domingo, 2 de junho de 2013

As vozes em mim

Disse-me um Augusto
Que sempre fui Dos Anjos
Quisera eu o justo
Minhas dores e meus arranjos
Perguntou-me um Fernando
Por quê sou diferente como Pessoa
Pois, da alma que vai vagando
O Poeta surge da pureza que soa
Exclamou-me uma Florbela
Que a inspiração sempre me Espanca
Faz-se da minha vida a cela
Que prende-me a dor que arranca
Chorou-me um Jorge
Como eu, por não ter sido tão Amado
No sofrer da boemia com seu alforje
Com o coração do corpo separado
Gritou-me um Mario
Pela chegada da saudade de Quintana
Implorando pela vida o necessário
O ódio por quem no amor engana
Sussurrou-me um Manuel
Para vagar-me sem a Bandeira
De que valeste a liberdade do céu
A pátria sentada numa cadeira
Cantou-me uma Cora
Que dos olhos refletia Coralina
Dos segredos mortos se aflora
O coral da mágoa cristalina
Avisou-me um Euclides
Que precisaria de uma Cunha
Para o drama de quem revide
A luta poética de quem rascunha
Murmurou-me um Gonçalves
De que da noite também fazia os Dias
Sentiu-se os amores bivalves
De vagabundear pelas cercanias
Guardo a sete dores meus sonhos
São Poetas do silêncio dentro de mim
Ouvir-me por meio ao que componho
Os pêsames que me calas, a poesia sem fim.

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