sábado, 20 de julho de 2013

Maldição do funk

 Vim lhes contar a estória de minha humilde e tradicional cidade do interior. Cultunopóles é uma minúscula cidadezinha de aproximadamente 10 mil habitantes. O som clássico era o bom e velho Sertanejo de viola. Mas nossa cultura e paz, foi tomada quando cinco jovens de codinome: "Bonde dos condenados", veio morar por aqui.

   Final de semana costumava ser um lindo dia para um piquenique na praça do centro, mas com a vinda dos "condenados", as mentes férteis dos jovens Cultunopolenses, foi corrompida pelo som vergonhoso e a falta do que fazer dos novos moradores.

   Nenhuma família jamais plantou os pés na praça desde aquele dia. Os infelizes tocavam um som de batidas com apologia ao crime, e uma tal de "ostentação", que visava falar de dinheiro, drogas, baladas e mulher (coisa que nenhum deles tinha...) Ao menos eu nunca vi um deles com isso, o uísque que eles diziam consumir nas musicas, era na verdade uma garrafa de 51 com limão.

   No entanto, o maldito som tinha um nome: Funk! Era assim que o chamavam... E ainda por cima diziam de boca cheia que aquilo era cultura.

   Mas até então eu não ligava pra isso, afinal, não podíamos fazer nada, nem mesmo a policia da cidade se atreveu a tentar afastar os cinco meliantes de nossa humilde cidade. Isso até eles mexerem com nossos filhos... Eu estava em casa, lembro-me que era um domingo. Meu filho Ryan, me informou que sairia para uma festa no centro da cidade, claro que eu não desconfiei de nada, Ryan era católico e nunca aprontou, então eu o deixei ir.

   A noite caiu e adormeci na poltrona de minha sala. Acordei aos gritos de desordem e batidas na porta, fui então ver o que era. Era nada mais, nada menos que meu filho Ryan, bêbado e drogado! Ora bolas, às drogas nem haviam chegado aqui ainda, como pode isso? Lembrei-me então da maldita festa... Socorri meu filho desvirtuado e lhe dei um banho de água fria; inerte ele apenas adormeceu em seu quarto, nem falar comigo conseguia.

   A raiva e o desespero assombravam minha mente... Quantas vezes mais eu iria passar por isso? Eu realmente não tinha cabeça para lidar com aquela situação. Eu estava decidido em acabar com aqueles malditos "condenados", os cinco iriam pagar por trazer a desordem e o caos para nossa cidade. Conclui então que a festa ainda estava rolando, pois eram duas horas da madrugada, e geralmente eles zombavam até as seis.

   Preparei-me armado com uma barra de ferro, sim, eu iria os enfrentar sozinho! Mas para minha surpresa, outros pais estavam revoltados, armados com pedaços de pau e barras de ferro. Caminhamos unidos; uns 12 homens e 7 mulheres. Um fofoqueiro que nos viu passar discou para a policia.

   Enfim chegamos a maldita festa. Na porta já fomos barrados, e um deles ousou em nos desafiar! Só pode está de brincadeira, eles eram em maioria, mas estavam desarmados. A discussão então começou a ponto de acabar em briga ou coisa pior. A policia chegou na hora certa, alguns deles tentaram correr, mas foram pegos. Mais de dez viaturas cercaram o local, e mais ou menos 15 traficantes, incluindo os cinco "condenados", foram presos e excomungados de nossa cidade.

   Castiguei meu filho com 2 meses sem TV ou diversão alguma. E por fim eu estava feliz, afinal... Nossa cidade estava livre daquela maldição. Liguei o som e ouvi Legião Urbana: Pais e Filhos... Bem junto de meu filho, que desde então apreciou musica boa e nunca mais se meteu com coisa ruim.

FIM

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