segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Hospício

                            Os Loucos são os melhores
                                              Eles enxergam além
                                              Não temem a incompreensão
                                              Não temem ser sempre tão iguais
                                              Os loucos são visionários
                                              Trancados longe das vistas dos comuns
                                              Dos comuns escravos da sanidade



 Escapou pelos corredores estreitos e limpos do hospício, se esquivando das seringas pontiagudas dos enfermeiros. Encarou os muros altos e escalou ousado, em sua gana por fugir.
 Ao chegar ao topo, contemplou a altura exagerada, andou se equilibrando no muro torto, mas ao avistar os enfermeiros subindo em sua captura, correu desequilibrado e faceiro, desafiando o equilíbrio.
 Quanto chegou próximo a uma arvore alta, pulou ousado, como um gato astuto, alcançando um galho cumprido. Escorregou o corpo com a fina roupa pelo tronco da arvore velha e seca, ganhou a calçada e em seguida a movimentada avenida.
 Os enfermeiros desesperados abriram os portões e o perseguiram vorazes, segurando uma camisa de força e seringas com calmantes.
 O louco correu em meio à multidão tão apressada e desesperada quanto ele, babando medo e sua anciã de fugir... Chegou a um prédio e entrou, subiu pelo elevador, enquanto os enfermeiros subiam as longas escadas até o topo.
 Logo todo o prédio foi cercado, o demente chegou ao ultimo andar e correu para a cobertura, e lá de cima do prédio de 18 andares, avistou todo o mundo que suas vistas há tempos não contemplavam.
 Quatro enfermeiros finalmente chegaram à cobertura. O louco subiu no parapeito e ameaçou:
— Eu puloooo!!! Eu me pulo e caio em mim! Na redundância de dias melhores!!!
 Os enfermeiros se aproximavam calmamente, o louco sorriu, abriu os braços e continuou a dizer:
— Não creem, não é? Não enxergam meu absurdo comum nem minha fala mansa que lhes profetiza meu fim? Maldito sejam vocês, que me forçarãon a morte escabrosa! Me limpem lá embaixo, arranquem meu sangue das solas gastas de seus sapatos e me bebam em vinho e espírito!
 Despencou em desleixo, enquanto os enfermeiros em agonia acompanharam o corpo rasgando o infinito e se espalhando em meio à avenida.
 Acordou no hospício, rindo desengonçado, olhando o corredor estreito e os enfermeiros calmos, lamentando o fracasso de seu plano de fuga de um sonho ruim

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