sábado, 20 de julho de 2013

Zoe

Numa madrugada, a família Medley foi vítima de um assassinato horroroso, membros e órgãos dos corpos jaziam lá expostos no chão encerado, frio e úmido da casa dos Medley. Todos os corpos foram reconhecidos pela perícia criminal e pelo médico legista, exceto o da pequena Zoe no momento desaparecido e do Sr.Bill avô da Zoe, único sobrevivente ao atentado. A causa do crime até então não tinha sido descoberta e durante meses o Sr. Bill passara por uma série de tratamentos psicológicos devido ao choque emocional do ocorrido, até o dia em que ele pode voltar pra casa e terminar de viver os anos que lhe restam. O Sr. Bill passara todo o dia arrumando a casa conformado, e certas vezes relembrando as cenas do desastroso ocorrido da família. Na manhã seguinte, os vizinhos reuniram-se e foram a casa do Sr.Bill dar-lhe as boas vindas oferecendo-lhe um belo café da manhã que cada um deles contribuíra para fazer, o sol já tinha dado as caras anunciando um belo dia, todos já estão na porta da casa dos Medley e um deles bate na porta,
'toc toc toc'
'Senhor Bill, viemos dar-lhe boas vindas, aqui é o Norton da família Gregor, lembra-se de mim?'
'toc toc toc'
'Senhor Bill, o senhor está aí?... Sr.Bill?'
Os vizinhos ficaram assustados por não terem resposta do Sr.Bill e resolveram chamar a Polícia. Minutos após o chamado uma viatura policial surgira da esquina e chegara à porta dos Medley onde a vizinhança estava, da viatura saíram dois policiais, um aparentava ter 35 anos, cabelo loiro e olhos negros, com uns 1,88m de altura, e outro era mais baixo com uns 1,70m de altura, uma leve barriga, cabelos negros calvo e olhos azuis, foram até o Norton que realizara a chamada deles,
'Você é o Sr.Norton?'- disse o policial barrigudo.
'Sim, sou eu Sr...?'-respondeu Norton.
'Padwe, Nicolas Padwe. Então, o Sr.Bill ainda não deu as caras?'
'Não policial, viemos dar-lhe as boas vindas pela volta dele a nossa vizinhança, mas ele não nos atendeu até agora.'
'OK, vamos lá Sam!' - disse o policial Padwe ao o policial loiro.
Foram até a porta dos Medley e a bateram com força,
'TOC TOC TOC'
'Sr.Bill, abra essa porta imediatamente! É a Polícia!' - Disse Sam o policial loiro.
E mais uma vez sem nenhuma resposta do interior da casa.
'No três!' - fala o Policial Padwe ao Sam.
'1..2..3!' - arrobaram a porta dos Medley.
Os policiais adentraram na casa, e até então tudo estava nos conformes. Vasculharam toda a casa até entrarem no banheiro da suíte, lá estava ele, ou melhor, partes dele, pedaços deles dentro da banheira que deixara de ter água à uma mistura homogênea com o sangue. Os policiais estupefatos, ambos olham-se sem acreditar no que seus olhos esbugalhados estão vendo, braços, pernas, tronco e cabeça espalhados banheira a dentro, os olhos fora de órbita, agora boiam na água avermelhada da banheira. Sam e Padwe saem espantados para fora da casa, fechando o entorno dela e contactando seus amigos da perícia criminal. Os vizinhos, todos curiosos perguntam o que houve com o Sr. Bill e ficam estupefatos com a notícia vindo-lhes o déjà-vu. A perícia criminal chega ao local do crime e fica claro que houve um assassinato nada escrupuloso ali, porém sem nenhum tipo de rastros ou pista que levasse ao autor do crime, exceto as gotas de sangue  que seguiam um rastro até a porta do banheiro e somem, o que resulta em absolutamente nada.
