segunda-feira, 13 de julho de 2015

O que deu de errado ?

danbo
Esses dias, uma grande amiga solicitou meu ombro pra chorar sua dor de cotovelo. Ela havia tomado um pé na bunda, daqueles inesquecíveis, do garoto de quem estava gostando e uma semana depois ela já desfilava de mãos dadas com outra, feliz, sorridente e apaixonado. Ele parecia gostar de mim – ela dizia.
É, minha amiga, as pessoas enganam bem.
Enquanto ela me narrava o que estava sentindo, pensando e passando, consegui me ver em cada palavra, em cada dor. Já passei por isso. Mais vezes do que gostaria. E não desejo nem ao meu pior inimigo.
Acho que todo mundo já passou pela terrível situação de ser a pessoa que o outro nunca se apaixonaria. Simples assim. Não é a pessoa certa na hora errada. É a pessoa errada de todas as horas.
E você só descobre isso quando entra uma terceira pessoa no jogo. Porque para você houve desculpas de “momento errado”, “excesso de trabalho”, “família complicada”, e todas essas baboseiras que as pessoas dizem quando querem dar um pé no outro mas não têm coragem de falar realmente a verdade, mas para aquela terceira pessoa não houve nada disso.
E é aí que você descobre a terrível verdade: o problema era sim você.
Você apenas serviu de microondas. Esquentou um alguém para uma outra pessoa comer. Você fez parte de uma história de amor que não tinha espaço pra você.

É uma facada no peito descobrir depois de tudo que você nunca teve chance alguma. Você já começou perdendo aquela batalha.
Você se sente a pessoa mais indigna de amor do mundo. O que você não tem que aquela terceira pessoa tem? É a sua aparência? É o seu trabalho? É o seu estilo musical? As roupas que você veste? Os seus assuntos na hora do jantar? Qual é o seu problema? Qual é o seu maldito problema?
Você era útil para aquela pessoa enquanto ela queria suprir suas próprias carências momentâneas. Enquanto nada de melhor aparecesse. Porque na hora em que apareceu, você foi jogado pra escanteio sem a menor dificuldade.
Ser o descartado não é uma tarefa fácil. Dói. Muito. Mas se me permite um spoiler, vai passar.
Se quer uma notícia ruim, o problema é você da cabeça aos pés. Tudo o que você é. Tudinho.
Mas se quer uma notícia boa, antes que você se martirize com pensamentos inúteis de “o que eu poderia ter feito de diferente?” saiba que a resposta é nada. Não havia o que fazer. Independente do que você pudesse ter feito de diferente, o resultado seria o mesmo.
Não foi o que você fez. Foi o que você é. E quanto a isso, não há nada a ser feito.
Às vezes conquistamos as pessoas sem esforço nenhum, elas se encantam pelo o que somos. Mas às vezes afastamos outras pelo exato mesmo motivo.
Fazer o quê além de nada? Paciência. O que não tem solução, solucionado está.
Porque Maria se apaixona pelo João e não pelo Pedro? João é melhor do que Pedro? É mais bonito, mais inteligente, mais merecedor do amor de Maria? Não necessariamente.
Nem Maria ou João conseguiriam responder essa pergunta. E muito menos Pedro.
A verdade é que não existem motivos racionais para o amor acontecer. Não é uma conta matemática onde juntamos o 2 e o 2 e sabemos que dará 4. Às vezes dá 5, outras vezes 37, e outras não dá porra nenhuma. Assim é o amor. Hora dá, hora não dá. E nem sempre acontece com a pessoa que mais queremos que aconteça, com a que mais se empenhou, a mais bondosa, ou a mais merecedora. Amamos as pessoas sem sabermos os motivos pelos quais as amamos.
E antes que a raiva e o ódio tomem conta de você, lembre-se que você também não escolhe o seu amor. Você também já dispensou pessoas na sua vida. E no passado aquelas pessoas também sentiram exatamente o mesmo que você está sentindo agora.
Às vezes estamos na posição da pessoa que dá o fora. Outras vezes, da que leva.
Não há o que fazer contra isso. Não há o que fazer contra as frustrações da vida.
Na verdade há sim: aprender a lidar com elas.
Faça as pazes com a sua própria dor.
O amor não é para quem desiste na primeira decepção.
Você pode ter perdido uma batalha, mas a guerra continua.

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