terça-feira, 25 de junho de 2013

Enigma das bonecas



Dulce costurava com destreza sua mais recente obra prima, uma boneca de um metro e meio. A agulha ultrapassava com maestria formando o rosto da linda boneca, aquela já estava encomendada. Seus clientes eram de São Paulo, vinham pessoalmente buscar suas encomendas, Dulce vendia suas obras apenas para clientes específicos, conhecidos por ela há anos.

Juvenal estacionou seu carro na entrada da loja de Dulce, adentrou sorridente no local e perguntou a costureira que tecia os últimos detalhes da magnifica boneca.

- Olá Dulce, está pronta? Dulce era muda, abriu um sorriso e balançou a cabeça lhe mostrando a boneca.

- Nossa! Até parece que esta viva. És uma grande artesã dona Dulce.

Dulce abriu um sorriso ainda maior, adorava ser elogiada, pegou a boneca da caixa e a colocou sobre o balcão, entregando para Juvenal, o mesmo puxou a quantia combinada do bolso e a entregou.


Eram exatamente vinte três horas, Ramalho adentrou na velha casa de madeira de seu Tonico. O homem havia saído de casa com sua mulher, sem ter noção do perigo, foi irresponsável ao deixar sua filhinha sozinha em casa. Deixaram a doce Gabriela de apenas 8 anos de idade a merce da sorte. Ramalho abriu facilmente a porta de madeira, caminhou até o quarto onde se encontrava a garota, com um pano ensopado de cloroforme, apertou brutalmente sobre o rosto da pobre criança.

Gabriela se debatia sem chances de sair dali, em alguns segundos a garota adormeceu. O homem maquiavélico, colocou o corpo da criança no banco de trás da velha brasília, dirigiu até seu cativeira fora da cidade.

Após chegar no local, a colocou presa por cordas, uma amarrada em cada mão, prendendo a garota ao teto, uma em cada perna esticando seu corpo de maneira que a suspendesse no ar. Atou a boca da pobre garota que ainda adormecia, dirigiu até uma velha casa no centro da cidade e lá ficou. Decidiu cuidar da criança amanhã ao noitecer.

De manhã os pais desesperados procuraram a policia, adentraram na sala do delegado Morais. Neuza desesperada clamava por ajuda.

- Minha nossa senhora! Meu Deus, seu Morais... Minha filhinha sumiu, será que o desgraçado a levou. - Dona Neuza chorava descontrolada abraçada ao marido, tentava não pensar nas atrocidades que sua filha poderia passar. Morais encarou com pena o rosto dos pais da menina, respirou fundo e desabafou.

- Eu não aguento mais isso.... Já é a oitava criança que some em menos de três meses. - Peço que se acalmem, eu juro por Deus que vou pegar esse maniaco!

Após a conversa, o delegado reuniu um grupo de policiais que rondaram a cidade em busca de evidencias, em frente a casa da vítima, Rafael olhou a criança do outro lado. A expressão de tristeza tomava conta do pequeno, estava abatido, o investigador se aproximou do garoto e o perguntou.

- O que foi criança? Diga-me o que houve, quer me dizer alguma coisa?

O garoto olhou fundo os olhos do jovem investigador, enquanto remexia o chão de barro com uma colher, relatou a Rafael o que tinha visto.

- Ela era minha namorada... A gente brincava todo dia juntos, ontem a noite eu vi ela ser levada de mim, o homem barbudo de carro levou ela.
- Que carro era garoto? Sabe me dizer? A criança apontou o dedo para a viatura, era também uma brasília.
- Sim criança, mas que cor era?
- Era amarela senhor...

Rafael agradeceu a criança. Antes de ir embora, o garoto clamou.

- Ela vai voltar? Gabriela vai voltar? Rafael olhou emocionado o menino de apenas 7 anos, o olhou com os olhos cheios de lágrimas e prometeu.

- Sim menino, eu prometo que ela vai voltar. Neste momento seu rádio toca, Morais o chama para um bar no centro da cidade, seria uma reunião para avaliar e planejar melhor as investigações. Já estava para anoitecer.