Os anos correram, e o desastre da família Medley transformou-se em historinha de terror. A casa dos Medley ficara posto à venda durante todo esses anos até o momento que foi a leilão, um belo rapaz chamado Malcon, com aparência de uns 30 anos, cabelos lisos negros em corte baixo, olhos também escuros e 1,83 de altura, que mudara-se para a cidade devido ao seu novo emprego arrematara o leilão. Dias passaram e o Malcon viera com seus móveis e pertences para a sua nova casa, passara o dia pintando a casa, logo após fazendo uma verdeira faxina e arrumando todos os seus móveis e utensílios. Malcon já exausto da mudança resolve ir até a suíte tomar uma boa ducha e ir dormir, caminhando até suíte ele gira a maçaneta da porta e adentra o cômodo, caminha mais um pouco até onde fica seu guarda-roupas para buscar uma toalha limpa. De passo em passo até o guarda-roupas Malcon sente em seus pés uma madeira em falsa, pisa novamente no local e curioso agachara ali mesmo e inspeciona, ele puxara a madeira em falsa e encontra um livro encapado com couro, fica curioso em abri-lo e ver o que tem escrito, mas a exaustão grita mais alto e ele lança o livro sobre a cama. Com toalha em mãos ele vai até a banheira, deita e liga a ducha , passa minutos ali com olhos fechados saboreando o frescor da água, até que faz sua higiene completa e volta para cama. Malcon pega o livro ainda curioso e percebe que o livro é uma espécie de diário, ele abre-o e ver o nome Bill Medley no canto inferior direito da primeira pagina do diário, já se passava da meia-noite e a curiosidade do Malcon gritava, então ele decide lê-lo,
"Com imenso medo de surtar e morrer sem ninguém saber a verdadeira história da família Medley, resolvi escrever esse diário.
Tudo começou quando minha pequena e linda netinha Zoe nasceu, desde pequenina ela sempre foi muito travessa, com um aninho Zoe adorava pegar as formigas que jazia pela casa e matá-las, todos da casa achavam engraçado e riam com a Zoe, com quatro anos a Zoe vivia correndo atrás dos gatos da vizinhança que entravam na nossa casa para vasculhar a lata de lixo e puxava seus rabos praticando suas travessuras até que um dia, a mãe da Zoe, minha querida filha Ginna, encontrara a Zoe de madrugada no seu quarto, esquartejando um desses gatos com uma faca, toda ensaguentada sorrindo como se estivesse brincando com bonecas. Desde então a minha filha não nos deixara levar a Zoe  à um médico, pois dissera que ela não estava doente que só precisava de uma boa conversa. Ela conversou com a Zoe e até os 9 anos a pequenina não praticou mais nenhuma de suas atrocidades sem que nós ficássemos sabendo. Percebemos que a Zoe  estava bastante próxima do Bob nosso cão de estimação nas últimas semanas, ninguém havia desconfiado de nada, exceto eu que lembrara do pobre gato e resolvi rodeá-la,numa noite acordei para ir beber um pouco d'água na cozinha, e decido ir até o quarto da Zoe, caminho até lá, giro a maçaneta e não encontro-a lá, apenas uns papéis sobre a sua cama, entro pego os papéis e visualizo-os com cuidado e espanto vendo os esboços do corpo do Bob nos papéis. Corro aflito até o quintal onde fica a casa do Bob, e deparo-me com a Zoe cavando o sepulcro dele, e o Bob lá ao lado dela com seus membros desconfigurados, eu fiquei ali, parado, estupefato, totalmente inerte sentindo minhas lágrimas rolando meu rosto abaixo sem saber se era pela desastrosa morte do Bob ou por lamento da Zoe.
Acordei, estava deitado sobre minha cama, a Ginna estava ao meu lado aguardando o meu despertar.
'Ginna querida, é triste, mas a Zoe precisa de tratamentos médicos querida, ela precisa!'
