Magda adormecia, tomou um banho e deitou-se ao seu lado.

Pela manhã Adalberto acorda aos gritos de Magda.

- O que foi magda.
- Meus Deus! Meus cabelos estão caindo, olha só essas feridas em meu corpo. - Relatou Magda aos prantos.
- Nossa amor, temos que chamar um médico. Adalberto ligou para o doutor Morais, um velho conhecido do casal.

Meia hora depois, Morais chega. Adalberto atende a porta.

- Olá doutor, rápido suba comigo.

Ao chegar no quarto Morais se espanta, vê a linda mulher desfigurada por inúmeras feridas, seus olhos estavam esbranquiçados e parte de seus cabelos haviam caído.

-Meu Deus! Por que não me disse que era tão grave Adalberto - Bradou Morais. - Rápido Adalberto, chame uma ambulância.

Magda clamou ao doutor. - Eu não consigo enxergar, meu Deus! O que está havendo comigo doutor. - Essas feridas doem muito. Magda chorava muito e sentia dores inimagináveis.

O médico tentou acalmar Magda, mas ela não respondia, não conseguia falar, apenas a audição ainda funcionava. Após alguns minutos pode-se ouvir o barulho da sirene, finalmente a ambulância chegou, Magda foi carregada até o carro. Chegou inerte ao hospital, após alguns exames, Adalberto foi chamado a sala do médico Eduardo.

- Sente-se por favor seu Adalberto, não tenho boas noticias. - Não sei como explicar, sua mulher está com lepra, está totalmente cega e muda, sua audição em breve se perderá, constatamos um câncer avançado em seu pulmão. - Infelizmente não tem como operar, eu estimo algo entre dois meses de vida no máximo.

Adalberto caiu aos prantos. Claro que tudo mentira, com o choro falso perguntou ao médico.

- Será que ela pode permanecer em casa? Será melhor...

- Sim senhor. Eu iria sugerir isso, vou receitar alguns analgésicos. - Logo depois pode levar sua mulher pra casa. - lamento muito.

A ambulância levou a pobre Magda para casa, Adalberto cuidava atento de sua esposa, deixou até de trabalhar, o maldito. Lurdes estava na casa de sua tia até tudo se acertar, Adalberto sugeriu assim. Magda ainda conseguia gemer de tanta dor, os medicamentos não surtiam efeito, Adalberto então a perguntou.

- Meu amor? Se estiver me ouvindo mexa os dedos da mão.

Magda moveu os dedos confirmando ao marido. Adalberto então lhe disse:
- Amor como sabe irá morrer em breve, sabe que te amo, precisa assinar este documento, sei que não é a hora mais apropriada, mas assim deve ser feito, criarei um centro de ajuda aos doentes com o dinheiro e muitos projetos.

Uma lágrima percorreu o corpo pútrido de Magda, Adalberto entregou a caneta, em seus últimos momentos de força, conseguiu assinar o tal documento. Adalberto sorriu maquiavélico, mas estava muito mal, não conseguia mais ver a mulher naquele estado, estava com pena, mas não arrependido.

Passado uma semana Magda ainda apodrece na cama, não conseguia mais ouvir nada, perdeu a audição. Não conseguia enxergar ou falar, o câncer estava avançado destruindo a mulher, as dores da lepra eram demais. Adalberto não queria nenhum médico na mansão, ao subir as escadas viu a mulher deitada sobre a cama, pôs uma luva em sua mão e tocou em seu pescoço. Magda estava morta.

Adalberto ligou para Lurdes. Minutos depois ela chega, ambos sobem ao quarto, na frente do cadáver comemoram o plano bem sucedido.

- Viu só amor a desgraçada em fim morreu - Gargalhava Adalberto.

Lurdes se aproximou e disse para a defunta.

- Sofra desgraçada.

Adalberto indagou.
- Ela já esta morta, ta doida Lurdes!

Lurdes olhou firme nos olhos de Adalberto e lhe revelou.
- Ela está presa a carcaça de seu corpo, agora pode ver e ouvir tudo, além de sofrer pelas doenças, sentirá o sufoco da terra no caixão e os vermes adentrarem sua carne, sofrerá até apodrecer e se tornar apenas ossos.

- É serio - Perguntou perplexo.

Lurdes o mandou calar a boca. Adalberto ligou para a casa funerária, após quase uma hora o carro chegou, o corpo de magda foi levada para autopsia.

Na sala o legista abriu o saco onde se encontrava o corpo pútrido de Magda, o colocou na mesa e começou a retalhar seu abdômen, Magda sentia a lamina afiada do bisturi percorrer seu corpo, a dor era inexplicável. Magda morta com a alma presa ao corpo, sentia toda a dor de sua carne. Se fosse para o céu, já teria passado pelo inferno, que é passar por essa crueldade, presa ao corpo não conseguia nem sentir raiva do maldito casal de amantes, de tanta dor que sentia.

No dia seguinte o caixão fechada. As feridas estavam horrendas. Após o velório, mesmo dentro do caixão, Magda sofria com a falta de ar, sufocava como se estivesse viva, em meio a dor e a desgraça podia ver seu marido e a amante jogando as flores em seu caixão.

Enquanto o caixão se abaixava terra a dentro, Magda indignada profanou.

- Eu os amaldiçoou! - Eu não mereço isso meu Deus! - Sofram como eu sofro!

O caixão foi abaixado, a terra cobriu Magda que sofrera durante meses até sobrar apenas os ossos.


