sábado, 6 de setembro de 2014

entre nós dois

Entre nós dois a conversa sempre fluía espontânea. Ela falava um pouco, eu prestava atenção, e depois chegava a minha vez. Nosso diálogo era sempre assim, simples, sem esforço nenhum. Parecia que tínhamos segredos em comum. Quando se descobria um que valesse a pena, ela dava aquela risada da maneira que só ela sabia dar. Era como a alegria provocada por uma fogueira.
A princípio foi esse olhar um simples encontro,mas dentro de alguns instantes era alguma coisa mais. Era a primeira revelação tácita, mas consciente, do sentimento que nos ligava. Nenhum de nós procurava esse contato de nossas almas, mas nenhum fugiu. O que dissemos um ao outro, com os simples olhos, não se escreve no papel, não se pode repetir ao ouvido; confissão misteriosa e secreta, feita do meu coração ao seu coração, que só ao céu cabia ouvir, porque não eram vozes da terra. As mãos, de impulso próprio, uniram-se como os olhares; nenhuma vergonha, nenhum receio, nenhuma consideração deteve essa fusão de duas criaturas nascidas para formar uma existência única.

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