sábado, 15 de junho de 2013

O dia dos namorados, não acabou muito bem

Pois é, aparentemente iríamos passar o dia dos namorados (Que coincidêntemente era nosso aniversário de namoro) no carro.

Decidimos fazer uma viagem juntos, para comemorar essa data tão especial, eu havia preparado tudo para ser o mais romântico possível, chegar ao nascer do sol em uma praia linda e pedi-la em casamento, no nosso aniversário de seis anos de namoro.

Porém tudo ia de mal a pior, pegamos o que aparentava ser o maior engarrafamento do mundo, demoramos mais do que o esperado, e estávamos aqui, no meio da estrada, as 2 horas da manha:

- Que droga! - Praguejei para a estrada escura. - Desse jeito vamos chegar na hora do almoço apenas.

- Fica tranquilo gatinho, podia ser pior! - Sorriu pra mim, parecia estar cansada a horas na mesma posição. - Pelo menos estamos no aconchego do carro, e estamos juntos!

Parando pra pensar realmente não era o píor, já havíamos passado por momentos mais desconfortáveis, o final de semana na casa dos pais dela, 3 dias sem nem encostar nela por conta do pai que era um monstro e aparentemente não havia gostado do genro. Ou até a vez em que marcamos de nos encontrar para comemorar 1 ano de namoro, e ela avoada pegou o trem errado e foi parar em outro município:

- Isso é verdade. - Sorri e dei um beijo rápido nela e voltei minha atenção para a estrada.

Estava completamente escura, a estrada estava iluminada apenas pelas luzes do farol (de apenas um farol diga-se de passagem), a nossa volta havia morros imensos cobertos por árvores que dava ao cenário um tom macabro:

- Amor, se lembra das histórias que o tio Jilmar contou aquela noite que acabou a luz lá em casa? - Seria interessante nesse cenário assustador contar umas histórias, Gabriele tinha pavor imenso dessas coisas, e eu me divertia com o medo dela.

- Idiota! Não quero lembrar! - Disse ela se fazendo de nervosa.

- Não, é serio! Ele disse algo sobre suas viagens de caminhão, não consigo me lembrar... - Insisti para que ela contasse a história.

- Não amor! Você não vai fazer eu contar essa história! - Disse emborrecida, parecia estar começando a ficar com medo, com a história já em mente.

- Eu me lembro mais ou menos... Ele disse que em uma de suas viagens, durante a madrugada, ele estava em uma estrada aterrorizante, sem sinalização, sem luz... Parecida com essa não é mesmo? - E ri, estava realmente me divertindo com o medo dela.

Eu sei que isso parece coisa de filmizinhos clichês, mas só quem já fez sabe como é realmente engraçado deixar alguém com medo, e prossegui:

- Ele afirmou que era uma história real né? Que uma certa noite na estrada, em uma de suas paradas para abastecer, um rapaz disse pra ele... Disse o que mesmo? - Olhei para ela que estava toda encolhida no banco do passageiro.

- Disse que... Se aparecesse alguém na estrada pedindo carona, para ele não parar, e que de forma alguma depois disso olhasse no espelho retrovisor... - Disse ela se encolhendo mais ainda, olhava apavorada para a estrada, que estava realmente amendrontadora.

- Bom, seguiremos seu conselho sim? Caso apareça alguém na estrada!

Ela gritou e começou a me bater:

- Idiota! Idiota, idiota, idiota!

Eu ria descontroladamente da situação, ela realmente tinha pavor desses contos de assombração, contos estes que realmente davam um certo arrepio na espinha.

E foi de repente, entre uma risada e um soco dela, que eu vi de relance algo na estrada.

Passou rápido demais, eu estava entre 80 a 100 kilometros por hora, mas eu tinha certeza que havia visto, um homem parado entre as árvores, grande demais para ser notado mesmo de longe. O mais estranho não era o fato dele estar parado no meio de uma estrada deserta a essa hora, o fato que me fez ficar todo arrepiado e cessar o riso instantâneamente, foi que o homem aparentava não ter face:

- Amor... - Disse Gabriele percebendo que eu havia ficado tenso de repente.

E fixando meus dois olhos na estrada, aumentei a velocidade e tentei relaxar para não assusta-la:

- Oi amor, to ouvindo pode falar. - Disse ainda sério dando uma olhadela no retrovisor, com receio, mas precisava checar se havia algo atrás de nós.

- O que aconteceu? Para de me assustar...

- Nada amor, pensei ter visto um animal selvagem, mas foi minha imaginação! - Essa foi a melhor desculpa que minha mente assustada conseguiu formular.

Talvez fosse minha imaginação, talvez eu estava apenas cansado demais, a horas vendo a mesma paisagem, o estresse de ter falhado com meus planos somado ao cansaço imenso e uma imaginação fértil haviam feito eu ver algo sem nexo.

Um homem sem face, dentre as árvores da floresta. Isso não fazia sentido nenhum.



- Continua -...

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