FIM

Amor para recordar


Tradicionalmente Mary caminhava as margens do rio Lunagra, dando um reflexo lindo as águas do belo rio, sua beleza incontestável encantava a todos. Ela era ruiva de olhos castanhos, pele branca e um corpo escultural, conseqüentemente acabava sendo disputada por muitos homens da nobreza. Porém sua família já havia escolhido um conde renomado, de família tradicional como seu noivo. Seu nome era Glausios, apesar de ser um homem forte e vistoso, era também um homem rude e grosseiro. Mary nunca concordara com o casamento, afinal ele fora arranjado desde que ela era criança. E mesmo pequena Mary sonhava em casar-se com um homem o qual faria seu coração bater mais depressa, que fizesse suas mãos suarem e que ela pudesse não apenas chamar, mais também sentir amor... Já por Glausios nunca se quer sentiu nada além do desprezo.

Num belo dia de verão, as margens do rio, ela novamente caminhava distraída observando as belezas a seu redor, esbarrou-se num plebeu que por ali passava. Assustada, ao tentar desviar-se, tropeçou e quase caiu no rio, mas o plebeu a segurou em seus braços e evitou sua queda, ao virar seus olhos, quase que ao mesmo tempo os olhares se encontraram, ambos suspiravam suavemente, os olhos brilhavam e um sorriso brotara entre os dois. Por alguns segundos permaneceram imóveis, seus lábios secos nada disseram, mas seus olhos tudo conversavam. Não tinha como evitar, apesar da rigidez e de suas tradições, Mary cedeu aos encantos do jovem plebeu, ele tocou sua bochecha e acariciou seus cabelos levemente para trás, com o polegar direito, tocou suavemente os lábios de Mary, aproximou-se e a beijou, ao tocar seus lábios à sensação era de paz interior, felicidade e prazer... Mary assustada com a situação, o afasta e corre para longe.

O plebeu sem reação grita:
- Ao menos, diga-me seu nome. Mary parou e virou-se delicadamente para trás e lhe disse:

- Meu nome é Mary; amanhã estarei aqui...

O Plebeu muito alegre voltara a seu caminhar, trabalhou feliz a tarde toda, guardou esse momento somente para ele. Mary ao chegar em casa, deitou-se e não conseguia tirar o jovem plebeu da cabeça. De repente quando se deu por si estava sussurrando sozinha:

- Que olhos negros ele tinha, meu Deus que mãos macias, até seus cabelos longos e negros me encantaram...

Mary aguardava ansiosa pelo amanhã, ela não via à hora de encontrá-lo novamente, ao mesmo tempo ela pensava em seu noivo, de como não poderia dar certo... Afinal ela já estava comprometida com outra pessoa. Porém esse sentimento veio para mudar seus pensamentos, desejos e vontades mais intimas, rapidamente havia despertado um amor entre os corações. O plebeu sentira o mesmo e estava disposto a correr atrás desse amor, ele estava muito entusiasmado e nervoso só de pensar em rever Mary.

Havia chegado o grande dia. O plebeu desde cedo já estava a esperá-la, aguardava ansioso a chegada de sua amada... Surgindo de trás das árvores, Mary aparece linda e elegante como no dia anterior, porém sua expressão facial não era muito saudosa. O plebeu caminhou em sua direção, e lhe perguntou:

- O que lhe aflige minha donzela?

- Desculpe-me, mas eu preciso lhe dizer algo, mas não sei nem ao menos como começar.

- Não se preocupe meu amor, eu não a deixarei. Mesmo tentando passar calma, a expressão do plebeu era de curiosidade e preocupação.

- Pois bem... Minha família me escolheu um noivo, mas eu não o amo, no momento em que o vi, percebi algo diferente em mim, sentimentos belos chegaram ao meu coração, sinto seu cheiro, lembro-me de sua boca e mão macia, eu te quero muito, mas seria quase impossível ficarmos junto.

O plebeu parou, refletiu por alguns segundos e disse:

- Não creio que isso seja um empecilho, a gente se ama e vamos lutar por isso! Nem que seja às escondidas...

Aproximando-se mais uma vez limpou as lágrimas de Mary, que parecia muito confusa. Ele a aconchegou em seus braços e ficou ali até que ela se acalmasse. Lentamente Mary se virou e se rendeu aos seus lábios, o plebeu, a deitou lentamente no chão. Mary não hesitou ao se entregar aos encantos do belo plebeu, um simples beijo já a embriagava e ela perdia todos os sentidos entregando-se ao seu amor. Eles foram entrelaçados pela paixão que pairava pelo ar, e durante a tarde toda eles se amaram.

Ao entardecer tomaram um banho de rio, e o plebeu caminhou com seu amor até certo ponto onde não seriam vistos juntos, escondido, ficou observando Mary entrar em segurança em casa.

Ao chegar a casa, Mary e abordada por seus pais.

- Onde você estava esse tempo todo?! Isso é hora de uma filha chegar em casa, o que os vizinhos vão pensar... O pai de Mary irritado foi se deitar, sua mãe ficou e começou a conversar com a filha por algumas horas... Dizia a Mary para ela se dar ao respeito e valorizar o futuro que seus pais haviam preparado para ela. O tom de voz de sua mãe a assustava, a jovem de vinte e um anos. Mary nunca havia presenciado sua mãe daquele jeito, triste começou a chorar e foi para o quarto. Pensava e pensava muito nas duras palavras de sua mãe, ao mesmo tempo pensava no plebeu e chorava e resmungava:

- MEU DEUS! Ajude-me, por favor... Eu o amo tanto, mas seria muito humilhante a minha família saber da verdade, nunca iriam aceitar. Meu amor correria perigo, não sei o que fazer... Chorou... Chorou e adormeceu.

