sexta-feira, 10 de julho de 2015

Sonho confuso

Depois que acordamos, ela ficou sentada na ponta da cama, o fungado no nariz acusava o choro. Tentei fingir que ainda dormia, eu não tinha a facilidade de lidar com os problemas das outras pessoas como ela tinha. Mas, ela acabou me vendo mexer na cama e me olhou. Perguntou se eu estava acordado. Assenti que sim. Ela então deu um sorriso com os lábios cerrados, nada parecido com os demais sorrisos da noite passada. Eu sabia que tinha que falar algo, era o mínimo que eu poderia fazer depois de ela me tirar do fundo do poço por algumas horas. Perguntei se ela estava chorando. Não sei em qual parte da pergunta errei, pois outras lágrimas começaram a surgir em seu rosto e eu não sabia o que fazer. Então abracei-a. Ela começou a falar umas palavras meio confusas. É difícil entender o que uma pessoa fala quando ela está chorando, mais ainda quando ela está chorando agarrada ao seu ombro. Entendi quando ela disse que estávamos fazendo tudo errado. Perguntei se ela estava feliz. Ela disse que nunca se sentira tão bem como naquele momento. Então perguntei qual o problema. Ela respondeu que o problema era ela, depois disse que o problema era eu, até que chegou a conclusão que o problema era nós. E foi então que comecei a entender tudo. Então abracei-a com mais força, mesmo sem jeito. Nunca fui bom com abraços. Ela finalmente se acalmou e me olhou, então sorriu. Agora, com mais sinceridade, pois pude ver quase todos os seus dentes. Ela disse que parecia uma adolescente boba daquele jeito. Eu disse que ela ficava linda com olhos vermelhos, pois que combinava com o castanho esverdeado das pupilas. Ela disse que eu era o máximo, meio idiota com as observações, mas um máximo. E eu nem sei o que fiz para ela achar isso de mim. Um silêncio se instalou entre nós, enquanto eu dividia minha atenção entre suas pernas e meus lençóis bagunçados. Ela então quebrou o silêncio, perguntou se eu havia gostado. Eu não entendi, não estava prestando muita atenção. Então ela apontou pra cama e disse “você sabe”, com um tom meio tímido e um pouco safado. Sim, sim. Eu havia mesmo gostado. Acho que mais do que apenas o que ela se referia. Eu havia gostado dela. Naquela noite, naquela cama, naquele estado. Eu havia gostado dela. E isso era incrível e louco. Muito louco. Desde que meu namoro antigo havia acabado, há meses, eu não havia deitado com mais ninguém. Às vezes ela me fazia companhia, mas sexo nunca. Agora, ela estava ali, sentada na beirada da minha cama, com o olhar apaixonado, segurando a minha coxa. E ela estava tão linda e eu me sentia tão completo. Nunca entendi as metáforas românticas dos livros que ela sempre me forçava a ler, mas eu me sentia como um pássaro que acabara de sair da gaiola pela primeira vez depois de anos presos: e ela era a chave da gaiola, aqueles lindos olhos era a minha liberdade.......Foi ai então que acordei

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