terça-feira, 25 de junho de 2013

Amor para recordar


Tradicionalmente Mary caminhava as margens do rio Lunagra, dando um reflexo lindo as águas do belo rio, sua beleza incontestável encantava a todos. Ela era ruiva de olhos castanhos, pele branca e um corpo escultural, conseqüentemente acabava sendo disputada por muitos homens da nobreza. Porém sua família já havia escolhido um conde renomado, de família tradicional como seu noivo. Seu nome era Glausios, apesar de ser um homem forte e vistoso, era também um homem rude e grosseiro. Mary nunca concordara com o casamento, afinal ele fora arranjado desde que ela era criança. E mesmo pequena Mary sonhava em casar-se com um homem o qual faria seu coração bater mais depressa, que fizesse suas mãos suarem e que ela pudesse não apenas chamar, mais também sentir amor... Já por Glausios nunca se quer sentiu nada além do desprezo.

Num belo dia de verão, as margens do rio, ela novamente caminhava distraída observando as belezas a seu redor, esbarrou-se num plebeu que por ali passava. Assustada, ao tentar desviar-se, tropeçou e quase caiu no rio, mas o plebeu a segurou em seus braços e evitou sua queda, ao virar seus olhos, quase que ao mesmo tempo os olhares se encontraram, ambos suspiravam suavemente, os olhos brilhavam e um sorriso brotara entre os dois. Por alguns segundos permaneceram imóveis, seus lábios secos nada disseram, mas seus olhos tudo conversavam. Não tinha como evitar, apesar da rigidez e de suas tradições, Mary cedeu aos encantos do jovem plebeu, ele tocou sua bochecha e acariciou seus cabelos levemente para trás, com o polegar direito, tocou suavemente os lábios de Mary, aproximou-se e a beijou, ao tocar seus lábios à sensação era de paz interior, felicidade e prazer... Mary assustada com a situação, o afasta e corre para longe.

O plebeu sem reação grita:
- Ao menos, diga-me seu nome. Mary parou e virou-se delicadamente para trás e lhe disse:

- Meu nome é Mary; amanhã estarei aqui...

O Plebeu muito alegre voltara a seu caminhar, trabalhou feliz a tarde toda, guardou esse momento somente para ele. Mary ao chegar em casa, deitou-se e não conseguia tirar o jovem plebeu da cabeça. De repente quando se deu por si estava sussurrando sozinha:

- Que olhos negros ele tinha, meu Deus que mãos macias, até seus cabelos longos e negros me encantaram...

Mary aguardava ansiosa pelo amanhã, ela não via à hora de encontrá-lo novamente, ao mesmo tempo ela pensava em seu noivo, de como não poderia dar certo... Afinal ela já estava comprometida com outra pessoa. Porém esse sentimento veio para mudar seus pensamentos, desejos e vontades mais intimas, rapidamente havia despertado um amor entre os corações. O plebeu sentira o mesmo e estava disposto a correr atrás desse amor, ele estava muito entusiasmado e nervoso só de pensar em rever Mary.

Havia chegado o grande dia. O plebeu desde cedo já estava a esperá-la, aguardava ansioso a chegada de sua amada... Surgindo de trás das árvores, Mary aparece linda e elegante como no dia anterior, porém sua expressão facial não era muito saudosa. O plebeu caminhou em sua direção, e lhe perguntou:

- O que lhe aflige minha donzela?

- Desculpe-me, mas eu preciso lhe dizer algo, mas não sei nem ao menos como começar.

- Não se preocupe meu amor, eu não a deixarei. Mesmo tentando passar calma, a expressão do plebeu era de curiosidade e preocupação.

- Pois bem... Minha família me escolheu um noivo, mas eu não o amo, no momento em que o vi, percebi algo diferente em mim, sentimentos belos chegaram ao meu coração, sinto seu cheiro, lembro-me de sua boca e mão macia, eu te quero muito, mas seria quase impossível ficarmos junto.