No outro dia Mary deu um jeito e conseguiu ir até o rio, o plebeu já estava a sua espera há um bom tempo. Ao se aproximar de Mary a questionou:

-O que foi amor? Porque demorou tanto e que tristeza é essa em seus olhos?

Mary nunca havia ficado tão triste e desolada em sua vida. Aos prantos e sem nem ter coragem de olhar nos olhos de seu amor ela disse:

-Amado eu não posso continuar com isso, me desculpe, por favor, eu não posso... Vou me casar como o conde Glausios, por favor, será duro, mas, me esqueça. Assim jogou seu lenço ao vendo e lhe disse Adeus.

Desolado e muito irritado o plebeu se viu a chorar pela primeira vez em vinte e cinco anos, agachou-se e pegou o lenço, o cheirou e beijou, logo depois caminhou até o rio e Bradou em ira.

- Que assim seja! Meu coração se partiu em pedaços, como pude ser tão tolo... Acreditei que poderia tê-la, logo eu um simples plebeu. Assim, jogou o lenço no rio e retomou seu caminho de volta muito abatido.

Chegado o grande dia. Mary se casa dando o tão sonhado orgulho a sua família. Passado cinco anos ela ainda não sentia nada por seu marido, sempre triste quando estava sozinha, na presença alheia praticamente usava uma máscara expressando a felicidade que ela nunca teve. Todos os dias quando seu marido adormecia, ela caminhava até a varanda e chorava. Sempre arrependida de não ter se entregado aos braços do seu plebeu, se culpava por ser fraca e não ter coragem de fugir e ser feliz... Todos os dias amargamente se lembrava do passado e sofria muito. Desde a despedida Mary nunca mais voltou a ver o plebeu. E ao voltar a sua cama sempre suspirava dizendo:

- A tristeza hoje é meu recanto, a saudade minha dor, meu marido meu castigo, mas meu coração será sempre seu. Assim ela dormiu, e todas as noites sonhava com sua felicidade. Sempre com esse amor a recordar...




​FIM

A vendedora de flores

Estava eu caminhando pelo centro de São Paulo. Havia comprado um presente para minha namorada, era nosso aniversário de dois anos de namoro. Pensei em complementar o presente com algo simples, mas que tivesse algum significado sentimental embutido nele.

Foi então que passei por uma floricultura e decidi comprar lindas flores que combinasse com o colar de perolas branco, não sabia o que escolher, então caminhei até a jovem vendedora atrás do balcão.

-Olá; pode me indicar algo que complemente um colar de perolas branco?

Ela virou-se, pegou um buque de cravos e me entregou.

-Acho que esses cravos são ideais, senhor.

Com um sorriso agradeci, mas ela permanecia apenas me olhando, sei lá... Acho que merecia uma retribuição. "Deve estar num dia ruim". Assim eu pensava tentando imaginar a falta de gentileza da jovem mulher. Não vou negar, ela era linda, seu cabelo era curto e ruivo, os olhos eram verdes, seu olhar focava-se no da pessoa que atendia, sua pele era branca, alta e muito elegante, pensei até que fosse a dona da floricultura, tinha uma voz doce e calma, mas seu olhar meio que era distante de tudo. Então resolvi levar o buque de cravos, ela sorrio e me disse que havia feito uma boa escolha, então a entreguei o dinheiro. O estranho é que ela tocava as cédulas como se achasse que as notas fossem falsas, ao me entregar o troco pôs sua mão esquerda por baixo da minha e com a mão direita me entregou o restante do troco, me pareceu um ato muito carinhoso da moça, quanta delicadeza ao entregar um simples troco.
-Muito obrigado moça; você é realmente linda e muito gentil, foi um prazer comprar com você.
Ela abriu um sorriso e me agradeceu.
-Obrigado e boa sorte, espero que à sortuda goste de seu presente.

Assim com um sorriso virei e fui embora. Acho que no começo levei a mal a jovem vendedora, na verdade percebi que ela tinha uma grande gentileza nos pequenos e simples atos. Foi estranho, mais gostei de ter entrado naquela loja, confesso que me encantei e fiquei intrigado a conhecer aquela garota que tinha um jeitinho único, aparentava ser muito carinhosa e de grande coração, mas ainda sim não posso esquecer que sou um homem comprometido.

Milena era linda e elegante, trabalhava em um jornal da cidade, tinha cabelos longos e negros, olhos castanhos e de pele morena. Hoje completara dois anos que estamos juntos, mas depois de comprar aquelas flores, percebi que não a amava.

Sempre a admirei e tenho um grande carinho por ela, mas nunca havia percebido que tal sentimento nunca existiu, acho que nem sei o que é amor. Depois de comprar aquelas flores percebi algo diferente, eu fiquei intrigado e muito interessado em conhecer a jovem vendedora, acho que era muito cedo para saber o que eu estava sentindo pela jovem vendedora.

A noite chegou, preparei um jantar de aniversário surpresa para minha namorada. Na sala do meu apartamento coloquei uma mesa, velas e flores decoravam o local, além de algumas pétalas de rosa no chão, um bom vinho é claro... Eu mesmo tinha preparado o jantar, um delicioso talharim a moda da casa.

