sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Ainda ontem sonhei com o meu amor

Ainda ontem sonhei com meu amor. Sonho de lembranças... de amor... Os olhos cheios de saudade não me acordaram. Bom saber do meu amor dentro de mim em todos os momentos. Adoro beijá-la sem cuidado.

Linda, na sua camisa preta de alças, me pedia paciência... Ao ouvi a sua voz perto do meu ouvido senti uma força maior penetrando nas estranhas. Era como se o vento estivesse escoando o suor vindo do meu corpo cansado da corrida a beira do mar.

Meu amor se banhava no rio com as vestes pregadas num galho de árvore. Dizia ser melhor para os meus olhos vê-la com o corpo todo solto entrando e saindo d’água. De nada adiantava me amar se não pudesse alimentar os sonhos de desejos nos braços, no corpo do seu amado. Queria ser plena, absoluta, onde estivesse comigo. E, do seu coração, saia insultos de amor, onde prenderia, dentro dos meus pensamentos.

Meu amor tinha o costume de me chamar carinhosamente de “meu mo”. E cada vez que me via corria ao meu encontro e se atirava aos meus braços e num abraço insofismável, completava a alegria com um beijo extravagante. A cada segundo, meu amor matava a saudade do seu corpo se esfregando no meu e assim, o dia passava...

Era uma festa cada sentido visto nos olhos do meu amor, não se dava conta da tamanha delicia da sua vontade perto de mim.

Não me deixava nem ir ao pote me abastecer de água ou de pegar uma bolacha de aveia com coco de gosto agradável, pelo menos me aliviava, saciava a minha vontade... Até o vinho, meu amor fazia questão de trazer pronto na taça e aos poucos alimentava a taça com clima de paixão.

Meu amor era esperta e sabia me amar com a força do interior... Cabocla, me defendia com unhas e dentes. A faca era um estrago só naquele que intencionasse chegar perto de mim com rastros de maldade.

Meu amor sabia que qualquer aperto, recorria ao acode da “mãeinha”. Tinha no sangue o sentido da generosidade presente e no coração um fogo de desejo por mim...

Meu amor tinha um amor por mim, tão grande, onde pouco importava se o céu dava luz ou não. A luz do meu olhar era suficiente e alimentava a claridade por ela esperada. Mesmo assim, não se dava por satisfeita se no amor ela não sentisse o prazer do seu amado ser totalmente realizado. Tinha o fervor no corpo e uma chama de alegria quando se deitava sobre mim e me tascava um beijo ardente e preguiçoso.

A noite chegava e meu amor sabia exatamente como me agradar, no tempero da comida ela espreguiçava na pimenta e alegrava o meu apetite com os carinhos das suas mãos.

Meu amor gostava de me ver sorrindo. Dizia do meu sorriso, ser conforto para os seus olhos. Tinha a mania de colocar os ouvidos sobre o meu coração e pedi a Deus que meu coração nunca parasse de funcionar, que se fosse possível fizesse o dela ter esse fim primeiro.

Meu amor sentia o cheiro da minha pele a distancia... Cheirava tanto, a ficar viciada. Tinha um amor por mim, irrepreensível e cada toque seu me deixava inefável.

A cada manhã chegada me acordava com um beijo na boca e levantava cantando acompanhando os pequenos passarinhos. Nunca me deixou, sem um beijo na partida. Nunca me negou um beijo na chegada.

Um dia, meu amor viu na minha pele nua um sinal diferente, nunca visto... Perguntou onde tinha conseguido aquilo, disse-lhe que tinha lembrança de ter coçado e não dei importância. Aquilo não deixou meu amor em paz, enquanto isso insistiu e me convenceu a aceitar a ir à “rezadeira”, lugar onde costumava buscar folhas para tentar tirar do seu corpo tentações e sujeiras oriundas de olhos estranhos.

E assim, em poucos dias, o sinal sumiu e meu amor agradecido chorou de emoção a me ver sem um traço diferente na pele. O sinal foi embora e ao meu amor a alegria retornou que lhe era peculiar.

Meu amor não deitava antes do silencio reinar por todos os cantos. Ela me queria e somente admitia os gemidos vindos do seu corpo ou saindo de dentro da minha boca. Era notável, surpreendente, sempre carregada de surpresa... Mulher com todos os caprichos apurados; como fazia meu corpo tremer; era doce no beijo; era a delicia espalhada nos seus seios delicados, facilmente se arrebitavam e me deixavam com água na boca; era esperta no colo; era ligeira nas loucuras; era amante sem pudor...

Ainda ontem, sonhei com meu amor. Ainda hoje, voltei a sonhar com meu amor... Amanhã, com certeza, voltarei a sonhar com meu amor. Meu amor, está dentro de mim eternamente...

Nos sonhos, meu amor existe... Meu amor me entende... Meu amor me faz feliz.

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