sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Não há nada por aqui, vamos tentar outro caminho



(No vale da Morte, as pedras se movem sozinhas...)           
 Triste mundo mundano, que abre passagens em brechas soltas. Os passageiros suspiram passo a passo, se atropelando em remorsos e desespero. Triste também a boba sina, sina do tolo que olha a frente, sem enxergar razões para o bom futuro. Projeta em si um amanhã tão dormente e decadente, tão comum e certeiro, da até pra se lembrar da mãezinha dizendo: “Ei, eu te avisei...”
 A faca corta a carne, mas não o espírito. A dor e a agonia não corrompem, elas apenas fortalecem. O véu transparente que cobre a carne roxa não impede a remissão dos pecados... Hó, tolo, que caminhas no vale da morte, sente-se naquela pedra! Pense nos sonhos quebrados, nos caminhos frustrados, nas decisões erradas...
 É tanto pra se pensar que a pedra caleja, aleija e interrompe a linha de raciocínio...
 ...Foram tantos pensamentos em vida, quando a alma estava colada na carne, tantas duvidas sanadas por falsas respostas... Falsas esperanças... Falsas pessoas...
 Há, se o tolo pudesse voltar... Se a maré do tempo não fosse tão pesada, tão contraria, remaria ele até os confins dos dias de outrora... Ele não pensaria em nada não. Agiria! Seguraria no punho que empunha a faca, sorriria notório e decidido: “Não iras me cortar, lamina imunda!”.
 Mas o tolo nada decide, nada escolhe, nada vive. Apenas cria calo nas pedras, sentado, esperando o mundo passar, esperando a ferida da morte se curar.

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