Passava das vinte e três horas, Milena já estava a quase uma hora atrasada, eu já estava perdendo a paciência, decidi então ligar.
-Oi amor o que houve, cadê você?
-Me desculpe Diogo, estou trabalhando.
-Mas e o nosso jantar!
-Jantar? Não tenho tempo pra isso.
-Quer saber Milena! Não tem jantar nenhum! Ta tudo terminado entre a gente, Você sempre faz isso! Tchau!

Assim joguei o celular no chão, foi o termino dos dois anos de namoro, ela sempre foi assim, só ligava para o trabalho e para ela mesma, cansei do jeito que ela me tratava, naquela noite tomei as duas garrafas de vinho e cai no sono. Nossa; pela manhã uma ressaca horrível. Peguei o celular do chão e vi.  Nenhuma mensagem ou chamada. Acho que ela ficou feliz com nossa separação, já estava na hora mesmo. Tomei um banho e me vesti, fui até a garagem, peguei meu carro e fui trabalhar.

Na volta para casa passei em frente à floricultura, abaixei o vidro do carro e pude ver o rosto da linda vendedora, dei a volta e estacionei, caminhei até o local. Ao entrar tocaram os sininhos, ela então percebeu que alguém adentrara na loja. Duas vendedoras tentaram roubar minha atenção, mas eu apenas queria comprar com ela.
-Olá; não sei se lembra de mim, ontem comprei cravos com a senhorita.
-Lembro sim, sua voz é única. Mas deu certo? Ela gostou do presente?
-Infelizmente não, a gente já não se dava muito bem, então terminamos.
-Que pena moço...

Ela olhava fixamente em meus olhos, chegava a ficar meio constrangido, então me arrisquei.
-Posso pegá-la às 21 horas, somente um jantar, preciso muito conversar...
-O senhor quer sair comigo?
-Sim, será um prazer, só precisa me dizer seu endereço que passo pra te pegar.

Ela sorrio e sua expressão era de como se não estivesse acreditando no que estava acontecendo, mesmo assim me passou seus dados, não conversamos muito até porque ela estava trabalhando.
-Moça me de as violetas atrás de você.
Ela meio que fechou a cara, acho que pensou que eu iria entregar a outra mulher aquelas flores.
-Estão aqui senhor, quer que embrulhe pra presente?
-Não. São suas se me disser seu nome.
-Nossa é mesmo, desculpe-me, me chamo Andressa, e o senhor?
-Me chamo Diogo, fique com as flores. Até mais tarde Andressa...

Cheguei em casa ansioso, já era vinte horas, tomei um banho me arrumei e fui buscá-la. Buzinei em frente a sua casa. Ao sair para me atender, tomei um susto, de súbito percebi tudo naquele momento. Nossa como fui tolo... Como não percebi.  Agora tudo faz sentido, o olhar distante da moça e eu achando que ela não era uma pessoa gentil no começo, o jeito de me entregar o troco e tudo mais, a delicadeza no tato e atenção ao ouvir. Eu apenas sorri e nem liguei o fato dela ser deficiente visual, sai do carro e a carreguei no colo, ela tomou um susto, mas ainda sim sorria para mim.
-O senhor é louco – Disse Andressa – Espere; vamos guardar meu cão guia em casa.

Seus olhos brilhavam, enquanto ria e sorria de felicidade, guardamos o cachorro e fomos ao restaurante marcado. Nos falamos por horas, eu percebi que ela estava muito feliz em minha presença, seu sorriso lindo estampava seu rosto, o brilho em seu olhar era intenso e radiante, e eu sentia a mesma felicidade. No termino a levei em sua casa, caminhamos até a porta, eu estava meio nervoso, mas mesmo assim arrisquei.  Após dar um boa noite, um beijo eu a roubei, foi simplesmente perfeito, um beijo maravilhoso, ambos podiam sentir as batidas aceleradas do coração, ela tocou meu rosto lentamente, olhou em meus olhos e disse que eu era lindo, meu nariz, boca, bochecha, tudo maravilhoso. Eu a tocava no rosto e a beijava loucamente.

Saímos por quase um mês, pensei então que era à hora de dar um próximo passo. Preparei tudo de ante mão, a levei em meu apartamento. Antes de entrar tirei seu salto, assim ela poderia sentir as pétalas de rosas no chão, ele sentou-se no sofá, então entreguei um pedaço de papel escrito em braile. Assim dizia no papel...

"Não pensei que fosse tão encantadora assim, não pensei que fosse me apaixonar tão rápido. Hoje eu sei que te amo e sinto que você sente o mesmo por mim. Eu sei que hoje te amar é saber que, de milhares de flores no campo eu escolhi apenas você, te amar é querer se entregar de coração, te amar é sempre querer estar ao seu lado, te amar é querer ser sua metade". Andressa... Se sente o mesmo por mim, diga-me um sim. Andressa quer namorar comigo?

Vi cair uma lágrima de seus olhos, ela sorrio e muito emocionada me disse.
-SIM! SIM! SIM!
Que noite foi aquela... Lembro-me como se fosse hoje. A levei até a banheira onde tomamos banho juntos, passei a esponja em suas costas, beijando cada parte do seu corpo. A carreguei em meu colo até a cama, e lá nossa primeira noite de amor se concebeu. Foi simplesmente mágico e perfeito, fomos românticos do começo até o fim. Nunca senti tanto prazer e amor por uma mulher, eu simplesmente sabia que aquela era a mulher da minha vida.

