quinta-feira, 20 de junho de 2013

Tinha tudo para ser um conto de amor


 
Do triste banco da praça, enxugou as lágrimas com as mãos sujas de terra, e sem forças ou alegria começou a chorar novamente. Era dia dos namorados e Gabriele se viu só e desolada. As lágrimas confrontavam o chão sujo e escorriam formando uma poça funda que refletia sua tristeza. Um homem que por ali passava, comoveu-se ao notar a bela jovem chorando. Calmo se aproximou e sentou-se ao seu lado. Colocou uma pequena caixa no banco e a questionou:
 Ei, menina porque esta tristeza? Não vê que essas lágrimas enegrecem sua beleza. Creio que deve ter seus motivos, mas uma moça tão linda como você, não merecia estar assim em pleno dia dos namorados  Estendeu um lenço e a entregou.
Gabriele mais calma se alegrou pela bondade do gentil rapaz, pegou o lenço e enxugou suas lágrimas, respirou fundo e o respondeu serena:
 Pois é; É realmente por isto que estou triste, já faz um ano que estou solteira, um ano! 
O bom homem agarrou a pequena caixa e a entregou.
 Pegue esta caixa. Eu tinha reparado em você e creio que isto lhe alegrará um pouco, é simples... Mas é de coração.
 Não! Não posso aceitar  Respondeu Gabriele - Você nem me conhece, eu realmente não posso aceitar...
O homem passou as mãos no rosto da moça, se aproximou e sussurrou em seu ouvido.
 Posso não conhecê-la, mas já estou encantado por tão bela mulher  A beijou no rosto e continuou  Aceite por favor, ou eu ficarei chateado.
Gabriele agarrou a pequena caixa vermelha e retirou o laço branco que a decorava, de dentro do pequeno embrulho, retirou um lindo enfeite de sala, era um casal abraçado em um banco feito de cerâmica. Visualmente encantada, Gabriele estampada por um lindo sorriso o agradeceu:
 Meu Deus... Estou sem palavras, lindo, lindo de mais, muito obrigado senhor...?
 Me chamo Carlos - Respondeu o homem  Carlos de Andrade. Mas não me chame de senhor, tenho apenas 26 anos. E você menina, afinal qual seu nome?
 Gabriele, Gabriele De Souza - Se aproximou e lhe deu um abraço.
Diante da cena inusitada, Carlos retribuiu o abraço e a beijou no rosto, seus lábios escorregaram para boca e o primeiro beijo brotou do casal.
 
Os dias passaram alegres e em um mês já estavam namorando. Hoje completavam um ano de namoro. Carlos a tratava como uma rainha, era carinhoso e todos os dias lhe dava presentes e recitava poemas de amor. Gabriele quase não conseguia acreditar, estava vivenciando um sonho, Carlos é o que ela sempre sonhou para sua vida. Hoje o bom rapaz iria conhecer sua sogra. Gabriele já havia preparado o jantar com dona Dulce, só faltava a chegada de seu namorado. O carro logo estacionou na entrada da casa e Carlos caminhou sorridente até a porta
 
A campainha tocou, Dulce caminhou até a porta e atendeu.
 Nossa! Você dever ser o Carlos, eu me chamo Dulce  Abriu os braços e o abraçou entusiasmada  Gabriele acertou em cheio, você é realmente um homem bem bonito. 
Carlos se assustou, sua sogra era linda, uma bela mulher de 45 anos de idade. 
 Sim senhorita, sou eu mesmo, Carlos. Saiba que é um grande prazer conhecê-la.
A mesa estava posta e juntos caminharam e se  juntaram a Gabriele. No fim do jantar, Carlos se levantou e chamou a atenção das duas.
 Dona Dulce... Gabriele  Puxou de seu bolso uma pequena caixinha preta e continuou  Gabriele, já faz um ano que te vi triste naquela praça, e desde aquele dia jurei para mim mesmo que te faria feliz para o resto de nossas vidas  Se aproximou, ajoelhou-se na frente de sua amada e fez o pedido - Gabriele.... Quer se casar comigo?
A emoção tomou conta da jovem de 23 anos. Em lágrimas Gabriele respirou fundo e gritou em extrema felicidade.
 SIM! SIM! SIM! Eu aceito Carlos!
 
Meses depois o casal estava na igreja. Os sinos anunciaram a chegada da noiva, Carlos aguardava ansioso ao lado do padre. Tudo ocorreu bem, os noivos agora eram marido e mulher. Depois da cerimonia veio a lua de mel, e exatamente dois meses depois veio a noticia para completar ainda mais a felicidade do casal. Gabriele estava grávida! No começo era tudo alegria, Carlos estava entusiasmado em ser pai, mas ao longo dos dias, sua esposa decidiu não fazer mais amor com ele. Acreditava ela que isso daria mais segurança para o bebê. Foram um, dois, três, quatro, cinco meses... E Carlos já não aguentava mais aquela monotonia de sempre, era chegar em casa e ajudar a esposa com os afazeres. Certo dia saiu de casa a noite e desligou o celular. Gabriele sozinha na cama, começou a imaginar coisas. No outro dia a mesma cena, e a longo de um mês, Carlos saia todas as noites e sempre dizia que ia para um bar com os amigos. A mulher indignada aceitava as mentiras tolas do marido. 
 