O plebeu parou, refletiu por alguns segundos e disse:

- Não creio que isso seja um empecilho, a gente se ama e vamos lutar por isso! Nem que seja às escondidas...

Aproximando-se mais uma vez limpou as lágrimas de Mary, que parecia muito confusa. Ele a aconchegou em seus braços e ficou ali até que ela se acalmasse. Lentamente Mary se virou e se rendeu aos seus lábios, o plebeu, a deitou lentamente no chão. Mary não hesitou ao se entregar aos encantos do belo plebeu, um simples beijo já a embriagava e ela perdia todos os sentidos entregando-se ao seu amor. Eles foram entrelaçados pela paixão que pairava pelo ar, e durante a tarde toda eles se amaram.

Ao entardecer tomaram um banho de rio, e o plebeu caminhou com seu amor até certo ponto onde não seriam vistos juntos, escondido, ficou observando Mary entrar em segurança em casa.

Ao chegar a casa, Mary e abordada por seus pais.

- Onde você estava esse tempo todo?! Isso é hora de uma filha chegar em casa, o que os vizinhos vão pensar... O pai de Mary irritado foi se deitar, sua mãe ficou e começou a conversar com a filha por algumas horas... Dizia a Mary para ela se dar ao respeito e valorizar o futuro que seus pais haviam preparado para ela. O tom de voz de sua mãe a assustava, a jovem de vinte e um anos. Mary nunca havia presenciado sua mãe daquele jeito, triste começou a chorar e foi para o quarto. Pensava e pensava muito nas duras palavras de sua mãe, ao mesmo tempo pensava no plebeu e chorava e resmungava:

- MEU DEUS! Ajude-me, por favor... Eu o amo tanto, mas seria muito humilhante a minha família saber da verdade, nunca iriam aceitar. Meu amor correria perigo, não sei o que fazer... Chorou... Chorou e adormeceu.

No outro dia Mary deu um jeito e conseguiu ir até o rio, o plebeu já estava a sua espera há um bom tempo. Ao se aproximar de Mary a questionou:

-O que foi amor? Porque demorou tanto e que tristeza é essa em seus olhos?

Mary nunca havia ficado tão triste e desolada em sua vida. Aos prantos e sem nem ter coragem de olhar nos olhos de seu amor ela disse:

-Amado eu não posso continuar com isso, me desculpe, por favor, eu não posso... Vou me casar como o conde Glausios, por favor, será duro, mas, me esqueça. Assim jogou seu lenço ao vendo e lhe disse Adeus.

Desolado e muito irritado o plebeu se viu a chorar pela primeira vez em vinte e cinco anos, agachou-se e pegou o lenço, o cheirou e beijou, logo depois caminhou até o rio e Bradou em ira.

- Que assim seja! Meu coração se partiu em pedaços, como pude ser tão tolo... Acreditei que poderia tê-la, logo eu um simples plebeu. Assim, jogou o lenço no rio e retomou seu caminho de volta muito abatido.

Chegado o grande dia. Mary se casa dando o tão sonhado orgulho a sua família. Passado cinco anos ela ainda não sentia nada por seu marido, sempre triste quando estava sozinha, na presença alheia praticamente usava uma máscara expressando a felicidade que ela nunca teve. Todos os dias quando seu marido adormecia, ela caminhava até a varanda e chorava. Sempre arrependida de não ter se entregado aos braços do seu plebeu, se culpava por ser fraca e não ter coragem de fugir e ser feliz... Todos os dias amargamente se lembrava do passado e sofria muito. Desde a despedida Mary nunca mais voltou a ver o plebeu. E ao voltar a sua cama sempre suspirava dizendo:

- A tristeza hoje é meu recanto, a saudade minha dor, meu marido meu castigo, mas meu coração será sempre seu. Assim ela dormiu, e todas as noites sonhava com sua felicidade. Sempre com esse amor a recordar...




​FIM

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