Nos casamos e hoje somos um casal feliz, realizei seu sonho. Abri uma floricultura junto a ela, e tinha o prazer de trabalhar todos os dias ao lado da doce moça que roubou meu coração. Hoje temos dois filhos um casal, Melissa e Levi. Assim foi a história de quando conheci a mulher da minha vida, minha esposa e minha metade, foi assim que conheci a vendedora de flores, hoje e sempre meu grande amor.
                           
                                         FIM

Enigma das bonecas



Dulce costurava com destreza sua mais recente obra prima, uma boneca de um metro e meio. A agulha ultrapassava com maestria formando o rosto da linda boneca, aquela já estava encomendada. Seus clientes eram de São Paulo, vinham pessoalmente buscar suas encomendas, Dulce vendia suas obras apenas para clientes específicos, conhecidos por ela há anos.

Juvenal estacionou seu carro na entrada da loja de Dulce, adentrou sorridente no local e perguntou a costureira que tecia os últimos detalhes da magnifica boneca.

- Olá Dulce, está pronta? Dulce era muda, abriu um sorriso e balançou a cabeça lhe mostrando a boneca.

- Nossa! Até parece que esta viva. És uma grande artesã dona Dulce.

Dulce abriu um sorriso ainda maior, adorava ser elogiada, pegou a boneca da caixa e a colocou sobre o balcão, entregando para Juvenal, o mesmo puxou a quantia combinada do bolso e a entregou.


Eram exatamente vinte três horas, Ramalho adentrou na velha casa de madeira de seu Tonico. O homem havia saído de casa com sua mulher, sem ter noção do perigo, foi irresponsável ao deixar sua filhinha sozinha em casa. Deixaram a doce Gabriela de apenas 8 anos de idade a merce da sorte. Ramalho abriu facilmente a porta de madeira, caminhou até o quarto onde se encontrava a garota, com um pano ensopado de cloroforme, apertou brutalmente sobre o rosto da pobre criança.

Gabriela se debatia sem chances de sair dali, em alguns segundos a garota adormeceu. O homem maquiavélico, colocou o corpo da criança no banco de trás da velha brasília, dirigiu até seu cativeira fora da cidade.

Após chegar no local, a colocou presa por cordas, uma amarrada em cada mão, prendendo a garota ao teto, uma em cada perna esticando seu corpo de maneira que a suspendesse no ar. Atou a boca da pobre garota que ainda adormecia, dirigiu até uma velha casa no centro da cidade e lá ficou. Decidiu cuidar da criança amanhã ao noitecer.

De manhã os pais desesperados procuraram a policia, adentraram na sala do delegado Morais. Neuza desesperada clamava por ajuda.

- Minha nossa senhora! Meu Deus, seu Morais... Minha filhinha sumiu, será que o desgraçado a levou. - Dona Neuza chorava descontrolada abraçada ao marido, tentava não pensar nas atrocidades que sua filha poderia passar. Morais encarou com pena o rosto dos pais da menina, respirou fundo e desabafou.

- Eu não aguento mais isso.... Já é a oitava criança que some em menos de três meses. - Peço que se acalmem, eu juro por Deus que vou pegar esse maniaco!

Após a conversa, o delegado reuniu um grupo de policiais que rondaram a cidade em busca de evidencias, em frente a casa da vítima, Rafael olhou a criança do outro lado. A expressão de tristeza tomava conta do pequeno, estava abatido, o investigador se aproximou do garoto e o perguntou.

- O que foi criança? Diga-me o que houve, quer me dizer alguma coisa?

O garoto olhou fundo os olhos do jovem investigador, enquanto remexia o chão de barro com uma colher, relatou a Rafael o que tinha visto.

- Ela era minha namorada... A gente brincava todo dia juntos, ontem a noite eu vi ela ser levada de mim, o homem barbudo de carro levou ela.
- Que carro era garoto? Sabe me dizer? A criança apontou o dedo para a viatura, era também uma brasília.
- Sim criança, mas que cor era?
- Era amarela senhor...

Rafael agradeceu a criança. Antes de ir embora, o garoto clamou.

- Ela vai voltar? Gabriela vai voltar? Rafael olhou emocionado o menino de apenas 7 anos, o olhou com os olhos cheios de lágrimas e prometeu.

- Sim menino, eu prometo que ela vai voltar. Neste momento seu rádio toca, Morais o chama para um bar no centro da cidade, seria uma reunião para avaliar e planejar melhor as investigações. Já estava para anoitecer.

No bar, Morais pode ver Rafael estacionando o carro. O investigador adentrou no local e sentou-se na cadeira de frente para a rua.
- E ai; Fernando, novidades... - Perguntou o delegado enquanto apreciava com prazer um gole de cerveja.
- Eu tenho sim, um garoto me relatou ter visto o maniaco, tem barba longa e anda em uma brasília amarela.
- Uma criança? - Indagou Morais - Quer se basear em uma... Fernando interrompeu o delegado antes que o mesmo pudesse completar sua frase. Olhou firme e percebeu um homem com as características do suspeito adentrar em uma velha brasília, que estava estacionada fora do bar. Rapidamente alertou a Morais.

- Olha lá, parece com a descrição do menino, vamos segui-lo com seu carro. Fernando estava de viatura e não queria levantar suspeitas.

