O
que nós sabemos sobre o amor? Nada, absolutamente nada. Se amamos
várias vezes em nossas vidas, em todas elas, o amor acontece em
diferentes formas. Se amamos apenas uma vez, acreditamos ter encontrado
nossa alma gêmea, ignoramos o fato de que nada é perfeito e que nunca
seremos a única pessoa na vida do nosso amado, talvez apenas o único
amor. A monogamia não existe nem em pensamento. Aliás em nossos
pensamento e nossos sonhos, são onde acontecem as primeiras traições.
São momentos íntimos e secretos, apenas nossos e que ninguém tem acesso.
Podemos pensar e sonhar da maneira que queremos e ao voltar a
realidade, achar que nossa vida real vale a pena e a irreal não passa de
uma fantasia.
Se sou descrente do amor? Nunca. O amor não permite que
tenhamos a liberdade de desistir dele. Somos vítimas do seu poder e
subjulgados pela sua força, que entra em nossos corações e faz-nos
ignorar o perigo que é amar. Ele já destruiu vidas, fortunas, reinos e
sempre ouvimos de suas vítimas a famosa frase: "Fiz tudo por amor." É
como se fosse uma desculpa por todas as besteiras que fazemos. O amor é
como a fênix, ele renasce das cinzas e nos transforma em novas pessoas.
Sempre achamos que estamos mais maduros e experientes, que desta vez
será diferente e voltamos novamente a acreditar nele. Não estar amando
baixa nossa auto estima e a vida fica sem graça e monótona.
Amei. Amei muito. Me entreguei, me anulei, deixei de ser
eu mesma para me juntar a outra pessoa e virar uma só. Complicado não?
Para quem ama não é. Isso é o mínimo que podemos fazer pelo amor e eu
fiz. Se me arrependo? Claro, mas só até amar novamente aí farei tudo de
novo. Não quero ser cínica, mas estou sendo. O amor é cínico. Ele nos
fere, nos magoa, nos joga no fundo do poço e quando somos apenas um
resto do que éramos, ele volta e nos faz acreditar que tudo mudou. A
vida é uma jornada e não podemos prever o futuro. Se não tentamos, vamos
sempre ficar pensando no que poderia ter sido.
Fui a igreja de Saint - Sulpice em Paris, a cidade do
amor, dos namorados e do romantismo. O primeiro passeio que fizemos
juntos foi andar às margens do rio Sena, tomar champagne e nos beijarmos
sob a luz do luar. A igreja de Saint - Sulpice foi construída sobre as
ruínas de um templo antigo, erigido em honra da deusa egípcia Íris e foi
o local do batizado do Marquês de Sade e do casamento de Victor Hugo.
Louco não? a junção do erotismo e do amor. Ainda lembro do dia em que
entramos nela, às três da manhã para dizermos nossos votos de amor. A
igreja estava vazia, era toda nossa. Você é a única pessoa que conhece
minha alma, então como ousou me deixar? Como se atreveu a sair da minha
vida assim de repente? Chorei, chorei muito. Chorei todas as lágrimas
que podia chorar. Fiquei seca, vazia, amarga, fria e jurei que nunca
mais homem nenhum iria me machucar. Declarei guerra ao amor.
Ali, na mesma igreja onde consolidamos nosso amor, a
Rejane morria e Lilith nascia. Uma outra mulher que a partir daquele dia
teria a vida nas mãos. Rejane foi pisada, Lilith passaria por cima de
qualquer pessoa que atravessasse no seu caminho.
Um brinde a liberdade!
Nenhum comentário:
Postar um comentário