quinta-feira, 20 de junho de 2013

O dia em que nunca mais me perdoei

Já estava anoitecendo e eu continuava estudando para meu simulado que iria ser realizado na semana seguinte, no meu quarto era uma bagunça tremenda. Listas de exercícios e rascunhos eram o que mais se encontrava
larguei um pouco o lápis e desci as escadas para comer alguma coisa.

-Vamos ver o que mamãe trouxe do supermercado.

Abri a geladeira, mas estava fazia apenas algumas verduras e uma carne congelada na parte superior que iria servir para o jantar desta noite.

-Mas será possível que ela não foi fazer compras hoje? Já estamos a mais de 2 meses sem coisas novas, apenas verduras e mais verduras! Já estou ficando de saco cheio disso.
-Mamãe está doente, por isso não pode ir ao supermercado hoje Junior, será possível que você só pense em comer uma hora dessas?

Disse meu irmão mais novo, sempre querendo me contrariar e sempre se achando o adulto...

-Mas ontem anoite ela estava ótima Renato, como isso veio a acontecer?
-Ela começou a sentir fortes dores no estomago hoje de manhã e ficou gritando, sorte que eu pude escutá-la porque se só tivesse você em casa duvido que iria escutar, vive trancado naquele seu quarto nojento dias e noites estudando para se formar, do que adianta isso? Se depois todos nós iremos morrer e iremos para o submundo como todo mundo?
-Já disse para não se meter na minha vida seu moleque!!
-Cale essa boca, nunca ajuda em casa, sempre está ausente e agora quer comer, pois vá ao supermercado e compre os alimentos você mesmo!
-Não vou discutir com um ser inferior que se quer sabe pensar direito, agora onde está o papai?
-Quem? O César? Outro insignificante que não se preocupa com a família que tem, passa todo o seu tempo trabalhando e trabalhando se ele gosta tanto de trabalho porque não pega suas coisas e não se muda para lá?
-Mais que droga Renato!! Me responde onde está o papai agora!
-Ontem levou mamãe para o hospital mais hoje adivinha? Está na merda daquele trabalho novamente.
- Mas hoje é domingo. Por que estaria trabalhando?
- Pergunte você para ele, agora vou sair preciso ver Catarina e comprar um maravilhoso presente para minha doce mulher pois amanhã e dia dos namorados.
-Mulher? Pivete você só tem 12 anos, e onde irá conseguir um presente? você não trabalha!
-Eu faço meus bicos...
-Deixe a mamãe ficar sabendo que você fica fazendo alguns " Bicos " por ai, que ela já tira seu cavalinho da chuva.
-E como irá comprovar isso? Pare de ser insignificante Junior e saia da minha frente.

Esse garoto não sabe o que o aguarda, mas eu vou descobrir o que ele anda aprontando. Onde já se viu com 12 anos falar palavrões e desrespeitar os outros assim? E fazer alguns bicos, isso que eu saiba e papo se ladrão. Mas espere que eu irei descobrir. Em cima do balcão tinha um papel com o endereço do hospital onde mamãe se encontrava e um número, resolvi ligar para saber como ela esta.

-Alô? É do Hospital Maria da Graça?
-Sim, o que o senhor deseja?
-Preciso saber qual é o estado de minha mãe Rosana de 53 anos.
-Você é algo dela?
-Sim ,Sou filho Junior de Castro Azevedo, 21 anos.
-1 minutinho Junior....Olha Dona Rosana está  hospedada no quarto H-3 no último andar, mas parece que se encontra em um ótimo estado, deverá receber alta na terça se não surgirem possíveis complicações.
-Que notícia boa! Muito obrigado moça.
-Estamos apenas fazendo nosso trabalho Junior, eu que lhe agradeço.

Bom, eu estava com fome e não iria comer verduras, odeio verduras apesar de serem ricas em vitaminas eu as detesto!! Fui ao meu quarto e peguei minha carteira. Encontrei 10 reais, pelo menos para alguma coisa iria adiantar.Fui ao supermercado e comprei 3 salgados e uma garrafa de refrigerante. Droga tenho que parar de comer alimentos prontos e refrigerantes, só me trará complicações no futuro. Quando cheguei o relógio batia 22:00 horas em ponto, meu pai já havia chegado.


-Ola filho, como foi seu dia?
-Ola pai, o mesmo de sempre sabe, estudos e mais estudos.
-Entendo, quero que estude muito para não acabar com seu pai trabalhando como pedreiro. Mas cade Renato? Não o vi no seu quarto e nem aqui em frente de casa

Droga aquele pestinha ainda não tinha voltado, com certeza iria sobrar pra mim.

-Não sei pai, disse que ia ver aquela nojenta da Catarina, já disse para ele largar ela. Só leva ele para o mau caminho.
-Quando ele chegar iremos ter uma conversa bem amigável.
-Bom pai, liguei no hospital onde mamãe está hospedada e as notícias são ótimas, disseram que se tudo ocorrer como o esperado receberá alta terça feira.
-Nossa que notícia boa, fico bem mais aliviado.

Sentei na mesa e comi meus salgados gordurosos e ricos em calorias, e tomei meu refrigerante e depois voltei para meu quarto, mas antes tomei um banho. Logo que sai pude ouvir os gritos de Renato da sala, provavelmente estava apanhando de meu pai por ter chegado a aquela hora. Não quis nem saber, ele não se acha o adulto? Então merece ser tratado como um. Arrumei minha cama e fui dormir, mas exatamente as 2 horas da madrugada ele me acorda dizendo.

