quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Dama Escarlate





   Degustava com satisfação o vinho tão encorpado quanto a bela dama que se despia lentamente com o charme que lhe é peculiar, libertando-se do vestido longo, tão somente para exibir-se de forma deslumbrante com o corsellet escarlate, que valoriza sua pele bronzeada, e ostenta as curvas da perdição que há muito ele cobiçava.
   Saboreavam sem pressa a bebida suave, tão suave quanto os traços delicados na tez enrubescida da moça, que ele supunha ter sido esculpida por alguma divindade deveras inspirada no brilho das estrelas.  Os diálogos apaixonados se davam entre olhares que dispensavam quaisquer palavra, ele sentia o corpo estremecer a medida que ela se aproximava vagarosamente com seu salto alto, desfilando elegância ao afagar os longos cabelos dourados, com seus cachos bem definidos que lhe pendiam a cintura marcada.  O fascínio o inundou ao vê-la esboçar o prenúncio de um sorriso tímido que aqueceu seu corpo em poucos segundos. Embriagado com o aroma da uva, extasiado com o mixto de sedução e pudores exalados pela pele macia de menina com cheiro de fêmea, ardente como a chama que lhe percorria as veias como fio desencapado.
   Estendeu-lhe a mão e acomodou a amada em seu colo, atento ao breve momento do cruzar das pernas fartas, delineadas por meias rendadas; atento ao sorver do néctar que lhe descia pela garganta seca umidecendo desejos intrínsecos.  Seu coração disparado assemelhava-se ao bater das asas de um beija-flor, ele sentia que não mais poderia conter suas emoções, o simples e leve roçar da taça na boca molhada que acabara de esboçar um suspiro apaixonado, apeteceu-lhe de tal modo, que pôs-se a salivar.
   Silente, observava a inocência ocultar-se nos olhos entreabertos a medida que ela umedecia os lábios rubros e carnudos, umedecia a doçura no beijo longo... Umedecia os primeiros sinais latentes da abrasante paixão.











Nenhum comentário:

Postar um comentário