sábado, 14 de março de 2015

Meu primeiro amor

Meu primeiro amor se chamava Carina, ela era morena alta de olhos pretos igual uma jabuticaba, estudava na mesma classe que eu.

Eu era apaixonado por ela, me lembro que sempre dava um jeito de chegar antes na sala, pra sentar na carteira de trás dela, só o fato de eu estar perto dela fazia meu coração bater forte, e minhas mãos suarem, pra mim ela era perfeita.

Na metade do ano, implementaram na escola uma caixinha de correio, onde os alunos poderiam destinar cartas uns a outros alunos, era só colocar o nome do destinatário, número da sala, e seu texto.

Foi a solução dos meus problemas, por eu ser tímido demais, nunca conseguia me declarar, então todo dia eu escrevia poemas, colocava numa carta, e jogava todo disfarçado na caixinha da escola, no outro dia eles entregavam na sala, e eu observava eles chamarem “Carina, carta pra você”, Era tão gostoso ver os olhos dela brilhando ao ler a cartinha, de ver aquele sorriso bobo por algo que eu escrevi, porem tinha apenas um problema, eu nunca colocava meu nome nas cartas.

As amigas dela morriam de inveja, por ela ser a única que recebia cartas a beça, graças a mim ela recebeu o nome da “garota popular”, mal eles sabiam que as cartas era só um apaixonado bobo que mandava. (risos)

Chegando final do ano, tomei a coragem e em uma das cartas decidi me revelar, coloquei “assinado Rafael”, Tudo saiu perfeito, se ela não tivesse confundido o rafael com o da sala ao lado, e o pior é que ele teve a cara de pau de assumir que era ele que enviava as cartas, meu tempo, meus poemas, e meu plano de conquistar a garota dos olhos de jabuticaba foi pra água a baixo.

Se passaram mais de 10 anos, e acredita quem achei no facebook? sim ela mesmo Carina, e em uma das nossas conversas recentemente perguntei sobre a cartas que ela recebeu quando pequena, e o mais surpreendente de tudo, ela tem todas guardadas, me contou que na época ela demonstrava ser feliz, mas no fundo era triste, todos os dias pensava em acabar com a própria vida.

Disse que o rafael salvou ela de todas as formas possíveis que alguém poderia salvar, que graças a algumas palavras, fez ela se gostar, e de se olhar no espelho e admirar o que via, a saber que era amada.

Percebi então que meu tempo, meus poemas, minhas cartas nunca foram pra água abaixo, de alguma forma eles precisavam ser escritas e lida por alguém.

Talvez Carina não saiba que era eu o rafael que escrevia, agora não mais.

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