segunda-feira, 4 de maio de 2015

Dias atuais

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Carência, tem disso, quando descoberta, te joga ao peito a sensação – quase – impotente de achar que nunca algo dará certo. Mas, dá. Sempre dá. (Melhor pensar assim)
Encontros não precisam de tempos estipulados para se tornarem únicos e darem certo, quando algo hoje sai do virtual para o real, agradeça, pois certamente você é uma pessoa de sorte. Se após o encontro – real – as coisas caminharem para os lados não favoráveis ao amor, respeite e acredite, já deu certo. Deu tão certo ao ponto de acabar no momento exato.
Hoje, é cada vez maior o número de amores fugazes, daqueles que se envolvem e na manhã seguinte, somem. Vive-se a era do “pra já”, esquece-se o cultivo do amor. Pintam-se frases perfeitas, ditas quase sempre da boca pra fora, ilude-se muito, respeita-se pouco e o egoísmo é cultivado o tempo inteiro. Afinal, para que se preocupar com o outro e suas dores?
E em um passe de mágica a dor se instala, o incômodo aparece e nós temos que lidar com isso mais uma vez sozinhos. Hoje, me convenço que não existe esforço, as pessoas assistem seus próprios fracassos com as cabeças encostadas em travesseiros ou confidenciando seus segredos aos analistas, os sorrisos são esquecidos, os traumas potencializados e a gente coloca um sorriso – forçado – no rosto e sai à rua porque a sociedade exige, porque nossos amigos dizem que tem que ser assim, porque pra quê ficar mesmo se lamentando?
(Re)pensar se houve falhas, tentar encontrá-las, responder perguntas que a mente insiste em nos fazer, é sofrer. E penso eu, duas vezes. E o tempo hoje não prega isso. Vivemos na era da autossuficiência, é como se não precisássemos de respostas, todas em absoluto, já estão respondidas e no fundo a gente sabe, não queremos tentar, tentar envolve tempo e tempo hoje, é ouro.
Chegamos a era da análise prévia, rostos deslizam da direita para esquerda em telas de smartphones, notas são dadas por uma única foto, hashtags criadas para informar o que o ser observado tem de melhor e nesse meio tempo, tudo vira virtual, descartável, insosso, sem voz e sem toque.
A pessoas tem pressa, infelizmente. Até eu que aqui escrevo, tenho lá as minhas. Já vivo o incômodo da balzaquianice, com os medos impostos pelo mundo do lado de fora do meu corpo, o qual, em hora faço parte e em alguns momentos tento não fazer.
A verdade é que são confusos os dias atuais. O medo existe em todos. Cada um de nós carrega em si o peso árduo das dores e fracassos, as vitórias são minorias, e amor de verdade, hoje, é uma vitória daquelas difíceis de se ver, onde o pódio existe, a champanhe está lá, mas não há vencedores.

Mas, como amar em meio ao caos que se vive?
Pra que assumir que está apaixonado, se a moda agora é somente sinalizar algo quando a outra parte der o primeiro passo, e se não der, a gente beira o vácuo, na incansável e torturante tentativa de estar do lado do time que ganha, que tenta conduzir os sentimentos como um jogo de merecimento, onde ganha, quem oferece o corpo perfeito, a condição financeira ideal, um excelente trabalho, uma boa rede de relacionamentos e aquele sexo fenomenal.
Deseja-se hoje um foco, não o todo. Não adianta ter tudo e não ser bonito, como também, não adianta ser bonito e não ter tudo.
E sendo assim, no meio do nada que muitos insistem em afirmar que é tudo, a gente vive, na certeza quase dura de ter que acreditar e engolir que as coisas mudaram e que ir pela contramão é comprar uma briga com os seus bons amigos e o restante do mundo, como se já não bastasse o dilema entre ser igual e ser diferente.
Enfim, que eu não perca a fé.
Que nossos excessos sejam perdoados.
E que a gente volte a acreditar, que os bons são maioria, apesar de tudo.
E sem medo, sem dores.

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