Certo dia Gabriele estava decidida a desmascará-lo. Chamou um taxi e o seguio. O pesadelo então se confirmou, de relance a jovem viu  seu esposo pegar uma mulher no bar e levar para um motel. Mesmo com raiva, Gabriele dicidiu não fazer nada. Queria ter certeza de quem era aquela mulher, agiria novamente no outro dia. Voltou para casa e foi dormir coberta de ódio. No outro dia, Carlos com uma cara de sinico disse a sua esposa:
 Amor, vou sair  Pegou a chave do carro de cima da comoda e se despediu  Até mais...
Rapidamente Gabriele foi até o armário, de lá pegou o revolver calibre 38 dado de presente por seu falecido pai.
Chamou o táxi e novamente o seguiu. Após parar em um sexy shop, Carlos continuou. Gabriele estranhou o local, pois é o mesmo bairro onde vive sua mãe. 
 
O carro de Carlos estacionou na entrada da casa. O homem abriu a porta e Gabriele viu seu marido lhe trair com a própria mãe. Aquilo foi um choque traumático para jovem grávida. Ela então pagou o taxista e caminhou com sua bolsa até a casa da mãe. O ódio era evidente em seu olhar, suas mãos tremiam de tanta raiva, Gabriele queria justiça. Chegou na porta e de sua bolsa agarrou a velha chave que fora lhe dada na época que morou ali. Girou a maçaneta e adentrou no covil das serpentes. Os gemidos poderiam ser ouvidos, e o ódio da mulher só aumentava cada vez mais. Empunhou firme o revolver e caminhou até o quintal, avistou da cozinha seu marido e sua mãe transando na beira da piscina. 
 
Em passos curtos ela se aproximou sorrateira e surpreendeu os amantes 
 Seus filhos da puta!  Mirou a arma em direção ao marido e decretou  Vocês vão morrer desgraçados!

O choro forte descia por seu rosto. Logo sua mãe... sua tão amada mãe. Ela então chegou bem perto de Carlos que com vergonha apenas permaneceu calado. Sua mãe inerte e tremula, permaneceu quieta. O cano da arma então confrontou a testa suada do traidor.
 Você será o primeiro!  Não! disse sua mãe. 
Dona Dulce se levantou e revelou a verdade para sua filha.
 Ele é seu irmão! Seu maldito irmão Gabriele.
Aquilo foi um choque ainda maior, Gabriele não conseguia acreditar em tamanha traição da mãe. 
 Você está mentindo sua vaca! É mentira! É mentira! Não meu Deus não pode ser verdade!
Dulce com medo balbuciou em suas palavras.
 Ele é seu... Seu irmão por parte de pai Gabriele  Se aproximou da filha e ajoelhou-se aos seus pés  Por favor minha filha, me perdoe, eu só não disse antes porque não queria estragar sua felicidade.

O falecido pai de Gabriele na época recém casado, traiu a esposa e teve um filho fora do casamento. Para não causar problemas, junto da esposa mandou o pequeno para adoção. A pobre passou anos sem saber a verdade. O rapaz ao encontrar dona Dulce, se encantou e no auge do desejo traiu a mulher com a sogra. Depois de algum tempo Dulce em uma conversa com Carlos, descobriu a verdade, chocou-se ao rever o filho bastardo de seu falecido marido. Mas como estava envolvida e apaixonada, decidiu junto do rapaz não revelar nada para a filha.
 

A nefasta mulher então virou o revolver e colocou na direção de sua mãe. Respirou fundo e disse calma.
 Peça perdão no inferno! A bala atravessou a testa de Dulce que caiu ajoelhada no chão. A poça de sangue começou a se formar. Carlos percebeu que seria o próximo, começou a chorar e pedir perdão a mulher. Estava totalmente perdido.
 Amor... Perdão... Perdão! Não me mate por favor!
 Cale-se maldito!  Bradou Gabriele  Pegue a maldita pá e cave fundo seu pecado. A jovem em posse da arma, sentou-se na cadeira e presenciou seu esposo cavar fundo o buraco em meio ao jardim.
 
Uma hora se passou e tremulo, Carlos carregou o cadáver de sua sogra e o arremessou. A pedido de sua esposa, lavou bem o sangue do chão e caminhou até a cova aberta. Gabriele se aproximou por trás e disse ao marido.
 Bom trabalho amor. Disparou novamente, um tiro fatal que adentrou por sua nuca, seu corpo caiu dentro do buraco e Gabriele mesmo grávida empunhou a pá e terminou de jogar a terra. Fora de si a garota dirigiu com o carro do marido até seu apartamento no terceiro andar. Mais calma tomou um banho e sentou-se no sofá, começou a ver o rosto de suas vítimas lhe atormentando, chorava e chorava de tanta raiva. Não conseguiria viver com aquela traição, ainda mais sabendo que o fruto daquele pecado crescia em seu ventre. Mesmo atordoada conseguiu dormir. 
 
Na manhã do dia seguinte a garota acordou decidida. Caminhou nua até a cozinha e de lá empunhou faca e corda. Da sacada ela olhava as pessoas indo para o trabalho, as crianças e os velhos na praça lendo jornal. Subiu na mureta e amarrou a corda firme no alto do teto. A outra ponta amarrou em seu pescoço. As pessoas logo notaram a garota nua lá de cima, se espantaram ao notar que a mesma cometeria o suicídio, umas ligaram para a policia, outras gritavam estagnadas. Gabriele no alto da sacada, puxou a faca e com toda força penetrou por completa na lateral de seu abdomên, arrastou a mesma na horizontal abrindo um enorme corte. A dor era insuportável, golfando sangue ela tentava permanecer viva, agarrou sua barriga mutilada e se jogou da sacada. O publico gritou desvairado vendo o corpo da jovem girar três vezes no ar, até a corda esticar e quebrar seu pescoço. As mãos de Gabriele soltaram-se de sua barriga, e com a pressão, as tripas voaram juntas com o feto quase formado e se espatifaram no chão, formando uma massa grotesca de carne e sangue. Em pânico as pessoas fecharam os olhos, presenciando a cena mais macabra de suas vidas.
 
FIM

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