Ambos seguiram a velha brasília, era mesmo o maníaco que procuravam. Na pequena estrada de barro perto do cativeiro, Ramalho o maniaco, percebeu que estava sendo seguido, mas já era tarde demais, estava bem próximo de seu cativeiro. De súbito meteu o pé no acelerador, Morais fez o mesmo. Quando chegou na casa, o maniaco derrapou a brasília, freando bruscamente, saiu do automóvel e adentrou no cativeiro. Ramalho parou o carro e desceu, Fernando lhe dava cobertura. Caminharam até a porta.

- Saia dai com às mãos para o alto! - O delegado se calou ao ouvir dois tiros. Invadiram a casa e encontraram o corpo do maníaco no chão, olharam estagnados a garota suspensa por cordas e com uma perfuração na testa, o sangue escorria pelo roso meigo da jovem Gabriela, estava morta.

O desgraçado matou a garota e depois cometeu suicídio, foram encontrados em baldes, peles, ossos, entre varias outras partes das crianças desaparecidas.

O caso ficou conhecido como "O maniaco das bonecas", dado esse nome por matar e esquartejar apenas meninas, arrancava os membros, cabelos, unhas, olhos e outras partes mais. Os corpos foram encontrados no quintal, todos destroçados, faltavam muitas partes das crianças. Essa foi a maior desgraça já conhecida na cidade de Aracaju.

Após dois dias, Dulce a costureira, estava desesperada, havia uma encomenda e ela não tinha os materiais necessários. Suas bonecas custavam na faixa de quinze a vinte mil, cada uma. Era um prejuízo enorme para a velha costureira de sessenta anos. Dulce teve uma ideia, ficou a noite toda tecendo cada parte da boneca, teria que ser entregue amanhã às 17 horas.

Pela manhã Dulce procura o delegado. Como era muda, escreveu em uma folha de papel todo o ocorrido.

- Minha neta sumiu! desapareceu ontem a noite, enquanto eu tecia uma de minhas bonecas.

O delegado ficou perplexo, o maniaco estava morto e ainda continuava a desaparecer garotas? Prometeu investigar o caso a fundo, a única coisa que conseguia pensar, era de um possível seguidor do insano, que estaria por trás disto.

No outro dia...

Eram exatamente 17 horas, a cliente de Dulce adentrou na humilde loja de bonecas.

-Olá Dulce? Está ai. Dulce apareceu já com a boneca empunhada nos braços, olhou satisfeita para Cleide. Uma mulher rica, uma das melhores clientes da artesã. Dulce entregou também uma carta, onde ela aumentava o preço da boneca por alguns problemas passados.
Cleide encarou sorridente a costureira e lhe propôs.

- Eu entendo que você perdeu seu ajudante e teve que matar a própria sobrinha para tecer a boneca, mas... Eu queria a tal menina Gabriela, sua neta tinha 12 anos, já estava velha demais... Até que essa está bonitinha, mas olha esses olhos simples, cabelo ruim e face triste.

- Pagarei apenas o combinado e olhe lá. - Arrume um ajudante logo, e que este seja mais inteligente. Tenho uma amiga que quer uma de suas bonecas...

Dulce olhou maquiavélica para Cleide, aceitou o combinado. Sim Dulce era uma costureira, uma psicopata. Pagava para um maniaco matar meninas, e usava suas partes para tecer suas famosas bonecas. Dessa vez perdeu sua vitima e teve de improvisar com a ajuda de sua inocente netinha...


FIM

Incompleto

DESDE SEMPRE FORA OBRIGADO A CONVIVER com os olhares de espanto dos outros, como se fosse uma espécie de monstro, uma aberração. Era diferente, sim, era incompleto; mas não tinha culpa da maldição que recaíra sobre ele. Existirá uma inextricável lei universal a escolher os indivíduos para serem tristes portadores de certas deficiências, ou se trata apenas de uma infelicidade aleatória, de um sorteio perverso? Que espécie de macabra ironia, que abominável senso de humor escolhe, desde o ventre que o entretece, um ser vivo para vir ao mundo imperfeito, incompleto, sem todas as habilidades e características físicas necessárias? Quem, dentre as multidões que o deploram ou lhe devotam justificado ódio ou pavor, poderia conceber as adversidades e privações a que ele, por conta de sua estranha e solitária condição, foi submetido a cada minuto, a cada incessante minuto de cada dia após dia após dia?

Nunca foi capaz de discernir e apreciar as delícias da comida; sua boca (sua boca?) desconhece os incontáveis sabores, ignora a textura dos alimentos, é alheia às vastas combinações de ingredientes que, em sua busca pela deleitoso pão diário, a inventividade humana foi capaz de produzir em sua jornada. Seus olhos (seus... olhos?!) jamais contemplaram o vertiginoso espetáculo de cores e luzes proporcionado diariamente pelo sol quando emerge da noite, nunca vislumbraram a sutil miríade de esfuziantes tons que explodem nas asas de um colibri em seu vôo, nem se extasiaram nas delicadas feições da mulher amada. O perfume das flores é completamente estranho às suas narinas, assim como jamais ali penetraram o forte aroma do café revigorante ou o suave odor da alfazema. Seus ouvidos desconhecem o perfeito som do riso do bebê e a alegre algaravia matinal dos pássaros e o poderoso trovão e a estrondosa onda chocando-se infinitamente contra o rochedo eterno.