No bar, Morais pode ver Rafael estacionando o carro. O investigador adentrou no local e sentou-se na cadeira de frente para a rua.
- E ai; Fernando, novidades... - Perguntou o delegado enquanto apreciava com prazer um gole de cerveja.
- Eu tenho sim, um garoto me relatou ter visto o maniaco, tem barba longa e anda em uma brasília amarela.
- Uma criança? - Indagou Morais - Quer se basear em uma... Fernando interrompeu o delegado antes que o mesmo pudesse completar sua frase. Olhou firme e percebeu um homem com as características do suspeito adentrar em uma velha brasília, que estava estacionada fora do bar. Rapidamente alertou a Morais.

- Olha lá, parece com a descrição do menino, vamos segui-lo com seu carro. Fernando estava de viatura e não queria levantar suspeitas.

Ambos seguiram a velha brasília, era mesmo o maníaco que procuravam. Na pequena estrada de barro perto do cativeiro, Ramalho o maniaco, percebeu que estava sendo seguido, mas já era tarde demais, estava bem próximo de seu cativeiro. De súbito meteu o pé no acelerador, Morais fez o mesmo. Quando chegou na casa, o maniaco derrapou a brasília, freando bruscamente, saiu do automóvel e adentrou no cativeiro. Ramalho parou o carro e desceu, Fernando lhe dava cobertura. Caminharam até a porta.

- Saia dai com às mãos para o alto! - O delegado se calou ao ouvir dois tiros. Invadiram a casa e encontraram o corpo do maníaco no chão, olharam estagnados a garota suspensa por cordas e com uma perfuração na testa, o sangue escorria pelo roso meigo da jovem Gabriela, estava morta.

O desgraçado matou a garota e depois cometeu suicídio, foram encontrados em baldes, peles, ossos, entre varias outras partes das crianças desaparecidas.

O caso ficou conhecido como "O maniaco das bonecas", dado esse nome por matar e esquartejar apenas meninas, arrancava os membros, cabelos, unhas, olhos e outras partes mais. Os corpos foram encontrados no quintal, todos destroçados, faltavam muitas partes das crianças. Essa foi a maior desgraça já conhecida na cidade de Aracaju.

Após dois dias, Dulce a costureira, estava desesperada, havia uma encomenda e ela não tinha os materiais necessários. Suas bonecas custavam na faixa de quinze a vinte mil, cada uma. Era um prejuízo enorme para a velha costureira de sessenta anos. Dulce teve uma ideia, ficou a noite toda tecendo cada parte da boneca, teria que ser entregue amanhã às 17 horas.

Pela manhã Dulce procura o delegado. Como era muda, escreveu em uma folha de papel todo o ocorrido.

- Minha neta sumiu! desapareceu ontem a noite, enquanto eu tecia uma de minhas bonecas.

O delegado ficou perplexo, o maniaco estava morto e ainda continuava a desaparecer garotas? Prometeu investigar o caso a fundo, a única coisa que conseguia pensar, era de um possível seguidor do insano, que estaria por trás disto.

No outro dia...

Eram exatamente 17 horas, a cliente de Dulce adentrou na humilde loja de bonecas.

-Olá Dulce? Está ai. Dulce apareceu já com a boneca empunhada nos braços, olhou satisfeita para Cleide. Uma mulher rica, uma das melhores clientes da artesã. Dulce entregou também uma carta, onde ela aumentava o preço da boneca por alguns problemas passados.
Cleide encarou sorridente a costureira e lhe propôs.

- Eu entendo que você perdeu seu ajudante e teve que matar a própria sobrinha para tecer a boneca, mas... Eu queria a tal menina Gabriela, sua neta tinha 12 anos, já estava velha demais... Até que essa está bonitinha, mas olha esses olhos simples, cabelo ruim e face triste.

- Pagarei apenas o combinado e olhe lá. - Arrume um ajudante logo, e que este seja mais inteligente. Tenho uma amiga que quer uma de suas bonecas...

Dulce olhou maquiavélica para Cleide, aceitou o combinado. Sim Dulce era uma costureira, uma psicopata. Pagava para um maniaco matar meninas, e usava suas partes para tecer suas famosas bonecas. Dessa vez perdeu sua vitima e teve de improvisar com a ajuda de sua inocente netinha...


FIM

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