domingo, 13 de outubro de 2013

A garota que senta ao lado

Um homem pegava o mesmo ônibus todos os dias para ir ao restaurante onde trabalhava, por volta das cinco da manhã já estava no ponto, esperando a condução. Era a mesma rotina, e como o coletivo andava sempre lotado, dividia o banco com obesos e idosos reclamando do descaso que o governo os tratava, eram sempre os mesmos assuntos.
Rick estava acostumado com aquela vida, até uma certa manhã, uma jovem estudante linda e loira dos olhos azuis, mas com jeito de patricinha, resolve sentar ao seu lado. Ele ficou até meio constrangido com a presença dela, não estava acostumado a ver pessoas bonitas. Ás vezes Rick olhava para ela, observando a janela embaçada disfarçadamente, mas a menina permanecia séria ouvindo musica no foninho do seu celular. No entanto, ele devia perder a esperança, Rick era casado e tinha um filho pequeno com sua esposa. Mas a loirinha começou a pegar o mesmo ônibus que ele todo santo dia e sentava ao lado dele, independente do busão estar lotado ou não.
Porém, ela começa a falar no celular com alguém ao seu lado:
- Eu nem sei quem é você, como quer que eu vá te encontrar?..... Eu sei que você me achou linda, mas eu estudo querido.....
Rick era obrigado a ouvir o mesmo papo toda hora, e ela sempre desligava o aparelho sem falar nada, nunca dava um " Olá".
- Metida! - falou Rick indignado, quando ela não estava perto.
No dia seguinte, a garota senta ao seu lado mais uma vez e inicia outra conversa com o cara misterioso:
- Eu sempre vou naquele barzinho também.... Sério que você me viu? Por que não foi falar comigo?... Vergonha do que amor, eu não mordo não..... Onde você quer me encontrar hoje depois da aula? ....... Tá certo então, no mesmo lugar na avenida Joaquim Benefácio..... Espero que você não seja um maníaco.... Brincadeira, até mais beijos.....
Ela desliga e fecha a cara, fingindo que não tinha falado nada, Rick pensou em aconselhar a não ver esse cara, mas pensou que poderia achar ele atrevido, afinal ela era uma garota mimada que se achava uma verdadeira princesa. Na manhã seguinte, a garota não apareceu no ônibus e Rick sorriu sozinho, imaginando que o príncipe virou sapo. Mas passaram-se alguns dias e nunca mais a garota apareceu e o lugar ao seu lado, sempre ficava vazio. Até que ao chegar em casa, liga a televisão e vê uma notícia de uma jovem estudante e loira desaparecida há uma semana e a família dela estava apavorada. A mulher de Rick, sem saber de nada, disse:
- Coitada! Tão linda e será que não tem ninguém para ajudar a encontrar ela?
O garçom começa a ficar com a consciência pesada, tanto que ao pegar o ônibus para trabalhar, olha a janela do ônibus e avista o reflexo da imagem da garota ao seu lado em forma de caveira, ele se espanta e ao ver novamente, ela tinha sumido diante de seus olhos. Rick não conseguia trabalhar direito, até seu chefe pedir que pegasse umas férias. Ao ir para casa descansar, sua mulher tinha saído com o filho. Ele tomava seu banho no chuveiro, até a água começar a esquentar e ficando cada vez mais quente... Até que de repente a porta do banheiro é trancada e a fumaça tomava conta do local, Rick se assusta e tenta sair do lugar, mas não consegue, e no meio da fumaça branca, avista o formato de uma pessoa dentro do box do banheiro. Ao tentar se aproximar da figura misteriosa, escorrega no sabonete e bate a cabeça na pia, desmaiando na hora.
Acordou horas depois no hospital, sua mulher e seu filho ao seu lado, e ele sem pensar duas vezes, disse:
- Preciso sair daqui agora, tenho que fazer uma coisa meu amor!
- Onde você vai?!
- Confie em mim...
Rick foi á delegacia e contou tudo o que sabia da menina desaparecida, até o nome do suspeito e o local onde era o encontro. A polícia foi acionada e acharam o corpo da jovem esquartejada num matagal, próximo ao barzinho que ela frequentava. O assassino logo foi descoberto e preso, confessou que pegou seu número num restaurante ao pedir por um garçom para que entregasse á garota e Rick entrou em choque ao lembrar que foi ele que levou o número do criminoso para a vítima, a sensação de culpa foi maior ainda. E a mãe de Isabelle, esse era o nome da mocinha, desabafa numa coletiva de imprensa:
- As pessoas achavam que minha filha era uma patricinha metida por causa do seu jeito reservada, mas a verdade era que minha filha sofria depressão e não tinha amigos, vivia grudada no Facebook, achava que ninguém gostava dela e nunca ia achar o verdadeiro amor, até se encontrar com esse psicopata. Por isso tomem muito cuidado ao julgar as pessoas pelas aparências...

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