-Junior,Junior preciso de sua ajuda meu irmão é sério, não estou de brincadeira.
- O que é seu pirralho, veio infernizar meus sonhos também?
- É serio, eu preciso urgentemente de dinheiro para comprar o presente para Catarina
- Ué, o que aconteceu com seus " Bicos " ? Não deram certo?
- Não saíram como planejado, agora me empresta, preciso muito.
- Lamento mais minha carteira está vazia, vai ter que pedir para o papai.
- Droga cara, você nunca tem dinheiro sobrando nessa carteira de merda!

Não fiz questão de responde-lo, apenas me virei e voltei a dormir, logo saiu batendo a porta fortemente e com muita raiva. No dia seguinte me acordou com beijos dizendo que o papai havia dado 100 reais para ele comprar seu presente.

-Olha Junior, depois dessa mudarei algumas conclusões minhas sobre o papai.
-Claro, depois que ele te da dinheiro você vem bancar o anjinho com ele não é Renato.
-Com certeza, eu mereço.

Depois saiu de casa, provavelmente iria comprar seu presente para Catarina, não sei como Renato não abria os olhos com aquela menina, era simplesmente um mau elemento, não queria nada com nada e ainda por cima usava drogas, não sei como papai e mamãe deixarão ele namorar uma pessoa com ela, ou vai ver os dois não sabem dessas verdades que se escondem atrás daqueles olhos verdes e inocentes. Depois de algumas horas voltou, parecia estar mais feliz ainda.

-E aí como foi?
-Fui tudo extremamente lindo, dei um buquê de flores e ela adorou, me encheu de beijos e depois disse que tinha um compromisso.
-Mas ela te deu alguma coisa?
-Não, mas não ligo para isso, o que importa e que nos amamos
-Gastou os 100 reais num buquê de flores e ela não te deu nada?
-Sim, e já disse que não ligo. Se falar alguma coisa juro que faço engolir cada palavra.

Não abri minha boca, além de ser o adulto ele devia ser bem esperto também. Troquei de roupa e fui ver minha mãe, estava com tamanha saudade e não podia esperar mais um dia. Cheguei no hospital, e já na recepção informei meus dados para que pudesse entrar sem complicações, levei sorte pois era exatamente o horário de visita. Quando cheguei no quarto H-3 no último andar vi minha mãe numa situação desesperadora. Estava com hematomas pelo corpo todo e parecia não respirar, seus batimentos estavam caindo rapidamente então chamei os médicos o mais rápido que pude. Me pediram para aguardar na recepção e fecharam a porta. Pedi para a enfermeira algumas explicações mas ela disse que não sabia de nada, fiquei com muita raiva e comecei a bater na porta.

-MÃE, TUDO FICARÁ BEM EU ESTOU AQUI!!

Chamaram os seguranças e me tiraram do hospital me deixando para fora. Droga! Agora não saberei como minha mãe irá ficar, que tortura! Enquanto ia para casa super arrasado, avistei Renato e Catarina aos beijos e carinhos numa praça. Cheguei bem perto e me escondi atrás de um arbusto que se encontrava ao lado, os dois pararam de se beijar e foram andando, segui os dois e até que cheguei a uma estrada de pedra então continuei seguindo. Alguns minutos depois avistei uma cabana parecia estar abandonada, os dois entraram e eu fiquei a observar do lado de fora. Passaram-se duas horas e nada havia acontecido, então resolvi checar bem de perto. Aquela cena me deixou simplesmente chocado. Um homem velho estava com Renato amarrado e ele estava tirando toda sua roupa, enquanto catarina só olhava aquela cena e beijava o velho. Renato por sua vez não podia dizer uma só palavra pois estava com a boca lacrada com fita, mas a expressão em seus olhos era nada mais nada menos de terror e pânico. O velho pegou um bastão e bateu nas partes intimas de renato que começou a tremer. Não podia ficar ali sem fazer nada, entrei lentamente pela cozinha e peguei uma panela que havia no chão de metal, cheguei perto do quarto e pude ver sangue sendo derramado de suas partes genitais. Não aguentei ver, entrei pela porta e arremessei a panela na nuca do velho que caiu sem reação. Peguei pela cabeça de Catarina e a bati sobre a janela que logo se estilhaçou caindo desmaiada, tirei as cordas que estavam sobre Renato e tirei a fita sobre sua boca, sua expressão de dor e sofrimento era nítida, não conseguia andar então peguei um lenço e amarrei sobre suas partes intimas e depois o levei para o hospital no colo. Sabe aquela cena que você nunca iria querer ver em toda sua vida? Seu irmão e sua mãe na mesma sala um do lado do outro precisamento de máquinas para respirar e de medicamentos para sobreviver? Eu tive que me acostumar vendo essas cenas todos os dias quando iria levar comida para ambos. Não comemoro mais dias dos namorados, apenas tento me perdoar, pedir perdão para minha alma e pelas coisas que devia ter feito, se eu fosse um pouco menos ligado aos meus estudos tenho certeza que não estaria contando essa história para cada um. Só queria criar coragem para me perdoar!

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