Ela
me disse que a vida é séria. Eu disse que não se pode levar a vida a
sério, porque ela não é tão firme e segura o quanto queremos. Eu dei um
porque, ela o negou e ousou questionar:
— Amor, a vida tem que ser vista de todos os pontos, as situações
devem ser melhor administradas para depois não dizermos isto!
— Isto o que? – Perguntei inconformado com sua negação.
— Isto que você disse a pouco: “Não se pode levar a vida tão a serio, porque ela não é tão firme e segura o quanto queremos.”
Ela
poderia estar certa, e eu como sempre, poderia e devia estar errado.
Estava. Eu nunca planejava nada, fazia as coisas “nas cochas”. Vivia de
momentos e estes novos momentos felizes que eu vivia ao lado dela,
sempre eram mal administrados e até mesmo mal aproveitados.
Antes
dela eu tinha uma filosofia diferente e distorcida da vida e do amor.
Caminhava com meus próprios passos rumo ao nada, ao desconcertante
pesar... Depois que deixei de viver as custas de meus pais, acabei por
escalar o mundo e arrancar dele meu sustento e meus dias comuns. Dias
comuns... A partir do momento que ela entrou em minha vida meus dias
nunca mais foram comuns! Eram sinfonias perfeitas, passos apressados e
lentos, que seguiam as batidas do meu desacostumado coração.
Antes
dela eu não sabia ouvir estas sinfonias perfeitas. Eu desconhecia
acordes e notas, o barulho ensurdecedor das orquestras fenomenais me
talhava a moleira, e o que chegava ao meu subconsciente era um barulho
incomodo e dolorido, barulho este que eu já havia me adaptado em meu
desespero. Mas isto antes dela, antes de ouvir suas palavras e viver em
sua calmaria.
Eu
descobri com ela que eu tinha amor, mais nunca tive a razão. Ela me
emprestou livros, li os que podia e os que suportei.... É difícil para
uma cabeça velha administrar novas ideias e conceitos! Ela me sorriu, eu
beijei seus lábios ardentes e disse antes de me deitar:
— Eu concordo, meu amor... Temos que administrar melhor nossos dias, boa noite.
Muito
aprendi com ela, muito aprendi comigo, como todo mundo, ousei de erros
tolos e bobos, mas agora que tinha amor, e as sabias palavras da razão,
tinha também o dom supremo de torná-la a razão de todo meu amor.
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