domingo, 16 de junho de 2013

Lembranças, Doces Lembranças

   Ela sempre foi muito especial para  ele, mesmo agora pertencendo a outro. Mas não se  conformava  com essa perda, mesmo sabendo desde o inicio que nunca  lhe pertenceria eternamente. A diferença de idade era expressiva e conspirava sempre, tornando a sua vida um suspense sem fim, sempre aguardando que um dia o inevitável acontecesse e desmanchasse  seus belos sonhos. Mas procurava adiar esse momento ao máximo, oferecendo-lhe carinho, afeição, gentilezas e presentes, muitos presentes, de variados tipos, tamanhos e preços, por vezes bem salgados. Porém, se permitia a esses luxos. Dinheiro nunca havia sido problema, e nada mais justo que o gastasse com a mulher que transformara a sua vida num oceano de felicidades.
 
Lembrou-se da primeira vez em que os seus olhares se cruzaram num especial momento e que ficaria indelevelmente gravado na memoria. Estava linda, maravilhosa, deslumbrante, soberba e outros adjetivos mais. Tudo isso num corpo bem  jovem e profundamente encantador. Parecia uma fada madrinha, com os seus cabelos loiros esvoaçantes e os lindos olhos azuis faiscando sensualidade para todos os lados. Uma visão surpreendente que encantava e apaixonava qualquer um que tivesse sensibilidade com o belo. Uma visão  de um capricho encantador da natureza. Perfeita em seus detalhes mais inquietantes e que  exalavam uma fragrância quase  divina  e, portanto, impossível de se descrever. Era a personificação da Primavera em sua exuberância, e que combinava com um timbre de voz que mais parecia uma doce canção de amor.

Era uma verdadeira criança, mesmo nos seus vinte anos. Várias vezes a surpreendeu sentada na janela brincando de soprar bolhas de sabão, totalmente descontraída e aparentemente ausente deste mundo, percorrendo atrevidamente o mundo de belos sonhos que deveria existir em sua mente. Uma cena que guardou na memória e que lá permaneceria para sempre.
 
Ah!! Quantas noites passou ouvindo o som de sua voz maviosa bem perto de seus ouvidos, enquanto ficavam abraçados sensualmente na alcova de amor. O que mais lhe apetecia, nesses momentos,  era  ficar olhando enquanto, totalmente nua,  se exercitava na esteira ergométrica do quarto. Livre, feliz, descontraída e exibindo um perfil de pertubadora beleza, e que de vez em quando o olhava esboçando um sorriso encantador que despertava de vez a sua libido, numa prévia do que seria mais uma manhã de luxurias até que, exaustos, fossem penosamente obrigados a cumprir os respectivos compromissos.  Ainda assim,  saiam abraçados trocando caricias pelo caminho, até que a deixasse no curso de inglês e seguisse rumo ao seu consultório, onde passava os dias nas nuvens pensando na sua linda menina entre os intervalos das consultas.
 
Agora tudo era passado. Aqueles momentos não mais voltariam para o seu desespero, pois pertenciam agora a um novo amor bem mais novo e com o vigor que já não possuía, como nos velhos tempos, e mesmo que ela telefonasse de vez em quando para saber notícias , pois a amizade permanecera, cada vez que a ouvia não conseguia conter uma lagrima que, atrevidamente, escorria pelo rosto marcado pelo sofrimento da sentida ausência. Ao menos se consolava em saber que estava feliz ao lado de alguém que envelheceria com ela, desfrutando juntos de todos os momentos da juventude.
 
E assim,vive os dias, sempre revivendo o que ela representou para ele, oportunidade em que descobriu o encanto do rejuvenescimento interior, graças a alma quase adolescente que  iluminou e afastou as suas antigas angústias, semeando a esperança que lhe deu um novo alento para continuar perseverando, mesmo que longe de quem que foi o grande amor de sua vida.
 
 Seja feliz, doce menina

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