sábado, 14 de março de 2015

Ela gosta que reparem no cabelo dela

o jeito que ela arruma o cabelo
Quem é a pessoa que mais te conhece?
Seus pais? Algum amigo? Namorado?
Não.
Em teoria, você deveria ser a pessoa que mais te conhece. Que mais conhece sua personalidade, suas manias, gostos, opiniões e seu corpo.
Porque ninguém vai te conhecer completamente. Geralmente o interesse em conhecer alguém só vai até o capítulo do livro que o mocinho consegue beijar a donzela.
São raras as pessoas que realmente querem te conhecer a fundo.
Fazer parte de você.
E anos de relação não garantem anos de conhecimento.
No final vocês podem ser dois estranhos um ao outro. E nem sequer reconhece mais quem esteve contigo por anos.
A verdade é que ninguém conhece a gente, afinal. Ninguém.
E nem deveriam conhecer.
Mas, talvez, entender.
“(…) que besteira isso! Eu sou a pessoa que te conhece melhor! Claro que sou! Eu sei quando você ta brincando ou falando sério. Eu sei sua música preferida, a comida e o filme. E sei o que não gosta de comer, assistir ou ouvir. Sei o que você mais gosta de fazer no tempo livre. Cara, sei até qual é seu sonho na vida! É óbvio que eu te conheço muito bem! Com certeza eu sou a pessoa que te conhece melhor… e você nem deve saber a minha cor preferida.  (Eu não faço ideia qual seja sua cor preferida…) Eu sei disso! Você não sabe nada sobre mim… (Bem, dá pra dizer que você memorizou muitas coisas sobre mim, e eu não memorizei muito sobre você. E nem quero! Pra quê memorizar essas coisas? Não faz diferença pra mim. Aliás, você memorizou coisas sobre mim tipo quando a gente memorizava a matéria da escola. Mas lembra que na escola o maior desafio não era memorizar, era entender a matéria…? Eu te entendo. Eu sei o jeito que você fica quando ta ansiosa, eu sei quando você ta triste e precisa de um abraço, e eu sei o jeito que você sorri depois que eu te beijo. Mas não tenho a menor ideia qual é sua cor preferida…) … Entendi… Faz sentido… E minha cor preferida é… (Sério, eu não vou memorizar isso).”
O que acha de continuarmos sendo dois desconhecidos,
que se conhecem todos os dias?

Acho engraçado quando duas pessoas estão se conhecendo e a conversa parece um interrogatório. Pressa e sede de achar coisas em comum.
Mas pra quê? Você vai mesmo memorizar que ela gosta de comer “pastel de frango com salsicha” junto com café sem açúcar? (Sério, conheço quem goste e só gravei porque é bizarro)
Qual a real relevância de querer memorizar cada coisinha sobre aquela pessoa, como a cor preferida?
Por que não procurar entender aquela pessoa?
Melhor que memorizar coisas sobre alguém é dar atenção à detalhes. E isso, infelizmente, pouca gente faz.
Eu não lembro de quase nada sobre quase ninguém.
Nome: ok!
O que faz: ok!
Endereço: Google maps…?
A roupa que eu usou na segunda vez que nos vimos, naquele sábado à noite que fomos jantar naquele lugar que não lembro o nome: risos.
Mas se eu me importo contigo, certamente tenho algum detalhe guardado sobre você.
Pra mim isso vale mais que memorizar qualquer outra coisa cliché.
“Pequenos detalhes“.
É o que constrói uma relação.
Aquele sorriso que só você conhece. O modo que ela te olha querendo algo. A expressão dela quando ta concentrada. O cheiro no cabelo dela. A voz no seu ouvido…
Dar atenção à esses detalhes é onde mora o diferencial de um cara que presta atenção em você, pra um que só te memoriza.
Ver e enxergar são coisas muito diferentes.
“(Eu achei que a conhecia.
Óbvio.
Tantas conversas. Horas de assunto. A convivência.
Mas um dia eu percebi que não sei nada sobre ela.
Passou tempo. Deveria conhece-la. Mas não. Nada.
Aliás, qualquer um pode saber qualquer coisa sobre ela.
Alguns minutos de conversa e uma busca no Facebook e você já sabe os gostos, hobbies, opiniões, aonde vai e o que gosta de fazer.
Qualquer um pode conhecer essa garota. É fácil.
Isso me incomodou, mas só no começo.
Até lembrar que qualquer um pode conhecer, mas poucos vão entrar na vida dela. Ela não permite qualquer um. E vários tentaram, vários ainda tentam, claro. Mas ela não permite facilmente assim.

Mas me permitiu.
E quando pude entrar e enxergar como ela é de verdade, muito além de todas aquelas conversas e risadas e gostos em comum, eu percebi a sorte que eu tinha de poder ter todos aqueles detalhes que a fazem ser tão única e diferente das outras.

Se teve outros caras? Sim.
Mas não me importo. É sério.
Nenhum deles vai enxergar o que eu enxerguei nela.
Nenhum deles vai ter os abraços que eu tive com ela.
Nenhum deles vai olhar da forma que olho pra ela.
Nenhum deles vai viver o que eu vivi com ela.
E nenhum deles vai ficar hipnotizado com o jeito que ela arruma o cabelo, como eu fico.
Uma coisa tão simples, mas que tá na minha memória em cada detalhe, e é só meu.
É meu detalhe especial.

Nenhum deles.)”

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