terça-feira, 25 de junho de 2013

A vendedora de flores

Estava eu caminhando pelo centro de São Paulo. Havia comprado um presente para minha namorada, era nosso aniversário de dois anos de namoro. Pensei em complementar o presente com algo simples, mas que tivesse algum significado sentimental embutido nele.

Foi então que passei por uma floricultura e decidi comprar lindas flores que combinasse com o colar de perolas branco, não sabia o que escolher, então caminhei até a jovem vendedora atrás do balcão.

-Olá; pode me indicar algo que complemente um colar de perolas branco?

Ela virou-se, pegou um buque de cravos e me entregou.

-Acho que esses cravos são ideais, senhor.

Com um sorriso agradeci, mas ela permanecia apenas me olhando, sei lá... Acho que merecia uma retribuição. "Deve estar num dia ruim". Assim eu pensava tentando imaginar a falta de gentileza da jovem mulher. Não vou negar, ela era linda, seu cabelo era curto e ruivo, os olhos eram verdes, seu olhar focava-se no da pessoa que atendia, sua pele era branca, alta e muito elegante, pensei até que fosse a dona da floricultura, tinha uma voz doce e calma, mas seu olhar meio que era distante de tudo. Então resolvi levar o buque de cravos, ela sorrio e me disse que havia feito uma boa escolha, então a entreguei o dinheiro. O estranho é que ela tocava as cédulas como se achasse que as notas fossem falsas, ao me entregar o troco pôs sua mão esquerda por baixo da minha e com a mão direita me entregou o restante do troco, me pareceu um ato muito carinhoso da moça, quanta delicadeza ao entregar um simples troco.
-Muito obrigado moça; você é realmente linda e muito gentil, foi um prazer comprar com você.
Ela abriu um sorriso e me agradeceu.
-Obrigado e boa sorte, espero que à sortuda goste de seu presente.

Assim com um sorriso virei e fui embora. Acho que no começo levei a mal a jovem vendedora, na verdade percebi que ela tinha uma grande gentileza nos pequenos e simples atos. Foi estranho, mais gostei de ter entrado naquela loja, confesso que me encantei e fiquei intrigado a conhecer aquela garota que tinha um jeitinho único, aparentava ser muito carinhosa e de grande coração, mas ainda sim não posso esquecer que sou um homem comprometido.

Milena era linda e elegante, trabalhava em um jornal da cidade, tinha cabelos longos e negros, olhos castanhos e de pele morena. Hoje completara dois anos que estamos juntos, mas depois de comprar aquelas flores, percebi que não a amava.

Sempre a admirei e tenho um grande carinho por ela, mas nunca havia percebido que tal sentimento nunca existiu, acho que nem sei o que é amor. Depois de comprar aquelas flores percebi algo diferente, eu fiquei intrigado e muito interessado em conhecer a jovem vendedora, acho que era muito cedo para saber o que eu estava sentindo pela jovem vendedora.

A noite chegou, preparei um jantar de aniversário surpresa para minha namorada. Na sala do meu apartamento coloquei uma mesa, velas e flores decoravam o local, além de algumas pétalas de rosa no chão, um bom vinho é claro... Eu mesmo tinha preparado o jantar, um delicioso talharim a moda da casa.

Passava das vinte e três horas, Milena já estava a quase uma hora atrasada, eu já estava perdendo a paciência, decidi então ligar.
-Oi amor o que houve, cadê você?
-Me desculpe Diogo, estou trabalhando.
-Mas e o nosso jantar!
-Jantar? Não tenho tempo pra isso.
-Quer saber Milena! Não tem jantar nenhum! Ta tudo terminado entre a gente, Você sempre faz isso! Tchau!

Assim joguei o celular no chão, foi o termino dos dois anos de namoro, ela sempre foi assim, só ligava para o trabalho e para ela mesma, cansei do jeito que ela me tratava, naquela noite tomei as duas garrafas de vinho e cai no sono. Nossa; pela manhã uma ressaca horrível. Peguei o celular do chão e vi.  Nenhuma mensagem ou chamada. Acho que ela ficou feliz com nossa separação, já estava na hora mesmo. Tomei um banho e me vesti, fui até a garagem, peguei meu carro e fui trabalhar.

Na volta para casa passei em frente à floricultura, abaixei o vidro do carro e pude ver o rosto da linda vendedora, dei a volta e estacionei, caminhei até o local. Ao entrar tocaram os sininhos, ela então percebeu que alguém adentrara na loja. Duas vendedoras tentaram roubar minha atenção, mas eu apenas queria comprar com ela.
-Olá; não sei se lembra de mim, ontem comprei cravos com a senhorita.
-Lembro sim, sua voz é única. Mas deu certo? Ela gostou do presente?
-Infelizmente não, a gente já não se dava muito bem, então terminamos.
-Que pena moço...

