terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Cantinho de Poemas Semeados


 
O cair da tarde refletia o peso melancólico do passado. No céu de um violeta escuro aveludado estrelas já brilhavam como pequenos prismas naquele lugar longe do mundo, um cantinho onde o amor torna tudo possível.
Este era o único lugar onde desejaria estar. A cabana em que seus lábios se tocaram pela primeira vez, um instante voraz, congelado no tempo. Sob a luz do luar ele abrira os braços e ela se aninhara entre eles, e ficaram assim, um bom tempo, convictos de que os dois se amavam o suficiente para encontrarem uma maneira de continuarem juntos para sempre. 

Naquele paraíso, por anos, o tempo do amor tinha sido um espaço sem fronteiras.
Os dois no silencio da lua.
Deusa do seu querer, ela abria os olhos, e ele se recolhia em seus olhos de lua enquanto ela dançava para ele, enfeitiçando-o com seu olhar, incendiando de paixão sua alma.

“Não chores por mim. Em vez disso sorria de alegria por mim e por meu amor”. E tão perfeitamente adormecida, os olhos dela se fecharam e a cabeça virou para o lado.

Espalhou as cinzas ao vento e sobre as flores, ali no lugar que ela amara.
Caminhou por entre as flores silvestres. As cinzas saíram voando, rodopiando sobre o cantinho de poemas semeados, como se estivessem procurando por ele, chamando-o pela ultima vez.
Pensou se devia dizer alguma coisa. Fazer um tributo à mulher que lhe dera o coração para não ser mais devolvido.
Decidiu que não. Palavras não saberiam descrever o amor tatuado em seu coração, uma estrela que nunca ia morrer. 
Ao invés, no vesperal silencio, deixou sua alma murmurar, gritar, cantar a esse amor a sua eternidade.

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