domingo, 2 de junho de 2013

O Banco

Todos os dias, às seis da tarde, eu ponho o meu banquinho perto da janela e espero. As seis e dois, exatamente, ele aparece, também com o seu banquinho, perto da sua janela.
Ficamos olhando um para o outro, em silêncio, durante uma hora, ao fim da qual ele se levanta e desaparece na escuridão. Eu faço a mesma coisa, e o que me conforta é a certeza de que no dia seguinte tudo se repetirá.
Minha filha nos observa há anos — e nunca emitiu nenhuma opinião. Nunca nada a favor, nunca nada contra. Gosto desse seu comportamento. Evita constrangimentos e conversas desnecessárias.
Hoje, porém, fui obrigado a romper o silêncio:
— O desgraçado não está lá! — protestei. — O filho da mãe não veio! É a primeira vez que falta...
Para me tranquilizar, a voz até então desconhecida da minha filha:
— Calma, paizinho. Ele veio sim. Quem não está hoje é o senhor.
 

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