Ninguém infira, pela sua estranha condição, ser ele ignorante acerca da circunstância de que nem todos os sabores são doces, nem todos os sons são melodias, nem todas as visões, tampouco a totalidade dos odores sejam suaves, deleitáveis ao espírito; não. Ele tem total consciência disto. E também do fato de que mesmo as sensações mais desagradáveis captadas pelos sentidos contribuem para forjar a têmpera dos homens; que mais, muito mais do que as moedas acumuladas num velho baú onde ladrões escavam e roubam, importa cobrir de riquezas o espírito, e o espírito se alimenta através dos sentidos e nisso e por isso ele será definitivamente pobre, eternamente pobre.

Sempre que recorda suas tristezas passadas e antevê seu futuro-maldição-destino, estéril de qualquer sensação, mesmo as mais comezinhas, o fel inunda sua alma. Nestas ocasiões, de seus olhos (de seus... olhos...) irrompem escassas lágrimas impossíveis. Negro é o horizonte para ele.

Portanto, quando, numa noite fria e sem lua, você, sozinho, de repente se deparar com ele naquela estrada deserta, corra e tenha medo. Sim, tenha medo e corra para salvar sua vida. Será inútil, será em vão; assim mesmo, corra.

Mas, antes do momento derradeiro em que o preciso aço frio percorra sua garganta e, num só golpe, separe definitivamente sua cabeça do restante de seu corpo, pense que o pavoroso Dullahan, o Cavaleiro Sem Cabeça, é sanguinário e cruel e brutal e implacável; contudo, ele também compartilha com o restante de nós a sina de trilhar com dores seu caminho nesta terra de homens.

sábado, 22 de junho de 2013

O Cemitério

 

 O dia já estava chegando ao fim e as casas dormiam na escuridão. No centro da cidade, as lojas já estavam fechadas. Na casa funerária PAZ E LUZ, uma fraca luminosidade indicava que o Sr. George ainda trabalhava.   
 O corpo do pequeno Davi de 12 anos estava sendo preparado para ficar no mínimo apresentável quando seus familiares e amigos chegassem para o funeral. O pequeno tinha saído de casa um pouco depois do almoço para fazer um trabalho escolar com um coleguinha, mas nunca chegou ao seu destino. Em um cruzamento, um caminhão em alta velocidade o atropelou, arrastando seu corpo frágil por metros de distancia.
    