Ela olhava fixamente em meus olhos, chegava a ficar meio constrangido, então me arrisquei.
-Posso pegá-la às 21 horas, somente um jantar, preciso muito conversar...
-O senhor quer sair comigo?
-Sim, será um prazer, só precisa me dizer seu endereço que passo pra te pegar.

Ela sorrio e sua expressão era de como se não estivesse acreditando no que estava acontecendo, mesmo assim me passou seus dados, não conversamos muito até porque ela estava trabalhando.
-Moça me de as violetas atrás de você.
Ela meio que fechou a cara, acho que pensou que eu iria entregar a outra mulher aquelas flores.
-Estão aqui senhor, quer que embrulhe pra presente?
-Não. São suas se me disser seu nome.
-Nossa é mesmo, desculpe-me, me chamo Andressa, e o senhor?
-Me chamo Diogo, fique com as flores. Até mais tarde Andressa...

Cheguei em casa ansioso, já era vinte horas, tomei um banho me arrumei e fui buscá-la. Buzinei em frente a sua casa. Ao sair para me atender, tomei um susto, de súbito percebi tudo naquele momento. Nossa como fui tolo... Como não percebi.  Agora tudo faz sentido, o olhar distante da moça e eu achando que ela não era uma pessoa gentil no começo, o jeito de me entregar o troco e tudo mais, a delicadeza no tato e atenção ao ouvir. Eu apenas sorri e nem liguei o fato dela ser deficiente visual, sai do carro e a carreguei no colo, ela tomou um susto, mas ainda sim sorria para mim.
-O senhor é louco – Disse Andressa – Espere; vamos guardar meu cão guia em casa.

Seus olhos brilhavam, enquanto ria e sorria de felicidade, guardamos o cachorro e fomos ao restaurante marcado. Nos falamos por horas, eu percebi que ela estava muito feliz em minha presença, seu sorriso lindo estampava seu rosto, o brilho em seu olhar era intenso e radiante, e eu sentia a mesma felicidade. No termino a levei em sua casa, caminhamos até a porta, eu estava meio nervoso, mas mesmo assim arrisquei.  Após dar um boa noite, um beijo eu a roubei, foi simplesmente perfeito, um beijo maravilhoso, ambos podiam sentir as batidas aceleradas do coração, ela tocou meu rosto lentamente, olhou em meus olhos e disse que eu era lindo, meu nariz, boca, bochecha, tudo maravilhoso. Eu a tocava no rosto e a beijava loucamente.

Saímos por quase um mês, pensei então que era à hora de dar um próximo passo. Preparei tudo de ante mão, a levei em meu apartamento. Antes de entrar tirei seu salto, assim ela poderia sentir as pétalas de rosas no chão, ele sentou-se no sofá, então entreguei um pedaço de papel escrito em braile. Assim dizia no papel...

"Não pensei que fosse tão encantadora assim, não pensei que fosse me apaixonar tão rápido. Hoje eu sei que te amo e sinto que você sente o mesmo por mim. Eu sei que hoje te amar é saber que, de milhares de flores no campo eu escolhi apenas você, te amar é querer se entregar de coração, te amar é sempre querer estar ao seu lado, te amar é querer ser sua metade". Andressa... Se sente o mesmo por mim, diga-me um sim. Andressa quer namorar comigo?

Vi cair uma lágrima de seus olhos, ela sorrio e muito emocionada me disse.
-SIM! SIM! SIM!
Que noite foi aquela... Lembro-me como se fosse hoje. A levei até a banheira onde tomamos banho juntos, passei a esponja em suas costas, beijando cada parte do seu corpo. A carreguei em meu colo até a cama, e lá nossa primeira noite de amor se concebeu. Foi simplesmente mágico e perfeito, fomos românticos do começo até o fim. Nunca senti tanto prazer e amor por uma mulher, eu simplesmente sabia que aquela era a mulher da minha vida.

Nos casamos e hoje somos um casal feliz, realizei seu sonho. Abri uma floricultura junto a ela, e tinha o prazer de trabalhar todos os dias ao lado da doce moça que roubou meu coração. Hoje temos dois filhos um casal, Melissa e Levi. Assim foi a história de quando conheci a mulher da minha vida, minha esposa e minha metade, foi assim que conheci a vendedora de flores, hoje e sempre meu grande amor.
                           
                                         FIM

Nenhum comentário:

Postar um comentário