segunda-feira, 4 de maio de 2015

como é triste

the-end-of-social
Como é triste o fim de um amor. Num dia eu-só-quero-você, no outro eu-não-quero-mais-te-ver. Como é triste trocar as palavras amorosas e gentis pelas palavras ríspidas e frias. Como é triste o fim.
A crueldade do fim está nos detalhes. Fingir amadurecimento quando o que mais se quer é sentar no chão e chorar, chorar e chorar até pegar no sono e alguém te carregar para a cama. Aquela mesma cama que no passado foi o palco perfeito para transbordar todo esse sentimento gigantesco que hoje te mata a cada segundo de sobrevivência. Como é triste sobreviver ao fim.
Como é triste engolir a angustia, o ciúme e o desespero tudo numa garfada só. Aquela boca hoje já não beija mais a sua boca. Aquele corpo se enrosca em outro corpo. Aquele cheiro, que você encostava nariz com nariz e pedia apenas mais uma respirada para nunca se esquecer, hoje respira em outro pescoço. E você sabe, só você sabe, como esse pescoço novo não é merecedor, pois nunca será grato da forma devida por essas respiradas tão sublimes. Só você. Só você e o seu pescoço já vazio podem saber. Como é triste o ciúme do fim.
E você tem que reagir. Tem que levantar, caminhar e fazer novos planos. Como é triste deixar o passado passar. E você tem que conhecer pessoas novas, cheiros novos, camas novas. Como é triste provar outras bocas. E você tem que sorrir para a sua família, para os seus amigos, para o seu porteiro. Como é triste a falsa felicidade do fim. E a sua família, os seus amigos e até o seu porteiro sabem que não está tudo bem. Como é triste não conseguir nem fingir.
Como é triste desejar felicidades enquanto compromete a sua própria. Como poderiam essas palavras serem sinceras quando no fundo, o que você mais deseja é machucar quem tanto te machuca? Como é triste o frio na barriga ao esbarrar com aquele olhar já tão distante e trocar o beijo na boca apaixonado por dois beijos na bochecha que nada significam. Estar tão perto e tão longe ao mesmo tempo. Como é triste mendigar qualquer segundo ao lado por mais pobre que seja enquanto sabe, lá no fundo, que é preciso dizimar qualquer esperança que só vive nas suas fantasias.
A cada dia, uma nova tentativa fracassada. Você busca nos livros, na televisão, nas saídas, nos amigos uma explicação, uma frase que console, uma palavra que amenize, um olhar que entenda. Quanto tempo demora para o amor ir embora quando o amado já se foi?
Você se esforça para lembrar de esquecer. Vigia-se a todo instante para não voltar a viver nas lembranças que só existem em você. E a realidade te bate como cocaína. Cobrando com dor hoje, a felicidade de ontem.

Nenhum comentário:

Postar um comentário