quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

O amor e a razão


 
 Ela me disse que a vida é séria. Eu disse que não se pode levar a vida a sério, porque ela não é tão firme e segura o quanto queremos. Eu dei um porque, ela o negou e ousou questionar:
  —  Amor, a vida tem que ser vista de todos os pontos, as situações devem ser melhor administradas para depois não dizermos isto!
  —  Isto o que? – Perguntei inconformado com sua negação.
  —  Isto que você disse a pouco: “Não se pode levar a vida tão a serio, porque ela não é tão firme e segura o quanto queremos.”
 Ela poderia estar certa, e eu como sempre, poderia e devia estar errado. Estava. Eu nunca planejava nada, fazia as coisas “nas cochas”. Vivia de momentos e estes novos momentos felizes que eu vivia ao lado dela, sempre eram mal administrados e até mesmo mal aproveitados.
 Antes dela eu tinha uma filosofia diferente e distorcida da vida e do amor. Caminhava com meus próprios passos rumo ao nada, ao desconcertante pesar... Depois que deixei de viver as custas de meus pais, acabei por escalar o mundo e arrancar dele meu sustento e meus dias comuns. Dias comuns... A partir do momento que ela entrou em minha vida meus dias nunca mais foram comuns! Eram sinfonias perfeitas, passos apressados e lentos, que seguiam as batidas do meu desacostumado coração.
 Antes  dela eu não sabia ouvir estas sinfonias perfeitas. Eu desconhecia acordes e notas, o barulho ensurdecedor das orquestras fenomenais me talhava a moleira, e o que chegava ao meu subconsciente era um barulho incomodo e dolorido, barulho este que eu já havia me adaptado em meu desespero. Mas isto antes dela, antes de ouvir suas palavras e viver em sua calmaria.
 Eu descobri com ela que eu tinha amor, mais nunca tive a razão. Ela me emprestou livros, li os que podia e os que suportei.... É difícil para uma cabeça velha administrar novas ideias e conceitos! Ela me sorriu, eu beijei seus lábios ardentes e disse antes de me deitar:
  —  Eu concordo, meu amor... Temos que administrar melhor nossos dias, boa noite.
 Muito aprendi com ela, muito aprendi comigo, como todo mundo, ousei de erros tolos e bobos, mas agora que tinha amor, e as sabias palavras da razão, tinha também o dom supremo de torná-la a razão de todo meu amor. 

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