Segurou a arma e engatilhou.
A palavra “viva” e “esperança” ecoava na sua cabeça, ele as repetia com
fervor, seus lábios esbranquiçados se movimentam como se fizesse frio.
Estava quente lá fora, mas seu interior era frio. Seu corpo não
circulava sangue como deveria. Ele olhava pela janela do segundo andar e
via as pessoas andando de um lado para o outro, sorrindo, pulando,
alegres, vivendo. E a mão dele suava, e o corpo todo suava na mesma
intensidade. O vento balançava as cortinas da janela e seu interior
balançava junto. O coração acelerado, querendo desprender-se de um corpo
semi morto. Viva, há esperança! Seu consciente gritava e ele tentava
tapar os ouvidos, mas a voz vinha de dentro da sua existência, nada era
capaz de calá-la. Viva, viva, viva. E ele ouvia sorrisos, e ouvia seus
pais lhe pedindo para ter calma, ouvia seus amigos dizendo o quanto ele
era especial, e as palavras jorravam em sua mente. Sua existência estava
cada vez mais distante. Seu corpo soluçava ódio, soluçava desistência. A
dor estagnada transbordava por seus poros, fazendo jorrar um liquido
transparente e com odor insuportável. E as vozes não calava, e sua mão
tremia, e seu corpo suava, e tudo parecia sem vida, e as cores pareciam
desaparecer. Um gradiente incolor ia do branco ao preto, ao escuro. Seus
olhos se fecharam. POW. Foi o barulho de sua alma indo embora, seu
cérebro foi esmagado junto com as vozes, seu corpo suado e gélido caiu
sobre os papeis, que futuramente seriam cartas sem destinatário. E em
segundos ele deixou de existir.
Nenhum comentário:
Postar um comentário