  Os coveiros Miguel e Rogério já haviam aberto a cova logo de manhã, estendendo faixas de grama artificial sobre a terra fresca retirada do chão.  Enquanto preparava a lapide que os pais do pequeno haviam especificado, Miguel notou que Rogério estava diferente naquela manhã. Ele costumava assoviar uma canção enquanto trabalhava, mas naquele dia estava estranhamente diferente.
Deve ser ressaca. – Pensou Miguel.
 Já era tardezinha quando o cortejo fúnebre seguia atrás do carro funerário do Sr George, subindo o monte rumo aos portões do cemitério. Rogério na entrada se preparava para abrir os portões para a entrada do cortejo. O rapaz se remoendo em silencioso ódio, olhava as lanças de ferro do portão, onde há dois dias atrás havia encontrado seu cachorro empalado em uma das lanças. O vira lata era um inquieto, causava repudia em todos, mas o dono não conseguia imaginar quem faria algo tão desumano.
 Os portões foram abertos e o longo cortejo adentrou no cemitério, rumo a cova destinada ao menino. Rogério apagou o cigarro e fechou novamente o portão, tentando se esquecer da triste sina de seu animal.
 Caminhou até a cova, onde Miguel aguardava junto do padre Faustino. O padre pronto para a cerimônia usava uma estola sobre os ombros, e o missal estava aberto no capitulo que falava sobre a morte.
Lá estão eles, padre.
Vai ser difícil. Não gosto de funerais de crianças.
E tem como adiantar tudo isto? Também não gosto de funeral infantil. Se eu não tivesse que fechar a cova sairia daqui e só voltaria depois dos familiares irem embora.
Vai durar dez minutos, no máximo. – respondeu o padre – Não vou prolongar o sofrimento dos pais e nem o nosso.
Ok. Vou me afastar um pouco. Preciso de ar. – Disse Miguel se distanciando dali.
 A cerimônia fúnebre embora curta foi de puro lamento. Inconformado, o Sr. Gustavo, pai de Davi, chorava em desespero enquanto o caixão branco descia no sepulcro:
Ele não pode estar morto... – soluçava em lagrimas – Não pode estar! Ele é apenas uma criança... Só tem 12 anos.
 Chorava convulsivamente, sendo amparado pelos amigos e familiares que o tiraram do cemitério, enquanto o padre terminava suas ultimas palavras.
 Quando todos tinham ido embora, Miguel voltou e sentou na beira da cova aberta, esperando pela volta de Rogério, que havia ido abrir o portão para os familiares irem embora.
A noite estava por vir, as sombras se alongavam e o sol já se escondia atrás dos altos carvalhos. Rogério ainda não havia voltado.
 Miguel encarando o pequeno caixão branco decidiu que não podia esperar pelo amigo, cobriria sozinho o caixão do menino Davi.
 De súbito, escutou um barulho por entre os túmulos. Olhou rapidamente para flagrar o causador do barulho e nada viu, pois a fraca luminosidade já se fazia presente no cemitério desertificado.
 Ele que nunca teve medo do seu local de trabalho agora sentiu um arrepio lhe governar... A noite caia e ele certamente estava sendo vigiado.
Rogério? É você?
 Ninguém respondeu. Ele sabia que o amigo não era de fazer tais brincadeiras... O vento sussurrava misteriosamente entre as arvores. Então lembrou-se do cãozinho do amigo espetado na lança do portão.
 E se o desgraçado que fez aquilo estivesse a espreita, esperando o momento certo para fazer o mesmo com ele?
Não deixe que a noite te pegue aqui Miguel – pensou em voz alta.
 Engoliu o próprio medo e tomou a única decisão que tinha. Enterraria o menino, talvez terminaria completamente na escuridão...
 Se pôs a trabalhar sem tentar entender o pavor que o dominava, sem se perguntar porque aquele trabalho, que nunca o incomodara antes, incomodava-o tanto agora.
 Olhou para a cova aberta, que parecia zombar dele.
 Ocorreu-lhe que a sensação de ser vigiado sumira assim que deixou de ver o caixão instalado no fundo da cova. E veio-lhe a imagem de Davi deitado sobre o pequeno travesseiro de cetim com os olhos abertos.
 Não... Que bobagem! Eles fecham os olhos dos defuntos com goma. Já vira o velho George fazer isso varias vezes. Claro que fechavam os olhos!
 Encheu a pá e jogou a terra que encheu a superfície do caixão branco com uma pancada surda. Miguel fez uma careta. O som o enjoou um pouco.
 Ele se inclinou, voltou a encher a pá e jogou mais terra.
 Miguel se atirou no trabalho, tentando bloquear os pensamentos. Depois de algumas pazadas, o som da terra contra a madeira se tornou abafado.
 Ele jogou mais duas pazadas e de súbito pensou:
O caixão tem trancas! O morto jamais poderia sair!
  Mais porque cargas d'água colocar trancas em caixão? Era para ninguém tentar entra? Só podia ser, pois com certeza não era para o defunto não sair.
Pare de me olhar! – indagou Miguel em voz alta, sentindo o coração se contrair no peito.
 Estava delirando de tanto medo.
 Um súbito impulso de fugir daquele lugar, de correr pela estrada até chegar a cidade, tomou conta dele. Foi com muito custo que conseguiu se controlar. Era só um ataque de nervos. Quem trabalhando num cemitério não ficaria assim de vez em quando? Parecia um maldito filme de terror ter de enterrar aquele menino de 12 anos...
  A oração fúnebre dos católicos começou a ecoar em sua mente. Lembrou-se do desespero do pai de Davi e das ultimas palavras do padre Faustino.
   Parou e olhou para a cova, era funda, muito funda. A sombra da noite já começava a se insinuar dentro dela. Ainda faltava muito. Ele nunca conseguiria enche-la antes de escurecer completamente... Nunca!
 Sim, os olhos estavam abertos. Por isso ele se sentia vigiado. O Sr. George não usara goma o bastante, e as pálpebras haviam subido como persianas. E agora, Davi olhava para ele. Aquilo não podia ficar daquele jeito.
 Tirar a terra de cima. Essa era a solução. Tirar a terra, quebrar a tranca com a pá, abrir o caixão e fechar aqueles terríveis olhos fixos. Ele não tinha goma, mais tinha duas moedas no bolso. Serviriam! Teriam que servir!
 Eram de prata. Sim, era de prata que o menino precisava para finalmente se calar dentro da sua cabeça.
 De repente Miguel saltou dentro da cova e começou a trabalhar jogando a terra para cima. Depois se ajoelhou sobre o caixão e começou a bater na tranca de metal com a pá.
O que estou fazendo meu Deus? – Se perguntou – O que diabos estou fazendo?
 Ajoelhado sobre o caixão, tentava refletir, mas algo no fundo da sua mente mandava-o se apresar. Levantou novamente a pá, bateu mais uma vez sobre a tranca e ouviu um estalo. Quebrou. Olhou para cima por um instante, num ultimo vislumbre de sanidade, o rosto machado de terra e suor, os olhos arregalados e salientes.
   Ofegante ele deitou inteiro sobre a urna e tateou em busca das alças da tampa do caixão. Encontrou-as e puxou.
 A tampa se abriu, as dobradiças rangeram como ele imaginara, revelando primeiro apenas cetim roxo, e depois uma manga curta. ( Davi fora enterrado com o terno da primeira comunhão ) e depois... O rosto. A respiração ficou presa na garganta de Miguel. Os olhos estavam abertos. Como ele sabia que estariam. Bem abertos e nem um pouco vidrados. Pareciam horrendamente vivos a luz agonizante da noite que caia. Não havia palidez mortal naquele rosto. A face estava rosada, transbordando vitalidade. Tentou afastar os olhos daquele olhar reluzente e gelado, mas não conseguiu:
Meu Deus... – murmurou.
  O dia clareava quando Miguel acordou. Não lembrava de ter enchido a cova de Davi, Mas ela estava ali, cheia e coberta de grama. Só conseguia se lembrar dos olhos. Sim aqueles olhos. Abertos e vivos. Miguel levantou com dificuldade. Suas roupas estavam encharcadas da leve chuva que Devia ter caído durante a noite. Pegou sua pá e caminhou até sua camionete. Ao se aproximar do grande portão de ferro com suas lanças pontudas, freou bruscamente. Em desespero desceu do veiculo e testemunhou Rogério, assim como antes estava o cãozinho, empalado na mesma lança de ferro.
 O sangue escorria em abundancia. Com dificuldade Miguel arrancou o amigo espetado no portão. Rogério estava de olhos arregalados. Estranhamente isto incomodou Miguel, que incomodado, enfiou a mão no bolso, tirando de lá as duas moedas de prata, as colocando sobre os olhos do amigo morto.