'Pai me desculpe, mas a Zoe não é doente! - Ginna falou mais alto- Eu tentei por bem conversar com ela anos atrás, e pela desobediência decidi castiga-la Pai, ela está agora no porão presa à uma cadeira sem nenhuma luz, agora sim ela vai por de uma vez na cabeça que fazer essas atrocidades não é certo!'
'Tudo bem querida, não vou mais intervir na criação da tua filha, mas até quando pretende deixá-la presa lá no porão?'
'Amanhã pai, amanhã minha mente estará livre desse stress que a Zoe me causou hoje e tiro-a de lá, e deixo-a castigada no quarto. Boa noite pai.' - Disse Ginna saindo do quarto.
'Tchau querida, boa noite.'
Todos já estavam dormindo, assustados com o acontecido, exceto eu porque meu sono havia sido dissipado com o choque, perdi a noção do tempo e o silêncio já gritava naquela madrugada, de repente escuto uns gritos e gemidos lá de baixo e levanto assustado da cama, pego meu querido e velho facão que jazia a muito tempo ali debaixo do meu colchão e desço as escadas com cuidado, ao pisar no último degrau, não consigo acreditar no que vejo, todos da família havia sido assinado pela Zoe, no momento, ela estava com a Ginna em mãos pronto para matá-la,
'Zoe filha, por favor! Não faça isso querida! Sou sua mãe, aqui, sua mãe Zoe!!!' - Diz Ginna ao mar de prantos engasgando-se com seu choro.
Zoe olha profundamente nos olhos da mãe sem emitir nenhum som e rasga-lhe a garganta sem escrúpulo algum.
Toda a compaixão, todo o amor e humanidade que existia entre mim e a minha netinha esvaiu-se naquele momento, corri gritando até  Zoe, expulsando todo o tipo de sentimento que havia dentro de mim e lancei meu facão corneta na direção do seu pescoço descepando-a.
Fiquei exausto, cai de joelhos no chão, mas por poucos minutos até eu cair na real e percebi o que eu tinha feito, todos iriam acusar-me dessa chacina, eu tinha que fazer algo. Fui até o quintal, estava muito nervoso, tremendo muito, mal conseguindo pegar a pá para fazer a cova. Fiz uma cova bem funda, peguei o corpo da Zoe, a cabeça, e o meu facão e joguei-os na cova, enterrei tudo, limpei os vestígios de terra do meu corpo e voltei para o local da chacina.
Escutei a sirene da polícia e fiquei ali no chão, em transe, eles arrobaram a porta, gritaram comigo, parecia me fazer perguntas, mas eu só rememorava a cena da Zoe, puxaram meus braços para minha costas e senti o frio das algemas prendendo minhas mãos.
Acordei num leito de hospital, e uma enfermeira pedira para eu permanecer quieto que o médico viria até mim. Junto com a enfermeira, veio o Médico e o Delegado, me fizeram perguntas, mas permaneci calado, então eles desistiram e atualizaram-me com notícias, fui informado que foi encontrada as digitais da sua Neta, Zoe Medley na faca encontrada na cena do crime, a faca que cortou todos aqueles corpos, e eu só assenti tudo o que eles disseram-me. Fiquei no hospital durante meses fazendo tratamentos psiquiátricos, até ser liberado para voltar para casa e estar aqui escrevendo nesse diário hoje.
Essa é a história da família Medley.
By: Bill Medley."
Ao terminar de ler diário, completamente perplexo e estupefato com o que leu, encontrou um recorte de jornal com a manchete DESAPARECIDA, e logo em baixo, a foto da Zoe, uma garota de 9 anos ruiva, com olhos negros. Malcon ainda sem acreditar no que leu, joga o diário para o outro lado e vira-se até a escrivaninha para beber um pouco d'água, ele sente um calafrio e lembra-se que deixou a janela aberta, quando ele vira-se e levanta para fechar a janela ela vê Zoe dentro do seu quarto pelada e suja com o facão corneta na mão. Ele esbugalha os olhos e só escuta o tilintar do copo estraçalhando-se ao seus pés.

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